Nº 09/2018 15 de outubro de 2018 NEWSLETTER SOCIETÁRIO MERCADO DE CAPITAIS 1. PRESTAÇÃO DE CONTAS INADMISSÍVEL A EXIGÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE CONTAS POR PARTE DE UM ADMINISTRADOR EM FACE DE ADMINISTRADOR DA MESMA SOCIEDADE A 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo julgou improcedente a apelação de administradora de uma sociedade limitada que ajuizou ação de prestação de contas em face de administrador da mesma sociedade, tendo o Tribunal entendido pela falta de interesse de agir da autora, uma vez que também possui dever recíproco de administração. 2. DISSOLUÇÃO PARCIAL A MERA CONCLUSÃO DE INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA POR SPE NÃO CONSISTE EM FUNDAMENTO PARA REQUERIMENTO DE SUA DISSOLUÇÃO PARCIAL PELOS SÓCIOS A 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo julgou improcedente a apelação de acionista que visava dissolver parcialmente uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) constituída para incorporar empreendimento imobiliário já concluído, sob o fundamento de que o fim social da sociedade ainda não havia sido atingido tendo em vista a existência de passivos não pagos decorrentes da construção do empreendimento. 3. FI-INFRA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA ALTERAÇÃO NA INSTRUÇÃO CVM 555 QUE POSSIBILITARÁ O INVESTIMENTO EM FI-INFRA POR INVESTIDORES NÃO QUALIFICADOS A Comissão de Valores Mobiliários submeterá à audiência pública minuta de instrução que altera a Instrução CVM 555. Um dos principais efeitos será a autorização para que investidores não qualificados invistam em Fundos Incentivados de Investimento em Infraestrutura.
Nº 09/2018 15 de outubro de 2018 NEWSLETTER SOCIETÁRIO MERCADO DE CAPITAIS 4. CRIPTOATIVOS CVM PUBLICA ORIENTAÇÕES SOBRE INVESTIMENTO INDIRETO EM CRIPTOATIVOS A Comissão de Valores Mobiliários publicou o Ofício Circular SIN nº 11/2018 para orientar administradores e gestores de fundos regulados pela Instrução CVM 555 sobre o investimento indireto em criptoativos.
1 PRESTAÇÃO DE CONTAS INADMISSÍVEL A EXIGÊNCIA DE PRESTAÇÃO DE CONTAS POR PARTE DE UM ADMINISTRADOR EM FACE DE ADMINISTRADOR DA MESMA SOCIEDADE Em 26 de setembro de 2018, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo ( Tribunal ) julgou improcedente o recurso de apelação interposto por sócia-administradora em face do outro sócio-administrador de uma sociedade limitada da qual ambos eram titulares da totalidade das quotas representativas do capital social. Em suma, as alegações da recorrente consistiram no fato de que apesar de ela constar formalmente como administradora no contrato social, nunca possuiu efetivos poderes de gestão. Ademais, afirmou que o réu estaria se recusando a apresentar documentos da sociedade e que, apesar da recorrente ter assinado diversos documentos na qualidade de administradora, não os teria efetivamente lido, tendo sido constantemente coagida a assiná-los. O Tribunal entendeu que, diante da existência de previsão no contrato social de que ambos os sócios são responsáveis pela administração da sociedade, a administração conjunta somente poderá ser descaracterizada por efetivas provas em sentido contrário, sendo que meras alegações por parte de um dos sócios são insuficientes para tal fim. Nesse sentido, o Tribunal entendeu que a autora não teria interesse de agir, citando inúmeros precedentes de que a ação de prestação de contas não é cabível por um sócio-administrador em face de outro sócio-administrador, haja vista a existência de um dever e responsabilidade comuns pela administração e prática dos atos sociais. Na análise, o Tribunal ressaltou que o fato de a recorrente ter assinado diversos cheques e ter acostado documentos financeiros da sociedade, demonstraria, a princípio, a inveracidade das alegações de que não teria acesso aos documentos da sociedade. Por fim, o Tribunal indica que eventual discussão acerca do desvio de valores da sociedade por parte do sócio-administrador deve ser feita em ação própria, não sendo uma ação de prestação de contas o meio adequado para tanto. Clique aqui para ler o inteiro teor do Acórdão. 03
DISSOLUÇÃO PARCIAL A MERA CONCLUSÃO DE INCORPORAÇÃO IMOBILIÁRIA POR SPE NÃO CONSISTE EM FUNDAMENTO PARA REQUERIMENTO DE SUA DISSOLUÇÃO PARCIAL PELOS SÓCIOS 2 Em 24 de setembro de 2018, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo ( Tribunal ) negou provimento ao recurso de apelação interposto por acionista de uma sociedade anônima de propósito específico que buscava obter a liquidação da participação societária detida por ele na referida sociedade. Os principais argumentos do recorrente para fundamentar o seu pedido de liquidação resumiram-se aos seguintes fatos: (i) se trataria de sociedade de propósito específico criada para viabilizar a execução de empreendimento imobiliário que já havia sido concluído; (ii) a sociedade deixou de distribuir lucros em função da conclusão do empreendimento imobiliário; e (iii) haveria ocorrido a quebra de affectio societatis entre os acionistas. O Tribunal consignou ser atualmente aceita a dissolução parcial de sociedades anônimas, sejam elas as que possuem maior caráter de pessoalidade entre os sócios ou aquelas nas quais os sócios se associam preponderantemente por interesses financeiros. Em relação às companhias formadas por acionistas com interesses majoritariamente financeiros, o Tribunal determinou que o exaurimento ou a impossibilidade de atingimento do fim social da companhia seria essencial para a procedência do pedido de dissolução. O Tribunal entendeu que, apesar de o objeto específico da sociedade incorporação de empreendimento imobiliário já ter sido concluído, isso por si só não significaria o atingimento do fim da sociedade e, portanto, os argumentos do recorrente não seriam procedentes. No caso em análise, verificou-se que apesar de concluído o empreendimento, existiam diversos e significantes passivos decorrentes da construção, de modo que o fim da obra não significaria o alcance ou esgotamento do propósito da sociedade o qual só seria atingido com o pagamento dos débitos decorrentes da construção. Os desembargadores entenderam, ainda, que não se pode presumir que a sociedade não atinge seu fim por deixar de distribuir lucros, inclusive quando a falta de tais lucros decorre do pagamento dos passivos da atividade, devendo a inexistência de lucros ser duradoura e insuperável para que enseje a dissolução da sociedade. Clique aqui para ler o inteiro teor do Acórdão. 04
3 FI-INFRA AUDIÊNCIA PÚBLICA PARA ALTERAÇÃO NA INSTRUÇÃO CVM 555 QUE POSSIBILITARÁ O INVESTIMENTO EM FI-INFRA POR INVESTIDORES NÃO QUALIFICADOS A Comissão de Valores Mobiliários ( CVM ) submeteu à audiência pública minuta de instrução que propõe alterar a Instrução CVM 555 ( ICVM 555 ), que versa sobre fundos de investimento, com o objetivo específico de inclusão de dispositivos relativos aos Fundos Incentivados de Investimento em Infraestrutura ( FI-Infra ). Os FI-Infra serão regidos pela ICVM 555, com ajustes propostos pela CVM para refletir alguns dos requisitos da Lei 12.431/2011, que isentou pessoas físicas e investidores estrangeiros do Imposto de Renda sobre o rendimento de valores mobiliários específicos vinculados ao investimento de longo prazo em infraestrutura, observados requisitos e limitações previstos na referida norma. A lei também estendeu o benefício a cotistas de fundos de investimento cujas carteiras fossem voltadas a aplicações em tais ativos. Nesse sentido, um dos mais significativos efeitos das mudanças propostas pela minuta da instrução é a possibilidade de que investidores não considerados qualificados, nos termos da Instrução CVM 539, possam realizar aplicações nos FI-Infra. Para tanto, a carteira de aplicações de FI-Infra distribuída para esses investidores deverá atender aos seguintes requisitos: (i) ser constituída por valores mobiliários representativos de projetos considerados como performados no momento da aquisição pelo fundo; (ii) possuir exposição máxima de 20% (vinte por cento) do patrimônio líquido por emissor; e (iii) possuir Certificados de Recebíveis Imobiliários CRI, ou cotas de Fundo de Investimento em Direitos Creditórios FIDC, exclusivamente de classe sênior. O prazo de manifestação do público geral acerca da minuta de instrução terminará em 26 de novembro de 2018. As manifestações deverão ser feitas preferencialmente por meio do e-mail audpublicasdm0418@cvm.gov.br. Clique aqui para ter acesso ao Edital de Audiência Pública SDM 04/2018. 05
4 CRIPTOATIVOS CVM PUBLICA ORIENTAÇÕES SOBRE INVESTIMENTO INDIRETO EM CRIPTOATIVOS POR FUNDOS DE INVESTIMENTO Em 19 de setembro de 2018, a Superintendência de Relações com Investidores Institucionais (SIN) da CVM publicou o Ofício Circular SIN nº 11/2018 ( Ofício ), com o objetivo de orientar administradores e gestores de fundos regulados pela Instrução CVM 555 sobre o investimento indireto em criptoativos. O Ofício visa alertar os administradores e gestores de fundos de investimento sobre os riscos envolvidos na negociação de criptoativos, principalmente quanto a sua utilização para o financiamento de operações ilegais, tais como lavagem de dinheiro, manipulação de preços e fraude. Tendo em vista a possibilidade de investimento indireto em criptoativos por meio da aquisição de cotas de fundos e derivativos no exterior, o Ofício recomenda que a realização de tal investimento seja feita por meio de plataformas de negociação que estejam submetidas à supervisão de órgãos reguladores que tenham poderes para coibir práticas ilegais. Para mitigar os riscos envolvidos na negociação de criptoativos, cabe aos administradores e gestores adotarem práticas de boa governança corporativa, tais como (i) a adoção de diligências para evitar a compra de um criptoativo fraudulento; (ii) a contratação de auditor independente capacitado e estruturado; (iii) a busca por soluções robustas de custódia dos criptoativos; (iv) o conhecimento das regras de governança previstas para o critptoativo adquirido; e (v) a certificação de que o criptoativo investido conte com liquidez compatível com as necessidades de precificação periódica do fundo. Acesse a íntegra do Ofício Circular SIN nº 11/2018. 06
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