FUNÇÃO RESPOSTA DA ALFACE AMERICANA EM DIFERENTES NÍVEIS DE SALINIDADE D. F. Lima 1, D. T. S. Barros 2, S. M. Menezes 2, S. B.T. dos Santos 2, D. P. Santos 3, M. A. L. dos Santos 3. RESUMO: O sucesso da agricultura irrigada depende da quantidade de água ofertada bem como da qualidade da mesma. Sabendo-se dessa condição a pesquisa teve como objetivo verificar o efeito de diferentes concentrações de sais na água de irrigação, na produção da alface americana. O experimento foi conduzido na Universidade Federal de Alagoas Campus Arapiraca, no período de janeiro a fevereiro de 2015. A irrigação diária ocorria conforme os valores de evapotranspiração da cultura, obtida através da evapotranspiração de referência e do coeficiente de cultivo, antes de realiza-la era necessário medir a condutividade elétrica da água. Os tratamentos consistiam em diferentes níveis de salinidade variando de 0,14 a 3,1 ds m -1. As variáveis analisadas apresentaram comportamento linear decrescente em relação aos níveis de salinidade. A produção comercial da alface americana foi prejudicada pelo aumento na salinidade da água de irrigação, sendo o nível de 3,1 ds m -1, o que apresentou efeito de maior severidade na cultura Palavras-chave: Produtividade, Irrigação e Lactuca sativa FUNCTION RESPONSE AMERICAN LETTUCE IN DIFFERENT SALINITY LEVELS ABSTRACT: The success of irrigated agriculture depends on the amount of water supplied as well the quality of it. Knowing this condition the research aimed to verify the effect of different concentrations of salts in the irrigation water, in the production of lettuce. The experiment was conducted at the Federal University of Alagoas Campus Arapiraca, from January to February 2015. The daily irrigation occurred as the evapotranspiration values of the crop, obtained from the reference evapotranspiration and crop coefficient, before you realize it it was necessary to measure the electrical conductivity of the water. The treatments consisted of different salinity levels ranging from 0.14 to 3.1 ds m -1. The variables showed decreasing linear effect in relation to salinity levels. Commercial production of the American 1 Acadêmico de Agronomia/Universidade Federal de Alagoas, campus Arapiraca/ Av. Manoel Severino Barbosa, Bom Sucesso. CEP:57309-005/ Arapiraca AL/E-mail: dayanefarias17@yahoo.com 2 Acadêmico de Agronomia / Universidade Federal de Alagoas, campus Arapiraca, Arapiraca AL. 3 Doutoranda em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal Rural de Pernambuco PE 4 Doutor, Professor Adjunto / Universidade Federal de Alagoas, campus Arapiraca / Arapiraca AL 209
lettuce was hampered by the increase in salinity of irrigation water, and the level of 3.1 ds m 1, which had an effect of greater severity in culture Keywords: Productivity, Irrigation and Lactuca sativa INTRODUÇÃO A alface (Lactuca sativa L.) é uma das hortaliças mais difundidas atualmente, sendo cultivada por todo país, devido, principalmente, a grande divergência genética existente entre as cultivares utilizadas pelos produtores (SOUSA et al., 2007), além de ser uma das culturas mais exigentes em água. A situação hídrica no nordeste sempre foi preocupante, devido a má distribuição das chuvas, se fazendo necessário o uso da irrigação, muitas vezes com água de baixa qualidade. No entanto o sucesso da agricultura irrigada depende da quantidade de água ofertada bem como da qualidade da mesma. No Nordeste, a maior parte das águas utilizadas na irrigação contém teores relativamente elevados de sais, sendo frequentemente encontrados valores da ordem de 0,1 a 5,0 ds m -1 (COSTA et al., 2004). Segundo AYERS & WESTCOT (1991) a alface é considerada moderadamente sensível à salinidade, sendo seu rendimento potencial alcançado quando a condutividade elétrica do extrato saturado atinge o valor limiar de 1,3 ds m -1 com redução de 13% do rendimento por aumento unitário de salinidade acima do valor limite. No Brasil, apesar da importância da alface que, já em 1986, era a sexta hortaliça em valor de produção e a oitava em termos de volume produzido (NADAL et al., 1986), são poucos os trabalhos de pesquisa envolvendo estresse salino em alface, sobretudo na região Nordeste. Diante do apresentado a pesquisa teve como objetivo verificar o efeito de diferentes concentrações de sais na água de irrigação, na produção da alface americana. MATERIAL E MÉTODO O experimento foi conduzido na unidade experimental da Universidade Federal de Alagoas Campus Arapiraca, localizada no município de Arapiraca, com as coordenadas geodésicas 9º 45 58 de latitude sul e 35º 38 58 de longitude oeste e altitude de 264 m, durante o período de janeiro a fevereiro de 2015. A região fica numa área de transição entre a Zona da Mata e o Sertão Alagoano, cujo solo é classificado como Latossolo amarelo Vermelho Distrófico (EMBRAPA, 2006). Seu clima é classificado como sendo do tipo 'As Tropical com estação seca de Verão, pelo critério de classificação de Köppen. No preparo da área foram realizadas operações de aração e gradagem, esta apresentava 15,7x3 m de comprimento e largura respectivamente. A unidade experimental foi distribuída 210
em três blocos e cada bloco composto por quatro parcelas, que apresentavam as proporções de 3,0 m de comprimento e 1 m de larguras, totalizando 12 parcelas. Os tratamentos consistiram de soluções de NaCl de diferentes condutividades elétricas além do tratamento testemunha (S1 = 0,14; S2 = 1,1; S3 = 2,1 e S4 = 3,1 ds m -1 ). Antes da semeadura foi realizada a adubação de fundação, utilizando-se Ureia como fonte de Nitrogênio, Superfosfato Triplo como fonte de fósforo e Cloreto de Potássio como fonte de potássio, a recomendação utilizada foi a do Instituto Agronômico de Pernambuco- IPA, feita com base no resultado da análise de solos. O sistema de irrigação utilizado foi o localizado por gotejamento. Na área experimental estavam duas caixas de 1000L e dois tambores de 170 L os quais continham os respectivos níveis de salinidade. Na saída de cada um encontrava-se uma tubulação responsável por conduzir a água até as parcelas. Cada recipiente possuía uma bomba com potencia de 0,5 CV, a qual succionava a água para a tubulação especifica. As mudas foram adquiridas com produtores da região 30 dias após a semeadura, sendo transplantada no dia 6 de janeiro de 2015. Cada parcela experimental possuía duas fitas de mangueiras gotejadoras, sendo que cada fita atendeu a duas linhas de plantas. O espaçamento adotado foi de 0,30m x 0,25m entre plantas e linhas respectivamente. A irrigação diária ocorria conforme os valores de evapotranspiração da cultura (ETc), obtida através da evapotranspiração de referência e do coeficiente de cultivo, antes de realizala era necessário medir a condutividade elétrica da água, onde: o nível 1era a água proveniente da CASAL (Companhia de Saneamento de Alagoas); no nível 3 a água era oriunda de um poço existente na universidade (2,1 ds m -1 ); o nível 2 era obtido da misturas dos níveis 3 e 1 o qual deveria ser ajustado até atingir 1,1 dsm -1 ; já para a obtenção do nível 4 foi adicionado cloreto de sódio até atingir 3,1 ds m -1. A adubação de cobertura foi realizada 15 dias após o transplantio. A colheita foi realizada aos 30 dias após o transplantio, estando à cultura com 60 dias após a semeadura. Após a colheita as plantas foram colocadas em sacolas de papel e conduzidas ao laboratório para posterior análise. As variáveis analisadas foram: Massa Fresca da Parte Aérea (MFPA), Massa Seca da Parte Aérea (MSPA). A Massa Seca da Parte Aérea (MSPA) foi obtida após a secagem em estufa com ventilação de ar forçado por 72 horas a 65ºC. Os dados foram submetidos à análise de variância com teste F, utilizando-se Tukey a 5% de probabilidade. 211
RESULTADOS Observa-se na Tabela 1 que o tratamento salinidade da água dee irrigação apresentou diferença significativa paraa as variáveis MFPA e MSPA, com c nível de significância de 1% pelo teste F paraa ambas. Tabela 1. Análise de variância da culturaa da alface c. Americana em função de níveis de salinidade e lâminas de irrigação Causas de QMM GL Variação MFPAA MSPA Salinidade (S) 3 10701, 7* 20, 6* Blocos 2 8003, 2 21,2 Erro 6 1787, 9 2, 6 C.V. % 31,1 17,1 *, ** e *** significativo pelo teste F respectivamente à 5% %, 1% e 0,1% % de probabilidade de erro A variável MFPA teve comportamento linear decrescente em relação aoss níveis de salinidade, bem como nota-se na MSPA um comportamento semelhante, significando dizer que para cada aumento de 1 dsm -1 na salinidade da água de irrigação haverá um decréscimo de 20,19 e 0,75 g para MFPA e MSPA, respectivamente. Percebe-se P assim, a influencia da qualidade da água para a obtenção de melhores produtividades. Gráfico 1. Resposta da cultura da alface americana a diferentes níveis de salinidade. Sabe-se que altas concentraçõess de sais diminuem o potencial p osmótico na solução do solo reduzindo a disponibilidade de água para as plantas, sendo que as culturas mais sensíveiss sofrem redução progressiva na produção e componente es de produção sempre que a concentração salina aumenta (MAAS & HOFFMAN, 1977). 212
VIANA et al. (2001) também notaram redução linear de fitomassa da parte aérea em decorrência do aumento da salinidade da água utilizada na irrigação para a cultivar de alface Elba ; no entanto, DIAS et al. (2005) trabalhando com alface, do tipo folhas crespas (Americana) denominada comercialmente Verônica, em condições de vasos com diferentes níveis de salinidade, constataram resposta quadrática para acúmulo de massa fresca, com maior valor observado na salinidade de 1,0 ds m -1, sendo a massa fresca decrescente a partir deste nível salino. Observa-se na Tabela 2, as médias observadas para a Massa Fresca da Parte Aérea, para a cultura da alface. Tabela 2: Média para a variável Massa Fresca da Parte Aérea Tratamentos Médias Resultado do Teste 3,1 88.991111 a1 1,1 131.157778 a1 a2 2,1 158.686667 a2 0,14 164.624444 a2 Médias seguidas da mesma letra nas linhas não diferem entre si estatisticamente pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade Pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, observa-se que nos níveis S4 e e S2, foram obtidas as menores médias para variável Massa Fresca da Parte Aérea, os demais níveis não apresentaram diferença pelo teste de Tukey CONCLUSÃO O desenvolvimento da alface americana é prejudicada pelo aumento na salinidade da água de irrigação, sendo o nível de 3,1 ds m -1, o mais danoso ao desenvolvimento da cultura. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DIAS, N. S.; DUARTE, S. N.; YOSHINAGA, R. T.; TELES FILHO, J. F. Produção de alface sob diferentes níveis de salinidade do solo. Irriga, v.10, p.20-29, 2005. Produção de alface em condições de salinidade a partir de mudas produzidas com e sem estresse salino. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.5, p.60-66, 2001. EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. 2.ed. Brasília: Embrapa SPI, 2006. 306p. 213
COSTA, D. M. A.; HOLANDA, J. S.; FILHO, O. A. Caracterização de solos quanto a afetação por sais na Bacia do Rio Cabugi Afonso Bezerra, RN. Revista Holos, v.20, p.112-125, 2004. AYERS, R.S.; WESTCOT, D.W. A qualidade da água na agricultura. Campina Grande: UFPB, 1991. 218p. (Tradução). NADAL, R.; GUIMARÃES, D.R.; BIASI, J. Olericultura em Santa Catarina: Aspectos técnicos e econômicos. Florianópolis: EMPASC, 1986. 187p. MAAS, E. V.; HOFFMAN, G. J. Crop salt tolerance Current assessment. Journal of Irrigation and Drainage Division, v.103, p.115-134, 1977. SOUSA, C. S.; BONETTI, A. M.; GOULART FILHO, L. R.; MACHADO, J. R. A.; LONDE, L. N.; BAFFI, M. A.; RAMOS, R. G.; VIEIRA, C. U.; KERR, W. E. Divergência genética entre genótipos de alface por meio de marcadores AFLP. Bragantia, v.66, p.11-16, 2007. VIANA, S. B. A.; RODRIGUES, L. N.; FERNANDES, P. D.; GHEYI, H. R. Produção de alface em condições de salinidade a partir de mudas produzidas com e sem estresse salino. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.5, p.60-66, 2001. 214