Gestão da Política da Infância e da Adolescência no Brasil Programa Prefeito Amigo da Criança e as possibilidades de transformação



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Transcrição:

Coleção Compromisso é Ação 3 Gestão da Política da Infância e da Adolescência no Brasil Programa Prefeito Amigo da Criança e as possibilidades de transformação Organizador Luiz A. Palma e Silva

DIRETORIA EXECUTIVA Diretor-presidente: Rubens Naves Diretor Vice-presidente: Isa Maria Guará Diretor-tesoureiro: Synésio Batista da Costa Superintendente executiva: Sandra Amaral de Oliveira Faria CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Presidente: Carlos Antonio Tilkian Secretário: Ismar Lissner Membros Efetivos: Aloísio Wolff, Audir Queixa Giovani, Carlos Rocha Ribeiro da Silva, Daniel Trevisan, Emerson Kapaz, Guilherme Peirão Leal, Hans Becker, José de Menezes Berenguer Neto, José Eduardo P. Pañella, Lourival Kiçula, Márcio Ponzini, Maria Ignês Bierrenbach, Natânia do Carmo Sequeira, Oded Grajew, Sérgio Mindlin e Therezinha Fram Membros Suplentes: Antonio Carlos Ronca, João Nagano Junior e Ricardo Vacaro CONSELHO FISCAL Membros efetivos: José Francisco Gresenberg Neto, Mauro Antônio Ré e Vitor Aruk Garcia Membros suplentes: Alfredo Olisan Sette de Oliveira Santos, Érika Quesada Passos e Rubem Paulo Kipper CONSELHO CONSULTIVO Presidente: Rosa Lúcia Moyses Vice-presidente: Silvia Gomara Daffre Membros efetivos: Aldaíza Sposati, Aloísio Mercadante Oliva, Antônio Carlos Gomes da Costa, Araceli Martins Elman, Benedito Rodrigues dos Santos, Dalmo de Abreu Dallari, Edda Bomtempo, Helena M. Oliveira Yazbeck, Hélio Pereira Bicudo, Ilo Krugli, João Benedicto de Azevedo Marques, Joelmir Beting, Jorge Broide, Lélio Bentes Corrêa, Lídia Izecson de Carvalho, Magnólia Gripp Bastos, Mara Cardeal, Marcelo Pedroso Goulart, Maria Cecília C. Aranha Lima, Maria Cecília Ziliotto, Maria Cristina de Barros Carvalho, Maria Cristina S.M. Capobianco, Maria de Lourdes Trassi Teixeira, Maria Machado Malta Campos, Marlova Jovchelovitch Noleto, Marta Silva Campos, Melanie Farkas, Munir Cury, Newton A. Paciulli Bryan, Norma Jorge Kyriakos, Oris de Oliveira, Pedro Dallari, Percival Caropreso, Rachel Gevertz, Ronald Kapaz, Ruth Rocha, Sandra Juliana Sinicco, Tatiana Belinky, Valdemar de Oliveira Neto e Vital Didonet PROGRAMA PREFEITO AMIGO DA CRIANÇA Coordenadora: Abigail Silvestre Torres Equipe: Adelaide Jóia, Ana Valim, Francisco Cesar Rodrigues, Ivone Silva, Mônica Takeda e Sílvia Kawata Colaboração: Raul de Carvalho (coordenador do PPAC até maio de 2005), José Carlos Bimbatte Júnior e Rosana Orlando FICHA TÉCNICA Edição: Maria Pia Parente Revisão: Verba Agência Editorial Fotos: Pedro Rubens (página 54), Ana Valim (páginas 12, 67, 81 e 89), Prefeitura de Criciúma/SC (capa e páginas 23, 57, 69 e 87), Prefeitura de São Carlos/SP (páginas 17 e 19), Prefeitura de São José do Rio Preto/SP (páginas 29, 30, 31, 32 e 33), Prefeitura de Betim/MG (página 35), Prefeitura de Santo André (páginas 27, 39 e 79) Criação e diagramação: Bbox Design Impressão: Leograf Tiragem: 11 mil exemplares ISBN-85-88060-20-5 SP 09/2005

SUMÁRIO Apresentação...06 Introdução...08 PARTE I Programa Prefeito Amigo da Criança (PPAC)...12 Oficina de trabalho A gestão municipal e as possibilidades de transformação...14 Relatos das experiências do PPAC pelos representantes dos municípios...16 Debate em mesa redonda...40 As lições aprendidas com a implementação do PPAC...52 PARTE II Contexto sociopolítico e gestão pública: reflexões...54 Articulação, redes e parcerias recursos para agir numa sociedade desigual e mutante - Marco Aurélio Nogueira...56 Programas e ações integradas: por onde caminhar Bruno José Daniel Filho...68 Um desafio compartilhado planejar e decidir com os conselhos Luiz A. Palma e Silva...80 A intersetorialidade na proteção dos direitos de crianças e adolescentes Laurindo Minhoto e Carlos Estevam Martins...88 Planejamento estratégico PPAC uma experiência de compromisso societário Carlos Alberto Monteiro de Aguiar e Fernando Assumpção Galvão...94 ANEXO Rede Prefeito Amigo da Criança Gestão 2001-2004 do PPAC Acesso a dados e a bons exemplos sobre municípios e programas... 100 5

Apresentação 6

Ao colocar a criança e o adolescente como prioridade absoluta na Constituição Federal de 1988, a sociedade brasileira almejou fazer o melhor para este importante segmento da população. A normatização de como fazer está no Estatuto da Criança e do Adolescente, o ECA, que propõe diretrizes pelas quais as famílias, o Estado e a sociedade podem garantir a proteção integral das crianças e adolescentes: sua sobrevivência, desenvolvimento pessoal e social e sua integridade. A Constituição, por sua vez, consolida o município como o local da garantia dos direitos do cidadão. O município deve investir na formulação e execução de políticas de saúde e educação, estratégias para o crescimento e desenvolvimento da população infanto-juvenil, oferecendo às famílias desprovidas de condições as possibilidades de cuidar de seus filhos moradia, saneamento, emprego, alimentação e políticas de assistência social. Por entender que o prefeito é a liderança desse processo, é que a Fundação Abrinq criou, em 1996, o Programa Prefeito Amigo da Criança, com o objetivo de mobilizar os gestores municipais a implementarem ações locais em favor da criança e do adolescente. Inspirou, também, o Programa a concepção de que a participação ativa da sociedade é fundamental para a constituição da esfera pública e democrática na gestão das políticas sociais. Como parte das comemorações dos 15 anos da Fundação Abrinq, o PPAC lança a coleção Compromisso é Ação que é composta por três volumes. O Volume 1: Guia Prefeito Amigo da Criança 2005 2008 orienta, passo a passo, a participação dos municípios nesta terceira versão do Programa. As outras duas são resultado da última versão, 2001 2004: Volume 2: Seminários Regionais 2003 Programa Prefeito Amigo da Criança - Coletânea de Palestras e Experiências ; Volume 3: Gestão da Política da Infância e da Adolescência no Brasil Programa Prefeito Amigo da Criança e as possibilidades de transformação, com relatos das experiências PPAC e artigos de temas afins por reconhecidos profissionais que atuam como pesquisadores e/ou operadores do Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente em todo o país. Com estas reflexões esperamos contribuir para o aprofundamento da cultura de gestão política, que queremos, cada vez mais, democrática e participativa, e para implementação de ações que melhorem efetivamente as condições de vida de nossas crianças e adolescentes nos municípios de todo o país. Se o município é o lugar onde os problemas da infância e adolescência se apresentam, também é o lugar onde as respostas conjuntas devem acontecer. Rubens Naves - Diretor-Presidente da Fundação Abrinq 7

Introdução 8

O Programa Prefeito Amigo da Criança tem por eixos a identificação, o acompanhamento, a sistematização e a divulgação de experiências de gestão e de implementação de programas desenvolvidos pelos municípios vinculados à Rede Prefeito Amigo da Criança. Para incentivar e dar visibilidade a esses municípios e iniciativas, foram instituídos o Selo, o Prêmio e o Destaque Prefeito Amigo da Criança. Em sua primeira versão 1997-2000, o Programa teve a adesão de 821 municípios e realizou dois ciclos de premiação, sendo que o conjunto das gestões apresentou um total de 5.800 ações municipais para a infância e juventude, perpassando as áreas de educação, saúde, lazer e assistência. Na segunda versão 2001-2004 o número de adesões saltou para 1542 municípios. O foco principal de atuação do PPAC no decorrer dessa gestão foi o acompanhamento e avaliação dos indicadores sociais e das políticas públicas voltadas à população infanto-juvenil, tendo em vista contribuir para que as gestões desenvolvessem iniciativas com efetividade na realidade local. Os gestores foram chamados a desenhar, de forma participativa e integrada, o diagnóstico da situação da infância e da adolescência em seu município e construir uma visão de futuro, estabelecendo metas e um plano de ação com as prioridades para quatro anos de sua gestão. Para sua avaliação, os municípios responderam ao Mapa da Criança e do Adolescente, em três etapas. Na segunda etapa Mapa 2002 um conjunto de 499 municípios apresentou o que consideravam os programas estruturantes da política de proteção integral da criança e do adolescente em suas gestões. Como resultado, está disponível em nosso site: www.fundabrinq.org.br/redeprefeitocrianca um banco de dados com 3.383 experiências municipais voltadas à infância e à adolescência. No final do processo de monitoramento e avaliação foram reconhecidos 126 municípios integrados à rede, entre os quais 21 foram pré-selecionados candidatos a receber o Destaque Prefeito Amigo da Criança. Esses municípios receberam a visita técnica da Fundação Abrinq, com avaliação das experiências e o levantamento de materiais adicionais. Para garantir o objetivo de divulgar as experiências exitosas dos municípios vinculados à Rede Prefeito Amigo da Criança, viabilizando a disseminação dos principais conteúdos, optou-se pela realização de uma oficina com a participação de representantes de cinco municípios premiados e profissionais em gestão de políticas públicas e da ciência social. O resultado deste rico debate, acrescido de artigos elaborados por reconhecidos estudiosos, publicamos neste trabalho, que esperamos se constitua em instrumento de capacitação dos novos gestores municipais. 9

Lista de siglas AABB Acorde Apae BID BNDES CF CMDCA Conanda Condeca Crami ECA Embrapa Febem FGV FMDCA Fundap Associação Atlética Banco do Brasil Associação Cooperativa Regional para o Desenvolvimento da Educação AssociaçãodePaiseAmigosdosExcepcionais BancoInteramericanodeDesenvolvimento Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social Constituição Federal ConselhoMunicipaldosDireitosdaCriançaedoAdolescente ConselhoNacionaldosDireitosdaCriançaedoAdolescente ConselhoEstadualdosDireitosdaCriançaedoAdolescente Centro Regional de Atenção aos Maus-Tratos na Infância EstatutodaCriançaedoAdolescente EmpresaBrasileiradePesquisaAgropecuária Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor Fundação Getúlio Vargas FundoMunicipaldosDireitosdaCriançaedoAdolescente Fundação do Desenvolvimento Administrativo G7 Grupo que reúne os representantes dos sete países mais industrializados do mundo - França, Alemanha, Canadá, Estados Unidos, Itália, Japão e Reino Unido IBGE ICV-PPAC Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ÍndicedeCondiçõesdeVidadoProgramaPrefeitoAmigodaCriança 10

IDH MEC OAB ONG PAIR PES PETI PPAC PUC SAEB UFMS Unesc Unesco Unesp Unicamp Unicef Unifesp USP Índice de Desenvolvimento Humano Ministério da Educação OrdemdosAdvogadosdoBrasil Organização Não-Governamental Programa de Ações Integradas e Referenciais de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-juvenil no Território Brasileiro Planejamento Estratégico Situacional Programa de Erradicação do Trabalho Infantil Programa Prefeito Amigo da Criança PontifíciaUniversidadeCatólica Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica UniversidadeFederaldeMatoGrossodoSul Universidade Estadual de Santa Catarina OrganizaçãodasNaçõesUnidasparaaEducação,aCiênciaeaCultura Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho Universidade de Campinas Fundo das Nações Unidas para a Infância Universidade Federal de São Paulo Universidade de São Paulo 11

12

PARTE I Programa Prefeito Amigo da Criança 13

Oficina de trabalho A gestão municipal e as possibilidades de transformação Afortunadamente, reunimos nessa oficina de trabalho um grupo de pessoas muito qualificadas para relatar e debater experiências municipais de proteção integral de crianças e adolescentes, decorrentes da implantação do Programa Prefeito Amigo da Criança (PPAC), nos seus municípios, durante a gestão 2001-2004. São representantes de cinco dos 126 municípios criteriosamente avaliados e premiados com o Selo PPAC, entre os 668 participantes do programa. Convidados pela Fundação Abrinq, profissionais com experiência em gestão de políticas públicas e da ciência social juntamse ao grupo para refletir sobre as principais questões do programa e o contexto sociopolítico. A mesa redonda conta ainda com a presença e a participação de técnicos e dirigentes da Fundação Abrinq. O significado de mesa redonda, no contexto em que nos encontramos, é o de uma discussão em que todos os participantes estão em pé de igualdade. Incumbido do papel de coordenador de tempo e moderador das discussões espero contar com o entusiasmo de todos os presentes. Fica ainda combinado que virar a mesa, ou seja, mudar as regras a seu favor, é válido, desde que isso aconteça por meio de clara e convincente argumentação. Para efeitos editoriais e didáticos os relatos das experiências e os diálogos da mesa redonda foram sintetizados e, eventualmente, adaptados. Luiz A. Palma e Silva 14

Participaram da oficina, Prefeituras convidadas e representantes: São Carlos/SP Roselene Mendes dos Santos Secretária de Cidadania e Assistência Social Pe Agnaldo Soares Lima Secretário Especial de Infância e Juventude Criciúma/SC Décio Gomes Góes Prefeito Maria Rocha Coordenadora de Departamento Betim/MG Raimundo Gonçalves Rego Secretário de Assistência Social (*) São José do Rio Preto/SP Maria do Rosário Cerávolo Laguna Secretária de Educação Maria Silvia Lima Bastos Fernandes Secretária de Assistência Social Santo André/SP Ricardo Beltrão Secretário de Inclusão Social Rosimeire Aparecida Mantovan Assistente de Direção Fundação Abrinq Isa Guará Vice-presidente Therezinha Fran Conselheira Raul de Carvalho Coordenador do PPAC Consultores especialistas Bruno José Daniel Filho Carlos Alberto Monteiro de Aguiar Fernando Assumpção Galvão Luiz A. Palma e Silva Coordenador da Oficina de Trabalho Marco Aurélio Nogueira Carlos Estevam Martins e Laurindo Minhoto contribuíram enviando questões por escrito (*) O Secretário de Assistência Social de Betim/MG, por ter assumido o cargo recentemente e estar em fase de diagnóstico do município, participou apenas do debate. 15

Representantes dos municípios Município de São Carlos SP 1 Região Sudeste Meso-região Araraquara Micro-região São Carlos Ano de fundação 1865 POPULAÇÃO: 192.998 (Censo 2000) Porte: G Taxa de Crescimento: 2,39% Categoria: B População até 19 anos: 33,6% Categoria: E Percentual da população com mais de 65 anos: 7,4% População com menos de 5 anos: 7,6% Densidade Demográfica: 172,4 hab/km2 Categoria: A Área: 1.114 km2 Categoria: B Taxa de Urbanização: 95,05% Categoria A ICV-PPAC: 0,76 Categoria: A+ Índice de Renda: 0,898 Categoria: A+ Renda média dos responsáveis (com renda) por domicílio 7 S.M. Percentual dos responsáveis com renda insuficiente por domicílio: 25,6% Índice de Habitação: 0,96 Categoria: A+ Percentual de domicílios com abastecimento adequado de água: 99,6% Percentual de domicílios com esgoto sanitário adequado: 97,0% Percentual de domicílios com coleta de lixo adequada: 96,9% Média de moradores por domicílio (particulares permanentes): 3,5 Índice de Educação: 0,86 Categoria: A+ Taxa de atendimento de crianças de 0 a 3 anos em creche: 6,7% Taxa de atendimento de crianças de 4 a 6 anos em pré-escola: 75,6% Taxa de escolarização líquida no ensino fundamental: 95,9% Distorção idade-série no ensino fundamental: 16,3% Taxa de escolarização líquida no ensino médio: 61,9% Distorção idade-série no ensino médio: 32,6% Relação entre o total de matrículas no ensino médio e no ensino fundamental: 37 Taxa de alfabetização entre maiores de 10 anos: 94,8% Índice de Serviços de Saúde: 0,322 Categoria: B Número de consultórios médicos por 10 mil habitantes: 5,5 Número de consultas médicas por habitante: 1,1 Número de equipamentos odontológicos por 10 mil habitantes: 1,9 Número de ações básicas odontológicas por habitante: 3,0 Números de leitos por mil habitantes: 2,2 Número de internações por cem habitantes: 5,9 1 Dados ICV-PPAC 16

Proposta de governo Priorizar políticas para a infância e a juventude Superar ações fragmentadas e de caráter assistencialista Realizar ações integradas entre as secretarias municipais Fortalecer ações em rede Efetivar a participação popular, instituindo uma gestão democrática Linhas de ação desenvolvidas Complementação de renda Repasse de recursos para entidades Ampliação e aprimoramento da rede de atendimento Conselhos gestão participativa Cultura Saúde Investimentos em infra-estrutura 17 Relato de Roselene Mendes dos Santos, Secretária de Cidadania e Assistência Social de São Carlos Quando iniciamos a gestão, em 2001, tivemos grande dificuldade na realização dos diagnósticos, principalmente na área social. O primeiro ato do prefeito foi assinar um protocolo de cooperação com a USP, a Unifesp de São Carlos e a Embrapa, para tê-las como centros tecnológicos para a administração municipal. Iniciamos uma etapa de levantamentos pela área social, com o mapa da pobreza. Com base nesse estudo, pudemos propor políticas públicas a partir da realidade social do município obtivemos parâmetros para fazer a proposta de governo e firmar a prioridade das políticas para infância e juventude. Buscamos superar as ações fragmentadas de caráter assistencialista realizando ações integradas entre as secretarias. Tivemos muita dificuldade para fazer essa integração. Na assistência social, a prática predominante era a de ceder serviços para as outras secretarias e não de conduzir ações de política social. Essa prioridade contemplou as secretarias no âmbito do governo e as organizações sociais para toda a gama de trabalho existente no município. Buscamos efetivar a participação popular instituindo uma gestão democrática baseada nos conselhos. Fortalecemos a gestão dos 21 conselhos de São Carlos com estrutura de funcionamento e implantamos o orçamento participativo. Para isso, investimos no cadastramento único, que serviu para as Políticas para uma cidade mais justa: Integrar as secretarias, superando as ações fragmentadas e assistencialistas Fortalecer os conselhos e implantar o orçamento participativo Investir em programas de complementação de renda, dando maior autonomia às famílias Repassar recursos para as entidades sociais, com eqüidade e transparência Ampliar o atendimento da demanda da educação infantil, do ensino fundamental e das crianças e jovens portadores de deficiências diversas

políticas de implementação municipais, estaduais e federais. A Unifesp coordenou um grupo de estagiários, que fez o cadastramento das famílias com renda per capita de até meio salário mínimo. Investimos 3,1 milhões de reais em programas de complementação de renda, que têm estimulado a superação da política assistencialista. Com o uso do Cartão Alimentação, que substituiu as cestas básicas, as famílias decidem sobre os itens de consumo foram implantados 1.000 Cartões Alimentação. O programa de renda mínima atende 150 famílias e o benefício pode chegar a um salário mínimo por família. Optamos por proporcionar uma renda maior para um número menor de famílias, focalizando no bairro com maior concentração de pessoas abaixo do nível de pobreza. A extensão de outros programas, como Renda Cidadã, do governo do Estado, e Bolsa Família, do governo federal, tem crescido criteriosamente a partir do cadastramento único e da implementação do PETI. Outra mudança aconteceu no repasse de recursos para as entidades. Adotamos como princípio reforçar o papel dos conselhos na relação com as entidades e como analista para a distribuição de recursos. O Conselho de Assistência Social tem um papel fundamental na discussão de um per capita igualitário para as entidades sociais. Junto com os conselhos, encontramos uma forma de repartir os recursos mais justa e bem aceita por todas entidades. Quem repassa recursos para as creches não é mais a Assistência Social e sim, a Educação. Implantamos uma outra linha de ação que é de atendimento, ampliação e aprimoramento da educação infantil. Nas creches, havia uma defasagem grande entre o número de vagas São Carlos tem hoje o menor índice de mortalidade infantil no estado de São Paulo. A única favela existente no município, a Favela do Gonzaga, está sendo reurbanizada com recursos do BID. oferecidas e o de crianças a serem atendidas. Foram construídas mais três unidades e realizados convênios com creches filantrópicas, assim elevamos o número de atendimentos. Porém, ainda existem crianças, filhas de mães trabalhadoras, que não recebem atendimento. Principalmente em regiões da cidade onde há muita migração, a demanda é grande. A extensão da rede de ensino infantil permitiu o atendimento de 100% da demanda de alunos de 4 a 6 anos, em turmas de 25 alunos por classe, assegurando a qualidade do ensino. Em 2001, atendíamos 64 alunos com deficiência visual e auditiva. Em 2004, com a Escola Inclusiva passamos a atender 408 alunos com deficiências diversas, inclusive deficiências mentais leves. Firmamos convênios com a Apae e com a Acorde para atender as crianças com problemas mais severos e autismo. São duas entidades sociais, cada qual com vinte vagas para atender a demanda da cidade. O ensino fundamental, atendido pelo município, foi ampliado em 22%. As linhas de ação para a gestão democrática contemplam os conselhos, o orçamento participativo e a realização de conferências municipais. Na área cultural vários projetos foram implantados. Na Saúde colocamos como prioridades a ampliação e a reorganização da rede municipal e ampliamos os postos de saúde nos bairros. São Carlos tem hoje o menor índice de mortalidade infantil no estado de São Paulo. A única favela existente no município, a Favela do Gonzaga, está sendo reurbanizada com recursos do BID. Relato do Padre Agnaldo Soares Lima, Secretário especial da Infância e da Juventude de São Carlos Existem quatro programas estruturados no município que se destacam no conjunto: Núcleo de Atendimento Integrado (NAI) É a concretização do artigo 88 do ECA, que recomenda 18

a integração dos órgãos do Judiciário, Ministério Público, da Segurança Pública, e Assistência Social para o atendimento do adolescente autor de ato infracional. O projeto iniciou suas atividades em março de 2001 e tem algumas características fundamentais: o foco é sempre o adolescente, e não o ato infracional. Existe agilidade nos procedimentos os casos mais simples, de liberdade assistida ou prestação de serviço à comunidade, são resolvidos em uma média de três a oito dias. Casos de semiliberdade, demoram por volta de 15 dias. Todos os casos são atendidos, com a mesma presteza e atenção, desde atos de vandalismo até casos mais graves, o que gera um efeito preventivo. A atuação acontece em rede, com todos os órgãos operando no mesmo espaço físico. Com exceção da internação definitiva, todas as medidas socioeducativas, inclusive a internação provisória, são realizadas no município. Com o início da operação do NAI, tivemos uma As lições importantes do NAI: Determinação o município assumiu o desafio de não encaminhar mais os adolescentes para a Febem Liderança e articulação o juiz da comarca teve um papel muito importante, fortalecendo o compromisso do poder público municipal Aceitação dos limites de cada parceiro e estimulação de seu envolvimento O ótimo é inimigo do bom a idéia era construir um prédio para o atendimento, porém, acabamos alugando um imóvel que, adaptado, funciona muito bem Conscientização da comunidade foi uma estratégia muito importante para vencer o preconceito, que naturalmente existe. A população teme o adolescente infrator e acredita não ser possível enfrentar o problema sem utilizar a repressão violenta redução muito significativa dos casos de internação na Febem. Um dado muito importante decorrente de sua implantação foi a mudança no perfil do adolescente com prática infracional e a redução da incidência, hoje em torno de 3%. O que tem acontecido é que o adolescente atendido pelo NAI, diferentemente de quatro anos atrás, não é mais um jovem que está estruturado no crime, com a vida contaminada pela marginalidade. Recebemos adolescentes que praticaram atos graves, muitas vezes assaltos ou homicídios, mas essas ações são fatos pontuais na vida deles. Eles não tinham um histórico, o que possibilita um melhor encaminhamento e recuperação. Entendemos que isso se deve, sobretudo, à idéia básica de que cabe ao município e não à Febem a responsabilidade gerencial desse programa. O NAI é tarefa da Prefeitura e de seus parceiros, principalmente o Judiciário, o Ministério Público, a Assistência Social, a Saúde e a Educação. Implantamos um protocolo de normas e procedimentos para toda a rede, sem ferir a autonomia de cada membro, que possibilita atender um mesmo caso com harmonia e com cada parceiro dando continuidade ao ato do outro. Quando um adolescente é atendido pela Assistência Social e precisa ser encaminhado para a Saúde, por exemplo, não tem que começar tudo de novo. Há uma continuidade no que estava sendo feito. Isso acontece em todas as áreas, até a recuperação do adolescente. Entre os resultados dessa experiência, houve uma 19

redução de custos para todos os parceiros. O Judiciário pode atender um número maior de processos e a Polícia Militar ganhou mais agilidade ela leva o adolescente até o NAI e em pouco tempo tem sua equipe liberada. A polícia civil não precisa abrigar o adolescente na delegacia cabe a ela lavrar a ocorrência e encaminhar o caso para o NAI, que faz todos os procedimentos necessários, com o acompanhamento da família do jovem. O que se pode constatar é que há uma aceitação muito grande do programa pela população e também pela mídia. No NAI, percebe-se com clareza a relação entre o Poder Judiciário com Ministério Público e a Procuradoria. Mantemos uma parceria com a OAB, e contamos com a participação da Faculdade de Direito de São Carlos. Atualmente, estudamos a implantação do Centro de Defesa, para o qual contamos com o apoio do BNDES. Escola do Futuro A realidade da maioria das escolas municipais era de professores contratados em caráter temporário, sem qualificação nem reconhecimento na rede, e também de falta de espaço para os alunos. As crianças iam para a escola nos bairros mais periféricos da cidade e voltavam para casa sem nenhuma oferta de atividades complementares. Constatado o problema, a Prefeitura passou a contratar professores por meio de concursos públicos, recuperar e adequar as estruturas para oferecer uma escola atraente, com espaço físico estimulante e capaz de favorecer o estudo e a permanência dos alunos, principalmente nos bairros com maior concentração da população de baixa renda. Por que a Escola do Futuro foi pensada como solução? Pensamos que as escolas da periferia deveriam contar com a complementação educativa, com espaço para jogos e atividades ao ar livre, com equipamentos modernos de informática e biblioteca, e com a As lições importantes da Escola do Futuro: possibilidade de abertura para a comunidade nos fins de semana. O planejamento e a implementação da proposta foram realizados coletivamente, com a participação dos professores e diretores de escolas, da equipe de bibliotecários e terapeutas, e de todas as instituições educacionais Secretaria Municipal de Educação e Cultura, MEC, Unifesp-São Carlos, Sistema Integrado de Bibliotecas e conselhos. Participaram também as Secretarias de Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia, Cidadania e Assistência Social e Saúde. A Fundação Educacional de São Carlos participou com o projeto de inclusão digital. Os alunos conquistaram maior independência na busca de conhecimento Oferecemos acesso aos conhecimentos e bens culturais música, arte, filmes e obras de referência A comunidade se apropriou da Escola do Futuro, votando a favor do projeto no orçamento participativo Ampliamos a possibilidade de acesso aos recursos para os pais de alunos e a comunidade em geral Houve o aumento da permanência na escola dos alunos em situação de risco Carlinhos Cidadão É um programa de cunho preventivo e protetivo para as situações de vulnerabilidade social, estruturado a partir de uma rede municipal e prioritário para crianças, adolescentes e famílias. As ações, articuladas com os serviços existentes, são direcionadas para as regiões periféricas, de maior crescimento populacional, com menor renda per capita e expressiva presença do segmento infanto-juvenil. A rede de atendimento particular e as entidades sociais também participam do programa, o que possibilitou a ampliação e integração dos serviços de educação, saúde, esportes, lazer, cultura e assistência social. Como parte da estratégia, 20

novos profissionais foram admitidos e capacitados e os servidores foram requalificados. Parceiros importantes, tais como a Vara da Infância e Juventude, Promotoria Pública, CMDCA, Conselho Tutelar, universidades e ONGs, colaboraram com o controle social. Mortalidade infantil São Carlos é uma das cidades do estado de São Paulo com melhor IDH está em 17º lugar no ranking, e possui o menor índice de mortalidade infantil. Um fator importante dessa conquista, entre outras coisas, deve-se ao investimento em saneamento básico, priorizado na gestão municipal. As ações preventivas de saúde compreendem uma variedade de práticas prénatal, vacinação, suplementação alimentar, acompanhamento da saúde da criança, educação para o aleitamento materno, vacinação, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança e prevenção de acidentes na infância. Criamos ambulatórios de cuidados especiais para gestantes, sobretudo para as gestações de risco, serviços especializados para atendimento neonatal e de bebês egressos de UTI. Todas essas experiências são resultado de ações de parcerias, relações intersetoriais e institucionais, e da adesão da comunidade. Constantemente, os indicadores são monitorados, os resultados e os processos de trabalho são discutidos com a comunidade e os profissionais da saúde buscam a reafirmação da prioridade para o segmento de crianças e adolescentes. As lições importantes do Programa Carlinhos Cidadão: É necessário fortalecer e estruturar as ações em rede A qualidade de vida das crianças e de suas famílias melhora significativamente com a integração das ações É necessária uma rede inclusiva, que contemple o atendimento das crianças em situação de vulnerabilidade É fundamental ter um cadastro para integrar as informações 21

Município de Criciúma SC 2 Região Sul Meso-região Sul Catarinense Micro-região Criciúma Ano de fundação: 1925 POPULAÇÃO: 170.420 (Censo 2000) Porte: G Taxa de Crescimento: 1,71% Categoria: B População até 19 anos: 38,9% Categoria: D Percentual da população com mais de 65 anos: 4,4% População com menos de 5 anos: 8,6% Densidade Demográfica: 825,1 hab/km2 Categoria: A+ Área: 210 km2 Categoria: D Taxa de Urbanização: 89,8% Categoria: A ICV-PPAC: 0,753 Categoria: A+ Índice de Renda: 0,804 Categoria: A+ Renda média dos responsáveis (com renda) por domicílio 6 S.M. Percentual dos responsáveis com renda insuficiente por domicílio: 29,4% Índice de Habitação: 0,934 Categoria: A+ Percentual de domicílios com abastecimento adequado de água: 98,7% Percentual de domicílios com esgoto sanitário adequado: 89,5% Percentual de domicílios com coleta de lixo adequada: 97,2% Média de moradores por domicílio (particulares permanentes): 3,5 Índice de Educação: 0,871 Categoria: A+ Taxa de atendimento de crianças de 0 a 3 anos em creche: 10,7% Taxa de atendimento de crianças de 4 a 6 anos em pré-escola: 69,7% Taxa de escolarização líquida no ensino fundamental: 101,9% Distorção idade-série no ensino fundamental: 21,2% Taxa de escolarização líquida no ensino médio: 58,0% Distorção idade-série no ensino médio: 28,0% Relação entre o total de matrículas no ensino médio e no ensino fundamental: 34,2 Taxa de alfabetização entre maiores de 10 anos: 95,8% Índice de Serviços de Saúde: 0,403 Categoria: B Número de consultórios médicos por 10 mil habitantes: 7,8 Número de consultas médicas por habitante: 2,5 Número de equipamentos odontológicos por 10 mil habitantes: 2,5 Número de ações básicas odontológicas por habitante: 1,2 Números de leitos por mil habitantes: 2,8 Número de internações por cem habitantes: 8,9 2 Dados ICV-PPAC 22

Plano de ação elaborado a partir do planejamento por problema Violência e uso de substâncias psicoativas Crianças e adolescentes em situação de rua e trabalho infantil Violência sexual e violência intrafamiliar Baixa escolaridade, baixa qualificação profissional e desemprego Desnutrição e mortalidade infantil Gravidez na adolescência, HIV-AIDS Exclusão sociocultural Exclusão social no esporte Índice elevado de reprovação no ensino fundamental Exclusão escolar de portadores de necessidades especiais Falta de vagas para educação infantil Relato de Décio Gomes Góes, Prefeito de Criciúma Todo o governo municipal esteve envolvido com o PPAC o programa tornou-se um elo de integração na administração, com um papel muito importante na gestão 2001-2004. O município de Criciúma possui características muito singulares tem uma economia dinâmica, indústria e comércio fortes e presta serviços para toda a região. Por essa razão, também atrai um conjunto de problemas. Nos últimos 15 anos a população da cidade dobrou, o número de veículos triplicou, há 86 áreas ocupadas ilegalmente, Criciúma passou a ser rota do tráfico de drogas, aumentaram os casos de AIDS e a violência juvenil. Nessas condições, incorporar o município ao PPAC tornou-se um grande desafio. O que havia estruturado na área social para a criança e o adolescente era insuficiente. 23

Tínhamos uma secretaria sem atuação expressiva, que somente repassava recursos para as entidades.. Existiam alguns programas-modelo, de baixa inclusão, com erros de concepção em alguns deles. Durante os quatro anos de governo, priorizamos a criança e o adolescente com dez programas norteadores. As gestões foram se distribuindo entre as secretarias de acordo com suas finalidades. Violência e uso de substâncias psicoativas por crianças e adolescentes O diagnóstico realizado revelou que a cidade é rota de drogas e que o ambiente favorece a aquisição e o consumo dessas substâncias. Para enfrentar o problema, desenvolvemos um conjunto de ações de promoção e prevenção, articulando todos os órgãos públicos e a sociedade civil. Capacitamos os professores e o pessoal da administração pública, fizemos campanhas institucionais, e o tema passou a ser debatido na cidade, virando pauta na mídia. A proposta foi oferecer atividades sadias para as nossas crianças, como um meio de reduzir a violência, item focado em outros programas. Selecionamos algumas famílias e oferecemos a elas um kit de programas, incluindo Bolsa Escola, projeto de geração de emprego e renda, e mais uma série de ações para que essas famílias pudessem dar um salto de qualidade e enfrentar o problema do consumo de drogas. Na área cultural, por exemplo, foi criado um projeto de hip-hop que, usando a linguagem da juventude, a dança e a música, trabalhou temas relacionados à violência, vingança, ao uso de drogas e a outros assuntos degenerativos. Com o tempo, a temática foi se modificando, para assuntos como a cultura da paz, da solidariedade, do amor e da parceria. É muito difícil para o município enfrentar sozinho a questão das drogas. O tráfico não tem limite nem território. É preciso contar com os outros entes do Estado e também com a sociedade. Adolescentes na rua e trabalho infantil Para enfrentar esses problemas, foi preciso articular com muitos atores e encaminhar as famílias para diversos programas de auto-sustentabilidade, tais como PETI e Bolsa Família. Criamos grupos de produção de artesanato, que deram origem a uma cooperativa de trabalho. Intensificamos as ações para gerar emprego e renda para as famílias e promovemos a formação de grupos de terapia comunitária para ajudá-las a compreender seus problemas e superar as dificuldades. Oferecemos um conjunto de cursos profissionalizantes básicos e formamos cerca de 500 pessoas em 2004, com 200 bolsas de estágio oferecidas pela Prefeitura. São trabalhos que evoluíram em quatro anos, passando de um atendimento setorial de poucas centenas de crianças, para 2.800 crianças em situação de risco social, amparadas por essa rede. Hoje, não há mais crianças na rua em Criciúma e a sociedade percebe a mudança. Violência sexual e violência doméstica Com a implantação do programa Sentinela, a cidade se tornou referência para a região porque o programa não trata só das crianças que foram violentadas, mas assiste à família toda. Os procedimentos para qualquer caso de violência sexual ou doméstica são realizados no Sentinela, evitando a exposição vexatória da vítima e de seus familiares nas delegacias e na Polícia Militar. Criamos um sistema, previsto em lei, de notificação obrigatória de maus tratos da criança e do adolescente nas unidades de educação, de saúde e nos hospitais. Criamos a casa Abrigo da Mulher, cujo funcionamento deve se iniciar em breve. Lá, a mulher vítima de maus-tratos terá um espaço para repensar a vida, levar os filhos, receber o primeiro atendimento da psicóloga e da assistente social e depois, em melhores condições, decidir com a família, o futuro de sua vida. 24

Baixa escolaridade, baixa qualificação profissional e desemprego Outro desafio para o município foi a baixa escolaridade da população, que por sua vez contribui para a baixa qualificação profissional e o desemprego. A cidade fez um grande debate sobre o desemprego em 2000, fruto da crise econômica da década de 1990. A resposta que encontramos foi formular e implantar um conjunto de políticas e ações que resultaram, nesses quatro anos, em 11 mil novas oportunidades de trabalho. Com isso, melhoraram a sustentabilidade econômica da família e a inserção do jovem no mercado de trabalho. Desnutrição e mortalidade infantil Para enfrentar esse problema, criamos o programa Criciúma Bebê, de acompanhamento pré-natal. Implantamos também programas de complementação alimentar especial para mães com AIDS. O atual desafio é terminar a construção de um hospital infantil, que estava paralisada. Retomamos a construção e inauguramos o Pronto Atendimento Infantil. Até o mês de maio, dependendo da liberação de recursos federais, a UTI deverá ser concluída. Gravidez na adolescência e AIDS A mobilização foi fundamental para enfrentar esses dois graves problemas articulamos parcerias, fizemos muitas campanhas, palestras e debates, e pressionamos a mídia para que abrisse espaço para a discussão dessas questões. Garantimos um pré-natal qualificado, capacitamos os agentes comunitários de saúde para educar a população e promovemos a veiculação de campanhas específicas para evitar a gravidez precoce. Paralelamente, é feito um acompanhamento sistemático das adolescentes grávidas. O município conta com um centro de referência para testes de AIDS e DST que tem dado uma retaguarda importante para os encaminhamentos decorrentes. Com todas essas ações, a incidência de AIDS baixou expressivamente na cidade. A exclusão sociocultural Detectamos que os eventos culturais em Criciúma eram dirigidos quase que exclusivamente para a elite da cidade. O desafio foi popularizar a cultura e entre as medidas planejadas, criamos o Teatro Para Todos, que leva uma peça por mês aos bairros populares. A iniciativa estimulou a formação de grupos e escolinhas de teatro para a juventude. Existem hoje no município mais de 20 grupos teatrais. Outro desdobramento foi a criação do Festival Relâmpago de Teatro Infantil. As crianças recebem um tema e têm 20 minutos para criar o roteiro e encenar a peça. Em parceria com a banda do Cruzeiro do Sul, tradicional na cidade, fizemos uma oficina musical que acabou se transformando em um programa de produção musical do qual participam 70 crianças. A partir dessa experiência, muitos corais infantis se formaram em Criciúma, o que possibilitou a criação de um Festival Anual de Coro. Outro programa cultural interessante é o Museu na Escola, que mistura teatro com peças de museu. No Boa Vista, bairro periférico, funciona a Escola de Balé, com 90 meninas. São iniciativas como essas que estimulam parcerias com o setor privado. No último verão, conseguimos fazer oficinas de férias, em vários bairros da cidade, com o patrocínio da Parati Biscoitos. Exclusão social no esporte Para enfrentar o problema, criamos o programa de Inclusão nos Esportes para 7 mil crianças e jovens. Hoje, há 84 escolinhas de esportes distribuídas pela cidade e nos Jogos 25

Abertos de Santa Catarina saltamos do 22º lugar para o grupo dos cinco primeiros colocados. Essa experiência inspirou a criação da Academia de Bairro para os adultos. Enquanto os filhos estão na escolinha, um monitor coordena a ginástica e outras atividades físicas para as mães. Reprovação no ensino fundamental Foram recuperadas 71 escolas do município, a fim de oferecer um ambiente agradável para os alunos. O programa Pró-Hoje Educação para jovens e adultos com mais de 15 anos, foi ampliado e está funcionando em 29 escolas do município. A metodologia é presencial, e em dois anos o aluno conclui o ensino fundamental. A escola oferece aos alunos que trabalham banho, lanche e outros suportes para que eles possam estudar depois do trabalho. A falta de vagas na educação infantil é outro nó que o município sozinho não consegue desatar. Conseguimos ampliar as vagas em 30% e fixamos um número máximo de alunos por sala, assumindo o duplo desafio de ampliar e melhorar a qualidade do ensino. Projeto Integrado do bairro Paraíso exemplo de ação intersetorial Iniciamos um projeto piloto integrado no bairro Paraíso, região antiga da cidade, com 5 mil habitantes e muitos problemas. A experiência de aplicar todas as medidas preventivas e protetivas em um lugar só é muito interessante procuramos não deixar ninguém de fora, tomando como base os dados do Mapa da Criança e do Adolescente. Esses dados foram divulgados e a população da cidade ficou chocada ao tomar conhecimento da existência de uma periferia tão pobre, mas aceitou o desafio. Temos uma Câmara Técnica de Políticas Sociais para acompanhar o trabalho do PPAC. O desafio da mudança requer que a população entenda que a pobreza não é natural e precisa ser enfrentada, e que a criança precisa de toda atenção, pois a infância é a fase mais Instituir a prática de ações intersetoriais foi um grande desafio de gestão. Tivemos que romper com a crença de que cada secretaria pode resolver sozinha todos os problemas. Os resultados decorrentes da interface entre as políticas públicas, a integralidade e a intersetorialidade foi a maior lição que aprendemos. importante da vida. A prioridade para a infância e adolescência ficou muito patente na cidade. É um consenso e a questão tem todo o apoio da mídia. Tínhamos um problema muito sério de violência juvenil, de morte na rua, e hoje não se fala mais em gangues em Criciúma, não existe mais criança na rua. A sociedade entendeu que é responsabilidade do governo cuidar de quem mais precisa. Não há espaço para favorecer aqueles que já são favorecidos. Instituir a prática de ações intersetoriais foi um grande desafio de gestão. Tivemos que romper com a crença de que cada secretaria pode resolver sozinha todos os problemas. Os resultados decorrentes da interface entre as políticas públicas, a integralidade e a intersetorialidade foi a maior lição que aprendemos. A democratização da gestão e a transparência só existem quando se tem uma relação de sinceridade com a população e com os conselhos. Isso foi importante a participação social está muito presente na cidade. O setor empresarial começa a entender que o governo municipal não consegue dar conta das demandas e que a responsabilidade social precisa realmente ser praticada. Cada ator tem o seu papel. O Judiciário é uma estrutura pouco acessível ao diálogo; o Legislativo restringiu-se a homologar convênios e sempre criou muitos empecilhos. Com a Segurança Pública, conseguimos trabalhar bem em muitos programas e o Ministério Público da Criança e do Adolescente é um grande parceiro. Tanto que a promotora da infância e da juventude disse, em entrevista ao jornal local: Meu sonho sempre foi trabalhar numa comarca em que o prefeito recebesse o Prêmio Amigo da Criança porque, com certeza, eu também teria contribuído na construção desse processo. 26

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Município de São José do Rio Preto SP 3 Região Sudeste Meso-região SJRP Micro-região SJRP Ano de fundação 1894 POPULAÇÃO: 358.523 (Censo 2000) Porte: G Taxa de Crescimento: 2,55% Categoria: B População até 19 anos: 32,2% Categoria: E- Percentual da população com mais de 65 anos: 7, 2% População com menos de 5 anos: 7% Densidade Demográfica: 846,2 hab/km2 Categoria: A+ Área: 434 km2 Categoria: C Taxa de Urbanização: 94,17% Categoria: A ICV-PPAC: 0,851 Categoria: A+ Índice de Renda: 0,929 Categoria: A+ Renda média dos responsáveis (com renda) por domicílio 7, 5 S. M. Percentual dos responsáveis com renda insuficiente por domicílio: 26,3% Índice de Habitação: 0,977 Categoria: A+ Percentual de domicílios com abastecimento adequado de água: 98,6% Percentual de domicílios com esgoto sanitário adequado: 97,1% Percentual de domicílios com coleta de lixo adequada: 98,5% Média de moradores por domicílio (particulares permanentes): 3,3% Índice de Educação: 0,884 Categoria: A+ Taxa de atendimento de crianças de 0 a 3 anos em creche: 12,4% Taxa de atendimento de crianças de 4 a 6 anos em pré-escola: 78,5% Taxa de escolarização líquida no ensino fundamental: 96,5% Distorção idade-série no ensino fundamental: 14,2% Taxa de escolarização líquida no ensino médio: 62,3% Distorção idade-série no ensino médio: 34,6% Relação entre o total de matrículas no ensino médio e no ensino fundamental: 38,9 Taxa de alfabetização entre maiores de 10 anos: 95,0% Índice de Serviços de Saúde: 0,614 Categoria: A+ Número de consultórios médicos por 10 mil habitantes: 14,9 Número de consultas médicas por habitante: 2,4 Número de equipamentos odontológicos por 10 mil habitantes: 3,1 Número de ações básicas odontológicas por habitante: 2,5 Números de leitos por mil habitantes: 5,5 Número de internações por cem habitantes: 12,8 3 Dados ICV-PPAC 28

Proposta de governo Priorizar crianças e adolescentes enfrentando os seguintes desafios: exploração socioeconômica e sexual; uso, abuso e comércio de drogas; falta de uma cultura de coleta e análise de dados; alcançar a participação efetiva das crianças, dos adolescentes, dos jovens e das famílias nos programas; falta de consciência da população com cuidados de saúde; burocracia disfuncional do setor público; despreparo e falta de pessoal. Ações implementadas por meio dos seguintes programas: Inclusão, Todos na Escola Todos Aprendendo, Educar e Cuidar, Escola Saudável, Cidadania e Saúde, Projeto Cidadão, Projeto Cara, Teia, Projeto Gol, Agente Jovem, projeto Sentinela, PETI e Integração com a AABB. Relato de Maria do Rosário, Secretária de Educação de São José do Rio Preto No início da nossa participação no PPAC, os problemas e as políticas eram muito vinculados a determinadas secretarias. Hoje, trabalhamos de forma articulada, fazemos parcerias com empresas, universidades e ONGs. Temos um programa de gestão em parceria com o Instituto Ayrton Sena e estamos implantando o programa de inclusão digital. Inicialmente não existia integração de dados, tínhamos pouco acesso a eles e muita dificuldade em administrálos. Tudo isso foi reformulado. Implantamos políticas públicas adequadas à realidade social, definindo e planejando as ações com base em diagnósticos. Criamos instrumentos de monitoramento e avaliação e implementamos um conjunto de ações preventivas. Realizamos a formação continuada dos profissionais, estabelecemos rotinas e normas, definimos prioridades e metas. Desenvolvemos campanhas educativas e algumas ações da secretaria foram feitas por meio de campanhas. A inclusão das crianças com necessidades especiais Quando iniciamos o trabalho na secretaria, uma pesquisa indicava que 50% dos professores eram contra a inclusão de crianças com necessidades especiais. Fizemos diversos seminários no município para trabalhar essa questão e criamos núcleos de apoio pedagógico. Esses núcleos funcionam dentro de algumas escolas, para apoiar tanto o professor que recebe a criança quanto a criança que está sendo incluída. Nosso próximo passo é implantar o programa de inclusão nas creches. A idéia é que as instituições apóiem esse trabalho, para não precisarmos mais de escolas especiais. Mas existem dificuldades. Temos muitos adolescentes que não foram incluídos e que agora estão voltando para a rede. Eles freqüentam a escola do ensino regular e são atendidos nas instituições no outro período. 29

Hoje, contamos com centros especializados e um projeto junto com a Faculdade de Medicina, e também a Escola Municipal do Autista, cuja participação na política de inclusão é muito questionada. As crianças com necessidades especiais, são incluídas, na medida do possível. Criamos também uma classe hospitalar para o atendimento das crianças que estão em tratamento prolongado no Hospital de Base, o hospital-escola de São José do Rio Preto. Dentro do projeto Todos na escola, Todos aprendendo, fizemos projetos especiais de alfabetização e algumas classes de aceleração. Toda escola pode criar um projeto para lidar com dificuldades específicas, e discutir sua viabilidade com a secretaria. São José do Rio Preto é pólo regional do projeto do MEC de discussão das políticas de inclusão social. A qualidade do ensino e a qualidade da escola Depois de universalizar o ensino fundamental, nossa maior preocupação é melhorar a qualidade. Fizemos uma avaliação externa, no final dos quatro ciclos, de português e matemática, e a partir dos resultados vamos estabelecer o programa de educação continuada para professores. Já tínhamos os dados do SAEB e da Fundação Carlos Chagas, que não demonstravam a qualidade do trabalho desenvolvido em cada escola, em cada classe. Trabalhamos muito essa questão com os professores, não para penalizá-los ou fazer um ranking, mas para avaliar a situação. O objetivo é conhecer as dificuldades de determinada escola e classe, e então, desenvolver programas voltados para a superação dos problemas. Todos os alunos do ensino fundamental participam do programa de educação digital, que considera o computador como um instrumento a mais para o aluno. Fizemos um convênio com a Unicamp, para a criação e implantação de módulos educacionais na sala de aula. Paralelamente, estamos preparando os professores para que eles mesmos construam seus módulos. Na parte esportiva, temos programas em diversas escolas, em parceria com a Secretaria de Esporte e Cultura. São 8 mil crianças recebendo iniciação esportiva e fazendo atividades artísticas no período em que não estão assistindo às aulas. Em algumas escolas, implantamos o Projeto Horta. Além do programa federal, temos o Bolsa Escola Municipal. Criamos um kit de material escolar, resultado de uma racionalização de recursos. A partir de estudos das necessidades dos professores e alunos, passamos a comprar o material escolar de forma planejada, montando módulos especiais para atender as classes. Em relação à rede física, foram feitas 43 grandes reformas a rede estava em péssimas condições. Criamos um setor de pequenas obras para atender as emergências das escolas, o que era feito pela Secretaria de Obras. Fizemos mais de cem pequenas reformas. A integração creche-escola Temos hoje 43 creches que atendem em torno de 7 mil crianças. O atendimento é feito pelos parceiros, com a supervisão da Secretaria da Educação, que também treina e acompanha continuamente os profissionais. O Conselho Municipal de Educação estabeleceu os parâmetros de qualidade da rede física, o preparo e a 30