HISTORIAS DA DONA FIOTA



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Transcrição:

Contando Saberes: HISTORIAS DA DONA FIOTA Preconceito Racial VOL. 9

Fundação Guimarães Rosa apresenta: i Contando Saberes: Historias da Dona Fiota Preconceito Racial - Vol. 9 Kelly Cardozo e Rosângela Gontijo Ilustração Rodrigo Spotorno Thiago Bastos

S APRESENTACAO Preconceito Racial Turma, a Dona Rô pediu que vocês fizessem uma avaliação da oficina de percussão e, depois, eu falarei mais a respeito de um novo tema que faz parte dos nossos estudos sobre africanidade. A cartilha 9 chega para tratar de um dos assuntos mais complexos nas relações étnico-raciais: o reconhecimento do racismo e do preconceito racial existentes na sociedade brasileira. Ao estudar, por vários e longos anos, somente as características ligadas à história e à cultura europeia, manteve-se no imaginário social brasileiro estereótipos das outras culturas e, principalmente, da cultura afrodescendente, juntamente com o mito da democracia racial. O objetivo desse volume é evitar distorções, articuladas no passado, no presente e no futuro, além de, igualmente, valorizar as raízes negras na nação brasileira, ao lado das indígenas, europeias e asiáticas. 1 Com esse volume, pretendemos dar inúmeros exemplos e ações para melhor entender o conceito de preconceito racial que ainda existe. Também queremos mostrar que, somente com a educação, nossos alunos poderão tornar a sociedade mais justa e igualitária. Dona Beth, eu fiquei muito feliz em aprender sobre os ritmos e as músicas africanas e afrobrasileiras. Percebi que temos uma cultura tão rica e quase não temos acesso a ela. Equipe Fundação Guimarães Rosa Concordo com o Clayton. Depois que entrei para o projeto e comecei a estudar a história e a cultura negra, passei a notar as diferenças culturais que temos e como são importantes. Mas, Dona Beth, também tive a sensação de que essa questão é pouco divulgada e valorizada pela sociedade em geral. 5

Excelente conclusão, crianças. Esse é o nosso objetivo: despertar em todos vocês o interesse pelas várias culturas, além de fazer notar que, nem sempre, essa variedade é conhecida e reconhecida. Por isso, a importância de estudar todas elas e eliminar, aos poucos, o preconceito daquilo que não conhecemos. Preconceito? Dona Beth, o que significa essa palavra? Já ouvi falar, mas não entendo bem o que representa. Pessoal! Preconceito racial é o tema que vamos estudar em nosso próximo encontro. Elaborei um roteiro para que vocês pesquisem algumas palavras e seus significados. 6 7

Depois da aula... Onde podemos pesquisar essas palavras? Rosângela, parabéns! A oficina de percussão foi um sucesso. Se foi! Agora é com você, Beth. Jaime, vocês podem pesquisar em casa, com sua família, também nos dicionários e livros, na biblioteca da escola e na biblioteca municipal. Depois, vamos reunir todo material aqui na sala. Agora, anotem o roteiro: Preconceito Racial Tolerância Consciência Respeito Discriminação Justiça Xenofobia Na última aula, iniciamos o nosso novo tema: Preconceito Racial. Tivemos até um caso interessante... Essa situação possibilitou um ótimo gancho para tratar do assunto, partindo de uma situação real do cotidiano dos meninos. Legal, boa sorte!!! 8 9

Na casa da Dona Fiota, na hora do almoço... Vó, mãe! Hoje, na aula da Dona Beth, fizemos uma avaliação da oficina de percussão, que foi um sucesso. Vó, também hoje, na sala de aula, começamos um novo estudo, que irá tratar de preconceito racial! A professora pediu que iniciássemos nossas pesquisas em casa e depois na biblioteca, para apresentar os resultados na próxima aula. Bruno, realmente foi linda a oficina, eu aprendi muito com o Seu Tatá! 10 11

Nossa, meu filho, que tema interessante, mas confesso a você que é difícil falar sobre isso. Então, a professora ainda não adiantou nada sobre o assunto. Ela quer saber primeiro o que a nossa família pensa sobre preconceito e a sua definição. Entendi mais ou menos. Mas, vó, outro dia meu colega me perguntou por que eu tenho a pele clara e o cabelo liso e a senhora tem a pele escura e o cabelo crespo. Eu não soube responder... Olhe, Bruno, eu nunca senti na pele esse tal de preconceito racial. Embora tenha conhecimento de que exista, muitos dos nossos colegas me contaram o que já sofreram por causa do preconceito. Bruno, você pode explicar para o seu colega que sua mãe Andréia é minha filha do coração. Isso significa que ela foi adotada quando criança. Seu pai tem a cor da pele mais clara e, por isso, você herdou essas características dele. Mas, você não pode se esquecer que toda minha família é de descendência negra. O que importa são nossos valores e não a tonalidade da nossa pele. 12 13

Enquanto isso, na Biblioteca da escola... Olá pessoal! Vamos começar a pesquisa? Oi, Bruno, vamos sim! Eu escolhi Preconceito Racial e Racismo. Eu pesquisarei sobre Respeito. A pesquisa será feita por todos os alunos e vamos nos encontrar daqui a pouco para procurar o significado das palavras. Eu resolvi estudar sobre Xenofobia. Não sei se ajudei muito, mas, se precisar, pode me procurar de novo. Ah... e tenha cuidado na rua. 14 15

Ah! O meu será sobre Consciência. Na semana seguinte... Eu vou pesquisar sobre a Tolerância e seus Tipos. Então, vocês pensaram a respeito do tema proposto na última aula? Como foram as pesquisas? Seguiram o roteiro de começar primeiro com a família para depois pesquisar os conceitos? O meu trabalho será sobre Justiça. Eu começo, Dona Beth! Minha avó disse que nunca sofreu preconceito, pois trabalhava demais e, por isso, tinha pouco tempo para fazer outras coisas. Disse também que já ouviu falar! Bacana! Sobrou para mim o conceito de Discriminação! 16 17

Meus pais entendem que preconceito racial se dá quando uma pessoa despreza a outra por causa da sua cor. Meu avô, Bené Peão, não conseguiu explicar o que significa preconceito. Acho que ele só pensa em cavalos! Minha avó Ângela pensa que preconceito só serve para separar as pessoas, mas ela não entende direito o significado, professora. Que nada, Virgínia, depois você entenderá que, na época do seu avô, esses assuntos eram pouco discutidos. Quem mais... Minha mãe e minha avó contaram que o preconceito é muito forte no Brasil, principalmente entre brancos e negros e brancos e indígenas, porém a sociedade afirma que ele não existe. Minha mãe até usou uma palavra difícil, disse que o preconceito é velado! 18 19

Jaime, velado significa escondido. Elas têm razão, vamos ver daqui a pouco por quê. Quem mais? Meus pais entendem que preconceito pode existir com a exclusão de pessoas que têm como diferenças sua opção sexual, credo e, principalmente, a cor. Mas, também, eles não tiveram muitas oportunidades de debater ou estudar sobre essa questão. Parabéns, crianças! Vejo que as pesquisas trouxeram ricas informações sobre o nosso tema. Vamos, agora, saber o que vocês encontraram nas bibliotecas! Ah! O meu pai compreende que preconceito racial é uma injustiça praticada do homem pelo homem. Dona Beth, os conceitos que pesquisei abordam sobre Preconceito Racial: ideia preconcebida suspeita de intolerância e aversão de uma raça em relação à outra, sem razão objetiva ou refletida. Predisposição negativa, hostil, frente a outro ser humano; desvalorização do outro como pessoa. 2- (LOPES, Véra Neusa. Artigo: Racismo, Preconceito e Discriminação procedimentos didático-pedagógicos e a conquista de novos comportamentos, 2005). 20 21

Racismo: É a negação da humanidade do outro. É a tendência do pensamento, ou do modo de pensar, em que se dá grande importância à noção da existência de raças humanas distintas e superiores umas às outras. É quando existe a convicção de que alguns indivíduos e sua relação entre características físicas hereditárias, e determinados traços de caráter e inteligência ou manifestações culturais, são superiores a outros. O racismo não é uma teoria científica, mas um conjunto de opiniões preconcebidas, cuja principal função é valorizar as diferenças biológicas entre os seres humanos, em que alguns acreditam ser superiores aos outros de acordo com sua matriz racial. A crença da existência de raças superiores e inferiores foi utilizada muitas vezes para justificar a escravidão, o domínio de determinados povos por outros, e os genocídios que ocorreram durante toda a história da humanidade. http://pt.wikipedia.org/wiki/racismo. Conceito de Racismo. Acesso 28/07/08. Professora, parece fácil e até simples quando lemos o seu significado. Mas, quando trazemos para o nosso dia-adia, esbarramos no significado real do preconceito. São pequenas ações que as pessoas fazem, e a maioria acha que são normais, e nem percebem que existe preconceito. Explique um pouco melhor, Virgínia. O seu relato é bem interessante. 22 23

Veja bem, Dona Beth. Percebi que o preconceito no Brasil é tão discreto que as pessoas quando têm, afirmam que não isso não existe. Professora, também aprendemos que existem diversas formas de preconceito e muitas maneiras de expressá-lo, como a xenofobia. Xenofobia: começou quando as pessoas de um país se mudavam para outro (perseguições aos refugiados de um país, novos modelos econômicos ou preservação da identidade cultural) em busca de ascensão social. Por isso, seus vários sentidos: medo estranho (estrangeiro) x atração (exótico); rejeição x hospitalidade; contribuição (novo olhar, cultura, universalidade, etc.) x invasão (concorrência econômica e social). O preconceito, de forma generalizada, existe contra o estrangeiro, existe contra qualquer um, contra o diferente, aquele com quem não me identifico. http://www.mulheresnegras.org/doc/gt%20xenofobia.pdf. Xenofobia. Acesso 28/07/08. 24 25

O negro, o branco e o indígena são povos diferentes e acredito, professora, que as pessoas não se acostumaram a conviver com suas diferenças. Por isso, pesquisei sobre Respeito: uma das qualidades que temos para nos relacionar com as outras pessoas. Podemos respeitar e aceitar algo ou alguém, sem que seja necessário concordar, é uma questão mais de tolerância do que de compreensão e/ou entendimento. Respeito é o direito de se expressar sem sofrer algum tipo de repressão, castigo ou punição. Respeito é o ato de não fazer aos outros o que jamais gostaríamos que fizessem com a gente. É dar espaço para que os outros expressem suas opiniões, sem discriminação ou punições, é não maltratar pessoas, animais, natureza, etc., simplesmente porque nos consideramos certos ou melhores. http://pt.wikipedia.org/wiki/respeito. Respeito. Acesso 28/07/2008. Existe preconceito contra a mulher. Nas minhas pesquisas notei que a intolerância piora se ela for negra ou índia. Por isso, estudei sobre conscientização. Consciência é uma qualidade da mente, considerando a abrangência de informações tais como subjetividade, autoconsciência, sentiência, sapiência, além da capacidade de perceber a relação entre si e o ambiente. http://pt.wikipedia.org/wiki/consci%c3%aancia. Consciência. Acesso 28/07/2008. No aspecto moral, é a capacidade que o homem tem de conhecer valores e mandamentos morais, mas também de aplicá-los em diferentes situações. A consciência moral supõe uma hierarquia de valores, uma finalidade do ato, seja ele bom ou mau. Ela consiste na capacidade do ser humano de observar a própria conduta e formular juízos sobre atos passados, presentes e futuras intenções. Depois de julgar, o homem tem condições de escolher, entre as circunstâncias possíveis, seu próprio caminho na vida. http://pt.wikipedia.org/wiki/consci%c3%aancia_%28moral%29. Consciência Moral. Acesso 28/07/2008. 26 27

Nossa! Vocês pesquisaram a fundo mesmo... Estou muito feliz com o compromisso de vocês! Professora, a cada tema que estudamos nossa curiosidade aumenta. Todos os assuntos são importantes, mas descobrimos que esse, apesar de muito falado, é pouco discutido. O meu tópico foi tolerância e seus tipos. Tolerância é uma das tantas virtudes necessárias para elevar o ser humano à condição de civilidade. Ela faz parte do processo de desenvolvimento ético de indivíduos e grupos, cuja meta é levá-los a manter a disposição firme e constante para praticar o bem. Implica dois sentidos: ser virtuoso tanto pode ser um sujeito com disposição de praticar o bem, como também pode ser toda pessoa que domina em alto grau a técnica de uma arte. (Dicionário Aurélio: p.1465). Quem pretende possuir a verdade, ou melhor, a certeza, termina sendo intolerante para aceitar outros posicionamentos, se fechando à escuta de tudo que se apresente diferente ou incompreensível ao seu esquema conceitual de falar e agir. O moralista, por exemplo, é intolerante com os que possuem valores diferentes do seu. Na verdade, sabemos que se trata de um moralista quando sofremos a imposição de seus valores, baseados em sua certeza moral. O moralista carrega a ambição de se impor diante de todos, universalizando seus valores como certos. Enfim, toda intolerância tende ao totalitarismo ( integrismo, em matéria religiosa). Ser intolerante é manter uma atitude de ódio sistemático e de agressividade irracional com relação a indivíduos e grupos específicos, à sua maneira de ser, ao seu estilo de vida e às suas crenças e convicções. (Rouanet, op.cit). http://www.espacoacademico.com.br/026/26ray.htm. O conceito e a prática da tolerância. Acesso 28/07/2008. 28 29

Turma, ao falar de intolerância temos que falar também de justiça, o tema da minha pesquisa. A Justiça pode ser definida como virtude que consiste em dar a cada um, em conformidade com o direito, o que por direito lhe pertence. (Dicionário Aurélio). Também como princípio de equidade, de igualdade proporcional: ser justo é não oprimir nem privilegiar, não menosprezar nem endeusar, não subvalorizar e tampouco supervalorizar. Ser justo é saber dividir corretamente sem subtrair e sem adicionar (sem roubar ou subornar). http://www.renascebrasil.com.br/f_justica.htm. Justiça Social e Justiça Individual. Acesso 28/07/2008. Ser justo é não se apropriar de pertences alheios e dar o correto valor a cada coisa e a cada pessoa. Ser justo é estabelecer regras claras sem dar vantagem para uns e desvantagem para outros. Ser justo é encontrar o equilíbrio que satisfaz ou sacrifica, por igual, sem deixar resíduos de insatisfação que possam resultar em desforras posteriores. Do ponto de vista filosófico, o sentimento de justiça é inerente à consciência humana, isto é, o homem diferencia o bem do mal, o certo do errado, o que é justo do que é injusto. http://www.mundodosfilosofos.com.br/rosana5.htm. Como Entendê-la? Acesso 28/07/2008. 30 31

Discriminação: toda distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor, descendência, origem nacional ou étnica, que tenha por objeto ou resultado anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício em um mesmo plano (em igualdade de condição) de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo da vida pública. 3- (Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial. Organização das Nações Unidas ONU em 1965). Resumindo, o preconceito atinge a sociedade de uma forma tão elevada que causa sentimentos confusos nas pessoas. Interessante! A que sentimentos você se refere? Inferioridade, incapacidade, superioridade, na dor que gera nas pessoas que vivem esse problema. Aqui mesmo na escola. Quem é muito gordo ou magro, tem cabelo crespo, usa óculos, faz sua opção sexual diferente ou tem cor diferente, sofre com as piadinhas desagradáveis e apelidos que ferem profundamente. Essas são as formas de preconceito que vejo depois que pesquisamos os conceitos. 32 33

Sem dúvida, Carol! Tudo que dificulta a liberdade de ser, que causa constrangimento no outro em decorrência de sua aparência física ou até das convicções religiosas, é considerado preconceito e pode ser punido. Pelas leis brasileiras, o preconceito racial ou racismo é considerado crime! Sim, Dani, pode! Mas, infelizmente, esses tipos de crimes são muitos difíceis de serem punidos, por falta de provas ou testemunhas. É uma pena, Dona Beth. As pessoas não têm o direito de agredir as outras e sair assim, sem punição! Dona Beth, quer dizer que, se uma pessoa falar mal de uma outra por causa da sua cor, seu sexo ou coisa parecida, ela pode ser presa? Concordo, Clayton. A lei possui regras que devem ser seguidas, porém temos um forte aliado, que são os estudos. Quando temos liberdade de discutir e estudar, as ações consideradas ruins com o tempo deixam de existir, pois a sociedade começa a não aceitar mais esse tipo de comportamento. Continuemos, turma. Agora, nossa atividade será montar o quadro com as informações coletadas: 34 35

Avós A maioria não conhece bem o significado, por pertencer a gerações com pouco estudo e muito trabalho. Por isso, essas questões não foram debatidas em casa. Pais Frequentaram mais a escola, aprenderam valores importantes sobre ética, cidadania, moral e outros. Porém, muitos participaram do período histórico da Ditadura Militar, em que as questões étnico-raciais não podiam ser discutidas, assim como os movimentos sociais. Também não têm certeza do significado de preconceito racial. Atualmente, existe abertura para discutir o assunto na escola, em família, na sociedade e até virtualmente. Ainda temos muito trabalho, pois não se retira valores (mesmo negativos) do dia para a noite. Mudar a mentalidade das pessoas leva tempo e paciência. Quando ensinamos a vocês sobre esse tema tão polêmico, procuramos facilitar o processo de desconstrução de alguns equívocos existentes e assim podemos reconstruir uma sociedade mais justa. Não podemos esquecer o que vocês já estudaram sobre diversidade e pluralidade cultural. 36 37

É mesmo, professora... A diversidade é o direito à diferença, à construção individual e coletiva das identidades por meio das expressões culturais. Crianças, falamos muito sobre conceitos e o que as pessoas pensam sobre o preconceito racial, mas também quero mostrar a vocês alguns exemplos que acontecem e que nem sempre percebemos. Expressões como magia negra; serviço errado é serviço de preto; a fome é negra; preto é quem nem caranguejo, só anda para trás; negro de alma branca... Apelidos depreciativos: macaco, lorinho da cor de kichute, carvãozinho... Brincadeiras e piadas de mau gosto, que sugerem incapacidade, ridicularizam os traços físicos e a textura dos cabelos, fazem pouco das religiões de raízes africanas, etc. E pluralismo é a resposta adequada para diversidade dividida entre bons e ruins (hierarquizada), pois combate o racismo e constrói o respeito às diferenças. 38 39

A partir dessa constatação, percebemos quanto a nossa sociedade é preconceituosa de forma velada. Por isso, Jaime, sua mãe disse que a sociedade brasileira tem preconceito velado, quando pratica uma ação e julga essa ação normal. Aprendemos que não é normal e precisa ser corrigida. Sim, Matheus, você tem razão. No Brasil, o preconceito quanto à cor tem denominação científica de fenótipo: são as características visíveis de um indivíduo, definidas pela expressão do seu genótipo, por exemplo, a cor dos olhos, a cor da pele, o tipo de cabelo. Nos Estados Unidos, por exemplo, existe o preconceito do genótipo: o aparecimento de fenótipos diversos deve-se à presença de material hereditário herdado dos pais. São os genes os portadores das informações que condicionam o fenótipo, e ao conjunto dos genes de um indivíduo damos o nome de genótipo. Ou seja, a genética predomina e não as características físicas. Dona Beth, aprendi que a população brasileira é preconceituosa quanto à cor. 40 41

É verdade, Matheus! Mas podemos ver que, atualmente, a sociedade vem mudando de atitudes lentamente e, ao mesmo tempo, tem nos proporcionado mais discussões sobre o assunto e isso é bom! A propósito, conversei com a Professora Fátima, das matérias de Ciências e Biologia, e ela me disse que dará continuidade ao projeto com o tema Medicina de Tradição. Alunos, vocês brilharam! Os debates foram excelentes. O preconceito racial é uma mancha nas relações humanas e a educação é o caminho para minimizar e, quem sabe, até modificar essa realidade. Romper com o preconceito é conceder ao indivíduo o direito de ser diferente, de acreditar em coisas diversas, de viver sua cultura sem nenhuma restrição. É conceder ao outro sua cidadania plena. Espero que vocês tenham ficado tão satisfeitos quanto eu. 42 43

i i REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS i Oba! Sobre esse assunto a vó Fiota conhece bem! Com certeza, ela poderá nos ajudar. 1- Caderno das Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino da História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Ministério da Educação e SEPPIR Secretaria Especial de Políticas e Promoção da Igualdade Racial. Brasília, 2005. 2- LOPES, Véra Neusa. Superando o Racismo na Escola. Org Kabengele Munanga. Artigo: Racismo, Preconceito e Discriminação procedimentos didáticos-pedagógicos e a conquista de novos comportamentos. Ministério da Educação e Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. 3- Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial. Organização das Nações Unidas ONU em 1965. Sites: http://pt.wikipedia.org/wiki/respeito. Respeito. Acesso 28/07/2008 http://pt.wikipedia.org/wiki/racismo. Conceito de Racismo. Acesso 28/07/2008. http://www.mulheresnegras.org/doc/gt%20xenofobia.pdf. Xenofobia. Acesso 28/07/2008. http://pt.wikipedia.org/wiki/consci%c3%aancia. Consciência. Acesso 28/07/2008. Com certeza, Bruno! Obrigada a todos e até a próxima! http://pt.wikipedia.org/wiki/consci%c3%aancia_%28moral%29. Consciência Moral. Acesso 28/07/2008. http://www.espacoacademico.com.br/026/26ray.htm. O conceito e a prática da tolerância. Acesso 28/07/2008. http://www.mundodosfilosofos.com.br/rosana5.htm. Como Entendê-la? Acesso 28/07/2008. http://www.renascebrasil.com.br/f_justica.htm. Justiça Social e Justiça Individual. Acesso 28/07/2008. http://pt.wikipedia.org/wiki/fen%c3%b3tipo. Fenótipo. Acesso 28/07/2008. http://pt.wikipedia.org/wiki/gen%c3%b3tipo. Genótipo. Acesso 28/07/2008. 44 45

Fundação Guimarães Rosa Superintendente-Geral Álvaro Antônio Nicolau Superintendente de Empreendimento e Pesquisa Pedro Seixas da Silva Superintendente de Administração, Finanças, Tecnologia da Informação e Gestão Social José Antônio Gonçalves Departamento Social Zilton Ribeiro do Patrocínio Setor de Comunicação, Cultura e Lazer Juliana Leonel Peixoto Equipe Responsável pela Pesquisa Kelly Alcilene Cardozo: Historiadora e Especialista em Estudos Africanos e Afro-Brasileiros Rosângela Melo Gontijo: Assistente de Pesquisa Apoio Escola Estadual Martinho Fidélis Ilustração Rodrigo Spotorno Thiago Bastos Edição, diagramação e revisão Jota Campelo Comunicação 46 Fundação Guimarães Rosa FGR CARDOZO, Kelly A.; GONTIJO, Rosângela M. Contando Saberes: Histórias da Dona Fiota - Preconceito Racial. Vol. 9 Belo Horizonte: Bigráfica Editora, 2008.48p.

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