DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIA DE SEGURANÇA NACIONAL. Estudo de Caso do Senegal. Documento de Trabalho (Anteprojeto) Dr.

Documentos relacionados
DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIA DE SEGURANÇA NACIONAL. Estudo de Caso da Libéria. Documento de Trabalho (Anteprojeto) Dr.

DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIA DE SEGURANÇA NACIONAL. Estudo de Caso do Madagáscar. Documento de Trabalho (Anteprojeto) Dr.

RECURSOS PARA A ESTRATÉGIA DE SEGURANÇA NACIONAL: O CASO DA ÁFRICA DO SUL 10 DE ABRIL DE 2019 PETER DANIELS

Desenvolvimento de Estratégia de Segurança Nacional Workshop Gaborone, Botswana, 8 de abril de 2019

Desenvolvimento de Estratégia de Segurança Nacional. Estudo de Caso da Nigéria. Documento de Trabalho (Anteprojeto)

Alinhamento das estratégias de recursos e de segurança

POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA E DEFESA (PNSD) Contexto, metodologia e processo de desenvolvimento

DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIA DE SEGURANÇA NACIONAL. Estudo de Caso de Burkina Faso. Documento de Trabalho (Anteprojeto)

Liderança da segurança nacional em África:

Introdução ao Centro de Estudos Estratégicos de África

Resolução do Conselho de Ministros n. o 88/

MECANISMOS E INSTITUIÇÕES DE FISCALIZAÇÃO

DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIA DE SEGURANÇA NACIONAL. Estudo de Caso do Sudão do Sul. Documento de Trabalho (Anteprojeto) Dr.

PROJETO CVE/881 REFORÇO DA ANCORAGEM REGIONAL DO CENTRO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS E MANUTENÇÃO INDUSTRIAL DE CABO VERDE, (CERMI)

Colaboração civil militar em desastres

Estudos de Casos: Lições sobre Estratégia de Segurança Nacional para África

A CPLP: PERSPETIVA INTERNACIONAL E A ABORDAGEM DA POLÍTICA DE INFLUÊNCIA

INTEGRAÇÃO ECONÔMICA REGIONAL NA ÁFRICA OCIDENTAL: UMA VISÃO CRÍTICA

REPÚBLICA DE ANGOLA ASSEMBLEIA NACIONAL. 62ª Sessão do Comité Executivo da União Parlamentar Africana RELATÓRIO

REGULAMENTO DAS MISSÕES DE OBSERVAÇÃO ELEITORAL DA COPA

DOCUMENTO DE TRABALHO AFECTAÇÃO ESTRATÉGICA DO ESPAÇO ORÇAMENTAL. Segmentos operacionais

Mesa-redonda Internacional de Doadores. sobre a Guiné-Bissau. Intervenção do Embaixador Murade Murargy. Secretário Executivo da CPLP

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA GABINETE DE SEGURANÇA INSTITUCIONAL

SISTEMA DE PLANEJAMENTO DO EXÉRCITO

XXXVI Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul Cúpula Extraordinária da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) 16 Dezembro 2008 Itamaraty

Introdução ao Centro de Estudos Estratégicos de África

Eixos de cooperação. Para este fim, os Signatários privilegiam os seguintes eixos e áreas de cooperação:

POLÍTICA DE SANÇÕES. VICTORIA Seguros de Vida, S.A.

Estatutos da Comunidade de Países de Língua Portuguesa

Organização Internacional do Trabalho OIT. Profª. MSc. Maria Bernadete Miranda

RELATÓRIOS DAS AUDITORIAS INTERNAS E EXTERNAS DA OMS: IMPLICAÇÕES PARA A REGIÃO AFRICANA. Documento Informativo ÍNDICE HISTORIAL...

Centro Nacional de Cibersegurança: um desígnio nacional

Operacionalizar a política de cooperação técnica internacional do país.

38/22. Ano Internacional da Juventude: Participação, Desenvolvimento e Paz

CARTA DE MISSÃO. 1. Missão do organismo. 2. Principais atribuições

Sessão 3: Implementação da Estratégia de Segurança Nacional: Explorar os Processos

36/28. Ano Internacional da Juventude: Participação, Desenvolvimento e Paz

Estudos de Casos: Lições sobre Estratégia de Segurança Nacional para África

Centro de Estudos Estratégicos Africanos Workshop Desenvolvimento da Estratégia de Segurança Nacional 8 12 Abril de 2019 Gaborone - Botsuana

ALOCUÇÃO DE BOAS VINDAS DO PRESIDENTE NO VI SEMINÁRIO DA OISC-CPLP. S. Excia. o Gestor do escritório conjunto das Nações Unidas em Cabo Verde

ABIN - Sistema Brasileiro de Inteligência e Agência Brasileira de Inteligência

Relatório de Atividades 2016

Ministério da Defesa Nacional. Secretaria-Geral do Ministério da Defesa Nacional. Cargo e Titular: Secretário-geral do Ministério da Defesa Nacional

Jorge Jacob Carlos Lopes

Estatutos do Comitê Internacional da Cruz Vermelha

Proposta de DECISÃO DO CONSELHO. relativa às orientações para as políticas de emprego dos Estados-Membros

ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA COMISSÃO DE ASSUNTOS EUROPEUS

O FUNDO AFRICANO PARA AS EMERGÊNCIAS DE SAÚDE PÚBLICA: RELATÓRIO DE PROGRESSOS DO DIRECTOR REGIONAL. Documento de informação

CARTA DE MISSÃO Direção-Geral das Atividades Económicas

Trabalho feito por: João Catarino Nº5 João Campos Nº6 João Morais Nº7 Ricardo Alves Nº14

11245/16 jnt/jc 1 DGC 1

O presente anúncio no sítio web do TED:

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE SEDE REGIONAL AFRICANA. Quinquagésima sessão Ouagadougou, Burkina Faso, 28 de Agosto - 2 de Setembro de 2000

REPÚBLICA DE ANGOLA MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES Gabinete do Ministro

COMITÊ INTERAMERICANO CONTRA O TERRORISMO (CICTE)

MISSÕES DAS FORÇAS ARMADAS

III REUNIÃO ORDINÁRIA DE MINISTROS DOS ASSUNTOS DO MAR DA CPLP

Moçambique Prestação Efectiva de Serviços Públicos no Sector da Educação. Documento Para Discussão Tomé Eduardo Hotel Girassol, Maputo, 25/5/2012

Sexagésima sexta sessão Adis Abeba, República Federal Democrática da Etiópia, 19 a 23 de Agosto de 2016

14098/15 arg/mjb 1 DG C 1

PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA NO DOMÍNIO DA DEFESA

ORGA IZAÇÃO DAS AÇÕES U IDAS (Parte I)

Alinhamento de Recursos e Estratégias de Segurança

15413/16 mb/jv 1 DGD 1C

ANEXO REGULAMENTO INTERNO DA SUPERINTENDÊNCIA DO MATERIAL. CAPÍTULO I Disposições gerais

TESTE DE AVALIAÇÃO DE HISTÓRIA E GEOGRAFIA DE PORTUGAL

DECLARAÇÃO DE MALABO VI REUNIÃO DOS PONTOS FOCAIS DE GOVERNAÇÃO ELETRÓNICA DA COMUNIDADE DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA

PROFESSORA: KEURELENE CAMPELO DISCIPLINA: HISTÓRIA GERAL CONTEÚDO: REVISANDO

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA GABINETE DE SEGURANÇA INSTITUCIONAL. Segurança cibernética: onde estamos e onde deveríamos estar?

CONFERÊNCIA DA UNIÃO Trigésima Segunda Sessão Ordinária de Fevereiro de 2019 Adis Abeba, ETIÓPIA

Conselho da União Europeia Bruxelas, 8 de fevereiro de 2016 (OR. en)

SISTEMA SEMI-PRESIDENCIALISTA

Ministério da Integração Nacional

Carta de Missão. Secretário-Geral Adjunto do Ministério da Defesa Nacional

5860/15 jm/arg/fc 1 DPG

Relatório de Atividades 2017

O Conselho de Estado. Em resumo. Proteger as liberdades e os direitos fundamentais dos cidadãos, defender o interesse público,

Resolução adotada pela Assembleia Geral. [sobre o relatório do 3 o Comitê (A/56/572)] 56/117. Políticas e programas envolvendo a juventude

TORNE OS DIREITOS DAS VÍTIMAS UMA REALIDADE

Proposta conjunta de DECISÃO DO CONSELHO

TERMS OF REFERENCE CODE OF REFERENCE: VN CO/006/2017. INFORMAÇÃO Assistente de Base de Dados

Termos de referência de Consultores DEZEMBRO 2017

O CID é o estabelecimento de ensino da Junta Interamericana de Defesa (JID) que faz parte da Organização dos Estados Americanos (OEA).

MEDIDA PROVISÓRIA Nº 768, DE 2 DE FEVEREIRO DE 2017.

RELATÓRIO Nº, DE 2017

ESTABELECIMENTO DE UM FUNDO ESPECIAL DA UNIÃO AFRICANA PARA A PREVENÇÃO E COMBATE AO TERRORISMO E AO EXTREMISMO VIOLENTO EM ÁFRICA

SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS HUMANOS PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Apresentação PNDH 3

ANO: Direção-Geral da Administração da Justiça. Objetivos Estratégicos. Objetivos Operacionais. Eficácia 40% Ministério da Justiça

TERMOS DE REFERÊNCIA PARA A AVALIAÇÃO DO PROJECTO DE APOIO PARLAMENTAR

Quadro de Avaliação e Responsabilização (QUAR) - SIADAP 1 - Ministério da Saúde

ABIN - Sistema Brasileiro de Inteligência e Agência Brasileira de Inteligência

Projeto Apoio à Consolidação do Estado de Direito nos PALOP/TL. Termos de Referência para Contratação do Coordenador

Conselho de Segurança

CRIAÇÃO DE UM ESPAÇO AFRICANO DE JUSTIÇA CONSTITUCIONAL

Excelência Senhor Pier Paolo Balladelli, Coordenador Residente do Sistema das Nações Unidas e Representante do PNUD em Angola;

Abertura V Seminário PAEC-OEA-GCUB 17/05/2017

GESTÃO AMBIENTAL. CASO: Código Ambiental Municipal e Certificação Ambiental "Barrio Sustentable PAÍS: Argentina CIDADE: Resistencia POPULAÇÃO: 291.

Decreto-Lei n.º 400/74 de 29 de Agosto

Transcrição:

DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIA DE SEGURANÇA NACIONAL Estudo de Caso do Senegal Documento de Trabalho (Anteprojeto) Dr. Émile Ouédraogo

Introdução O Senegal é considerado um modelo de democracia e de estabilidade política em África. Desde sua independência, o Senegal nunca sofreu um golpe de estado bem-sucedido. Ademais, apesar de a cultura democrática senegalesa ter sido testada repetidas vezes por manifestações sociopolíticas, os militares sempre se abstiveram de desafiar a ordem constitucional. Como resultado, a cultura democrática do Senegal fortaleceu-se ao longo dos anos. Conflitos de baixa intensidade, no entanto, ainda persistem no sul. Num dos mais longos conflitos civis em África, o Movimento das Forças Democráticas de Casamança (MFDC) busca uma Casamança independente desde 1982. Esse conflito tem fortes laços nos países vizinhos de Guiné-Bissau e Gâmbia, ambos os quais compartilham com Casamança o mesmo grupo étnico dos Diola, um legado do Reino de Gabu. Rebeldes senegaleses e elementos da elite militar e política da Guiné-Bissau lutaram lado a lado e um contra o outro durante conflitos passados. As relações entre o Senegal e esses dois países são, em grande medida, determinadas pelo confronto com os secessionistas. 1 Em abril de 2014, o governo do Senegal, sob os auspícios do presidente Macky Sall, assinou um acordo de paz com os líderes do MFDC. Desde então, as conversações de paz estão em andamento. O Senegal ainda está em fase de desenvolvimento de uma estratégia de segurança nacional abrangente para proteger seus interesses de segurança nacional. Ainda assim, o país conseguiu implementar estratégias eficazes para enfrentar os desafios e as ameaças que poderiam surgir. Este estudo investigará as políticas de segurança existentes, examinando as estruturas das políticas jurídicas e de segurança, a arquitetura de segurança nacional, e os mecanismos de monitorização e fiscalização, e identificando os desafios para a segurança nacional no Senegal. 1. Estruturas de políticas de segurança A política de defesa: Diferentemente da Nigéria ou da Libéria, o Senegal ainda não formalizou sua política de segurança nacional num Livro Branco. Porém, desde 2001, tem adotado uma abordagem ampla com respeito à defesa nacional que inclui o conceito de segurança nacional. Uma política de defesa não acessível ao público é definida por meio de várias instituições que participam no desenvolvimento e implementação da segurança nacional. 2 Política de segurança interna: A Estratégia de Segurança Interna de 2015 foi desenvolvida pelo Ministério do Interior e Segurança Pública. Seu principal objetivo era aumentar e aprimorar a capacidade das forças de segurança com relação à antecipação, prevenção, ação e resposta a ameaças e desafios de segurança enfrentados pelo país. Para esse fim, a missão e a organização do ministério foram analisadas, redefinidas e anexadas por um orçamento abrangente e realista para 2016. Vale acrescentar que foi dada atenção especial à proteção civil. Esse departamento ainda sofre com a falta de recursos humanos e de 1 David O Regan e Peter Thompson, Promover a estabilidade e a reconciliação na Guiné-Bissau: Lições do primeiro narco-estado de África. 2 Col Meissa Niang, Implementação e manutenção de uma política de segurança nacional: A experiência do Senegal, Workshop do ACSS e do DCAF (sigla em inglês para Centro de Genebra para o Controlo Democrático das Forças Armadas), na Guiné, 2011. Centro África de Estudos Estratégicos 1

equipamentos adequados. 3 2. A arquitetura de segurança nacional do Senegal As instituições que ajudam a definir e implementar a política de segurança nacional no Senegal são o Conselho Superior de Defesa Nacional e o Conselho de Segurança Nacional. Os dois também desempenham um papel fundamental no processo de fiscalização e monitorização. Conselho Superior de Defesa Nacional: Esta instituição foi criada pela lei n º. 70-23, de junho de 1970, e implementada pelos decretos nº. 96-177, de fevereiro de 1996, e nº. 2001-753, de outubro de 2001. Essas legislações examinam questões relativas à defesa nacional e emitem todas as opiniões e recomendações relacionadas à defesa nacional envolvendo o seguinte: a preparação, utilização e proteção dos recursos nacionais, com vista a garantir a defesa nacional; a gestão geral e militar da defesa nacional, e as condições para o emprego das forças armadas em tempos de paz e de guerra, e durante operações de manutenção da paz; e o recrutamento, consolidação, organização e distribuição de recursos para as forças armadas. 4 O Presidente lidera o Conselho, o qual conta com vários membros permanentes, incluindo o Primeiro-Ministro, o Chefe de Gabinete da Presidência da República, o Ministro das Forças Armadas, o Ministro da Economia e Finanças, o Ministro das Relações Exteriores, o Ministro do Interior, o Ministro da Justiça, o Ministro das Minas, Energia e Recursos Hídricos, o Ministro dos Equipamentos e Transportes, o Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, o Alto Comandante da Gendarmaria, o Chefe de Gabinete do Presidente da República, o Inspetor-Geral das Forças Armadas, o Secretário-Geral do Governo e qualquer membro do governo convidado a sentar-se à mesa do Conselho. Conselho de Segurança Nacional: Este conselho reúne-se uma vez por semana, presidido pelo Presidente da República. Tem um número maior de membros do que o Conselho Superior de Defesa Nacional, pois conta com a representação de todas as agências envolvidas na defesa militar, económica e civil. Centro de Orientação Estratégica: Esta entidade tem a missão de centralizar todas as informações das diferentes agências do governo e coordenar vários serviços de inteligência. O Presidente da República exerce autoridade direta sobre esse órgão. 5 Coordenação de Segurança Nacional: Nenhum documento oficial designa uma instituição de coordenação de segurança nacional. Isso sugere que o Conselho de Segurança Nacional desempenha essa função. 3 Ministère de l intérieur et de la Sécurité Publique du Sénégal, La Politique de sécurité Intérieure, Anticipation et Réduction des Risques, 2015. 4 Col Meissa Niang, Op Cit 5 Ibid Centro África de Estudos Estratégicos 2

3. Mecanismos de monitorização e fiscalização Parlamento: O Comitê de Defesa e Segurança do Parlamento do Senegal desempenha um papel fundamental no desenvolvimento e na implementação das políticas de defesa e segurança do país. O Comitê é responsável por determinar os princípios fundamentais da política de defesa nacional; examinar o orçamento dos Ministérios da Defesa e do Interior; e examinar/avaliar as estruturas legislativas que determinam os objetivos de defesa e segurança. A Comissão de Assuntos Externos examina os tratados internacionais relacionados a questões de defesa e segurança. A Comissão de Legislação tem jurisdição sobre questões de direitos humanos, especialmente no que diz respeito a violações cometidas pelas forças de segurança. 6 A fiscalização cidadã é realizada por meio da sociedade civil e de outras organizações nãogovernamentais. 4. Desafios e perspetivas Principais desafios: A política de segurança do Senegal enfrenta uma série de desafios, incluindo a falta de um documento, por escrito, contendo uma política ou estratégia de segurança nacional. Essa situação está afetando a eficácia do mecanismo de monitorização e avaliação, da coordenação entre os serviços de segurança, da gestão dos recursos orçamentais e humanos, e do planeamento e programação em longo prazo. 7 É igualmente importante mencionar que existe uma versão inicial de uma estratégia de segurança nacional intitulada Perspetivas de uma estratégia de segurança nacional para o Senegal, a qual pode ser desenvolvida e implementada em breve. Perspetivas de uma política de segurança nacional para o Senegal: Este é um documento não oficial apresentado pelos participantes senegaleses durante uma conferência realizada na cidade de Rabat (Marrocos), em novembro de 2010, e organizada pelo Centre d Etudes en Droits Humains et Démocratie (CEDHD Maroc Centro de Estudos sobre Direitos Humanos e Democracia) em conjunto com o Centro de Genebra para o Controlo Democrático das Forças Armadas (DCAF, Geneva, na sigla em inglês). Deve-se observar que esses participantes senegaleses são, portanto, responsáveis pelo conteúdo do documento, segundo o qual o principal objetivo da Segurança Nacional do Senegal será defender a integridade territorial do país, a segurança da população, e a continuidade e sustentabilidade das instituições. Isso deve ser feito por meio de um processo inclusivo e participativo de todos os componentes da sociedade senegalesa. O documento identificou os interesses nacionais do Senegal e as ameaças internas e externas, e simétricas e assimétricas que o país enfrenta. O documento também sugeriu a implementação de catorze (14) estratégias setoriais e vinte e três (23) instrumentos de implementação para a proteção dos interesses nacionais do Senegal. 8 Mesmo o documento não sendo oficial, ele tem o mérito de preparar o caminho para um futuro documento de estratégia de segurança nacional. 6 Mamadou B Ndiaye, Papel do poder legislativo no desenvolvimento e implementação de uma política de segurança nacional, Workshop do ACSS e do DCAF (Centro de Genebra para o Controlo Democrático das Forças Armadas), na Guiné, 2011. 7 Col Meissa Niang, Op, Citado acima. 8 Perspectives de Politique de Sécurité nationale pour le Sénégal, 2010. Centro África de Estudos Estratégicos 3

Conclusão Não obstante a volatilidade em curso na região sul, o Senegal é um país estável com instituições democráticas funcionais. O Senegal tem sido capaz de enfrentar grandes desafios de segurança num contexto regional marcado pelo extremismo violento e pelo terrorismo, sem contar com uma estratégia de segurança nacional formal, por escrito. Uma estratégia de segurança nacional irá reforçar a capacidade do país para defender seus interesses nacionais por meio de uma abordagem abrangente, coerente e centrada no ser humano, envolvendo todos os componentes da nação. Centro África de Estudos Estratégicos 4