Regimes aduaneiros CURSO: Administração DISCIPLINA: Comércio Exterior FONTES: SOUZA, José Meireles de. Gestão do Comércio Exterior Exportação/Importação. São Paulo: Saraiva, 2010. SEGRE, German. Manual Prático de Comércio Exterior. São Paulo: Atlas, 2009. SOSA, Roosevelt Baldomir. Glossário de Aduana e Comércio Exterior. São Paulo: Aduanas, 2005. VAZQUEZ, José Lopes. Comércio Exterior Brasileiro. São Paulo: Atlas, 2003. 10.3 Regimes aduaneiros 1
Regimes aduaneiros No sentido genérico refere-se ao complexo normativo aduaneiro, através do qual se regulam os fluxos e operações de comércio exterior, tendo em vista as múltiplas finalidades do sistema alfandegário, sejam administrativas, tributárias, de controle etc. No sentido específico designa uma espécie de ordenamento legal próprio a determinados tipos de ingressos ou saídas territoriais, ditos especiais (para diferenciá-los do regime de importação ou exportação comuns) e cuja característica é a temporalidade e a suspensão tributária, ou atípicos. Os Regimes Aduaneiros Especiais são assim chamados porque existe uma série de procedimentos fiscais, caracterizando-os conforme a finalidade de cada um. 10.3 Regimes aduaneiros 2
Regimes aduaneiros 1. Trânsito Aduaneiro 2. Admissão Temporária 3. Drawback 4. Entreposto Aduaneiro 5. Entreposto Industrial 6. Exportação Temporária 7. Zona Franca de Manaus 8. Loja Franca 9. Depósito Especial Alfandegado 10. Depósito Afiançado 11. Depósito Franco 12. Linha Azul 13. Zona de Processamento de Exportação (ZPE) 10.3 Regimes aduaneiros 3
1. Trânsito Aduaneiro O regime especial de TRÂNSITO ADUANEIRO é o que permite o transporte de mercadoria, sob controle aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro, com suspensão de tributos. Os impostos incidentes sobre a operação serão recolhidos no territóriio aduaneiro de destino. A Declaração de Trânsito Aduaneiro (DTA) passou a ser processada mediante a utilização do Sistema Integrado de Comércio Exterior, módulo trânsito (Siscomex Trânsito), salvo o de remessas postais internacionais e o de mercadorias destinadas à exportação ou reexportação, que se regem por normas próprias. 10.3 Regimes aduaneiros 4
Tipos de Declaração de Trânsito 1. Declaração de Trânsito Aduaneiro (DTA) 2. Manifesto Internacional de Carga Declaração de Trânsito Aduaneiro (MIC DTA) 3. Conhecimento-Carta de Porte Internacional Declaração de Trânsito Aduaneiro (TIF DTA) 4. Declaração de Trânsito de Transferência (DTT) 5. Declaração de Trânsito de Contêiner (DTC) EXEMPLOS DE OPERAÇÕES: peças para embarcações em viagens internacionais; materiais de consumo de bordo de companhia aérea; mercadorias entre lojas francas ou seus depósitos; mercadorias entre recintos alfandegados; mercadorias destinadas a feiras internacionais; bagagem acompanhada extraviada; contêiner para outro entreposto alfandegado; etc. 10.3 Regimes aduaneiros 5
2. Admissão Temporária O regime aduaneiro especial de ADMISSÃO TEMPORÁRIA é o que permite a importação de bens que devam permanecer no país durante prazo fixado, com suspensão total do pagamento de tributos, ou com suspensão parcial, no caso de utilização econômica. Espécie de rito procedimental aduaneiro que visa o ingresso de mercadorias destinadas a permanecer no país a prazo certo, sob égide de um regime aduaneiro especial ou regime atípico. Os trânsitos, o drawback, o entreposto aduaneiro, entreposto industrial, a zona franca de Manaus, os Depósitos Especiais Alfandegados, e outros que tais, são exemplos de mercadorias de ingresso temporário. As admissões temporárias poderão ser tributadas proporcionalmente ao tempo de permanência no País. 10.3 Regimes aduaneiros 6
3. Drawback Retorno, no todo ou em parte, a) dos direitos cobrados sobre a entrada de produtos estrangeiros no país, os quais serão objeto de reexportação no seu estado original, ou b) sobre a importação de matérias-primas ou produtos semimanufaturados que serão utilizados na produção de artidos nacionais a serem exportados. Considera-se também drawback c) o retorno de taxas e impostos internos cobrados sobre produtos nacionais que serão objeto de exportação ou sobre determinadas matériasprimas que entram em sua composição; d) devolução dos direitos alfandegários pagos no ato de importação de matéria-prima ou insumos, quando reexportados na forma de produto final industrializado. 10.3 Regimes aduaneiros 7
O regime de Drawback poderá ser concedido a: 1. Mercadoria importada para beneficiamento no país e posterior exportação; 2. Matéria-prima, produto semi-elaborado ou acabado, utilizados na fabricação de mercadoria exportada, ou a exportar; 3. Peça, parte, aparelho, máquina, veículo ou equipamento exportado ou a exportar; 4. Mercadoria destinada a embalagem, acondicionamento ou apresentação de produto exportado ou a exportar, desde que propicie comprovadamente uma agregação de valor ao produto final; ou 5. Animais destinados ao abate e posterior exportação; 6. Matéria-prima e outros produtos que, embora não integrando o produto exportado, sejam utilizados em sua fabricação em condições que justifiquem a concessão; 7. Matéria-prima e outros produtos utilizados no cultivo de produtos agrícolas ou na criação de animais a serem exportados, definidos pela Câmara de Comércio Exterior. 10.3 Regimes aduaneiros 8
4. Entreposto Aduaneiro ENTREPOSTO no sentido comum, designa um armazém para depósitos de mercadorias a serem conferidas ou despachadas ou ainda, transferidas a outro local pela via do trânsito. No sentido técnico, entreposto é a base operacional (física) de uso público ou privado de um regime aduaneiro especial também denominado Entreposto Aduaneiro. ENTREPOSTO ADUANEIRO regime aduaneiro especial que permite, na importação e na exportação, o depósito de mercadorias, em local determinado, com suspensão do pagamento de tributos e sob controle fiscal. 10.3 Regimes aduaneiros 9
4.1 Entreposto Aduaneiro de EXPORTAÇÃO Modalidade de entreposto aduaneiro que, na espécie COMUM, permite o depositamento de mercadorias em recinto de uso público, sob suspensão tributária, de mercadorias em exportação. Já na espécie EXTRAORDINÁRIO permite o depositamento de mercadorias em recinto de uso privativo que tenham sido adquiridas por empresa comercial exportadora com a finalidade de exportação, admitindo a imediata fruição dos incentivos fiscais eventualmente previstos na legislação. FRUIÇÃO do verbo fruir = usufruir; desfrutar. 10.3 Regimes aduaneiros 10
4.2 Entreposto Aduaneiro de IMPORTAÇÃO O regime especial de ENTREPOSTO ADUANEIRO NA IMPORTAÇÃO é o que permite a armazenagem de mercadoria estrangeira em recinto alfandegado de uso público, com suspensão do pagamento dos impostos incidentes na importação. Em outras palavras, é a modalidade de entreposto aduaneiro que permite o depositamento de mercadorias procedentes do exterior, com suspensão tributária e sem cobertura cambial, até que sobrevenha sua nacionalização ou reexportação. 10.3 Regimes aduaneiros 11
4.2 Entreposto Aduaneiro de IMPORTAÇÃO O regime permite, ainda, a permanência de mercadoria estrangeira em feira, congresso, mostra ou evento semelhante, realizado em recinto de uso privativo, previamente alfandegado para esse fim. O alfandegamento do recinto será declarado por período que alcance não mais que os 30 dias anteriores e os 30 dias posteriores aos fixados para início e término do evento. Dentro do período referido, a mercadoria poderá ser admitida no regime de entreposto aduaneiro em recinto alfandegado de uso público. 10.3 Regimes aduaneiros 12
5. Entreposto Industrial O regime de ENTREPOSTO INDUSTRIAL sob controle aduaneiro informatizado (RECOF) é o que permite a empresa importar, com ou sem cobertura cambial, e com suspensão do pagamento de tributos, sob controle aduaneiro informatizado, mercadorias que, depois de submetidas a operação de industrialização, sejam destinadas a exportação. O regime aduaneiro especial de entreposto industrial é o que permite a determinado estabelecimento de uma indústria importar, com suspensão de tributos, mercadorias que, depois de submetidas a operação de industrialização, deverão destinar-se ao mercado externo. 10.3 Regimes aduaneiros 13
6. Exportação temporária Regime aduaneiro especial pelo qual Considera-se EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA a saída, do País, de mercadoria nacional ou nacionalizada, condicionada à reimportação em prazo determinado, no mesmo estado ou após submetida a processo de conserto, reparo ou restauração. O crédito correspondente aos impostos incidentes na exportação será constituído em termo de responsabilidade, ficando seu pagamento suspenso pela aplicação do regime. O prazo de vigência do regime será de até um ano, prorrogável, a juízo da autoridade aduaneira, por período não superior, no total, a dois anos. 10.3 Regimes aduaneiros 14
7. Zona Franca de Manaus (ZFM) Área de livre comércio de importação e de exportação e de incentivos fiscais especiais, criada em 1967. Objetiva estabelecer, no interior da Amazônia, um centro industrial, comercial e agropecuário, dotado de condições econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância a que se encontram os centros consumidores de seus produtos. As mercadorias estrangeiras não industrializadas na ZFM, quando dela saírem para qualquer ponto do território nacional, ficam sujeitas ao pagamento de todos os impostos, como se fosse uma importação comum. 10.3 Regimes aduaneiros 15
7. Zona Franca de Manaus (ZFM) As mercadorias produzidas na ZFM sem componentes estrangeiros serão internadas, apenas, com o recolhimento de ICMS. Portanto, não há incidência de IPI. As mercadorias produzidas na ZFM, quando saírem para qualquer ponto do país, estão sujeitas ao Imposto de Importação (II), relativo a matérias-primas, produtos intermediários, materiais secundários, embalagens e insumos de origem estrangeira. Os produtos produzidos na ZFM e exportados para fora do Brasil estão isentos de tributos. A importação e exportação de mercadorias PARA ou DA ZFM são objetos de benefícios fiscais previstos em legislação específica. A Lei 8.387/91 e suas citações tratam da ZF de Manaus (Amazônia) e de Macapá e Santana, no Amapá. 10.3 Regimes aduaneiros 16
8. Loja Franca (Free shop) Regime aduaneiro atípico de caráter tributariamente suspensivo que consiste em autorizar o funcionamento de LOJAS situadas em portos e aeroportos para venda de mercadoria nacional ou estrangeira a passageiros de viagens internacionais, contra pagamento em cheque ou moeda estrangeira conversível. As mercadorias têm isenção de tributos. A Loja Franca atende aos passageiros internacionais, saindo ou entrando no país. 10.3 Regimes aduaneiros 17
8. Loja Franca (Free shop) A Loja Franca será outorgado somente às empresas selecionadas mediante concorrência pública, e habilitadas pela Secretaria da Receita Federal. A mercadoria estrangeira importada diretamente pelos concessionários das lojas francas permanecerá com suspensão do pagamento de tributos até a sua venda. Se a mercadoria for adquirida de produtos nacionais, estes sairão do estabelecimento industrial ou equiparado com isenção de tritutos. 10.3 Regimes aduaneiros 18
9. Depósito Especial Alfandegado É o que permite a ESTOCAGEM de partes, peças e materiais de reposição ou manutenção para veículos, máquinas, equipamentos, aparelhos e instrumentos, assim como de seus componentes, estrangeiros nacionalizados ou não nos casos definidos pelo Ministro da Fazenda. O prazo de permanência da mercadoria no regime será de até 5 anos, a contar da data do seu desembaraço para admissão. Prazo superior, depende de autorização do Ministro da Fazenda. O beneficiário do regime de depósito especial deverá assegurar o livre acesso da Secretaria da Receita Federal à base informatizada. 10.3 Regimes aduaneiros 19
10. Depósito Afiançado (DAF) Local alfandegado destinado mediante autorização da autoridade aduaneira à GUARDA de materiais de manutenção e preparo de embarcação e aeronaves utilizados no transporte comercial internacional. Os materiais importados são sem cobertura cambial. A empresa deve estar autorizada a operar no transporte comercial internacional e a aeronave utilizada nessa finalidade. O DAF localizado em zona primária pode ser utilizado, inclusive, para a guarda de provisões de bordo. 10.3 Regimes aduaneiros 20
11. Depósito Franco É o recinto alfandegado, instalado em porto brasileiro, para atender ao fluxo comercial de países limítrofes com terceiros países. O regime de depósito franco será concedido somente quando autorizado em acordo ou convênio internacional firmado pelo Brasil. Estão em atividade no país os seguintes Depósitos Francos: Do Paraguai, em Santos (carga geral) e Paranaguá (carga geral e granéis sólidos) Da Bolívia, em Santos (carga geral) 10.3 Regimes aduaneiros 21
12. Linha Azul A LINHA AZUL é um regime aduaneiro que, sem comprometer os controles, reduz o tempo das liberações das mercadorias de empresas que operem no comércio exterior mediante a racionalização da movimentação da carga, nas operações de importação, exportação e de trânsito aduaneiro. A Linha Azul atende somente a empresas habilitadas cujos despachos ocorram em locais alfandegados credenciados pela Receita Federal. 10.3 Regimes aduaneiros 22
Objetivos da Linha Azul 1 Propiciar menores custos nas importações e nas exportações mediante a agilização nos despachos aduaneiros, conferindo, dessa forma, maior competitividade do produto brasileiro no mercado externo. 2 Diminuir o tempo do desembaraço de mercadorias também para as empresas não habilitadas à Linha Azul, tendo em vista que a simplificação do tratamento das grandes cargas liberará mão-de-obra para as demais operações aduaneiras. 10.3 Regimes aduaneiros 23
Habilitação à Linha Azul 1 Ser empresa industrial. 2 Estar inscrita, há mais de cinco anos, no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ) ou possuir capital integralizado igual ou superior a três milhões de reais. 3 No exercício fiscal ou nos 12 meses anteriores à apresentação do pedido de habilitação, ter exportado pelo menos USD 30 milhões. 4 Estar em situação regular quanto à aplicação de regime aduaneiro especial do qual tenha sido ou seja beneficiária. 5 Não tenha sido submetida à fiscalização especial. 6 Fazer jus à Certidão Negativa de Débitos. 7 Dispor de sistema informatizado de controle das mercadorias, construído e mantido conforme especificações da Receita Federal. 10.3 Regimes aduaneiros 24
13. Zona de Processamento de Exportação (ZPE) As Zonas de Processamento de Exportação (ZPE) sujeitas ao regime jurídico instituído por lei foram criadas com a finalidade de reduzir desequilíbrios regionais, bem como fortalecer o balanço de pagamentos e promover a difusão tecnológica e o desenvolvimento econômico e social do País. As ZPE caracterizam-se como áreas de livre comércio com o exterior, destinadas à instalação de empresas voltadas para a produção de bens a serem comercializados exclusivamente no exterior. São consideradas Zonas Primárias para efeito de controle aduaneiro. 10.3 Regimes aduaneiros 25
13. Zona de Processamento de Exportação (ZPE) As ZPE são criadas pelo decreto que delimita a área, à vista de propostas de Estados ou de Municípios, em conjunto ou isoladamente. O Tesouro Nacional não assumirá nenhum ônus para a implantação de ZPE. A empresa que pretende instalar-se em ZPE apresentará projeto ao Conselho Nacional de Zonas de Processamento de Exportação, que faz parte do MDIC. A empresa instalada na ZPE não poderá constituir filial, firma em nome individual ou participar de outra empresa localizada fora da ZPE. 10.3 Regimes aduaneiros 26
Benefícios das ZPE 1 Isenção do II, do IPI, do Finsocial, do AFRMM e outras contribuições federais; isenção de IR nas remessas de lucros, dividendos e quaisquer outros pagamentos feitos a não residentes. 2 Direito à constituição de empresas 100% estrangeiras, com capital externo constituído do produto de conversão da moeda estrangeira e, também, com a internação de bens de origem externa. 3 Livre disponibilidade de divisas obtidas na exportação. 4 Simplificação de procedimentos burocráticos, na importação e na exportação. 10.3 Regimes aduaneiros 27
Relação das 24 ZPE criadas no Brasil PE: Suape PI: Parnaíba RJ: Itaguaí RN: Assú e Macaíba RR: Boa Vista RS: Rio Grande SC: Imbituba SE: Barra dos Coqueiros SP: Fernandópolis TO: Araguaína. AC: Senador Guiomard BA: Ilhéus CE: Pecém ES: Aracruz e Vila Velha MA: São Luís MG: Teófilo Otoni e Uberaba MS: Bataguassu e Corumbá MT: Cáceres PA: Barcarena PB: João Pessoa 10.3 Regimes aduaneiros 28