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Transcrição:

ACÓRDÃO Registro: 2018.0000390662 Vistos, relatados e discutidos estes autos do Agravo de Instrumento nº 2018659-96.2018.8.26.0000, da Comarca de Santos, em que é agravante EVER ELETRIC APPLIANCES INDUSTRIA E COMERCIO DE VEICULOS LTDA, é agravado BRAZIL WIND LOGISTICS AGENCIAMENTO INTERNACIONAL DE CARGAS LTDA.. ACORDAM, em 11ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GILBERTO DOS SANTOS (Presidente sem voto), RENATO RANGEL DESINANO E MARINO NETO. GIL COELHO RELATOR Assinatura Eletrônica São Paulo, 24 de maio de 2018.

2 Comarca de Santos 6ª Vara Cível Agravante: EVER ELETRIC APPLIANCES INDUSTRIA E COMERCIO DE VEICULOS LTDA Agravada: BRAZIL WIND LOGISTICS AGENCIAMENTO INTERNACIONAL DE CARGAS LTDA.. Voto nº 28.012 Ação de cobrança Procedência Devedora em recuperação judicial Sujeição do crédito ao Plano de recuperação, como quirografário, podendo ser habilitado (de forma retardatária) Recurso provido. Insurge-se a agravante contra a r.decisão de fls. 109/110 dos autos do cumprimento de sentença nº 0009504-03.2017.8.26.0562, de rejeição de embargos de declaração em relação à decisão de fls. 102/103 dos autos de origem, de rejeição de sua impugnação ao cumprimento de sentença, alegando, depois de requerer a concessão dos benefícios da gratuida, e tecer comentários sobre sua situação financeira, que ingressou com pedido de recuperação judicial, ora em processamento perante a 6ª Vara Cível do Foro da Comarca de Barueri do Estado de São Paulo, sob o nº 1013465-64.2014.8.26.0068, conforme comprovam os documentos que instruem a presente; que o plano de recuperação foi aprovado pelos credores em assembleia realizada no dia 31/05/2017 e encontra-se, na data da interposição deste agravo, para homologação por parte do juízo; que demonstrou que o crédito executado no cumprimento de sentença de onde se origina este recurso tem por origem fato que ocorreu em data anterior à distribuição do seu pedido de recuperação judicial, o que se deu em 29/09/2014; que como o processo principal é anterior à distribuição do pedido de recuperação judicial e discutia uma relação comercial havida antes desse momento, não há de se cogitar tratar-se de crédito que não se submete à recuperação judicial; que o crédito ora em debate se refere a uma ação de cobrança ajuizada em 03/08/2012, e é sujeito ao plano de recuperação judicial; que o entendimento de que o crédito não seria concursal porque seu trânsito em julgado ocorreu após a distribuição da recuperação judicial é equivocado e dissociado da jurisprudência; que a Lei nº 11.101/05, em seu artigo 49, não limita os créditos concursais apenas àqueles já vencidos e, portanto, devidos, no momento do pedido, como também àqueles existentes. Postulou pela concessão de efeito suspensivo e pelo provimento ao recurso, para que se reconheça a competência absoluta do juízo da recuperação judicial acerca dos créditos a ela sujeitos, bem como para reconhecer que compete ao

3 agravado habilitar-se na recuperação judicial, dada a natureza concursal de seu crédito. Concedido efeito suspensivo ao recurso. dada ciência à agravante. Houve resposta, com documentos, em relação aos quais foi Eis o relatório. Na r. decisão agravada, proferida em sede de cumprimento de sentença, constou o seguinte: "Vistos.Trata-se de cumprimento de sentença impugnado pela devedora sob o fundamento de que está beneficiada por recuperação judicial, concluindo que o crédito aqui perseguido deve ser habilitado no juízo universal.em resposta a credora sustenta que seu crédito foi constituído com o transito em julgado da sentença só ocorrido em 11 de novembro de 2016, posterior ao pedido de recuperação judicial formulado em 2014, argumentando que deve aqui prosseguir, até porque nem consta no rol de credores e o plano de recuperação já foi aprovado. É a síntese da controvérsia.o credor está com a razão.a data do transito em julgado da sentença é que marca a constituição do crédito e neste caso ocorreu em 2016, posterior ao pedido de recuperação judicial formulado em 2014, de modo que não está sujeito ao juízo universal.é o que se extrai do artigo 49 da Lei específica, que expressamente se refere à data do pedido da recuperação judicial:"estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos."a jurisprudência é no sentido de que o parâmetro para aferição da constituição do crédito oriundo de sentença é a data do transito em julgado:"cumprimento DE SENTENÇA Ação de cobrança- Existência de processo de recuperação que não obsta seu prosseguimento Crédito da agravada que se consolidou muito após o deferimento do pedido Art. 49 da Lei nº 11.101/05 - Recuperação judicial que se encontra encerrada em primeira instância, sendo impossível a inclusão de novos créditos, sob pena de se eternizar o processo recuperacional - Recurso improvido." (VOTO Nº: 41551 AGRV.Nº: 2163479-48.2017.8.26.0000 COMARCA: SANTOS AGTE.: QUATRO MARCOS LTDA - EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL).No corpo do Venerando Acórdão está claro o fundamento:"pois bem, conforme consulta ao sistema de automação da Justiça (SAJ), o requerimento de recuperação judicial da agravante (Processo nº 0005700-55.2008.8.26.0299) foi distribuído em 29.12.2008, tendo seu plano

4 homologado em março de 2010 (fls. 200/201). Ocorre que o título executivo judicial executado transitou em julgado apenas em 20.03.2012."Como se vê, nas hipóteses em que o crédito foi constituído por sentença transitada em julgado após a data do pedido de recuperação judicial, como é a dos autos, a execução (ou cumprimento de sentença), deve prosseguir no juízo de origem.se não bastasse, a exequente "Brazil Wind" não consta do quadro de credores na recuperação judicial (páginas 96/98), de modo que não poderá participar do concurso de credores que já aprovaram o plano de recuperação judicial.neste contexto, rejeito a impugnação ofertada por "Ever Eletric Appliances Indústria e Comércio de Veículos Ltda" na fase de cumprimento de sentença iniciada por "Brazil Wind Logistics Agenciamento Internacional de Cargas Ltda."Sem verbas de sucumbência diante do que dispõe a súmula 519, do Egrégio Superior Tribunal de Justiça.P.I." Esta decisão foi disponibilizada no diário da justiça eletrônico de 05/12/17 (fls. 105 dos autos de origem), sobrevieram embargos de declaração (fls. 106/108), com alegação de que a ação é de 2012, e, portanto, anterior ao ajuizamento do pedido de recuperação judicial. Sobreveio a r. decisão de fls. 109/110 dos autos de origem, com o seguinte teor: "Vistos.Recebo, conheço, mas não acolho os embargos de declaração opostos pela ré (págs. 106/108).Não houve omissão ou contradição na decisão de págs. 106/108, como alegado pela embargante.o posicionamento contrário ao julgado mostra nítido caráter infringente, tratando-se de mero inconformismo que deverá ser deduzido em sede adequada.isto porque o julgado embargado explicitou os motivos que levaram ao entendimento de que o trânsito em julgado da sentença é que marca a constituição do crédito e que na hipótese dos autos ocorreu em 2016, sendo colacionada jurisprudência neste sentido.além disso, enfatizou a decisão que "(...) nas hipóteses em que o crédito foi constituído por sentença transitada em julgado após a data do pedido de recuperação judicial, como é a dos autos, a execução (ou cumprimento de sentença), deve prosseguir no juízo de origem. Se não bastasse, a exequente "Brazil Wind" não consta do quadro de credores na recuperação judicial (páginas 96/98), de modo que não poderá participar do concurso de credores que já aprovaram o plano de recuperação judicial (...)" (destaquei) (pág. 103, especificamente).assim, restaram evidentes os fundamentos que levaram à rejeição da impugnação apresentada pela embargante.note-se que os defeitos (erro material, omissão, contradição ou obscuridade) que autorizam embargos declaratórios devem estar contidos no próprio ato judicial (sentença, decisão ou despacho) e não devem ser decorrentes de interpretações diversas que poderiam levar a outra solução do litígio.por estas razões,

5 rejeito os embargos de declaração. P.I." Razão assiste à agravante. Dispõe o art. 49 da Lei 11.101/2005 que estão sujeitos à recuperação judicial todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos. Em anotação ao referido dispositivo ensina FABIO ULHOA COELHO que a recuperação atinge, como regra, todos os credores existentes ao tempo da impetração do benefício. Os credores cujos créditos se constituírem depois de o devedor ter ingressado em juízo com o pedido de recuperação judicial estão absolutamente excluídos dos efeitos deste. Quer dizer, não poderão ter os seus créditos alterados ou novados pelo Plano de Recuperação Judicial. Assim, não se sujeita aos efeitos da recuperação judicial (tais como a suspensão da execução, novação ou alteração pelo Plano aprovado em Assembléia, participação na Assembléia etc.) aquele credor cuja obrigação constituiu-se após o dia da distribuição do pedido de recuperação judicial. Os credores posteriores à distribuição do pedido estão excluídos porque, se assim não fosse, o devedor não conseguiria mais acesso a nenhum crédito comercial ou bancário, inviabilizando-se o objetivo da recuperação. (Comentários à Nova Lei de Falências e de Recuperação de Empresas, 2ª edição, Saraiva, 2005, p. 131/132). No caso, foi promovida pela ora agravada em face da agravante ação de cobrança - petição inicial datada de 01/08/12 (fls. 4/14 dos autos de origem), que foi esta julgada procedente, em parte, consoante a r.sentença de 18/02/15 (fls. 15/20), a qual foi mantida em sede recursal (julgado em 15/09/16 - fls. 21/25), com trânsito em julgado em 17/10/16 (fls. 26). Como visto, o crédito da agravada já existia no momento da impetração da recuperação judicial da ora agravante. Embora tenha o trânsito em julgado da ação se dado em 17/10/16, existente já era o crédito da agravada, inclusive para ter lhe proporcionado interesse para o ajuizamento da aludida demanda (em 2012), cuja sentença foi proferida 18/02/15. Logo, deverá o aludido crédito ser habilitado na recuperação judicial. A petição inicial da ação está datada de 1º.8.2012. A distribuição do pedido de recuperação consta como sendo de 30.9.2014 (fls. 115). O art. 6º da Lei 11.101/2005 preceitua que o deferimento do processamento da recuperação judicial suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções

6 em face do devedor, acrescentando o seu 1º que a ação que demandar quantia ilíquida terá prosseguimento no juízo no qual estiver se processando, podendo o juiz determinar, consoante o 3º, a reserva de importância que estimar devida na recuperação judicial e, uma vez reconhecido líquido o direito, será o crédito incluído na classe própria. Assim, como havia ação buscando recebimento de quantia ainda ilíquida, a faculdade era do juiz para a reserva de valor na recuperação judicial. Mas, uma vez reconhecido líquido o direito, o crédito deveria ser incluído na classe própria. No caso, a r. sentença, que condenou a ora agravante, está datada de 18.2.2015. De mister, então, considerar que, na data do pedido de recuperação judicial, havia ação em tramitação, relativa a crédito que a autora entendia possuir e que acabou sendo reconhecido judicialmente. Para os fins do art. 49 da mesma lei, o referido crédito existia, mas ainda não se considerava vencido, ou seja, ainda não havia o título judicial, daí a sua sujeição à recuperação judicial. Em suma, merece reforma a r.decisão. Ante o exposto, meu voto é pelo provimento ao agravo. Gil Coelho Relator