O informativo Síntese Tributária aborda as publicações mais recentes em matéria tributária, especialmente as alterações de legislação, de jurisprudência judicial e as soluções de consulta e demais atos de orientação da interpretação da legislação tributária expedidos pela Administração Pública. Nesta edição, o Síntese Tributária tratará dos seguintes temas (para ler, basta clicar nos tópicos): Esfera Legislativa / Administrativa: 1. IRPJ e CSLL Associações Civis Sem Fins Lucrativos Isenção Remuneração de Dirigentes 2. IRPF Devolução de Capital em Dinheiro Regularização de Ativo no Âmbito do RERCT Tributação 3. IRPF/Fonte Diárias para Custear Despesas de Alimentação e Pousada do Empregado 4. PIS/COFINS Comissões pagas a Agentes e Representantes Comerciais no Exterior 5. PIS/COFINS Cooperativa de Produção Agropecuária Exclusões da Base de Cálculo cumuladas com Descontos de Créditos 6. ECF Aprovação do Manual de Orientação do Leiaute 5 7. Guerra Fiscal Portaria ME nº 76/2019 Convalidação dos Benefícios Fiscais Esfera Judicial: 1. ICMS Imposto Declarado e Não Pago Crime Contra a Ordem Tributária 2. Drawback Suspensão Impossibilidade de Cobrança de Juros e Multa Durante o Prazo de Concessão 3. PIS/COFINS Não Incidência sobre o Valor Retido por Administradoras de Cartão de Crédito www.fre i tasvie ir a.c om 1
4. PIS/COFINS Importação por Conta e Ordem de Terceiros Incidência Apenas sobre o Serviço 5. ISS Não Incidência sobre Operações de Seguro-Saúde 6. Grupo Econômico De Fato Responsabilidade Tributária de Outra Empresa do Grupo Boa leitura! Equipe Freitas e Vieira Advogados www.fre i tasvie ir a.c om 2
Esfera Legislativa / Administrativa 1. IRPJ e CSLL Associações Civis Sem Fins Lucrativos Isenção Remuneração de Dirigentes Na Solução de Consulta COSIT nº 50, publicada em 26.02.2019, a Receita Federal esclareceu que a associação sem fins lucrativos, para ter direito à isenção do IRPJ e da CSLL prevista no art. 15 da Lei nº 9.532, de 1997, deve atender a todos os requisitos legais que condicionam o benefício, inclusive a limitação à remuneração dos dirigentes pelos serviços prestados, de que trata o art. 12, 2º, a, da Lei nº 9.532, de 1997. Assim, para gozo do benefício, a entidade só pode remunerar seus dirigentes dentro dos limites estabelecidos nos 4º a 6º do art. 12 da Lei nº 9.532, de 1997. 2. IRPF Devolução de Capital em Dinheiro Regularização de Ativo no Âmbito do RERCT Tributação Na Solução de Consulta DISIT/SRRF03 nº 3008, publicada em 18.02.2019, foi reafirmado o entendimento da Receita Federal de que a devolução de capital em dinheiro, correspondente a participação acionária regularizada no âmbito do RERCT, recebido por pessoa física residente no Brasil, transferidos ou não para o País, não tem natureza de ganho de capital, mas de rendimentos sujeitos ao carnê-leão, tributáveis no mês do recebimento, e na Declaração de Ajuste Anual, calculados conforme as tabelas progressivas mensal e anual, respectivamente. 3. IRPF/Fonte Diárias para Custear Despesas de Alimentação e Pousada do Empregado Segundo entendimento da Receita Federal na Solução de Consulta DISIT/SRRF04 nº 4007, publicada em 27.02.2019, são isentas do imposto de renda as diárias pagas exclusivamente para custear as despesas de alimentação e pousada do empregado por serviço eventual realizado em município diferente do da sede de trabalho, até mesmo no exterior, desde que atendidas as condições prescritas nas normas de regência da matéria. www.fre i tasvie ir a.c om 3
4. PIS/COFINS Comissões pagas a Agentes e Representantes Comerciais no Exterior Segundo entendimento da Receita Federal na Solução de Consulta DISIT/SRRF08 nº 8001, publicada em 12.02.2019, não estão sujeitos a PIS/COFINS Importação os pagamentos de comissões realizados por exportadores brasileiros a agente/representante comercial residente ou domiciliado no exterior pela prestação de serviços de captação e intermediação de negócios lá efetuados, em razão de não haver serviço prestado no Brasil ou cujo resultado aqui se verifique. 5. PIS/COFINS Cooperativa de Produção Agropecuária Exclusões da Base de Cálculo cumuladas com Descontos de Créditos Em 21 de janeiro de 2019, a Receita Federal proferiu a Solução de Divergência nº 01, na qual entendeu, em relação às cooperativas de produção agropecuária, que a exclusão de base de cálculo das receitas decorrentes do beneficiamento, armazenamento e industrialização do produto do associado não inibe a possibilidade do desconto de crédito em relação aos insumos dessas atividades, desde que previsto no art. 23 da IN SRF nº 635, de 2006. De acordo com a Receita Federal, o art. 11 da Instrução Normativa nº 635/2006 determina que as cooperativas possam excluir da base de cálculo do PIS e da COFINS a receita decorrente do beneficiamento, armazenagem e industrialização de produção dos seus associados, bem como poderá excluir os custos agregados ao produto agropecuário dos associados quando da comercialização. Já o art. 23 da referida Instrução Normativa, por sua vez, admite o crédito em relação a bens adquiridos como insumos de não associados, embora não autorize o crédito em relação à aquisição dos mesmos bens de associados. Segundo as Autoridades Fiscais, não existe dispositivo legal que vede as aludidas deduções da base de cálculo cumuladas com a apropriação de créditos. 6. ECF Aprovação do Manual de Orientação do Leiaute 5 Em 21 de fevereiro de 2019, a Receita Federal publicou o Ato Declaratório Executivo COFIS nº 9, no qual foi aprovado o Manual de Orientação do Leiaute 5 da Escrituração Contábil Fiscal (ECF). O novo Leiaute é aplicável para o ano-calendário 2018 e para as situações especiais ocorridas no ano-calendário 2019. www.fre i tasvie ir a.c om 4
7. Guerra Fiscal Portaria ME nº 76/2019 Convalidação dos Benefícios Fiscais Em 27 de fevereiro de 2019, foi publicada a Portaria do Ministério da Economia nº 76/2019, com vistas a regulamentar o artigo 6º da LC nº 160/2017, que prevê a possibilidade de representação ao CONFAZ contra benefícios concedidos em desacordo à LC nº 24/1975, salvo aqueles que tenham sido convalidados segundo os trâmites da LC 160/2017. As representações devem ser apresentadas por Governador de Estado ou do Distrito Federal e entre as sanções previstas para o Estado que descumprir a lei estão a suspensão de repasses de verbas da União, a proibição de contratação de garantias e até mesmo a proibição de contratar novos empréstimos. www.fre i tasvie ir a.c om 5
Esfera Judicial 1. ICMS Imposto Declarado e Não Pago Crime Contra a Ordem Tributária Em 11 de fevereiro de 2019, o Min. Roberto Barroso, relator do HC nº 163.334/SC, que versa sobre a possibilidade de caracterização de crime contra a ordem tributária pelo simples não pagamento de ICMS declarado, decidiu que, dada a relevância prática da matéria, que afeta dezenas de milhares de contribuintes por todo o país, reputo que, em homenagem à segurança jurídica, sua apreciação deve ser realizada pelo Plenário da Corte. O Ministro ainda concedeu liminar de ofício para impedir que seja executada qualquer pena contra os impetrantes do HC até a decisão definitiva do caso. O julgamento ainda não tem data para acontecer. 2. Drawback Suspensão Impossibilidade de Cobrança de Juros e Multa Durante o Prazo de Concessão No dia 12 de março de 2019, o STJ publicou o Acórdão do REsp nº 1.310.141/PR, que formalizou a decisão de que a exigência de multa e juros em caso de descumprimento do regime de drawback somente pode ser feita a partir de 30 (trinta) dias após o inadimplemento do compromisso de exportar. Nas palavras do Ministro Relator: 28. Dentro dessas diretrizes até aqui expostas podemos concluir então que o termo inicial para fins de multa e juros moratório será o trigésimo primeiro dia do inadimplemento do compromisso de exportar, ou seja, quando escoado o prazo da suspensão - antes disso o Contribuinte não está em mora, em razão do seu prazo de graça -, visto que, somente, a partir daí, ocorre a mora do Contribuinte em razão do descumprimento da norma tributária a qual determina o pagamento do tributo no regime especial até trinta dias da imposição de exportar (grifamos). 3. PIS/COFINS Não Incidência sobre o Valor Retido por Administradoras de Cartão de Crédito Em 19 de fevereiro de 2019, o STF reconheceu repercussão geral no RE 1.049.811/SE, que discute a não incidência de PIS e COFINS sobre o valor das vendas retido e repassado a administradoras de cartão de crédito, sob o argumento principal de que www.fre i tasvie ir a.c om 6
esse ingresso não seria receita da empresa vendedora. O processo ainda não tem data para julgamento. 4. PIS/COFINS Importação por Conta e Ordem de Terceiros Incidência Apenas sobre o Serviço O Supremo Tribunal Federal começou a julgar o RE 635.443/ES, que versa sobre a incidência de PIS e COFINS na importação por conta e ordem de terceiros. O Contribuinte alega que somente deveriam incidir essas contribuições sobre o valor do serviço prestado pelo importador ( trading company ) e não sobre o valor total da operação de importação. O Min. Relator Dias Toffoli votou pelo não provimento do recurso extraordinário por uma questão formal: seria impossível verificar, no caso concreto, se a importadora atuou por conta e ordem de terceiros. O Min. Alexandre de Morais pediu vistas do processo, que ainda não tem data para voltar a ser julgado. 5. ISS Não Incidência sobre Operações de Seguro-Saúde Em 28 de fevereiro de 2019, o plenário do STF deu parcial provimento aos Embargos de Declaração para alterar a tese fixada no julgamento do RE 651.703/PR, de forma a excluir a referência a seguro-saúde, que passou a ter a seguinte redação: As operadoras de planos de saúde realizam prestação de serviço sujeita ao Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza ISSQN, previsto no art. 156, III, da CRFB/88. Com efeito, ao analisar os Embargos de Declaração, o STF reviu o entendimento anterior de forma a excluir o seguro-saúde da incidência do ISS. Em suma, os Ministros entenderam que: (i) a materialidade do seguro-saúde estaria no campo do IOF, não do ISS; (ii) a matéria trazida pelo Recurso Extraordinário estaria limitada às operadoras de planos de saúde; e (iii) os seguros de saúde teriam natureza distinta dos planos de saúde, principalmente por não haver necessidade de possuírem rede credenciada. O tema, porém, ainda não está totalmente pacificado, pois os próprios Ministros aventaram a necessidade de futuramente tratarem especificamente da incidência de ISS sobre seguro-saúde. www.fre i tasvie ir a.c om 7
6. Grupo Econômico De Fato Responsabilidade Tributária de Outra Empresa do Grupo Em 21 de fevereiro de 2019, o STJ julgou o Recurso Especial 1.775.269/PR e o Agravo em Recurso Especial 1.173.201/SC, nos quais se decidiu pela necessidade de instauração de Incidente de Desconsideração da Personalidade Jurídica nos casos de abuso de personalidade, nos termos do art. 50 do Código Civil, e que não se enquadrem nas hipóteses do art. 134 e 135 do CTN. Nos referidos julgamentos, a Ministra Relatora Regina Helena Costa afirmou que o Incidente de Desconsideração de Personalidade da Pessoa Jurídica não se instaura no processo executivo fiscal nos casos em que a Fazenda exequente pretende alcançar pessoa jurídica distinta daquela contra a qual, originalmente, foi ajuizada a execução, mas cujo nome consta na Certidão de Dívida Ativa, após regular procedimento administrativo, ou, mesmo o nome não estando no título executivo, o fisco demonstre a responsabilidade, na qualidade de terceiro, em consonância com os arts. 134 e 135 do CTN. Nos referidos casos, não haveria necessidade de desconsideração da personalidade jurídica, porque a própria legislação traz a hipótese de responsabilidade. No entanto, caso se trate de pessoa jurídica pertencente a determinado grupo econômico, mas que não conste no lançamento ou não se encaixe nas hipóteses dos artigos 134 e 135 do CTN, o Fisco não poderá realizar o redirecionamento no curso da Execução Fiscal. A responsabilização para estas empresas depende mesmo da comprovação do abuso de personalidade, caracterizado pelo desvio de finalidade ou confusão patrimonial, tal como consta do art. 50 do Código Civil, daí porque, nessa hipótese, é obrigatória a instauração do incidente de desconsideração da personalidade da pessoa jurídica devedora. www.fre i tasvie ir a.c om 8