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1 CÂNCER DE MAMA E APOIO EMOCIONAL ¹ Dulce Anita Schwaab Fioreze ² Silvia Dutra Pinheiro ³ RESUMO O câncer de mama é considerado um grave problema de saúde pública, e temido pela população feminina devido aos efeitos psicológicos que afetam a percepção da sexualidade e da imagem pessoal. Conforme alguns autores que fundamentam esta pesquisa, o diagnóstico e todo o processo da doença são vividos pela paciente e sua família com intensa angústia, visto que o conceito de câncer de mama ainda está associado a sofrimento e morte. Desta forma, buscou-se com este estudo compreender como as pacientes com câncer de mama, residentes na Região das Hortênsias, percebem o apoio emocional no âmbito familiar, social e institucional. A pesquisa é de caráter qualitativo, e foram entrevistadas, aleatoriamente, 8 mulheres diagnosticadas com câncer de mama. Como instrumento, foi utilizada a entrevista semi-estruturada, norteada por um roteiro contendo 20 questões. O tratamento e a análise dos dados desta pesquisa foram realizados conforme o método qualitativo de Análise de Conteúdo de Bardin. Os resultados mostram que o apoio emocional é fundamental à paciente com câncer de mama, tanto oferecido pela família e pela sociedade, como pelos profissionais e instituições de saúde, contribuindo para o bem-estar físico e psicológico das pacientes que, desta forma, sentir-se-ão fortalecidas no enfrentamento da doença. Palavras-chave: Câncer de mama. Apoio emocional. INTRODUÇÃO O câncer de mama está entre as doenças que mais provocam medo e angústia nas mulheres, devido à alta incidência e as repercussões psicossociais (INCA, 2008). Confronta o sujeito com a questão do imponderável, da finitude e da morte, trazendo a perda do corpo saudável, da sensação de invulnerabilidade e da perda de domínio sobre a própria vida (ROSSI & SANTOS, 2003). Hoffmann, Muller & Frasson (2006) relatam que as mulheres sentem tristeza, medo e raiva no período do diagnóstico de câncer de mama. As autoras explicam que esses sentimentos relacionam-se à doença, ao tratamento, ao futuro de si e da família, e às dificulda- ¹ Artigo de pesquisa apresentado ao Curso de Psicologia das Faculdades Integradas de Taquara (FACCAT), como requisito parcial para aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão II. ² Acadêmica do Curso de Psicologia da FACCAT. Endereço Postal: Rua Dartagnan de Oliveira, nº. 300, Bairro Avenida Central, Gramado-RS. E-mail: <dulcefioreze@hy.com.br> ³ Psicóloga, Mestre em Psicologia Clínica (PUCRS), Docente do Curso de Psicologia da FACCAT e Orientadora do Trabalho de Conclusão. Endereço Postal: Avenida Oscar Martins Rangel, 4500/RS 115, Taquara/RS. E-mail: <silviap12@yahoo.com.br>

2 des advindas do serviço de saúde, modificando a rotina das pacientes e da família. Afirmam, ainda, que o apoio social tem sido referido como importante fator de proteção e recuperação na saúde das pacientes. Neste sentido, buscou-se investigar como as pacientes com câncer de mama, residentes na Região das Hortênsias, percebem o apoio emocional no âmbito familiar, social e institucional. O diagnóstico e o tratamento para o câncer de mama geram situações de crise nas mulheres, e o apoio emocional entra neste processo com a função de estimular a expressão dos sentimentos e emoções, aumentando a auto-estima e a autoconfiança da paciente. Acredita-se que, com o apoio emocional de familiares, de amigos e da sociedade, a mulher com câncer de mama poderá se fortalecer para o enfrentamento da doença com mais qualidade de vida e uma melhora nos seus relacionamentos. E a literatura evidencia exatamente isso, já que o diagnóstico afeta a condição emocional da mulher (ROSSI & SANTOS, 2003). Trata-se de um assunto relevante para pesquisas na medida em que se sabe que o câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais freqüente no mundo e o mais comum entre as mulheres. A cada ano, cerca de 20% dos casos novos de câncer em mulheres são de mama, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA, 2008). Segundo a estimativa para o ano de 2008, o número de casos novos de câncer de mama para o Brasil é de 49.400 casos, com um risco estimado de 51 casos a cada 100 mil mulheres, sendo o Rio Grande do Sul o segundo Estado com a maior incidência (INCA, 2008). A partir da coleta e análise dos dados, busquei conhecer como as pacientes percebem o apoio emocional: se a forma como é oferecido o suporte emocional supre a necessidade de apoio à mulher, se consegue um bem-estar psicológico, e se ela se sente fortalecida para enfrentar a doença. Entende-se que a partir do momento em que a mulher descobre um nódulo na mama, inicia-se um processo interno de dúvidas e incertezas, seguido pela angústia das salas de espera, os desafios concretos e os mitos em relação à doença, além do impacto do dia-a-dia, às mudanças físicas e psicológicas enfrentadas. Diante desta realidade, considerando a importância da paciente sentir-se amparada e fortalecida emocionalmente para enfrentar tais dificuldades, propus o seguinte problema de pesquisa: Como é percebido o apoio emocional pelas pacientes com câncer de mama, residentes na Região das Hortênsias, no âmbito familiar, social e institucional?

3 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1.1 O câncer de mama A incidência do câncer de mama é elevada tanto nos países desenvolvidos quanto naqueles em desenvolvimento e, mesmo com todo o avanço terapêutico dos últimos anos, é o tipo de câncer com maior letalidade entre as mulheres. Cerca de 20% dos casos novos de câncer diagnosticados são de mama. O câncer de mama é relativamente raro antes dos 35 anos de idade, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente, conforme dados do INCA (2008). O câncer é caracterizado por alterações que determinam um crescimento celular desordenado, comprometendo tecidos e órgãos. Em tecidos conjuntivos, como o tecido de sustentação da mama, é chamado de sarcoma. As células cancerizadas multiplicam-se de maneira descontrolada, acumulam-se formando tumor e invadem tecidos próximos; adquirem capacidade de se desprender do tumor e migrar, chegando a órgãos distantes, constituindo as metástases; perdem sua função especializada e, à medida que substituem as células normais, comprometem a função do órgão afetado. A formação do câncer é, em geral, lenta, podendo levar vários anos para que uma célula prolifere e dê origem a um tumor palpável. Esse processo é composto por vários estágios, quais sejam: estágio de iniciação, onde os genes sofrem ação de fatores cancerígenos; estágio de promoção, onde os agentes oncopromotores atuam na célula já alterada; e estágio de progressão, caracterizado pela multiplicação descontrolada e irreversível da célula (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). O câncer de mama não é doloroso em sua etapa inicial. À medida que o câncer evolui, os sintomas podem incluir nódulos ou rigidez na região mamária ou das axilas; alteração no tamanho ou forma das mamas; secreção ou sensibilidade dos mamilos; mamilo invertido; reentrâncias ou afundamento na pele da mama, aspecto similar à casca da laranja; alterações na pele da mama, na auréola ou no mamilo, zona mais quente, com vermelhidão e escamação da pele (SOCIEDADE BRASILEIRA DE MASTOLOGIA, 2008). Os principais fatores de risco do câncer de mama estão relacionados à vida reprodutiva da mulher (menarca precoce, nuliparidade, idade da primeira gestação após os 30 anos, anticoncepcionais orais, menopausa tardia e terapia de reposição hormonal). A idade também constitui importante fator de risco, havendo um aumento rápido da incidência até os 50 anos e posteriormente de forma mais lenta (INCA, 2008). Algumas medidas gerais, citadas por Gomes (2008), são importantes e podem contribuir para o não aparecimento do câncer de mama, como a redução da obesidade, os

4 exercícios físicos, a não ingestão de alimentos gordurosos, não fumar e evitar bebidas alcoólicas. A prevenção primária é dificultada devido à variação dos fatores de risco e às características genéticas envolvidas na sua etiologia. Como estratégia de rastreamento no Brasil, o Ministério da Saúde recomenda o exame mamográfico pelo menos a cada dois anos para mulheres de 50 a 69 anos, e o exame clínico anual das mamas, para mulheres de 40 a 49 anos. Independente da faixa etária, a orientação é de que o exame clínico da mama seja realizado em todas as mulheres que procuram o serviço da saúde. Para a mulher com história familiar de câncer de mama em parentes de primeiro grau, recomenda-se o exame clínico da mama e a mamografia, anualmente, a partir dos 35 anos de idade (INCA, 2008). O auto-exame das mamas não é estimulado pelo Instituto Nacional do Câncer como estratégia isolada de detecção precoce do câncer de mama. É recomendado que o exame das mamas, pela própria mulher, faça parte das ações de educação para a saúde, que contemplem o conhecimento do próprio corpo. As evidências científicas sugerem que o auto-exame das mamas não é eficiente para o rastreamento e não contribui para a redução da mortalidade por câncer de mama. Além disso, o auto-exame das mamas traz consigo conseqüências negativas, como aumento do número de biópsias de lesões benignas, falsa sensação de segurança nos exames falsamente negativos e impactos psicológicos negativos nos exames falsamente positivos. Portanto, o exame das mamas realizado pela própria mulher não substitui o exame físico realizado por profissional de saúde qualificado para essa atividade (INCA, 2008). A realização do diagnóstico do câncer depende do estágio da doença, que revela o grau de comprometimento da área atingida, bem como o prognóstico e tratamento a ser indicado. O tratamento do câncer de mama é um processo de múltiplas etapas, cujas modalidades terapêuticas são: cirurgia, radioterapia, tratamento sistêmico (quimioterapia e hormonioterapia) e reabilitação. Geralmente o tratamento requer a combinação de um método terapêutico, o que aumenta a possibilidade de cura, diminui as perdas anatômicas, preserva a estética e a função dos órgãos comprometidos, segundo informações expostas pelo Ministério da Saúde (2002). O objetivo do tratamento cirúrgico é promover o controle local, a mutilação mínima e a obtenção de informações a respeito da biologia do tumor e de seu prognóstico. As opções são a cirurgia conservadora (quadrantectomia com dissecção axilar) para tumores de até 3 cm de diâmetro ou que preserve a proporção tumor/mama; e a cirurgia radical (mastectomia) para tumores maiores de 3 cm. Existem 2 tipos de mastectomia radical: a chamada clássica, onde são retirados os dois músculos peitorais, e a radical modificada, em que apenas o músculo

5 peitoral menor é retirado. A mastectomia implica em comprometimento da silhueta do tórax e da auto-imagem da mulher, por isso, nessas condições, sempre que possível, deve ser feita a reconstrução plástica da mama (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). A radioterapia é amplamente utilizada no câncer de mama, se beneficiando da capacidade de penetração da radiação criada pelo bombardeamento de elétrons acelerados, ou raios gama emitido por radium ou outro material radiativo, em um alvo, reduzindo e, por vezes, eliminando o tumor, informa o Ministério da Saúde (2002). A quimioterapia adjuvante ou preventiva trata de evitar o aparecimento de metástases depois do tratamento inicial. As substâncias citotóxicas utilizadas são eficazes para destruir células cancerosas, interferindo por diferentes mecanismos na síntese do ácido nucléico. A hormonioterapia é feita por uma droga com propriedade anti-estrogênica, considerando que a maioria dos casos de câncer de mama são tumores estimulados no seu crescimento por hormônios, principalmente os estrogênios (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). 1.2 Repercussões psicológicas e sociais provocadas pelo câncer de mama Quando a mulher recebe o diagnóstico de câncer de mama, a primeira reação é de desespero: estou com câncer, vou morrer. Neste momento há uma real finitude da vida humana, através da antecipação da presença da morte. Este impacto inicial é o marco dos problemas psicológicos causados pelo tratamento do câncer de mama (MALUF, MORI & BARROS, 2005). Ao longo do processo do tratamento, a mulher com câncer de mama pode passar por vários lutos: pela existência da possibilidade de ter câncer; luto quando do diagnóstico; luto pelo tratamento cirúrgico; o luto gerado pela perda da imagem corporal e correlatos; o luto causado pelas possíveis limitações que terá em conseqüência da cirurgia, e ainda outro luto causado pelos tratamentos quimioterápicos, argumenta Maluf, Mori & Barros (2005). O câncer de mama e o seu tratamento representam um trauma psicológico para a maioria das mulheres, já que a mama é um símbolo corpóreo da feminilidade. Galante-Nassif (2006) refere que a mastectomia leva as pacientes ao receio da morte, mutilação, perda de uma parte importante do corpo e perda de uma função fisiológica e de sua identidade feminina. Gera alterações na auto-imagem da mulher, causando sentimentos de inferioridade e medo de rejeição e com repercussões na vida sexual da paciente.

6 Rossi e Santos (2003) investigaram mulheres com câncer de mama, e os resultados revelaram que as repercussões psicológicas do câncer de mama e de seu tratamento variam conforme o momento vivenciado, dentro do contínuo que se estende desde o diagnóstico até o tratamento. Foram identificados quatro momentos distintos no processo do adoecer: o prédiagnóstico, etapa do diagnóstico, etapa do tratamento e momento pós-tratamento. No estudo, os autores constataram que, no momento pré-diagnóstico, evidenciava-se o descuido das pacientes com relação ao próprio corpo, a postergação da consulta médica e a negação da realidade que só seria desvelada com o diagnóstico posteriormente. Na etapa do diagnóstico, as pacientes formulam suas queixas quanto à postura negligente dos profissionais médicos e enfatizam os sentimentos vivenciados com relação à doença e ao tratamento: choque inicial, vislumbre da morte, temores relacionados ao possível desamparo dos filhos, dentre outros. Na etapa do tratamento, as queixas das pacientes compreendem os efeitos físicos e os danos causados ao organismo pelo tratamento cirúrgico, rádio e quimioterápico, bem como os sentimentos com relação a alterações da imagem corporal. Finalmente, no momento pós-tratamento, aparece a repercussão no plano afetivo-sexual e também as dificuldades de adaptação à nova situação de vida, com limitações físicas e restrições, embora também sejam reconhecidas as mudanças positivas trazidas pela experiência de terem passado pelo câncer de mama e seu tratamento (ROSSI & SANTOS, 2003). Porém, os mesmos autores observaram nessas mulheres uma expectativa otimista com relação ao futuro, apesar dos efeitos devastadores produzidos pelo adoecimento e pelo tratamento. Percebe-se que estão esperançosas em relação à vida, e que reagem à adversidade mais com sentimentos de luta e enfrentamento do que com uma "entrega resignada" à situação-limite imposta pela doença. Essa postura parece-nos essencial na construção de estratégias de enfrentamento mais eficazes diante da situação de adoecimento e tratamento. Com o crescente aumento dos casos de câncer de mama, faz-se necessária a formação de diversos grupos de ajuda, com a finalidade de fornecer suporte psicológico e emocional à mulher acometida de câncer de mama, com o propósito de reintegração à sociedade, melhoria da qualidade de vida e resgate de sua auto-estima, estendido à família (MIRANDA, 2000). 1.3 Câncer de mama e apoio emocional Considerando o estresse psicológico que as pacientes com câncer de mama sofrem em virtude da doença, Straub (2005) aponta a necessidade de intervenções que enfatizem o suporte social e emocional. Possibilitar o acesso às informações, permitindo a percepção de certo grau de controle sobre o tratamento e a capacidade de expressar emoções, sentindo-se

7 amparadas por outras pessoas, poderão ser fatores que possibilitarão melhor adesão ao tratamento. Para o autor, neste sentido, psicólogos da saúde fizeram considerável progresso ao compreenderem as reações psicológicas das pacientes ao tratamento para o câncer e aos modelos de intervenções eficazes no auxílio à adaptação. Para uma interação eficaz é fundamental proporcionar às pacientes de câncer de mama apoio emocional e oportunidade para discutirem seus medos em relação à doença e ao tratamento. Desta forma, possibilitando o processamento e a expressão de forma ativa das emoções envolvidas no enfrentamento da doença que ameaça a sua saúde (STRAUB, 2005). O apoio social, referido por Pietrukowicz (2001), pode ser entendido como um processo de interação entre pessoas ou grupos de pessoas, que através do contato sistemático estabelecem vínculos de amizade e de informação, recebendo apoio material, emocional e afetivo, contribuindo para o bem-estar recíproco e construindo fatores positivos na prevenção e na manutenção da saúde. O autor ainda sugere que o apoio social exerce efeitos diretos e indiretos sobre o sistema imunológico do corpo, no sentido de proporcionar um aumento na capacidade das pessoas de contornarem situações como a de estresse e outros sintomas. O apoio emocional está relacionado aos sentimentos, às emoções e à estima. Ao participarem de um grupo, as pessoas passam a expressar os seus sentimentos e a se relacionar com os outros. Através dos sentimentos de estima, de pertencimento e de confiança, as pessoas acabam expressando seus medos, angústias, dores, ansiedades e tristezas, surgindo desta forma uma sensação de aceitação e controle ao encararem as situações mais difíceis e irem além delas (PIETRUKOWICZ, 2001). As iniciativas comunitárias com os grupos de apoio que desenvolvem atividades criativas com pacientes com câncer de mama proporcionam importante suporte emocional às mesmas. Nestes grupos existentes em muitas comunidades e organizações filantrópicas, as pacientes sentem-se acolhidas e valorizadas, favorecendo o fortalecimento do potencial humano que cada uma dispõe. Estes fatores sociais favoráveis às participantes fornecem um ambiente estimulante na superação das adversidades que a doença acarreta (SOUZA, 2005). O acompanhamento psicológico pode ser considerado como ação terapêutica às pacientes com câncer de mama quando procura promover modificações na ordem da subjetividade das pacientes, dando-lhes apoio, atenção e mostrando que a doença pode ser superada quando encarada com otimismo. Auxilia as doentes a fortalecerem suas convicções de que podem vencer a doença, pois os tratamentos estão cada vez mais eficazes e o organismo humano é forte e resistente (PERES & MARTINS, 2000).

8 O apoio social às pessoas oferece afeto tanto para quem recebe quanto para quem dá, através de expressões de união, respeito, admiração, afirmação e ajuda. No grupo que partilha e expressa seus interesses e afinidades, emergem os sentimentos de proximidade emocional e de pertencimento, reforçando os valores individuais, de competência e capacidade. Reafirmam a confiança e a aliança entre os participantes, com sentimento de segurança em relação à prestação de cuidados, orientação, conselhos e informação, através da responsabilidade referente ao bem-estar de todos (PIETRUKOWICZ, 2001). As pessoas significativas na vida das pacientes são importantes fontes de suporte social e emocional. Se a doente percebe que sua relação familiar e social é sólida e apoiadora, poderá obter grandes benefícios no seu bem-estar físico e emocional. Straub (2005) sugere que pessoas com câncer quando se sentem integradas socialmente, recebendo suporte social e emocional de uma rede de amigos solidários, têm menos tendência a morrerem de qualquer forma de câncer em comparação a pessoas que vivem isoladas. O trabalho com pacientes de câncer deveria ser multidisciplinar, sugere Peres & Martins (2000), dirigido a prestar esclarecimentos de interesse da família e do doente, possibilitando a expressão das queixas e observando os sentimentos que ela vem nutrindo para com o doente. Quando a doença se instala no indivíduo, na maioria das vezes, causa um desajustamento no grupo familiar, fazendo-se necessário o apoio psicológico também aos membros da família. O objetivo é fornecer aos familiares condições de expressarem seus sentimentos em relação à doença, pois acredita-se que, ao encontrar pessoas dispostas a compartilhar de seu sofrimento, surgirá o sentimento de alívio, que poderá diminuir sensivelmente as angústias decorrentes da doença. 2 MÉTODO O presente estudo é de caráter qualitativo e busca entender um fenômeno específico em profundidade. Conforme Martins e Bicudo (1989), a pesquisa qualitativa objetiva resultados mensuráveis e tem o ambiente natural como fonte direta de dados e, normalmente, o pesquisador como instrumento fundamental. A pesquisa qualitativa é uma tentativa de atingir um sentido do significado que as pessoas dão às suas próprias situações, através de uma compreensão interpretativa de sua linguagem, arte, gestos e política. Este método, portanto, possibilita atender ao objetivo de compreender como as pacientes com câncer de mama, residentes na Região das Hortênsias, percebem o apoio emocional no âmbito familiar, social e institucional.

9 2.1 Participantes Os participantes da pesquisa foram oito mulheres com idade entre 45 e 68 anos, diagnosticadas com câncer de mama, residentes na Região das Hortênsias, na Serra do Estado do Rio Grande do Sul. A localização das participantes se deu através de um levantamento feito na região, o qual permitiu identificar mulheres com este diagnóstico. À medida que estas pessoas eram localizadas, foram também de imediato contatadas. Assim, não houve qualquer critério para a seleção das participantes, precisando apenas ser portadoras de tal diagnóstico. Tabela 1 Caracterização das participantes Participantes P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 Idade 67 55 53 63 48 68 47 45 Escolaridade Fundam. Fundam. Incompl Estado civil Solteira Casada Separada Médio Fundam. Superior Superior Fundam. Fundam. União estável Casada Casada Casada Separada Nº. de filhos 0 6 1 0 3 2 2 3 Ocupação Aposent Adm lar Educ inf Aposent Profes. Aposent Manicure Vended. Quem deu diagnóstico Médico oncolog. Médico oncolog Médico ginecol. Médico mastol. Médico ginecol. Médico mastol. Médico ginecol. Médico mastol. Tempo do diagnóstico 3 anos 2 anos 7 anos 11 anos 5 anos 2 anos 1 ano 7 anos cirurgia cirurgia cirurgia cirurgia cirurgia cirurgia cirurgia cirurgia quimio quimio quimio quimio quimio quimio quimio quimio Tipo de tratamento rádio reabilit. rádio reabilit. rádio hormônio rádio rádio hormônio benzod hormônio hormônio hormônio reabilit. reabilit. reabilit benzod. Fase atual (controle) anual semest. anual anual anual anual anual anual 2.2 Instrumentos Na presente pesquisa foi utilizada como instrumento a entrevista semi-estruturada, com perguntas abertas, norteada pelo roteiro de entrevista, com 20 questões sobre câncer de mama e apoio emocional, além de dados sócio-demográficos. Aplicou-se uma primeira entrevista como piloto do instrumento, a qual também foi utilizada para análise no estudo, visto que não se faziam necessárias quaisquer alterações no instrumento, sendo o mesmo para todas as participantes. A entrevista é uma técnica em que o entrevistador se apresenta frente ao investigado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que interessam à investigação.

10 É, portanto, uma forma de interação social; é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar os dados e, a outra, se apresenta como fonte de informação. A entrevista semi-estruturada enfoca um tema específico e permite que o entrevistado fale livremente sobre o assunto, usando linguagem própria e emitindo opiniões (GIL, 1999). 2.3 Procedimento para coleta dos dados Inicialmente, o projeto foi avaliado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FACCAT, sob o protocolo n 303 de 26/06/08. Posteriormente, foi feito um levantamento em clínicas médicas, centros de saúde e reabilitação e junto aos profissionais da saúde, na Região das Hortênsias, a fim de localizar pacientes diagnosticadas com câncer de mama. De forma aleatória, as pacientes foram convidadas a participar da pesquisa através de um contato telefônico, agendando data e horário. O instrumento foi aplicado individualmente, na residência das participantes. Na realização da entrevista, primeiramente foi feito um rapport com as participantes, explicitando-se as condições da pesquisa, os objetivos e o processo de coleta de dados, abrindo-se um espaço para perguntas e dúvidas, estabelecendo-se uma relação cordial. Foi solicitada a permissão para a gravação da entrevista, com a autorização de cada participante mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, o qual foi assinado também pela pesquisadora, comprometendo-se com todos os quesitos nele constados. Após o aceite, deu-se início à coleta de dados para a entrevista, e posteriormente a transcrição. Não houve dificuldades ou intercorrências durante as entrevistas, a não ser rotinas da casa, tais como um telefone tocando, alguma pessoa da casa transitando, um miado de gato ou latido de cachorro, nada significativo ou que impedisse a continuação da entrevista. As entrevistas foram todas gravadas e transcritas para posterior análise dos dados. A guarda do material original utilizado está sob responsabilidade da pesquisadora, sem nenhum acesso a qualquer outra pessoa. 2.4 Procedimento para a análise dos dados O tratamento e a análise dos dados desta pesquisa foram realizados conforme o método qualitativo de Análise de Conteúdo de Bardin (1977). Os resultados qualitativos estudados mediante esta forma de análise de conteúdo envolveram três momentos: préanálise, exploração do material e tratamento dos dados.

11 A fase de pré-análise teve por objetivo tornar operacional e sistematizar as idéias iniciais, tomando contato com os dados e organizando-os, fazendo a escolha dos documentos a serem analisados e elaborando indicadores que fundamentem a interpretação final. A segunda fase - exploração do material - consistiu na realização das decisões tomadas durante a pré-análise. Foi o momento da codificação, em que os dados brutos foram transformados de forma organizada e agregados em unidades de registro, as quais permitiram uma descrição exata das características pertinentes ao conteúdo, obedecendo ao significado das mensagens, e posteriormente agrupadas em categorias. As categorias foram construídas a posteriori e classificadas as unidades de registro de acordo com a semelhança de temas. E, por fim, o tratamento dos resultados: a inferência e a interpretação foram responsáveis por tornar os dados significativos e válidos, através da manipulação dos dados brutos. Através do exposto, verificou-se a constituição de 5 categorias, as quais são apresentadas a seguir com as respectivas subcategorias e unidades de registro. Embora as perguntas do roteiro de entrevista questionassem em separado sobre a instituição onde foram atendidas e também sobre os profissionais que as atenderam, a partir do tratamento dos dados coletados observou-se que as respostas dadas referiam-se a ambos de uma forma geral, não havendo por parte das respondentes esta distinção. Entendeu-se, então, que para as participantes a instituição está representada pelo profissional, e vice-versa. Isto posto, optouse pela unificação destes aspectos para fins de análise, conforme explicitado na descrição das categorias: 1a. CATEGORIA: SIGNIFICADO DE APOIO EMOCIONAL Sentir-se amparada por outras pessoas: 7 U.R. Oportunidade para falar de suas emoções: 1 U. R. Fortalecimento da auto-estima: 1 U. R. Força espiritual: 1 U. R. É tudo: 1 U. R. 2ª CATEGORIA: MOMENTO, NECESSIDADE E ORIGEM DO APOIO EMOCIONAL Fundamental em todos os momentos: 6 U R Nenhuma necessidade atual: 6 U R Necessário já no pré-operatório: 2 U R Sente necessidade atual: 2 U R Da família: 8 U. R. Desde o diagnóstico: 4 U.R.

12 Durante o tratamento: 4 U.R. Da comunidade: 8 U.R. Desde o diagnóstico: 4 U.R. Durante o tratamento: 4 U.R. De instituição/profissionais: Médicos: 7 U.R. Psicóloga = 6 U.R. Enfermeiras: 4 U.R. Atendentes: 2 U.R. Assistente Social: 1 U.R. Desde o diagnóstico: 5 U.R. Durante o tratamento: 3 U.R. 3ª CATEGORIA: FORMA DE MANIFESTAÇÃO DO APOIO EMOCIONAL Na família: Expressão de união: 7 U.R. Expressão de ajuda: 6 U.R. Prestação de cuidado: 4 U.R. Expressão de consideração: 2 U.R. Na sociedade: Expressão de consideração: 6 U.R Expressão de ajuda: 6 U.R. Força espiritual: 5 U.R. Prestação de cuidado: 2 U.R. Fortalecimento da auto-estima: 1 U.R. Na instituição/profissionais: Prestação de cuidados: 6 U.R. Expressão de ajuda: 6 U.R. Fortalecimento da auto-estima: 2 U.R. Expressão de união: 1 U.R. Expressão de admiração: 1 U.R. 4ª CATEGORIA: BENEFÍCIOS DO APOIO EMOCIONAL Facilita a recuperação: 5 U.R. Fortalece a auto-estima: 4 U.R. Fortalece os vínculos: 2 U.R. 5ª CATEGORIA: SENTIMENTOS FRENTE AO APOIO EMOCIONAL Fortalecida para enfrentar a doença: 7 U.R. Não se sente apoiada emocionalmente: 1 U.R. Na família: De proteção: 5 U.R.

13 De segurança: 3 U.R. Na sociedade: De amparo: 6 U.R. De valorização: 2 U.R. Na instituição/profissionais: De ser cuidada: 4 U.R. De segurança: 3 U.R. De valorização: 2 U.R. A partir dessa fase, propuseram-se inferências e interpretações a propósito dos objetivos previstos, ou com respeito a outras descobertas inesperadas. As informações obtidas foram confrontadas com informações já existentes, onde se chegou às conclusões finais. 3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Após a realização da análise de conteúdo das entrevistas, constatou-se a existência de cinco categorias, todas com base nos relatos das participantes, visando responder ao problema de pesquisa proposto para este estudo: Como é percebido o apoio emocional pelas pacientes com câncer de mama, residentes na Região das Hortênsias, no âmbito familiar, social e institucional? Com a finalidade de explorar o apoio emocional nas relações familiares, sociais e institucionais da paciente diagnosticada com câncer de mama, tomou-se como ponto de partida investigar o significado de apoio emocional na percepção da participante da pesquisa. A partir da compreensão deste significado, possibilitou que se buscasse conhecer a origem deste apoio, a forma como ele se manifesta, os sentimentos diante dele, assim como os benefícios para a mulher doente. Desta forma, foi possível identificar as seguintes categorias: Significado de apoio emocional; Momento, necessidade e origem do apoio emocional; Forma de manifestação do apoio emocional; Benefícios do apoio emocional, e Sentimentos frente ao apoio emocional. Conforme Frasson & Zerwes ( 2004), o apoio emocional visa estimular a expressão dos sentimentos e emoções, aumentando a auto-estima e autoconfiança da paciente. Desta forma é possível que diminua o sentimento de alienação, reduza a ansiedade sobre o tratamento, não tenha preocupações inadequadas e, conseqüentemente, maiores informações sobre a doença, diminuindo o sentimento de isolamento e rejeição. A categoria significado de apoio emocional dispõe das seguintes subcategorias: sentir-se amparada por outras pessoas (7 UR); oportunidade para falar de suas emoções (1