QUANTIFICAÇÃO E SIGNIFICADO DO RUMO DAS DUNAS COSTEIRAS NA PLANÍCIE QUATERNÁRIA COSTEIRA DO RIO SÃO FRANCISCO (SE/AL)

Documentos relacionados
Liana Maria Barbosa¹, Elias Bernard da Silva do Espírito Santo², Soraia Conceição Bispo³, Zhara Leite Souza 4

VARIAÇÕES EM CURTO PRAZO NOS CAMPOS DE DUNAS ATIVAS ASSOCIADOS À FOZ DO RIO SÃO FRANCISCO

MORFOLOGIA E ATIVIDADE NO CAMPO DE DUNAS COSTEIRAS DA RESERVA BIOLÓGICA DE SANTA IZABEL, SERGIPE, BRASIL

45 mm. Palavras-chave: Sistemas Laguna-Barreira, Sedimentação Lagunar, Terraços Lagunares, Evolução Costeira, GPR. 1. INTRODUÇÃO

O PAPEL DA DINÂMICA COSTEIRA NO CONTRÔLE DOS CAMPOS DE DUNAS EÓLICAS DO SETOR LESTE DA PLANÍCIE COSTEIRA DO MARANHÃO - BR LENÇÓIS MARANHENSES

GEOLOGIA COSTEIRA DA ILHA DE SÃO FRANCISCO DO SUL/SC COASTAL GEOLOGY OF THE SÃO FRANCISCO DO SUL/SC ISLAND.

ANÁLISE COMPARATIVA ( ) COM BASE NA CARTOGRAFIA DO PONTAL DO PEBA - AL

GEOMORFOLOGIA DE AMBIENTES COSTEIROS A PARTIR DE IMAGENS SATELITAIS * Rafael da Rocha Ribeiro ¹; Venisse Schossler ²; Luiz Felipe Velho ¹

SERGIPE. Abílio Carlos da Silva P. Bittencourt CPGG - INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Causas Naturais da Erosão Costeira

DOMÍNIOS AMBIENTAIS DA PLANÍCIE COSTEIRA ASSOCIADA À FOZ DO RIO SÃO FRANCISCO/SE Hélio Mário de Araújo, UFS.

ANEXO 1 GLOSSÁRIO. Vegetação de Restinga

Complexo deltaico do rio Paraíba do Sul: caracterização geomorfológica do ambiente e sua dinâmica recente

MAPA GEOLÓGICO DA PLANÍCIE COSTEIRA ADJACENTE AOS RECIFES DE ARENITO DO LITORAL DO ESTADO DO PIAUÍ

ANÁLISE ESPACIAL DOS DEPÓSITOS QUATERNÁRIOS: IMPORTÂNCIA COMO PROTEÇÃO DA COSTA NO MUNICÍPIO DE ARACAJU - SERGIPE

IMPACTOS DOS EPISÓDIOS EL NIÑO E LA NIÑA SOBRE DUNAS DO LITORAL SETENTRIONAL DO NORDESTE BRASILEIRO

ZONEAMENTO DO CAMPO DE DUNAS DE CIDREIRA, CONSIDERANDO A SUA DINÂMICA EÓLICA

ESTÁGIOS DE ALTERAÇÃO DO CAMPO DE DUNAS COSTEIRAS EM FORTALEZA, CEARÁ

GEOINDICADORES RESULTANTES DOS EPISÓDIOS EL NIÑO / LA NIÑA EM DUNAS COSTEIRAS DO LITORAL SETENTRIONAL DO NORDESTE BRASILEIRO

Oscilação Marinha. Regressão diminuição do nível do mar (Glaciação) Transgressão aumento do nível do mar (Inundação)

GEOMORFOLOGIA DA REGIÃO DE SIRIBINHA, MUNICÍPIO DE CONDE LITORAL NORTE DO ESTADO DA BAHIA

APLICAÇÃO DA GEOTECNOLOGIANAANÁLISE GEOAMBIENTAL DA GRANDE ROSA ELZE NO MUNICÍPIO DE SÃO CRISTÓVÃO-SE

MODELO EVOLUTIVO DO CAMPO DE DUNAS DO PARQUE NACIONAL DOS LENÇÓIS MARANHENSES MA/ BRASIL

Compartimentação geomorfológica da Planície do Recife a partir da análise dos depósitos quaternários

LIMA, E. S. ¹ ¹Universidade Federal de Sergipe. Graduando em Geografia Licenciatura. Bolsista PIBIC-CNPq/UFS. E- mail:

Gestão Costeira do Estado do Rio de Janeiro: da geografia marinha às ações

LAGEMAR, UFF; 3 Depto. Engenharia Cartográfica, UERJ; 4 Depto. Geologia, UERJ. Depto. Geografia, UFF 2

MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO PRELIMINAR DO LITORAL SUL DO RIO GRANDE DO NORTE NE DO BRASIL

CARACTERIZAÇÃO SEDIMENTAR E MORFODINÂMICA DO LITORAL NORTE DO ESTADO DE SERGIPE-CONTRIBUIÇÃO AO ORDENAMENTO TERRITORIAL

45 mm EVOLUÇÃO MORFOLÓGICA DOS CAMPOS DE DUNAS LIVRES DA COSTA CENTRAL CATARINENSE NOS ÚLTIMOS 70 ANOS: POSSÍVEL INFLUÊNCIA DAS VARIAÇÕES CLIMÁTICAS

Erosão costeira e a produção de sedimentos do Rio Capibaribe

MAPEAMENTO COSTEIRO INTEGRADO

ANÁLISE DA LINHA DE COSTA ENTRE O RIO MACAÉ E O CANAL DAS FLECHAS (RJ) DE 1967 A 2007 POR MEIO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS

MAPEAMENTO DE COMPARTIMENTOS FISIOGRÁFICOS DE PLANÍCIE COSTEIRA E BAIXA-ENCOSTA E DA VEGETAÇÃO ASSOCIADA, NO LITORAL NORTE DE SÃO PAULO

ANÁLISE TECTÔNICA PRELIMINAR DO GRUPO BARREIRAS NO LITORAL NORTE DO ESTADO DE SERGIPE

O CONHECIMENTO GEOLOGICO COMO FERRAMENTA DO MONITORAMENTO COSTEIRO E APOIO AO USO E OCUPAQAO DO LITORAL: ESTUDO DE CAS0 NO LITORAL DE SERGIPE, BRASIL

PROPRIEDADES SEDIMENTOLÓGICAS E MINERALÓGICAS DAS BARREIRAS COSTEIRAS DO RIO GRANDE DO SUL: UMA ANÁLISE PRELIMINAR.

Caracterização do clima de agitação ao largo

45 mm SEDIMENTOS BIODETRITICOS DA PLATAFORMA CONTINENTAL SUL DE ALAGOAS

PREDOMINÂNCIA DO VENTO NA REGIÃO DE TABULEIROS COSTEIROS PRÓXIMO A MACEIÓ AL. Roberto Lyra ABSTRACT

VARIAÇÕES DA LINHA DE COSTA A MÉDIO PRAZO NA PLANÍCIE COSTEIRA DE MACEIÓ - AL

Modelo Morfológico da Origem e Evolução das Dunas na Foz do Rio Paraíba do Sul, RJ

45 mm COMPORTAMENTO MORFO-SEDIMENTAR DAS PRAIAS DO MUNICÍPIO DE PONTAL DO PARANÁ PR: DADOS PRELIMINARES

MAPA GEOMORFOLÓGICO DO MUNICÍPIO DE ITANHAÉM BAIXADA SANTISTA, SÃO PAULO, BRASIL

Palavras-chave: sedimentologia costeira, sistema praial, praias expostas

ANÁLISE EVOLUTIVA DO PONTAL ARENOSO DA MARGEM ESQUERDA DA DESEMBOCADURA DO RIO VAZA-BARRIS, ARACAJU-SE. Luana Santos Oliveira 1

A GESTÃO SOCIOAMBIENTAL DE EMPREENDIMENTOS EÓLICOS

Geomorfologia e Potencial de Preservação dos Campos de Dunas Transgressivos de Cidreira e Itapeva, Litoral Norte do Rio Grande do Sul, Brasil

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS CURSO DE GEOLOGIA

Modificações de Longo Período da Linha de Costa das Barreiras Costeiras do Rio Grande do Sul

A SEQÜÊNCIA HOLOCÊNICA DA PLATAFORMA CONTINENTAL CENTRAL DO ESTADO DA BAHIA (COSTA DO CACAU)

GEF-AMAZONAS. Subprojeto III.2 Prioridades Especiales sobre laadaptación. AtividadeIII.2.3. Adaptation to Sea Level Rise in the Amazon Delta

Universidade Federal de Pernambuco, Avenida Arquitetura S/N Cidade Universitária Recife (PE), CEP Recife, PE

Souza, T.A. 1 ; Oliveira, R.C. 2 ;

MORFOGÊNESE DAS PLATAFORMAS DE ABRASÃO MARINHA NA COSTA SUL DO MUNICÍPIO DE ITACARÉ, ESTADO DA BAHIA

Colégio Santa Dorotéia Disciplina: Geografia / ESTUDOS AUTÔNOMOS Ano: 5º - Ensino Fundamental - Data: 13 / 8 / 2018

Spa$al and Numerical Methodologies on Coastal Erosion and Flooding Risk Assessment

MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO COMO APOIO AO PROCESSO DE RESTAURAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE ESTADUAL DO RIO VERMELHO, FLORIANÓPOLIS/SC

Potencial de transporte de areia pelo vento

PALEOAMBIENTE DEPOSICIONAL DA FORMAÇÃO BARREIRAS NA PORÇÃO CENTRO-SUL DA ÁREA EMERSA DA BACIA DE CAMPOS (RIO DE JANEIRO)

GEOLOGIA DO QUATERNÁRIO

FORMAÇÃO DE CANAIS POR COALESCÊNCIA DE LAGOAS: UMA HIPÓTESE PARA A REDE DE DRENAGEM DA REGIÃO DE QUERÊNCIA DO NORTE, PR

MORFODINÂMICA PRAIAL ASSOCIADA A SANGRADOUROS NO LITORAL PARANAENSE: RESULTADOS PRELIMINARES

REGIÃO COSTA DAS BALEIAS BAHIA: O CENÁRIO DA VULNERABILIDADE AMBIENTAL DA PLANÍCIE COSTEIRA DE CARAVELAS.

ANÁLISE MORFOSCÓPICA DOS SEDIMENTOS DE AMBIENTES DEPOSICIONAIS NO LITORAL DE MARICÁ, ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Alois Schäfer. Brasil. Rio Grande do Sul. Plataforma Continental. Geomorfologia PLATAFORMA CONTINENTAL DA AMÉRICA DO SUL E DO SUDESTE E SUL DO BRASIL

COMPARAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL DAS DUNAS FRONTAIS NA PRAIA DO PINA, RECIFE-PE, UTILIZANDO GEOPROCESSAMENTO

CARACTERÍSTICAS DAS CARTAS CARTAS ESTRATÉGICAS ESCALA ENTRE 1: E 1: (PAPEL A0)

DEFORMAÇÃO NEOTECTÔNICA DOS TABULEIROS COSTEIROS DA FORMAÇÃO BARREIRAS ENTRE OS RIOS PARAÍBA DO SUL (RJ) E DOCE (ES), NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL

MAPEAMENTO DAS UNIDADES GEOMORFOLÓGICAS DA PLANÍCIE COSTEIRA DO ESTADO DO PIAUÍ.

ANÁLISE DO BALANÇO SEDIMENTAR NA PRAIA DO FUTURO, CEARÁ, BRASIL

V SEMINÁRIO E WORKSHOP EM ENGENHARIA OCEÂNICA Rio Grande, 07 a 09 de Novembro de 2012

EVOLUÇÃO GEOMORFOLÓGICA DE PONTAIS ARENOSOS ASSOCIADOS À FOZ DE RIOS NA ORLA DA PLANÍCIE COSTEIRA DE CARAVELAS-BA

III SEMINÁRIO NACIONAL ESPAÇOS COSTEIROS 04 a 07 de outubro de 2016

Riscos Costeiros. Identificação e Prevenção. Óscar Ferreira (com a colaboração de muitos)

Hidráulica Marítima. Hidráulica Marítima (HM) ou Costeira ( Coastal Engineering ) :

ESTUDO DA DIREÇÃO PREDOMINANTE DO VENTO EM TERESINA - PIAUÍ

MAPEAMENTO GEOMORFOLÓGICO NO MUNICÍPIO DE PRESIDENTE PRUDENTE SP, BRASIL.

FATORES DE CONTROLE NA ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS LAGOAS COSTEIRAS HOLOCÊNICAS DO LITORAL NORTE DO RIO GRANDE DO SUL

Variações Granulométricas durante a Progradação da Barreira Costeira Holocênica no Trecho Atlântida Sul Rondinha Nova, RS

Sambaquis e Reconstituição Paleogeográfica da Bacia do Rio Ratones, Florianópolis (SC) 1

SOTERRAMENTO DA ESTRADA DO GURIRI NA PRAIA DO PERÓ CABO FRIO/RJ, ASSOCIADA A DUNAS ESCALONARES (CLIMBING DUNES).

ESTRATIGRAFIA DO QUATERNÁRIO DA PLANÍCIE DELTAICA AO SUL DO RIO PARAÍBA DO SUL, RJ

ROSAS, R. O. UFF, Instituto de Geociências, Departamento de Geografia Laboratório de Geografia Física Aplicada Tel.: (21)

SÍNTESE DA EVOLUÇÃO GEOLÓGICA CENOZÓICA DA BAÍA DE SEPETIBA E RESTINGA DE MARAMBAIA, SUL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

45 mm OSCILAÇÕES DO NÍVEL DO MAR E A EVOLUÇÃO COSTEIRA DURANTE O HOLOCENO NO SUL DO BRASIL

CONDICIONANTES GEOMORFOLÓGICOS LIMITANTES À PRODUÇÃO DE SAL MARINHO NA PLANÍCIE FLÚVIO-MARINHA DO RIO JAGUARIBE, ESTADO DO CEARÁ.

CARACTERIZAÇÃO GEOMORFOLÓGICA DO POVOADO PONTA DO MANGUE LENÇOIS MARANHENSES. SOUZA, U.D.V. ¹ ¹ (NEPA/UFMA)

Pablo Merlo Prata. Vitória, 17 de junho de 2008.

PREVISÃO ASTRONÔMICA DAS MARÉS EM LOCAIS SELECIONADOS NO NORDESTE DO BRASIL

MODELO EVOLUTIVO DO CAMPO DE DUNAS DO PERÓ (MUNICÍPIO DE CABO FRIO/RJ) E CÁLCULO DE TRANSPORTE EÓLICO

Erosão Costeira - Tendência ou Eventos Extremos? O Litoral entre Rio de Janeiro e Cabo Frio, Brasil

ANÁLISE MORFOLÓGICA DO AMBIENTE LAGUNAR DA PRAIA DO PECÉM-CE.

TESE DE DOUTORADO MORFOLOGIA E ANÁLISE DA SUCESSÃO DEPOSICIONAL DO VALE INCISO QUATERNÁRIO DE MARAPANIM, NORTE DO BRASIL

Recibido el 30 de septiembre de 2016, aceptado el 21 de abril de 2017.

OCUPAÇÃO SOBRE ZONAS VULNERÁVEIS À EROSÃO DO LITORAL SUL DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO: CASO DAS PRAIAS DE MEAÍPE-MAIMBÁ, GUARAPARI E ITAOCA, ITAPEMIRIM

Estudo da evolução morfodinâmica do campo de dunas da praia do Cassino (Brasil) a partir de geotecnologias

O PROCESSO DE SOTERRAMENTO DA CIDADE DE PARACURU - CEARÁ POR DUNAS MÓVEIS TRANSVERSAIS SUBMETIDAS A REGIME DE VENTO UNIMODAL

EVIDENCIA MORFOLÓGICA DE UM PALEOCANAL HOLOCÊNICO DA LAGUNA MIRIM NAS ADJACÊNCIAS DO BANHADO TAIM.

I Simpósio de Geografia Física do Nordeste 28 de abril - 01 de maio de 2007 Universidade Regional do Cariri. Suplemento Especial

Transcrição:

1 QUANTIFICAÇÃO E SIGNIFICADO DO RUMO DAS DUNAS COSTEIRAS NA PLANÍCIE QUATERNÁRIA COSTEIRA DO RIO SÃO FRANCISCO (SE/AL) CAMILA FERREIRA SANTOS, CUSO DE GAOGRAFIA/UEFS. Milageo@Bol.Com.Br LIANA MARIA BARBOSA, Depto de Ciências Exatas/UEFS. liana@uefs.br Apoio do CNPq. 1 INTRODUÇÃO As areias eólicas modernas ocorrem em desertos arenosos e em regiões costeiras. No Nordeste do Brasil, ocorrem dunas costeiras entre São Luís (MA) e Natal (RN), associadas à foz do Rio São Francisco (SE/AL) e à foz do Rio Real (BA). Barbosa & Dominguez (1992), Dominguez & Barbosa (1994) e Barbosa (1997) apresentam a morfologia desses campos de dunas costeiras, e, caracterizam as variações geomórficas no campo de dunas costeiras ativas como: (a) lençol de areia, uma superfície eólica destituída de formas de leito significativas, onde os sedimentos são transportados da praia para o interior da planície costeira em manto; (b) dunas isoladas e interdunas, situadas na porção intermediária, onde são identificadas dunas barcanas isoladas e amalgamadas (de poucos centímetros a 5m de altura) e zonas interdunares, mais baixas, por vezes vegetadas ou inundadas; (c) dunas compostas, na parte mais interna desse campo de dunas, que constitui uma megaforma de leito, com cristas transversais superimpostas, e, por vezes, o desenvolvimento de pequenas barcanas no flanco dorsal, ou a barlavento. Dunas de sombra, feições associadas com a vegetação, ocorrem normalmente nas partes mais internas do lençol de areia e das dunas isoladas e interdunas. Segundo Lancaster (1995), ambientes de sedimentação eólica podem ser estudados sob ponto de vista da morfologia e estilos de sedimentação, análise textural e composicional dos sedimentos, e, da dinâmica eólica, com relação aos processos de transporte, erosão e acumulação eólica. Portanto, o objetivo deste trabalho é apresentar o esboço cartográfico e a quantificação dos rumos de avanço das feições eólicas em um setor localizado aproximadamente na metade do campos de dunas costeiras ativas associados à foz do Rio São Francisco no trecho Pontal do Peba - Pontal da Barra (foz do rio), visando contribuir para a compreensão da morfologia na área.

Localização e geologia da planície quaternária costeira associada à desembocadura do Rio São Francisco e os campos de dunas costeiras. Simbologia: Depósitos de leques aluviais pleistocênicos (Qla), Terraços marinhos pleistocênicos (Qt1), Terraços marinhos holocênicos (Qt2), Depósitos lagunares (Ql), Depósitos fluviais (Qf), Depósitos de mangues (Qm), Dunas inativas (Qe1), Dunas ativas (Qe2) e Bancos recifais (Qr) (Bittencourt et al. 1982, Barbosa 1985, Barbosa & Dominguez 1994, Barbosa 1997). 2

3 2 METODOLOGIA Este estudo se fundamentou na interpretação de dois conjuntos de fotografias aéreas verticais pancromáticas na escala 1:20.000 obtidas pela TERRAFOTO S/A em 1957 e na escala 1:25.000 obtidas pelo SACS em 1960. Como base cartográfica foi adotada a folha SC.24-Z-B-III-3/MI-1668-3/Fazenda Velha 0,5 km região de Piaçabuçu, escala 1:50.000 elaborado pelo IBGE em 1986. O mapa geológico-geomorfológico apresentado por Barbosa (1997) e o esboço de Santos et al. (2000) foram usados para efeitos de comparação. Com a fotointerpretação pode-se demarcar a morfologia no campo de dunas e traçar os rumos de migração das dunas. Considerando a classificação morfodinâmica de Hunter et al. (1983) e Hesp (1992), o rumo de migração das formas de leito foram tabeladas de acordo com os intervalos 345 o -15 o, 15 o -25 o, 25 o -75 o, 75 o -105 o, 105 o -165 o, 165 o -195 o. Estes dados foram tabelados, e, posteriormente, foi calculada a freqüência em cada ano de observação. Os resultados foram digitalizados. 3 RESULTADOS A área estudada corresponde as coordenadas geográficas 10º25 00 e 10º27 11 lat S e 36º22 11 e 36º20 49 long W, cobrindo uma área aproximadamente de 11,025km 2. Nesta área foram delineadas as diferenças geomórficas, considerando a classificação apresentada em Barbosa (1997). A extensão da cobertura arenosa varia, portanto medindo-se o conjunto de fotografias de 1957, obteve-se no domínio de: (a) lençol de areia - 180m a 437,5m, (b) dunas isoladas e interdunas - 490m a 1.190m e, (c) dunas compostas - 265,5m a 827,5m. No setor intermediário, onde ocorrem dunas isoladas e interdunas, as medidas de rumo somaram 191 orientações, das quais 29,3% estão no rumo NE-SW, 70,1% de E-W e 0,5% de SE-NW. Há um predomínio do rumo E-W. Para o conjuntos de fotografias de 1960, a extensão obtida para cada domínio foi: (a) lençol de areia - 227,3m a 454,5m, (b) dunas isoladas e interdunas - 500m a 1.022,72m e, (c) dunas compostas - 340,9m a 681,8m. No setor intermediário, as medidas de rumo foram 286 orientações, que indicam 25,2% no rumo NE-SW e 74,0% de E- W. Aqui, também há predomínio do rumo E-W e ausência de medidas no rumo SE-NW. Estes dados apresentam resultados diferentes daqueles apresentados por Santos et al. (2000), que identificaram 43,38% de orientações no rumo SE-NW, em fotografias datadas do 1986. Analisando os sumários meteorológicos do INMET de 1986 para as estações Maceió e Aracaju, observa-se que esse ano foi mais chuvoso e, que somente um mês pode ser considerado seco: fevereiro para Maceió e dezembro para Aracaju.

5

6 4 DISCUSSÃO Em termos percentuais não há variações significativas entre os rumos obtidos nos dois períodos analisados. Todavia com relação à concentração e à localização dos feixes NE-SW observam-se diferenças. Nas fotografias de 1957, os feixes NE-SW estão concentrados no interior da província dunas isoladas e interdunas. Enquanto, nas fotografias de 1960, os feixes NE-SW estão concentrados próximos ao lençol de areia, na porção mais externa da província analisada. Pela quantidade de formas de leito observadas em 1960, infere-se que a sedimentação eólica naquele ano foi favorecida pelos fatores climáticos e padrão de incidência dos ventos. REFERÊNCIAS BARBOSA, L.M. Dunas ao sabor dos ventos. Revista Ciência Hoje das Crianças. Rio de Janeiro: SBPC, no prelo. BARBOSA, L.M. Campos de dunas costeiras associados à desembocadura do Rio São Francisco (SE/AL): origem e controles ambientais. Salvador: Universidade Federal da Bahia. 1997. 202 p. (inédito) DOMINGUEZ, J.M.L.; BARBOSA, L.M. Controls on the Quaternary evolution of the São Francisco strandplain: roles of sea-level history, trade winds and climate. In: International Sedimentological Congress, 14, Recife-Pernambuco, Brazil, IAS. 1994. 39p. (Field trip guide). DOMINGUEZ, J.M.L.; BITTENCOURT, A.C.S.P.; MARTIN, L. Controls on Quaternary coastal evolution of the East-Northeastern coast of Brazil: roles of sea level history, trade winds and climate. In: Donoghue, J.F. et al. (eds.) Quaternary coastal evolution. Sedimentary Geology, 1992. 80, 213-232. HESP, P.A.. Flow dynamics over transverse dunes. In: Australia/New Zealand Geomorphology Research Group. Proceeding... Port Macquarie: NSW, 1992. pp. 33. HUNTER, R.E.; RICHMOND, B.M.; ALPHA, T.R. Storm-controlled oblique dunes of the Oregon coast. Geological Society of America Bulletin, v. 94, p. 1450-1465. 1983. SANTOS, L.. R. C. A.; BARBOSA, L. M.; ALBUQUERQUE, A. L. Dinâmica de sedimentação dos campos de duas costeiras ativas associadas à desembocadura do rio São Francisco - Miaí - Pontal da Barra - Litoral sul do Estado de Alagoas. Relatório de pesquisa. Maceió (2000). FAPEAL/ Área de atendimento - meio ambiente/ preservação dos ecossistemas alagoanos.