DISCURSO PRONUNCIADO PELO DEPUTADO GIVALDO CARIMBÃO (PSB/AL), NA SESSÃO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS DO DIA.../... /... Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados, Vivemos um período de banalização da vida. A sociedade moderna cultua o corpo como um templo de admiração e luxúria. A aparência, a beleza e a estética são atributos muito mais valorizados que a solidariedade, a ética e a moral. A vida está sendo utilizada como um meio para alcançar poder, notoriedade e prestígio. Na sociedade moderna não há espaço e nem condescendência com quem não preencha os requisitos necessários para que nela seja inserido. Com isso é grande o número de excluídos.
As pessoas com deficiência, por exemplo, não encontram sobretudo por parte do Estado, a necessária sensibilidade para inseri-los nesta sociedade tão injusta e nem para proporcionarlhes os mecanismos adequados que lhes permitam viver com dignidade e exercerem o seu direito de ir e vir. Os problemas enfrentados pelas pessoas com deficiência são enormes. A adequação dos espaços físicos para os uso de cadeirantes, por exemplo, é irritantemente lento, demorado. Os transportes públicos não são preparados para recebê-los e com raras exceções não há sensibilidade por parte dos motoristas com as pessoas com deficiência que se encontram nas paradas. Muitos se recusam a abrir as portas ou passa direto pelos pontos quando descobrem que há cadeirantes aguardando, por exemplo. É uma situação revoltante e inaceitável, porque deixa latente o grande preconceito social que existe contra todas as pessoas com deficiência. No ano de 1961, senhoras e senhores Deputados, três sacerdotes responsáveis pela Cáritas Brasileira criaram a primeira Campanha da Fraternidade. Desde então a CNBB lança todos os anos, logo no início da Quaresma, essa Campanha que visa a conscientizar a sociedade para que reflita e participe efetivamente
na busca de um Brasil mais humano, mais solidário, sobretudo com as camadas sociais menos favorecidas. Após os festejos de momo, a Quaresma para nós católicos é também um período forte de reflexão, de jejum e orações, e por isso a Campanha da Fraternidade é para todos de extrema importância. Neste ano, Senhor Presidente, o tema da Campanha da Fraternidade não poderia ser mais oportuno. Fraternidade e pessoas com deficiência, com o lema levanta-te, vem para o meio, a Confederação Nacional dos Bispos Brasileiros - CNBB, foi bastante feliz e iluminada pelo providência divina ao escolher um tema tão relevante e tão carente de providências. Temos no Brasil 27 milhões de pessoas com deficiência, e mesmo com a adoção de políticas direcionadas apenas para elas, as medidas até hoje adotadas ainda são tímidas e insuficientes. Por tudo isso, senhoras e senhores Deputados, a Campanha da Fraternidade deste ano merece de todos o irrestrito apoio. Temos de combater com veemência todo e qualquer preconceito contra as pessoas com deficiências, e isso só se dará quando adotarmos integralmente a palavra de Jesus em Marcos 3,3: "Levanta-te, vem para o meio". Essa passagem bíblica relata a
passagem em que Jesus cura um homem com a mão atrofiada. Jesus Cristo é o exemplo maior para todos nós. A sua vida sempre fora sobretudo ao lado dos pecadores e entre eles estavam os leprosos e todos as pessoas com deficiências. Temos de combater com ênfase outros tipos de deficiência. A deficiência moral e ética, a deficiência de solidariedade e de sensibilidade com o sofrimento do próximo, a deficiência de caráter e principalmente a deficiência de comportamento que, no mais, leva diretamente a todos os demais tipos de preconceitos inaceitáveis. São essas as verdadeiras deficiências da sociedade. Elas são sobretudo responsáveis por toda o processo de degradação que a humanidade atravessa. Ao combatê-las estaremos também combatendo o Bom Combate. Quero congratular-me com a CNBB por escolher um tema tão feliz para a Campanha da Fraternidade deste ano. Com certeza a Igreja Católica estará com essa Campanha contribuindo de forma inestimável para suscitar as nossas consciências, chamando-nos a atenção e nos cobrando atitudes mais solidárias e participativas para com nossos irmãos e irmãs com deficiências. Eles não querem a nossa condescendência. Querem os seus
direitos respeitados. Querem a inserção que merecem no seio da sociedade e isso só se dará quanto formos capazes de dizer: "Levanta-te e vem para o meio". Era o que tinha dizer, Senhor Presidente. Sala das Sessões, em de março de 2006. Deputado GIVALDO CARIMBÃO PSB/AL