INFLUÊNCIA DOS ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS NO RESULTADO DA TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL

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Transcrição:

INFLUÊNCIA DOS ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS NO RESULTADO DA TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL CARNEIRO 1 Cláudia; CAVALVANTI 2 Hannalice; NETA 3 Ivanilde; SOUZA 4 Dayse Centro de Ciências da Saúde /Departamento de Fonoaudiologia/PROBEX RESUMO A audição é imprescindível para o desenvolvimento biopsicossocial do individuo, portanto, alterações auditivas devem ser identificadas o mais precocemente possível. Para tal, programas de triagem auditiva vêm sendo desenvolvidos com o intuito de garantir intervenção em tempo adequado junto à criança deficiente auditiva. O resultado da triagem pode ser influenciado pelos aspectos socioeconômicos da puérpera, pois, há maior vulnerabilidade social, repercutindo no cuidado com a gravidez, na saúde do feto/ neonato e consequentemente no desenvolvimento do sistema auditivo do mesmo, portanto, há o interesse em buscar dados que possam esclarecer essa relação. Sendo assim, foram analisados os dados socioeconômicos das mães dos recém-nascidos triados, bem como os resultados das emissões otoacústicas transientes nos processos de teste e reteste do Programa de Implantação de Triagem Auditiva Neonatal, da Maternidade do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW- UFPB). Não foi observada associação positiva do menor nível de escolaridade materna, assim como da menor renda familiar, com a falha no resultado da triagem auditiva, entretanto ao comparar os fatores socioeconômicos com a efetividade do retorno para realização do reteste, observou-se que o maior número de filhos apresentou diferença estatisticamente significante (p=0,014), neste aspecto, as mães que apresentaram dois filhos ou mais obtiveram menor percentual de retorno (30,8%) para realização do reteste nos RNs que falharam. Conhecer quais destes aspectos ofereceu ou não maior influência na população assistida foi de fundamental importância para levantamento de informações que possam fornecer estratégias de intervenção, principalmente para efetivar a adesão das mães a triagem auditiva neonatal, garantindo maior sucesso e efetividade do serviço ofertado. PALAVRAS-CHAVE: Triagem auditiva, aspectos socioeconômicos, audição Mark UFPB, técnico colaborador, clacarneiro@hotmail.com 2 UFPB, professor orientador, hannafono@gmail.com 3 UFPB, discente colaborador, ivanilde.moureira@gmail.com 4 UFPB, discente colaborador, dayse.s.s@hotmail.com. INTRODUÇÃO A audição refere-se à capacidade de detectar e discriminar o som e é imprescindível para o desenvolvimento infantil, principalmente no que concerne a

aquisição da linguagem oral e de outros aspectos importantes para a qualidade de vida do indivíduo, (Françozo et al., 2010). Sendo assim, alterações no sistema auditivo devem ser detectadas o mais precocemente possível, a fim de minimizar os danos de um diagnóstico tardio e alcançar melhores prognósticos em casos de perdas auditivas neonatais. Para tal, programas de triagem auditiva vêm sendo desenvolvidos em diversas maternidades do Brasil com o intuito de garantir intervenção em tempo adequado junto à criança deficiente auditiva, preferencialmente antes dos seis primeiros meses de vida, (Lima et al., 2008). Diversos fatores devem ser levados em consideração durante a implantação de um programa de triagem auditiva neonatal (TAN), entre eles, os aspectos socioeconômicos de uma determinada população,que sem dúvida, apresentam um impacto significativo na gravidez, na saúde do feto/neonato e consequentemente no desenvolvimento do sistema auditivo do mesmo, (Curado et al., 2009) A saúde da população que apresenta condições socioeconômicas desfavoráveis é afetada de forma negativa, devido à maior vulnerabilidade social encontrada nestes grupos menos favorecidos, (Lima et al., 2008; Griz et al., 2010). Desta forma, a literatura aponta que o resultado da TAN pode ser influenciado pelos aspectos socioeconômicos dapuérpera, portanto, há o interesse em identificar se as falhas no teste realizado no Programa de Triagem Auditiva Neonatal no Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW- UFPB)sofreu influencia destes aspectos. Além disso, é importante identificar também se os fatores socioeconômicos interferiram no retorno das mães ao reteste, no caso de falha na triagem auditiva. DESENVOLVIMENTO O Joint Committee on Infant Hearing (JCIH, 2007) recomenda que todos os neonatos tenham acesso à triagem auditiva até um mês de idade e caso seja detectada alteração, a triagem auditiva neonatal (TAN) deverá ser seguida pelos processos de diagnóstico e intervenção precoce, no intuito de interferir positivamente na qualidade de vida do indivíduo. A TAN foi realizada no HULW, por meio do teste de emissões otoacústicas que consiste em um método objetivo, preciso, rápido, não invasivo e de baixo custo para identificar perda auditiva em lactentes, através deste exame é possível à avaliação da integridade da porção pré-neural do sistema auditivo, (Lima et al., 2010).

A resposta do neonato é gravada através de uma sonda, contendo um microfone, que é introduzido no conduto auditivo externo do bebê; o resultado do exame pode ser de passa ou falha, (Lima et al., 2010). É conhecido que as alterações auditivas são mais prevalentes em grupos de maior vulnerabilidade social, portanto, o nível de escolaridade, a ocupação, a renda familiar e outros, são fatores socioeconômicos que refletem na saúde das mães, no cuidado com a gestação e de forma direta na saúde auditiva do recém-nascido (RN), (Griz et al., 2010). Sendo assim, foram analisados os dados socioeconômicos das mães dos recémnascidos triados, bem como os resultados das emissões otoacústicas transientes nos processos de teste e reteste do Programa de Implantação de Triagem Auditiva Neonatal, da Maternidade do Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW- UFPB). Foi utilizada análise estatística descritiva e as diferenças foram consideradas significativas quando apresentaram p<0,05. Ao analisar os dados, observou-se que não houve significância quando comparamos o resultado da triagem auditiva neonatal com as categorias do nível de escolaridade materna e da renda familiar, o que pode ser verificado nas Tabela 1. Tabela 1: Relação entre as Variáveis Socioeconômicas e Resultado da Triagem Auditiva Neonatal VARIÁVEIS RESULTADO DA TANU N (%) N (%) P ESCOLARIDADE Passou Falhou Até o ensino médio incompleto 132 45,52 23 53,5 0,743 Ensino médio completo ou maior 135 46,52 20 46,5 RENDA Até 2 salários mínimo 137 47,2 26 57,8 0,321 > 2 salários mínimo 53 52,8 17 42,2 RETORNO AO RETESTE Faltou Compareceu Até 2 filhos 18 56,2 18 90 0,014 > 2 filhos 14 43,8 2 10 Fonte: Pesquisa direta 2012/2013 Na tabela 1, podemos observar que o resultado da TAN não sofreu influência quanto ao nível de escolaridade e da renda das mães dos RNs triados, visto que observou-se valores semelhantes para ambos os grupos e p=0,743 indicando que não foi estatisticamente significante, considerando o valor de referência p<0,05

Não foi observada associação positiva do menor nível de escolaridade materna, assim como da menor renda familiar, com a falha no resultado da triagem auditiva, embora alguns estudos apontem essa relação, visto que famílias com pior condições socioeconômicas podem receber menor acesso a informações acerca de cuidados a serem tomados na gestação e período neonatal, além de enfrentar maiores dificuldades de atendimento, assistência ao parto e acompanhamento pré-natal, (Françozo et al., 2010; Alvarenga et al., 2012). Porém, observou-se que todas as puérperas realizaram acompanhamento prenatal e 70,4% destas mais que cinco consultas e apenas 20,6% inferior a cinco, esse fato é relevante, já que a literatura aponta que quanto maior a assistência dada à gestação, melhor são os cuidados em relação a saúde do RN, atuando como um importante meio de prevenção de riscos de saúde em geral e consequentemente auditiva, (Alvarenga et al., 2012). Fernandes M.C. e Nozawa M. R. (2010) observaram entre os fatores socioeconômicos três características maternas fortemente associadas ao não retorno à segunda avaliação auditiva, com grande relevância estatística: a baixa frequência às consultas pré-natais (de uma a três consultas); a presença de mais de um filho na família; e a ausência de companheiro. Considerando relevante também à escolaridade materna, já que observaram que quanto menor o número de anos de estudos da mãe, menor seria a probabilidade ao retorno. Foram comparadas essas questões e apenas o maior número de filhos apresentou diferença estatisticamente significante (p=0,014), neste aspecto, as mães que apresentaram dois filhos ou mais obtiveram menor percentual de retorno (30,8%) para realização do reteste nos RNs que falharam, enquanto que 69,2% retornaram e estas tinham até dois filhos. As mães que não aderem a Triagem Auditiva Neonatal geram uma preocupação nos programas de triagem, em virtude disso é de grande importância à análise dos fatores socioeconômicos dessas mães, visando à adoção de estratégias de orientação e conscientização com essa população para evitar essa evasão. CONSIDERAÇÕES FINAIS Embora não tenha sido encontrado nos dados obtidos por meio do Programa de Implantação de Triagem Auditiva Neonatal no HULW, associação positiva do menor

nível de escolaridade materna, assim como da menor renda familiar, com a falha no resultado da triagem auditiva sabe-se que o conhecimento sobre os aspectos socioeconômicos das mães oferecem subsídios importantes para o planejamento de ações que visem à promoção da saúde auditiva e prevenção de riscos a perdas auditivas em neonatos, adequadas à população mais vulnerável. Portanto, conhecer quais destes aspectos ofereceu ou não maior influencia na população assistida, de forma a interferir negativamente na saúde auditiva do recém nascido triado é de fundamental importância para levantamento de informações que possam fornecer estratégias de intervenção junto as mães, principalmente para efetivar a adesão destas ao programa de triagem auditiva neonatal, garantindo maior sucesso e efetividade do serviço ofertado. REFERÊNCIAS FRANÇOZO, M. F. C. et al. Adesão a um Programa de Triagem Auditiva Neonatal. Saúde Soc, São Paulo, v.19, n.4, p.910-918. 2010. LIMA, M.L.L.T. et al. Triagem auditiva: perfil socioeconômico de mãe. Rev. CEFAC, São Paulo, v. 10, n. 2, p. 254-260. 2008. LIMA, M.C. M.P. et al. Detecção de perdas auditivas em neonatos de um hospital público. Rev. soc. bras. fonoaudiol, São Paulo, v. 15, n. 1. 2010. GRIZ, S.M.S. et al. Aspectos demográficos e socioeconômicos de mães atendidas em um programa de triagem auditiva neonatal. Rev Soc Bras Fonoaudiol, Recife, v.15 n.2, p.179-83. 2010. CURADO, N.R.P.V; 1; GRIZ, S.M.S. Caracterização das famílias de neonatos e lactentes atendidos na triagem auditiva neonatal do HC-UFPE. In: XVIII CONIC e II CONIC, Pernambuco, 2010. FERNANDES, M.C. NOZAWA, M.R. Estudo da efetividade de um programa de triagem auditiva neonatal universal. Ciência & Saúde Coletiva [On-line] 353-361, mar. 2010. Joint Committee on Infant Hearing. Year 2007 position statement: principles and guidelines for early hearing detection and intervention programs. Pediatrics. 2007;120:898-921 ALVARENGA, K.F. Triagem auditiva neonatal: motivos da evasão das famílias no processo de detecção precoce. Rev Soc Bras Fonoaudiol, São Paulo, v.17, n.3, p.: 241-7. 2012.