Crescimento e Produção de Matéria Seca de Mudas de Dendezeiro em Função do Tempo de Pré-Viveiro e da Percentagem de Ocupação da Bandeja pelos Tubetes

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Transcrição:

Crescimento e Produção de Matéria Seca de Mudas de Dendezeiro em Função do Tempo de Pré-Viveiro e da Percentagem de Ocupação da Bandeja pelos Tubetes Marcio Pereira Fabiano Paulo César Teixeira Raimundo Nonato Carvalho Rocha Raimundo Nonato Vieira Cunha Ricardo Lopes Resumo Este trabalho teve como objetivos verificar a influência do tempo de permanência das mudas no pré-viveiro e da percentagem de ocupação da bandeja pelos tubetes no crescimento e na partição de matéria seca de mudas de dendezeiro. O experimento foi cotituído de 16 tratamentos, compreendendo quatro tempos de pré-viveiro (, 4, 5 e 6 meses) e quatro percentage de ocupação da bandeja pelos tubetes plásticos (100%, 66%, 50% e 25%) mais um tratamento adicional composto de sacola plástica contendo solo que permaneceu no préviveiro por três meses. Sementes pré-germinadas de dendezeiro foram colocadas em tubetes 120 cm contendo o substrato comercial Germina Plant e 4 kg/m de Osmocote e nas sacolas plásticas contendo solo, em área sob sombrite (pré-viveiro). Em cada tempo de amostragem, foram medidos a altura e o diâmetro do coleto de seis mudas e determinada a matéria seca. Na colheita, as plantas foram separadas em parte aérea e raízes e determinada a matéria seca. Os dados da fase de viveiro e pré-viveiro foram submetidos à análise de variância, análises de regressão e testes de Tukey. De maneira geral, as plantas produzidas em tubetes plásticos apresentaram maior crescimento em altura e diâmetro e maior produção de matéria seca que mudas produzidas em sacolas plásticas (método tradicional), aos três meses de pré-viveiro. O fator percentagem de ocupação de bandeja

Anais da III Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental 79 não afetou a produção de matéria seca das mudas de dendezeiro até os seis meses de pré-viveiro, e o crescimento em altura e diâmetro, bem como a produção de matéria seca, apresentaram crescimento seguindo um modelo quadrático em função do tempo de pré-viveiro. Termos para indexação:elaeis guineeis Jacq, dendê, produção de mudas, pré-viveiro, tubetes. Growth and production of dry matter of oil palm seedlings in respoe to the time of pre-nursery and to the percentage of occupation of the tray by the plastic containers Abstract This work had as objectives to verify the influence of the time of permanence of the seedlings in the pre-nursery and of the percentage of occupation of the tray by the containers in the growth and in dry matter partition of oil palm seedlings. The experiment was cotituted of 16 treatments, understanding four times of pre-nursery (, 4, 5 and 6 months) and four percentages of occupation of the tray by for the plastic containers (100%, 66%, 50% and 25%) and one additional treatment composed of plastic bag containing soil that stayed in the pre-nursery for three months. Pre-germinated seeds of oil palm were put in containers of 120 cm containing the commercial substratum Germina Plant and 4 kg/m of Osmocote and in the plastic bags containing soil, in area under black screen (pre-nursery). In every time of sampling, the height and the diameter were measured. In the crop, six plants of each treatment were separated in aerial part and roots to obtain the dry matter. The data were submitted to the variance analysis, regression analyses and tests of Tukey. In a general way, plants produced in plastic containers presented larger growth in height and diameter and larger production of dry matter that the plants produced in plastic bags (traditional method), to the three months of pre-nursery. The factor percentage of tray occupation did not affect the production of dry matter of the oil palm seedlings to the six months of pre-nursery and the growth in height and diameter, as well as the production of dry matter, presented growth following a quadratic model in respoe to the time of pre-nursery. Index terms: Elaeis guineeis Jacq, oil palm, seedlings, pre-nursery, plastic containers.

80 Anais da III Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental Introdução No contexto atual, em que predomina a integração de mercados e o fenômeno da globalização das economias, o crescimento da dendeicultura assume importância crucial para o desenvolvimento sócioeconômico do Brasil e, particularmente, da Amazônia, uma vez que poderá gerar empregos e renda no setor rural, contribuindo, assim, para a fixação do homem ao campo. Enquanto a cultura da soja gera um emprego para cada 120 hectares de área plantada, o dendê pode empregar uma família a cada 5 hectares. Por outro lado, com a obrigatoriedade da agroindustrialização da produção in loco, torna-se possível estruturar a cadeia produtiva do dendê na própria região, gerando efeitos distributivos dentro da economia regional, atuando como um vetor de desenvolvimento sustentável da Amazônia (SANTOS et al., 1998). A fase de produção de mudas de dendezeiro tem como objetivo a obtenção de plantas de alta qualidade agronômica e em condições para serem levadas ao campo na época apropriada, coiderando o regime de chuvas da região. No empreendimento, a qualidade da muda se refletirá diretamente na precocidade e na maior produção na fase jovem, assim como no maior potencial de produção na fase adulta (BARCELOS et al., 2001). A forma tradicional de produção de mudas de dendezeiro durante a fase de pré-viveiro é a utilização de sacolas plásticas (CORLEY; TINKER, 200) de 15 x 15 cm contendo amostras de solo, mas este processo requer grandes áreas de pré-viveiro, demanda mão-de-obra para o manejo das mudas e possibilidade de rompimento das sacolas. Atualmente, tem sido cogitada a utilização de tubetes plásticos durante esta fase. Algumas vantage técnicas do sistema de tubetes para a formação de mudas de essências florestais são citadas por Simões (1987), entre as quais, destacam-se: formação do sistema radicular sem enovelamento, crescimento inicial das mudas mais rápido (logo após o plantio) e facilidades operacionais, como o traporte e peso, comparado ao sistema convencional de produção de mudas em sacos plásticos. No caso do dendê, além destas vantage, associa-se ainda a facilidade do plantio das mudas em sacolas maiores na fase de viveiro. Segundo Chee et al. (1997), o crescimento de mudas produzidas em tubetes na fase de pré-viveiro, depois do plantio no campo, é tão bom

Anais da III Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental 81 quanto o de mudas crescidas em sacolas plásticas. A utilização desta metodologia, entretanto, ainda carece de estudos, pois são poucos os trabalhos relacionados, principalmente para a cultura do dendê. Normalmente, a fase de pré-viveiro tem sido conduzida por período de aproximadamente três meses; contudo, quanto maior o tempo de préviveiro, menor serão os custos de formação das mudas. O período de pré-viveiro não pode ser grande de forma que prejudique a formação da muda final, e a determinação do tempo ideal de condução da muda nesta fase é fundamental para se obter sucesso na formação da muda apta para ser levada ao campo. Entretanto, há a necessidade de se conhecer o espaçamento ideal entre os tubetes na bandeja para se ter o melhor crescimento das mudas em função do tempo de pré-viveiro. Este eaio teve como objetivos verificar a influência do tempo de permanência das mudas no pré-viveiro e da percentagem de ocupação da bandeja pelos tubetes no crescimento e na partição de matéria seca de mudas de dendezeiro. Material e Métodos O experimento foi realizado em área pertencente à Embrapa Amazônia Ocidental, Km 29 da Rodovia AM 010, em Manaus, durante a fase de pré-viveiro. O experimento foi cotituído de 16 tratamentos, compreendendo quatro percentage de ocupação da bandeja pelos tubetes (100%, 66%, 50% e 25%) (Fig. 1) e quatro períodos de pré-viveiro (, 4, 5 e 6 meses), além de um tratamento adicional em sacolas plásticas com terriço coletado da camada de 0-10 cm de uma floresta próxima (método tradicional - Testemunha). Sementes pré-germinadas de dendezeiro (híbrido comercial Tenera) foram colocadas em tubetes plásticos contendo o substrato comercial e condicionador de solo farelado Germina Plant (para horta, com 102% de capacidade de retenção de água) e 4 kg/m do fertilizante de liberação lenta Osmocote (formulação 15-9-12, com período de liberação total dos nutrientes de aproximadamente seis meses) e em sacolas plásticas contendo amostras de solo sem adubo. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, com quatro repetições, em esquema fatorial (4 x 4) x 4, e uma planta por unidade experimental (U.E.). Cada repetição foi cotituída da média de 6 U.E.

82 Anais da III Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental 100% 66% 50% 25% Fig. 1. Distribuição dos tubetes nas bandejas em função das diferentes percentage de ocupação.

Anais da III Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental 8 As mudas dos tubetes permaneceram na fase de pré-viveiro sob sombrite por, 4, 5 e 6 meses enquanto as mudas em sacolas plásticas permaneceram por somente três meses. Até os três meses, nenhuma adubação adicional foi feita. Sempre que necessária, foi feita a limpeza manual das plantas invasoras nos tubetes e nas sacolas plásticas. Em cada tempo de pré-viveiro avaliado (, 4, 5 e 6 meses), foi feita a medição da altura e do diâmetro do coleto de seis mudas com o auxílio de uma régua milimetrada e de um paquímetro digital, respectivamente, e, a seguir, estas mudas foram cortadas. O material vegetal colhido foi separado em parte aérea e raízes. Os tubetes foram desmontados e as raízes retiradas do substrato mediante lavagem com água corrente, sobre peneira de 0,5 mm de malha. As amostras obtidas foram acondicionadas em sacos de papel e o colocadas em estufa de circulação forçada a 70 C por 72 h. O processamento das amostras seguiu metodologias descritas por Malavolta et al. (1997). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, análises de regressão e testes de Tukey. Resultados e Discussão Os dados relativos ao crescimento em altura, diâmetro e relação altura:diâmetro durante a fase de pré-viveiro encontram-se na Tabela 1. Os resultados da análise de variância mostraram que somente houve influência do fator percentagem de ocupação da bandeja (OB) pelos tubetes para as variáveis altura e relação altura:diâmetro e, com exceção da relação altura:diâmetro, o fator tempo de pré-viveiro (T) foi significativo e a interação OB x T foi não significativa para todas as variáveis analisadas (Tabela 2). Verificou-se que a altura média das plantas produzidas em tubetes foi bastante superior à das mudas produzidas em sacolas plásticas utilizando terriço, aos três meses de idade (Tabela 1). De acordo com Reddle et al. (1999), a colocação de fertilizantes de liberação lenta próximos às raízes em mudas contribui para a alta efetividade da estratégia de fertilização no aumento do crescimento das plantas. Em média, quanto maior o adeamento das mudas na bandeja, maior a altura das plantas, o que se deveu à maior competição por luz entre as

84 Anais da III Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental plantas. Para a variável altura, o crescimento foi diferenciado nas diferentes percentage de ocupação dos tubetes em função do tempo (Tabelas 1 e ). Tabela 1. Altura, diâmetro e relação altura/diâmetro de mudas de dendezeiro produzidas em tubetes com diferentes percentage de ocupação da bandeja (OB) e em sacolas plásticas (Testemunha) em diferentes tempos de pré-viveiro. OB % 100 66 50 25 Tempo de pré-viveiro (meses) 4 5 6 25,45a 2,90a 2,89a 2,48a 28,29a 27,5a 25,99a 24,79a Altura (cm) 4,71a,40a 2,45a 1,22a 42,25a 9,0a 9,46a 6,19a Média 2,67 a 1,0 ab 0,45 ab 28,92 b Média 24,18 26,65 2,95 9,0 0,77 Testemunha 18,7 Diâmetro (mm) 100 66 50 25 7,57a 7,51a 7,5a 7,11a 8,51a 8,49a 8,79a 8,58a 10,52a 10,42a 10,58a 10,97a 11,8a 12,09a 11,a 12,78a 9,60a 9,6a 9,51a 9,86a Média 7,8 8,59 10,62 12,01 9,65 Testemunha 6,4 Relação Altura/diâmetro (cm/mm) 100 66 50 25,7a,18a,26a,2a,4a,25a 2,96a 2,89a 2,78a,2a,08a 2,85a,57a,26a,5a 2,86a,9a,2ab,21ab 2,98 b Média,28,11 2,98,0,17 Testemunha 2,91 Para cada variável, médias seguidas de mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste Tukey.

Anais da III Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental 85 Tabela 2. Resumo da análise de variância (teste F) para altura, diâmetro do coleto, relação altura/diâmetro, matéria seca da parte aérea (MSPA), das raízes (MSR) e total (MST) de mudas de dendezeiro produzidas em tubetes durante a fase de pré-viveiro. FV GL Altura Diâmetro Altura/ MSPA MSR MST diâmetro Bloco Ocupação da bandeja (OB) Tempo de pré-viveiro (T) OB x T Resíduo 9 45 0,68 4,61** 88,02** 0,0 1,9 0,57 11,09** 0,88 0,50 4,0** 1,67 1,05 0,69 1,51 191,00** 1,28 1,5 0,29 78,89** 0,98 1,12 0,86 211,75** 0,96 CV (%) 9,9 8,05 10,24 14,25 25,76 1,9 ** significativo a 1% de probabilidade ; : não significativo a 5% de probabilidade. Tabela. Equações de regressão relacionando altura, em cm, e diâmetro, em mm, de mudas de dendezeiro em diferentes percentage de ocupação da bandeja com tubetes (OB) em função do tempo de préviveiro (T), em meses. OB (%) 100 66 50 25 Geral Equação Altura Y = -0,2877 T2 + 8,5500 T + 0,1 Y = -0,465 T2 + 8,4977 T + 0,19 Y = -0,2559 T2 + 7,9016 T + 0,1 Y = -0,906 T2 + 8,2166 T + 0,27 Diâmetro Y = -0,1217 T2 + 2,7164 T + 0,0 2 R 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 O diâmetro do coleto das mudas não foi afetado pela ocupação da bandeja, mas somente pelo tempo de pré-viveiro (Tabelas 1, 2 e ). De maneira geral, como observado para a altura, o diâmetro médio das mudas produzidas nos tubetes foi também bastante superior que o das mudas produzidas em sacolas, aos três meses de idade. A relação altura/diâmetro das mudas não foi influenciada pelo tempo de préviveiro e sim pela ocupação da bandeja, mas a diferenciação observada para a altura foi o que afetou a relação, apesar de não ter havido diferença para o diâmetro em função da ocupação da bandeja.

86 Anais da III Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental A matéria seca da parte aérea, das raízes e total não foi afetada pela ocupação da bandeja, mas pelo tempo de pré-viveiro (Tabela 2 e Fig. 2). Para todas as variáveis, a matéria seca produzida pelas mudas nos tubetes foi superior à da testemunha em sacolas plásticas, aos três meses de idade. Segundo Corley & Tinker (200), se uma camada superficial de um solo florestal for usada como substrato para a formação de mudas em sacolas durante o pré-viveiro, a aplicação de fertilizantes pode não ser necessária. Entretanto, as reservas nutricionais do endosperma das sementes não foram suficientes para o adequado crescimento das mudas nas sacolas, e a técnica de utilização dos tubetes, com a adição de Osmocote ao substrato, mostrou-se bastante viável para a produção de mudas de dendezeiro comparativamente ao método tradicional. Além disso, como não houve diferença na produção de matéria seca entre as diferentes percentage de ocupação da bandeja, o uso de bandejas cheias (100% de ocupação pelos tubetes) é a forma mais econômica de se produzir mudas, pois otimiza o espaço no pré-viveiro, reduzindo a necessidade de ampliação. Conclusões De maneira geral, plantas produzidas em tubetes plásticos apresentam maior crescimento em altura e diâmetro e maior produção de matéria seca que mudas produzidas em sacolas plásticas (método tradicional), aos três meses de pré-viveiro; O fator percentagem de ocupação de bandeja não afetou a produção de matéria seca das mudas de dendezeiro até os seis meses de préviveiro; O crescimento em altura e diâmetro e a produção de matéria seca apresentaram crescimento seguindo um modelo quadrático em função do tempo de pré-viveiro. Agradecimentos Os autores agradecem à Fapeam (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Amazonas) e à Embrapa Traferência de Tecnologia/ Escritório de Negócios da Amazônia, pelo apoio financeiro.

Anais da III Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental 87 5,0 Y = 0,1072x 2 + 0,1127x + 0,02 R 2 = 0,99 MSPA (g/planta) 4,0,0 2,0 1,0 0,0 0 1 2 4 5 6 2,5 Y = 0,0464x 2 Tempo + 0,056x de pré-viveiro - 0,02 R 2 (meses) = 0,89 2,0 MSR (g/planta) 1,5 1,0 0,5 MST (g/planta) 0,0 8,0 7,0 6,0 5,0 4,0,0 2,0 1,0 0,0 0 1 2 4 5 6 Tempo de pré-viveiro (meses) Y = 0,156x 2 + 0,169x - 0,00 R 2 = 0,98 0 1 2 4 5 6 Tempo de pré-viveiro (meses) 100% 66% 50% 25% Test Fig. 2. Matéria seca da parte aérea (MSPA), das raízes (MSR) e total (MST) de mudas de dendezeiro produzidas em tubetes com diferentes percentage de ocupação da bandeja (100%, 66%, 50% e 25%) e em sacolas plásticas (Test) em função do tempo de pré-viveiro.

88 Anais da III Jornada de Iniciação Científica da Embrapa Amazônia Ocidental Referências BARCELOS, E. et al. Produção de mudas de dendezeiro na Amazônia. Manaus: Embrapa Amazônia Ocidental, 2001. 11 p. (Embrapa Amazônia Ocidental. Circular Técnica, 8). CHEE, K. H.; CHIU, S. B.; CHAN, S. M. Pre-nursery seedlings grown on pot trays. The Planter, v. 7, n. 855, p. 295-299, 1997. CORLEY, R. H. V.; TINKER, P. B. The oil palm. Berlin: Blackwell, 200. 562 p. MALAVOLTA, E.; VITTI, G. C.; OLIVEIRA, S. A. Avaliação do estado nutricional das plantas: princípios e aplicações. Piracicaba: Potafos, 1997. 04 p. REDDLE, P. et al. Incorporation of slow-release fertilisers into nursery media. New Forests, v. 18, n., p. 277-287, 1999. SANTOS, M. A. S. et al. O comportamento do mercado de óleo de palma no Brasil e na Amazônia. Belém, PA: Banco da Amazônia S.A., 1998. 27 p. (Estudos Setoriais, 11). SIMÕES, J. W. Problemática da produção de mudas em essências florestais. Série Técnica IPEF, v. 4, n. 1, p. 1-29, 1987.