(Des)Concentração Regional e Política Comercial

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Transcrição:

(Des)Concentração Regional e Política Comercial Economia Regional e Urbana Prof. Vladimir Fernandes Maciel

Argumentação da NGE A existência de megametrópoles nos países em desenvolvimento tem sido resultado de políticas de substituição de importações. Em economias fechadas, a concentração geográfica da produção seria amplificada.

Síntese do modelo teórico 2 regiões subnacionais: Norte e Sul 2 situações: economia fechada e economia aberta. Autarquia: tendência da industrialização levar ao estabelecimento de uma estrutura centro-periferia no interior do seu espaço nacional. Livre comércio: abertura da economia faz com que os efeitos de encadeamento tornem-se menos importantes: Firma exportaria boa parcela de sua produção e utilizaria uma parcela significativa de insumos importados λ 1 ½ 0 1 Figura - Concentração e Tarifas de Importação T 0 Crítico T 0

Situações reais México: desconcentração Distrito Federal (Região Metropolitana da Cidade do México) e Norte do País (fronteiriço EUA) após abertura comercial e NAFTA. Brasil: não houve desconcentração regional relevante ainda. Relação Norte-Sul pouco foi alterada. Relação Capital-Interior parece ter ocorrido ligeira desconcentração.

Brasil Desenvolvimento Regional Poligonizado (C.C. Diniz): os novos investimentos industriais estariam ocorrendo numa macrorregião em formato de polígono, definido pelos seguintes vértices: Belo Horizonte, Uberlândia, Londrina, Porto Alegre, Florianópolis, Belo Horizonte. Concentração do núcleo duro da indústria, composto pelos segmentos da indústria química, da metal-mecânica, de transportes, de material elétrico e de eletrônicos. Esses segmentos, desconcentrados em relação às regiões metropolitanas de Rio de Janeiro e São Paulo localizam-se em cidades médias e metrópoles de segundo nível.

Brasil (2) Desconcentração medida pela proporção do emprego numa região periférica em relação ao emprego central. Regiões Metropolitanas vs. Regiões nãometropolitanas (por UF). Capitais vs. Cidades Médias e Grandes do Interior ou do Litoral (por UF). Grau de abertura comercial apresentou-se significativo e com sinal positivo nas duas estimativas.

Definido em termos dos comercializáveis: (X+M) / (PIB agric. + PIB industrial)

Emprego Total: dados Mercado de trabalho: evolução do emprego como espelho das alterações econômicas na produção: Emprego metropolitano e não-metropolitano nos setores comercializáveis (sensíveis às políticas comerciais) nos nove estados com região metropolitana); Período: 1985 e 1998 (exceto 1989, 1991, 1994 e 1995) dados oriundos da PNAD-IBGE (Pesquisa Nacional por Amostra Domiciliar). Grau de abertura para cada um dos nove estados mencionados para os mesmos anos acima descritos.

Análise Econométrica Dados em painel e modelo logístico. Especificação que melhor se ajustou: yt ln 1 y t = α+ β ln 1 x Onde: t + β D 2 A + E β D + y t = fração do emprego não-metropolitano 1 y t = fração do emprego metropolitano x t = grau de abertura D A = dummy para os anos 90 D E = dummy para cada estado Β 1 = 0,313 α = 0,426 β 2 = -0,161 j j µ

Emprego Formal Mercado de trabalho: evolução do emprego como espelho das alterações econômicas na produção: Emprego das capitais e das cidades médias e grandes nos setores comercializáveis (sensíveis às políticas comerciais) em 24 UFs; Período: 1986, 1990 e 1998 dados oriundos da RAIS- Mtb (Relatório Anual de Informações Sociais). Grau de abertura para cada um dos 24 estados mencionados para os mesmos anos acima descritos.

Análise Econométrica Dados em painel e modelo logístico. Especificações que melhor se ajustaram: y t ln = α+ β1 lnx 1 yt t + A E βid + βjd + i j µ Onde: y t = fração do emprego cidades médias/gdes. 1 y t = fração do emprego na capital x t = grau de abertura D A = dummy para cada ano D E = dummy para cada estado β 1 = 0,459 α = - 0,844 yt ln 1 y t = α+ β1 lnx t + β D 2 P E + β D + j j µ Onde: y t = fração do emprego cidades médias/gdes. 1 y t = fração do emprego na capital x t = grau de abertura D P = dummy para anos pós-abertura D E = dummy para cada estado β 1 = 0,509 α = - 0,703 β 2 = -0,167

Conclusões O maior grau de abertura da economia parece contribuir para o emprego não-metropolitano e o emprego das cidades médias/grandes do interior nos setores comercializáveis; A análise do mercado de trabalho indica nos anos 90 um desempenho superior da região nãometropolitana e do interior, sugerindo re-localização econômica: expulsão por parte das metrópoles/capitais e atração por parte das nãometrópoles/interior; Novos pólos de crescimento e aglomerados no interior do país contribuem para redução das desigualdades; A princípio, as desigualdades regionais, sob esta ótica, tenderiam a se reduzir.

O que ler Ricardo Machado Ruiz; Políticas regionais na nova geografia econômica. Págs. 160-164 Vladimir Fernandes Maciel; Abertura Comercial e Desconcentração das Metrópoles e Capitais Brasileiras. Revista de Economia Mackenzie, Ano 1, nº1, 2003. Clélio Campolina Diniz.; A Questão Regional e as Políticas Governamentais no Brasil, 2001.