Economia Solidária. a produção dos sujeitos (des)necessários



Documentos relacionados
CÍRCULO DE CULTURA: CONTRIBUIÇÕES PARA CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA E DA CRIATIVIDADE

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL KAREN EIDELWEIN

ECONOMIA SOLIDÁRIA: CONCEITOS E CONTRASTES COM A ECONOMIA CAPITALISTA

TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. Profa. Maria Eunice Damasceno Pereira

A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO PARA OS CURSOS PRÉ-VESTIBULARES

EDUCAÇÃO AO LONGO DA VIDA E SUA RELAÇÃO COM A ECONOMIA SOLIDÁRIA PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO FORMADOR: TRÊS ASPECTOS PARA CONSIDERAR

Empreendedorismo. Tópico 1 O (a) Empreendedor (a)

INCUBADORAS SOCIAIS UNIVERSITÁRIAS: A PROMOÇÃO DA ECONOMIA SOLIDÁRIA COM O FORTALECIMENTO DA EDUCAÇÃO POPULAR 1

1. O papel da Educação no SUS

Prefeitura Municipal de Santos

Apresentação. Cultura, Poder e Decisão na Empresa Familiar no Brasil

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE ESTUDOS PÓS-GRADUADOS EM EDUCAÇÃO: HISTÓRIA, POLÍTICA, SOCIEDADE

Edital de Seleção. Chamada Pública Nº 025/2011 (Seleção simplificada para contratação por prazo determinado)

PSICOLOGIA E EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS: COMPROMISSOS E DESAFIOS

PROFESSOR PEDAGOGO. ( ) Pedagogia Histórico-Crítica. ( ) Pedagogia Tecnicista. ( ) Pedagogia Tradicional. ( ) Pedagogia Nova.

EDUCAÇÃO INFANTIL E LEGISLAÇÃO: UM CONVITE AO DIÁLOGO

Composição dos PCN 1ª a 4ª

O SUAS e rede privada na oferta de serviços, programas, projetos e benefícios socioassistenciais

Necessidade e construção de uma Base Nacional Comum

Câmara Municipal de São Paulo Gabinete Vereador Floriano Pesaro

Módulo 14 Treinamento e Desenvolvimento de Pessoas Treinamento é investimento

Profª. Maria Ivone Grilo

O SERVIÇO SOCIAL E CONSELHO MUNICIPAL DE ECONOMIA SOLIDÁRIA CMESO: ASSESSORIA DE GRUPO INCUBADO PELA INCUBADORA DE EMPREENDIMENTOS SOLIDÁRIOS- IESol

CURSO: EDUCAR PARA TRANSFORMAR. Fundação Carmelitana Mário Palmério Faculdade de Ciências Humanas e Sociais

POLÍTICAS PÚBLICAS DE ECONOMIA SOLIDÁRIA

Iniciando nossa conversa

PLANO ESTADUAL DE CULTURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PLANO SETORIAL DO LIVRO E LEITURA

Incentivar a comunidade escolar a construir o Projeto político Pedagógico das escolas em todos os níveis e modalidades de ensino, adequando o

Manual de Estágio Supervisionado

Construção, desconstrução e reconstrução do ídolo: discurso, imaginário e mídia

IBASE INSTITUTO BRASILEIRO DE ANÁLISES SOCIAIS E ECONÔMICAS

PROGRAMA: GRAVIDEZ SAUDÁVEL, PARTO HUMANIZADO

Gráfico 1 Jovens matriculados no ProJovem Urbano - Edição Fatia 3;

Tecnologia sociais entrevista com Larissa Barros (RTS)

IMPLANTANDO O ENSINO FUNDAMENTAL DE NOVE ANOS NA REDE ESTADUAL DE ENSINO

Unidade I ESCOLA, CURRÍCULO E CULTURA. Profa. Viviane Araujo

DITADURA, EDUCAÇÃO E DISCIPLINA: REFLEXÕES SOBRE O LIVRO DIDÁTICO DE EDUCAÇÃO MORAL E CÍVICA

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA À DISTÂNCIA SILVA, Diva Souza UNIVALE GT-19: Educação Matemática

AS CONTRIBUIÇÕES DO SUJEITO PESQUISADOR NAS AULAS DE LEITURA: CONSTRUÇÃO DE SENTIDOS ATRAVÉS DAS IMAGENS

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E EDUCAÇÃO ESPECIAL: uma experiência de inclusão

PROGRAMA TÉMATICO: 6214 TRABALHO, EMPREGO E RENDA

ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E ECONOMIA SOLIDÁRIA NO ASSENTAMENTO FAZENDA MATA EM AMPARO-PB.

PALAVRAS-CHAVE - economia solidária. extensão universitária. educação popular.

Projeto Jornal Educativo Municipal

TRABALHANDO A EDUCAÇÃO NUTRICIONAL NO CONTEXTO DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA: REFLEXÕES A PARTIR DE UMA EXPERIÊNCIA NA SAÚDE DA FAMÍLIA EM JOÃO PESSOA-PB

ELABORAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA: TEMA, PROBLEMATIZAÇÃO, OBJETIVOS, JUSTIFICATIVA E REFERENCIAL TEÓRICO

ASSOCIAÇAO DE ENSINO E CULTURA URUBUPUNGÁ - AECU FACULDADES INTEGRADAS URUBUPUNGÁ FIU CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO EDUCACIONAL

ED WILSON ARAÚJO, THAÍSA BUENO, MARCO ANTÔNIO GEHLEN e LUCAS SANTIGO ARRAES REINO

Programa Pernambuco: Trabalho e Empreendedorismo da Mulher. Termo de Referência. Assessoria à Supervisão Geral Assessor Técnico

POLÍTICA DE PESQUISA, PÓS-GRADUAÇÃO E INOVAÇÃO DO INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO

A DANÇA E O DEFICIENTE INTELECTUAL (D.I): UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA À INCLUSÃO

CASTILHO, Grazielle (Acadêmica); Curso de graduação da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Goiás (FEF/UFG).

PARA ONDE VAMOS? Uma reflexão sobre o destino das Ongs na Região Sul do Brasil

O professor que ensina matemática no 5º ano do Ensino Fundamental e a organização do ensino

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA PIBID ESPANHOL

Faculdade Sagrada Família

difusão de idéias A formação do professor como ponto

compreensão ampla do texto, o que se faz necessário para o desenvolvimento das habilidades para as quais essa prática apresentou poder explicativo.

ANÁLISE DE UMA POLÍTICA PÚBLICA VOLTADA PARA A EDUCAÇÃO: PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO

ECONOMIA SOLIDÁRIA, RENDA DIGNA E EMANCIPAÇÃO SOCIAL 1

Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome

MINUTA REGULAMENTAÇÃO DA ATIVIDADE DO SERVIDOR EM CARGOS TÉCNICO- ADMINISTRATIVOS EM EDUCAÇÃO DO IFFLUMINENSE APRESENTAÇÃO

O Planejamento Participativo

Ética Profissional e os Desafios de Concretizar Direitos no Sistema Penal. Marco Antonio da Rocha

ELEMENTOS DA PRÁTICA PEDAGÓGICA. A Organização do Trabalho Pedagógico da Escola

PROCESSO DE ATUALIZAÇÃO. apresentação em 21/03/13

O SERVIÇO SOCIAL NO CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL- CRAS JARDIM PARAÍSO

ESPAÇO INCLUSIVO Coordenação Geral Profa. Dra. Roberta Puccetti Coordenação Do Projeto Profa. Espa. Susy Mary Vieira Ferraz RESUMO

2 O GOVERNO FEDERAL E A ERRADICAÇÃO DA POBREZA EXTREMA

ESTUDO DE VIABILIDADE

Capítulo 2 Objetivos e benefícios de um Sistema de Informação

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL (PPI) DISCUSSÃO PARA REESTRUTURAÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO INSTITUCIONAL

AIMPORTÂNCIA DA FORMAÇÃO CONTINUADA COLABORATIVA ENTRE PROFESSORES QUE ATUAM COM PESSOAS COM AUTISMO.

Texto 03. Os serviços da Proteção Social Especial de Média Complexidade e o processo de construção de saída da rua

(MAPAS VIVOS DA UFCG) PPA-UFCG RELATÓRIO DE AUTO-AVALIAÇÃO DA UFCG CICLO ANEXO (PARTE 2) DIAGNÓSTICOS E RECOMENDAÇÕES

TUTORIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Maria Teresa Marques Amaral. Introdução

TEXTO RETIRADO DO REGIMENTO INTERNO DA ESCOLA APAE DE PASSOS:

SEDUC SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MATO GROSSO ESCOLA ESTADUAL DOMINGOS BRIANTE ANA MARIA BALDINOTTI O LÚDICO E A LÍNGUA INGLESA

O PSICÓLOGO (A) E A INSTITUIÇÃO ESCOLAR ¹ RESUMO

INCUBADORA DE COOPERATIVAS POPULARES DA UNESP DE ASSIS

EDUCAÇÃO NÃO FORMAL E MOVIMENTOS SOCIAIS - PRÁTICAS EDUCATIVAS NOS ESPAÇOS NÃO ESCOLARES

Gestão por Competências

ACESSIBILIDADE E DIREITOS DOS CIDADÃOS: BREVE DISCUSSÃO

Aula 1. Introdução à Avaliação Econômica de Projetos Sociais

A LOUCURA DO TRABALHO

ipea políticas sociais acompanhamento e análise 7 ago GASTOS SOCIAIS: FOCALIZAR VERSUS UNIVERSALIZAR José Márcio Camargo*

SEGURIDADE SOCIAL DIREITO PREVIDENCIÁRIO SEGURIDADE SOCIAL SEGURIDADE SOCIAL SEGURIDADE SOCIAL PREVIDÊNCIA SOCIAL. Prof. Eduardo Tanaka CONCEITUAÇÃO

Londrina, 29 a 31 de outubro de 2007 ISBN

A Economia Solidária como forma de inclusão e desenvolvimento social¹

Empreendedorismo. O perfil empreendedor

Resumos do V CBA - Palestras. A experiência da REDE ECOVIDA DE AGROECOLOGIA no sul do Brasil

UNIDADE III Análise Teórico-Prática: Projeto-intervenção

Plano de Comunicação: Projeto Tecnologias Sociais Para Empreendimentos Solidários da UNISINOS 1

A Aliança de Cidades e a política habitacional de São Paulo

Internet e leitura crítica das mídias para surdos

Gênero: Temas Transversais e o Ensino de História

Administração de Pessoas

Família, Escola e a construção do contexto afetivo: Maria Aparecida Menezes Salvador/Ba

Transcrição:

Economia Solidária a produção dos sujeitos (des)necessários

2011 Karen Eidelwein Direitos desta edição reservados à Paco Editorial. Nenhuma parte desta obra pode ser apropriada e estocada em sistema de banco de dados ou processo similar, em qualquer forma ou meio, seja eletrônico, de fotocópia, gravação, etc., sem a permissão da editora e/ou autora. Capa e Projeto Gráfico Laís Foratto Preparação Elisa Santoro Revisão Nicole Guim 1ª Edição: Fevereiro de 2011 Ei26 Eidelwein, Karen. Economia Solidária: a produção dos sujeitos (des)necessários / Karen Eidelwein -- Jundiaí, Paco Editorial: 2011. 200 p. c/ Bibliografi a. ISBN: 978-85-63381-85-9 1. Economia solidária. 2. Subjetividade. 3. Discurso. I. Eidelwein, Karen. II. Título. CDD: 300 Av. Dr. Carlos Salles Block, 658 - Sl 21 Anhangabaú - Jundiaí-SP

Agradeço A todas as pessoas que me acompanharam ao longo do caminho que resultou na presente obra, pela confiança, pelas parcerias, pelos apoios, incentivos e afetos!

[...] não há dominação sem resistência: primeiro prático da luta de classes, que significa que é preciso ousar se revoltar. Ninguém pode pensar do lugar de quem quer que seja: primado prático do inconsciente, que significa que é preciso suportar o que venha a ser pensado, isto é, é preciso ousar pensar por si mesmo. Pêcheux (1995)

Apresentação Originalidade, criatividade e ousadia, marcas presentes nesse livro. Tratar o tema da economia solidária e a produção da subjetividade sob a ótica da análise do discurso, na linha francesa, compõe o diferencial dessa obra. A análise do discurso não é uma técnica ou metodologia para tratamento das informações de uma pesquisa. Ela exige que o pesquisador, além do conhecimento da teoria, seja também incorporado pela mesma, deixando de ser um pesquisador para ser tornar um analista do discurso; analogamente representa a metamorfose da lagarta em borboleta. As transformações no mundo do trabalho, sob o olhar de uma analista do discurso, proporciona, ao leitor, outra compreensão da realidade. Realidade que é desnudada corajosamente pela autora, ao demonstrar o quanto o modo de produção capitalista produz sujeitos necessários à manutenção do capital sob o discurso de sujeitos desnecessários. A produção de sentido, presente especificamente na temática da economia solidária, deflagra a contradição desses sujeitos (des)necessários, da produção da subjetividade individual-coletiva e do próprio sistema econômico vigente. A economia solidária, enquanto política pública, também cumpre seu papel contraditório entre (re)produção do capital

e ruptura com um modo de organização das relações de trabalho, através da autogestão, participação, democracia. Com perceber o sentido de discursos que por si só são carregados de contradições? Discursos que se constituíram historicamente numa mesma formação ideológica, mas que se situam em formações discursivas diferentes e por consequência, representam posições sujeito diferentes. Essas diferenças caracterizam uma zona de tensão e estão presentes na reprodução ou enfrentamento de interesses econômicos, sociais e políticos antagônicos. A produção de sentido desses discursos é magnificamente demonstrada pela autora ao longo de seu texto e decorrem de uma peculiaridade própria de sua formação e trajetória profissional, transitando entre as áreas da psicologia social e do serviço social. Trabalho e emprego, em tempos de reestruturação produtiva, de flexibilização da acumulação do capital, de renovação do sistema capitalista é o grande impasse que os sujeitos em situação de vulnerabilidade social, excluídos do mercado de trabalho, enfrentam diariamente. Alguns trabalhadores enfrentam esse impasse através da economia solidária, acreditando no potencial de transformação nas relações de trabalho, mas acima de tudo na possibilidade de viver nessa sociedade enquanto cidadão de direto e ter acesso a uma geração de renda que lhe permita viver com qualidade de vida. É possível, através da economia solidária, ser sujeito, mesmo sendo assujeitado e interpelado pela relação capital-trabalho? É possível ressignificar as relações de trabalho através de subjetividades individuais-coletivas? É possível a produção de sentidos de discursos que refletem interesses antagônicos e contraditórios? Três perguntas que incidem sob os três pilares do

conhecimento que solidificam esse trabalho: a tensão entre capital - economia solidária, subjetividade e análise do discurso. Em tempos de desemprego estrutural decorrente da reestruturação produtiva, a discursividade que ideologicamente caracteriza a formação discursiva do capital é de que o emprego é uma conquista por meio das competências individuais, do nível de escolarização, da capacidade do trabalhador ser polivalente e multifuncional, dos trabalhadores terem que atingir metas e patamares de produtividade sob pena da perda do seu posto de trabalho, enfim o trabalhador está sendo regido por um discurso em que o sucesso da manutenção de seu emprego depende de seus esforços pessoais e de quanto sua força de trabalho contribui no processo de acumulação do capital. O trabalhador que conquista seu espaço no mercado de trabalho formal está assegurado pelos direitos trabalhistas, que ainda não foram desregulamentados. A subjetividade é visceralmente individual, embora com repercussões de um imaginário coletivo de desvalia generalizada. A formação discursiva da economia solidária, embora com base na formação social da ideologia capitalista, se constitui por enunciados discursivos que acreditam ser possível o emprego ou trabalho a partir da relação coletiva, da autogestão, do vínculo com os movimentos sociais, ou seja, estabelece outra relação com o modo de produzir e comercializar. A subjetividade deveria ser visceralmente singular-coletiva, mas a interpelação da formação ideológica do capital está tão presente que a economia solidária passa a ser tratada não como outro modo de produção, mas como uma alternativa ao desemprego e direcionado aqueles trabalhadores em situação de vulnerabilidade social, de baixa escolaridade, geralmente

sujeitos que se encontram no mercado informal e que não estão assegurados pelas Leis Trabalhistas. Em outras palavras: nessa formação discursiva, é possível destacar duas posições sujeitos: aquela em que a economia solidária se caracteriza por um modo de produção e que realmente tem a condição de superação e enfrentamento ao capital e aquela que se configura como uma alternativa precária dentro do sistema e que por si só acaba por reproduzir a formação discursiva do capital. Esses discursos embora dispersos na sociedade, em documentos oficiais, nas legislações demonstram uma regularidade que permite a autora demonstrar o processo de subjetivação presente nas diferentes formações discursivas e as respectivas posições sujeitos. A Análise do Discurso nos proporciona a clareza de perceber esses diferentes efeitos de sentido dos discursos, que caracterizam formações discursivas marcadas por contradições e determinantes ideológicos historicamente constituídos. O leitor terá a oportunidade de descobrir as formas como os discursos podem ser perversos ou libertadores, quais seus sentidos, o que não foi dito sob a forma daquilo que foi enunciado, terá outro olhar sobre o mundo do trabalho, sobre a economia solidária, sobre a subjetividade e sobre a riqueza que a Análise de Discurso da linha francesa, pode proporcionar para compreender a sociedade e as relações sociais e econômicas em que vivemos. Depois de conhecer os efeitos de sentido do discurso, deflagrados nesse trabalho, o sujeito leitor nunca mais será o mesmo. Gleny Terezinha Duro Guimarães PUCRS Faculdade de Serviço Social

ÍNDICE Capítulo 1 Ostra feliz não faz pérola...15 Capítulo 2 Mutações capital - trabalho...33 1. A acumulação capitalista...33 2. Os ciclos de transformação do capital e do trabalho...38 3. Discursos sobre o (des)emprego...51 4. A Economia Solidária...56 Capítulo 3 Economia solidária: uma formação discursiva...61 1. As condições de produção da Formação Discursiva da Economia Solidária no Brasil...61 2. Os discursos sobre a Economia Solidária no Brasil...71 3. A Formação Discursiva da Economia Solidária...88 Capítulo 4 A produção de subjetividades singulares-coletivas...93 1. O processo de produção subjetiva...93 1.1. A subjetividade privatizada...96 1.2. A subjetividade social...100 2. Subjetividade na língua e para além da língua...112

Capítulo 5 A produção dos sujeitos (des)necessários...119 1. A CONAES como produtora de discursos sobre a Economia Solidária...119 2. Dispositivos para uma Política Pública de Economia Solidária...125 2.1. Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES)...125 2.2. Conselho Nacional de Economia Solidária (CNES)...127 2.3. Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES)...128 3. A produção de sentidos em torno da Economia Solidária...130 3.1. Economia Solidária: um modo de organizar a produção, a distribuição e o consumo...130 3.2. Economia Solidária: um movimento social...134 3.3. Economia Solidária: uma perspectiva de desenvolvimento social includente...137 3.4. Economia Solidária: uma política pública...140 4. Os sujeitos da Economia Solidária...161 Considerações finais...167 Certezas provisórias diante de dúvidas permanentes...167 Referências Bibliográficas...181 Apêndices...195

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABICRED Associação Brasileira de Instituições de Microcrédito AD Teoria da Análise do Discurso ADS Agência de Desenvolvimento Solidário ANTEAG Associação Nacional dos Trabalhadores de Empresas em Autogestão ARIE Aparelhos Repressivos e Ideológicos do Estado BIRD Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CLT Consolidação das Leis do Trabalho CNES Conselho Nacional de Economia Solidária CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica CONAES Conferência Nacional de Economia Solidária COOESPERANÇA Cooperativa Mista de Pequenos Produtores Rurais e Urbanos EAF Entidades de Apoio, Assessoria e Fomento EBES Estado de Bem-Estar Social EES Empreendimentos Econômicos Solidários ES Economia Solidária FAPERGS Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul FASE Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador FBES Fórum Brasileiro de Economia Solidária FD Formação Discursiva FDES Formação Discursiva da Economia Solidária

FI Formação Ideológica FMI Fundo Monetário Internacional FS Forma-sujeito GEPsTAS Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho e Assistência Social IBASE Instituto Brasileiro de Análise Socioeconômica LDB Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional LOAS Lei Orgânica da Assistência Social MDA Ministério de Desenvolvimento Agrário MDS Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome MTe Ministério do Trabalho e Emprego NEDEPS Núcleo de Pesquisa em Demandas e Políticas Sociais OPEP Organização dos Países Exportadores de Petróleo PACS Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul PEQ Programa Estadual de Qualificação PPA Plano Pluri-Anual PS Posição-sujeito PUCRS Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul ITCP Rede de Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares RBSES Rede Brasileira de Socioeconomia Solidária SENAES Secretaria Nacional de Economia Solidária SIES Sistema Nacional de Informações em Economia Solidária SUAS Sistema Único de Assistência Social SUS Sistema Único de Saúde TFG Trabalho Final de Graduação UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul UNIFRA Centro Universitário Franciscano UNITRABALHO Rede Universitária Nacional

CAPÍTULO 1 Ostra feliz não faz pérola 1 A produção de conhecimento, por meio da escrita de uma tese de doutorado que dá base à obra, exige esforço físico e mental; dedicação de tempo; curiosidade de querer saber; inconformidade com a(s) realidade(s); (des)acomo- 1 Título do livro de Rubem Alves (2008).