1. DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO



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Transcrição:

1. DOS CRIMES CONTRA O SENTIMENTO RELIGIOSO Ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo Art. 208 - Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. CF. art. 5º, VI e VIII Religião se confunde com a própria história da humanidade. Na Idade Média a Igreja era o próprio Estado. Hoje o sentimento religioso está espalhado entre as pessoas e é na religiosidade que as pessoas procuram tranqüilidade ou paz. É esse sentimento religioso que é protegido na Constituição. Escarnecer: ridicularizar a crença ou a função exercida pelo líder religioso; Impedir: não permitir que a cerimônia aconteça; Perturbar: Atrapalhar a cerimônia. Vilipendiar: desprezar objeto do culto. Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência. Se há violência a pena é aumentada, além de responder pela violência. 2. DOS CRIMES CONTRA O RESPEITO AOS MORTOS Impedimento ou perturbação de cerimônia funerária Art. 209 - Impedir ou perturbar enterro ou cerimônia funerária: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. Impedir: Não permitir Perturbar: Atrapalhar Objetos: Enterro: do deslocamento até o túmulo. Cerimônia Fúnebre: Velório. Cerimônia Religiosa: Nesse caso pode haver concurso entre os arts. 209 e o 208 do CP. Exceção: Não se pune quando um velório atrapalha o outro em virtude do sofrimento expressado (choro alto, etc.). Parágrafo único - Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência. Qualificadora: A pena é aumentada se há uso de violência. Violação de sepultura Art. 210 - Violar ou profanar sepultura ou urna funerária: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Violar: quebrar (abrir, romper); Profanar: desrespeitar. Objeto: Sepultura é todo lugar destinado a guardar os restos mortais (sepulcros, mausoléus, tumbas, túmulos, covas, etc). Exceção: Em caso de exumação do corpo não há crime. 1

Destruição, subtração ou ocultação de cadáver Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. Conduta: Subtrair: tirar de onde está; Ocultar: o agente já tem o corpo e o esconde; Destruição: geralmente acompanha um crime mais grave contra a vida. Exceção: Exumação de cadáver; Doação de órgãos. Vilipêndio a cadáver Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas cinzas: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Conduta: Vilipendiar (ofender). Objeto: Cadáver ou cinzas. Características comuns: Sujeito Ativo: Qualquer Pessoa. Sujeito Passivo: Os familiares. Ação Penal: Pública Incondicionada. 3. DOS CRIMES CONTRA OS COSTUMES CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL. Estupro Art. 213 - Constranger mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça: Pena - reclusão, de seis a dez anos. Liberdade Sexual: A finalidade do ato sexual é a perpetuação da espécie de modo que a liberdade sexual permite que cada um escolha com quem pretende faze-lo. Conceito: Constranger, mediante violência física ou moral, a praticar a conjunção carnal (relação pelas vias naturais). Sujeito Passivo: Mulher. Prostituta: pode ser vítima como qualquer outra mulher. Sujeito Ativo: Homem. Co-Autoria: a mulher pode constranger outra em co-autoria com um homem que pratica a conjunção carnal. Marido: O marido pode ser agente do crime, mas antigamente entendia-se que era uma obrigação conjugal da mulher. Exigência Legal: conjunção carnal; oposição da vítima. Atentado violento ao pudor Art. 214 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção carnal: Pena - reclusão, de seis a dez anos. Conceito: Ato sexual diverso da conjunção carnal, com a finalidade de satisfazer o desejo sexual. Semelhanças em relação ao estupro: Crime hediondo, exercido com violência. Diferenças em relação ao estupro: Os atos são diversos da conjunção carnal Ato libidinoso: coito anal; coito oral; coito inter-fêmora; heteromasturbação. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, homem ou mulher. Sujeito Passivo: Qualquer pessoa, homem ou mulher. 2

Posse sexual mediante fraude Art. 215. Ter conjunção carnal com mulher, mediante fraude: Pena - reclusão, de um a três anos. Semelhança em relação ao estupro: Tudo, exceto a violência. Nesse tipo penal não pode haver nenhum tipo de violência. Fraude: simulação de casamento; medicamentos; sessão psiquiátrica. Se a vítima for menor de 14 anos a violência é presumida. Parágrafo único - Se o crime é praticado contra mulher virgem, menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos: Pena - reclusão, de dois a seis anos. Qualificadora: Se a vítima é virgem, menor de 18 e maior de 14 anos a pena é aumentada. Atentado ao pudor mediante fraude Art. 216. Induzir alguém, mediante fraude, a praticar ou submeter-se à prática de ato libidinoso diverso da conjunção carnal: Pena - reclusão, de um a dois anos. Semelhança em relação ao atentado violento ao pudor: Tudo, exceto a violência. Fraude: Exames ginecológicos, urologia, proctologia. Se a vítima for menor de 14 anos a violência é presumida. Parágrafo único. Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (quatorze) anos: Pena reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. Assédio sexual Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. Pena detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. Definição: Realizar propostas de caráter sexual, de maneira impositiva, ameaçadora, importando a vítima. O assédio se caracteriza quando há uma recusa da vítima e partir dela há uma insistência. Esse crime foi tipificado em 2001, antes disso a punição era por constrangimento ilegal. Essa questão exigiu previsão especial pelo destaque que recebeu internacionalmente. Direitos Violados: Direito humanos; dignidade; saúde; intimidade; segurança; comodidade; bem-estar; liberdade sexual; subsistência. A pena cominada para o crime é muito pequena, além disso só abrange a relação de trabalho, não abordou a questão religiosa, educacional, de curatela, etc. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa com poder de mando em relação à vítima. Perfil do agente: Segundo pesquisas, o agente está em todas as camadas sociais, normalmente nega a responsabilidade, alegando que a vítima é que deu causa à conduta; em média tem até 35 anos; demonstra talento na atividade profissional, mas não sabe lidar com pessoas; geralmente está convencido de que a vítima gosta do assédio. Sujeito Passivo: Qualquer pessoa subordinada ao sujeito ativo. Relação entre os sujeitos: superioridade (mando) É fundamental a relação de superioridade, relação de mando entre o agente e a vítima. Conseqüências no local de trabalho: demissão; perda da possibilidade de promoção; perda da possibilidade de aperfeiçoamento. Responsabilidade: geralmente quando o agente não é punido ele acaba caminhando para crimes mais graves, daí a importância da responsabilidade, não apenas penal, mas também trabalhista (demissão) e civil (indenização) 3

4. DOS CRIMES CONTRA OS COSTUMES SEDUÇÃO E CORRUPÇÃO DE MENORES. Corrupção de menores Art. 218 - Corromper ou facilitar a corrupção de pessoa maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, com ela praticando ato de libidinagem, ou induzindo-a a praticá-lo ou presenciá-lo: Pena - reclusão, de um a quatro anos. Art. 1º da lei 2;252/54: Nesse outro crime homônimo o menor é usado como instrumento para praticar um crime. Não confundir. Sujeito Passivo: Maiores de 14 e menores de 18 anos, homem ou mulher. Sujeito Ativo: Qualquer pessoa, homem ou mulher. Corromper ou facilitar, independente da conduta a pena é a mesma diferente do que ocorre na co-autoria em outros crimes aquele que facilita não tem uma pena menor. Praticar com o menor (contato); Induzir à prática em si mesmo; Induzir a presenciar ato de libidinagem. 5. DOS CRIMES CONTRA OS COSTUMES DISPOSIÇÕES GERAIS. Formas qualificadas Art. 223 - Se da violência resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de oito a doze anos. Parágrafo único - Se do fato resulta a morte: Pena - reclusão, de doze a vinte e cinco anos. Se resulta lesão de natureza grave ou morte. Diferença em relação ao homicídio: a intenção do agente, se a causa mortes não for o estupro, o crime será de homicídio. Presunção de violência Art. 224 - Presume-se a violência, se a vítima: não é maior de catorze anos; é alienada ou débil mental, e o agente conhecia esta circunstância; não pode, por qualquer outra causa, oferecer resistência. Violência Presumida: Menor de 14 anos, alienada ou débil mental, oferecimento de qualquer tipo de resistência. Ação penal Art. 225 - Nos crimes definidos nos capítulos anteriores, somente se procede mediante queixa. 1º - Procede-se, entretanto, mediante ação pública: I - se a vítima ou seus pais não podem prover às despesas do processo, sem privar-se de recursos indispensáveis à manutenção própria ou da família; II - se o crime é cometido com abuso do pátrio poder, ou da qualidade de padrasto, tutor ou curador. 2º - No caso do nº I do parágrafo anterior, a ação do Ministério Público depende de representação. Ação Penal: Regra: Ação Penal privada. Exceções: Se vítima não pode pagar: Ação Penal Pública Condicionada. Se o agente tem pátrio poder, tutela, curatela ou é padrasto: Ação Penal Pública Incondicionada. 4

Aumento de pena Art. 226. A pena é aumentada: I de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; II de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela; Para Distinguir os Crimes Contra a Liberdade Sexual, deve-se observar: Idade da Vítima; Sexo da Vítima; Existência de Violência; Ato sexual Praticado. 6. DOS CRIMES CONTRA OS COSTUMES LENOCÍNIO, TRAFICO DE PESSOAS. Fonte: NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 7ª ed. São Paulo: Editora RT, 2007. Mediação para servir a lascívia de outrem Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: Pena - reclusão, de um a três anos. Conduta: Induzir é dar a idéia ou inspirar alguém a fazer alguma coisa. Lasciva de outrem: significa saciar o prazer sexual ou sensualidade de outra pessoa. Mediação: a conduta deve servir de intermédio de proposta feita por terceiro a alguém. Objeto Jurídico: moralidade na vida sexual. Sujeito Passivo: Qualquer pessoa. A prostituta também pode ser vítima. 1º Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda: Pena - reclusão, de dois a cinco anos. Forma Qualificada: Vitima menor de 18 e maior de 14 anos. Se a vítima tiver menos de 14 anos a violência é presumida. Lenocínio Familiar: Quando o agente tem uma relação familiar ou de tutela, curatela, etc. Pessoas que deveriam zelar pela integridade moral da vítima. 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência. Forma Qualificada: Caso haja violência, ameaça ou fraude. 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. Lenocínio Questuário: basta a intenção de obter lucro sem necessidade de que ele venha a ocorrer. Favorecimento da prostituição Art. 228 - Induzir ou atrair alguém à prostituição, facilitá-la ou impedir que alguém a abandone: Pena - reclusão, de dois a cinco anos. Prostituição: Comércio habitual da atividade sexual. Para que se possa configurar a conduta do agente é preciso configurar a habitualidade da conduta da vítima. Induzir: Inspirar, dar a idéia. Atrair: seduzir ou chamar a atenção de alguém a fazer alguma coisa. Facilitar: dar acesso mais fácil, colocar à disposição. Impedir o abandono: colocar obstáculo. 5

Objeto Jurídico: moralidade sexual pública. Sujeito Passivo: Qualquer pessoa. A vítima deve ser pessoa determinada. 1º - Se ocorre qualquer das hipóteses do 1º do artigo anterior: Pena - reclusão, de três a oito anos. 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência. 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. São as mesmas do artigo 227, mudando apenas a pena de cada qualificadora. Casa de prostituição Art. 229 - Manter, por conta própria ou de terceiro, casa de prostituição ou lugar destinado a encontros para fim libidinoso, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Casa de Prostituição: É o local destinado à mantença de relacionamento sexual habitual mediante remuneração. Casas de massagem, motéis, hotéis, saunas, drive in, boates, etc. não configuram casa de prostituição, pois não são lugares específicos para isso, tendo outra finalidade. Conduta: Manter significa sustentar, fazer permanecer ou conservar. Não é necessário o intuito de lucro. Objeto Jurídico: Moralidade Sexual e Bons Costumes. Sujeito Passivo: A coletividade. Prostituta: A prostituta não é sujeito passivo, pois o ato em si não é ilícito, além do mais elas também estão ferindo os bons costumes e não podem ser vítimas de sua própria liberdade de ação. Proxeneta: pratica o lenocínio mantendo locais destinados a encontros libidinosos ou serve de mediador para a satisfação do prazer sexual alheio. Distinção em relação ao Rufião: aqui há apenas intermediação, o rufião é aquele que se faz sustentar pela prostituta. Por conta de terceiro: O crime pode ser cometido pela pessoa que usa a casa enquanto outra a mantém e paga as contas. Se esse terceiro desconhece a finalidade do uso, não será participe. Rufianismo Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Conceito: modalidade de lenocínio na qual o agente vive às custas da prostituição alheia. Conduta: Tirar proveito significa extrair lucro. Participando dos lucros: reservando para si partes dos ganhos da prostituta. Fazendo-se sustentar: arranjando para ser mantido, provido de viveres ou amparado. Absorve o favorecimento (art. 228). Exige-se nesse caso que o ganha seja obtido diretamente da prostituição. Objeto Jurídico: Moralidade Sexual e Bons Costumes. Sujeito Passivo: Pessoa que exerce a prostituição e secundariamente a coletividade. Conhecido como cafetão. 1º - Se ocorre qualquer das hipóteses do 1º do art. 227: Pena - reclusão, de três a seis anos, além da multa. 6

2º - Se há emprego de violência ou grave ameaça: Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da multa e sem prejuízo da pena correspondente à violência. São as mesmas do artigo 227, mudando apenas a pena de cada qualificadora. Tráfico internacional de pessoas Art. 231. Promover, intermediar ou facilitar a entrada, no território nacional, de pessoa que venha exercer a prostituição ou a saída de pessoa para exercê-la no estrangeiro: Pena reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. Promover: ser a causa geradora; Intermediar: aproximar as pessoas; Facilitar: tornar acessível. Qualquer dessas condutas ocorrem para a entrada ou saída de pessoas do território nacional com vistas ao exercício da prostituição. Objeto Jurídico: A Moralidade Sexual, os bons costumes e a liberdade sexual. Sujeito Passivo: Qualquer pessoa. Deve efetivamente se prostituir. Competência: Justiça Federal. 1º - Se ocorre qualquer das hipóteses do 1º do art. 227: Pena reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa. 2º Se há emprego de violência, grave ameaça ou fraude, a pena é de reclusão, de 5 (cinco) a 12 (doze) anos, e multa, além da pena correspondente à violência. São as mesmas do artigo 227, mudando apenas a pena de cada qualificadora. Tráfico interno de pessoas Art. 231-A. Promover, intermediar ou facilitar, no território nacional, o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou o acolhimento da pessoa que venha exercer a prostituição: Pena reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa. Criado em 2005, esse tipo penal visa coibir o trafico de pessoas dentro do território nacional bem como a prática do turismo sexual. Promover: ser a causa geradora; Intermediar: aproximar as pessoas; Facilitar: tornar acessível. Podem ser praticadas para o recrutamento, transporte, transferência, alojamento, acolhimento, de pessoa prostituída ou a prostituir-se. Objeto Jurídico: A Moralidade Sexual, os bons costumes. Sujeito Passivo: Qualquer pessoa. Deve efetivamente se prostituir. Parágrafo único. Aplica-se ao crime de que trata este artigo o disposto nos 1o e 2o do art. 231 deste Decreto-Lei. São as mesmas do artigo 227, mudando apenas a pena de cada qualificadora. Art. 232 - Nos crimes de que trata este Capítulo, é aplicável o disposto nos arts. 223 e 224. 7

7. DOS CRIMES CONTRA OS COSTUMES ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR. Fonte: NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 7ª ed. São Paulo: Editora RT, 2007. Os crimes de ultraje ao pudor publico são aqueles voltados à afronta pública do sentimento de recado e decência nutrido pela sociedade. Ato obsceno Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. Conceito: Ato obsceno é o que fere o pudor ou a vergonha, tendo sentido sexual. Trata-se de um conceito que pode mudar de acordo com as localidades ou com o passar do tempo. O ato que tenha por fim ofender o sentimento de recato, resguardo ou honestidade sexual de outrem pode ser considerado obsceno. Conduta: Praticar é executar, levar a efeito ou realizar. Local: Local público é aquele de aberta freqüência das pessoas. O lugar aberto ao público tem entrada controlada, mas admite entrada de variada gama de freqüentadores. O lugar exposto ao público é aquele que, ainda que de natureza privada, consegue chegar às vistas do público. Objeto Jurídico: Moralidade pública. Sujeito Passivo: A coletividade. Sujeito Ativo: qualquer pessoa. Exclusão: Estado de necessidade (exemplo: o agente despido porque teve suas roupas queimadas em um incêndio). Crime Impossível: Se não houver publicidade do ato. Escrito ou objeto obsceno Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Fazer: dar existência ou construir; Importar: fazer ingressar no país vindo do estrangeiro; Exportar: fazer sair do país com destino ao exterior; Adquirir: Obter ou comprar; Ter sob sua guarda: possuir. Objeto Jurídico: Moralidade Pública no contexto sexual. Sujeito Passivo: Coletividade. Sujeito Ativo: Qualquer Pessoa. Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem: I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo; II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter; III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno. Também incorre nessas penas quem: Vende: Aliena por determinado preço; Distribui: Espalha para diferentes partes; Expõe: colocar a descoberto. Além disso quem põe em prática: Representação teatral ou cinematográfica. E quem realiza: Audição ou recitação obscena. 8