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Transcrição:

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL: UAB UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO POLO SETE LAGOAS NEUSA PEREIRA DE ASSIS A COR DA FORMAÇÃO: curso de formação e capacitação de educadores e educadoras da Educação de Jovens e Adultos de Ribeirão das Neves para aplicação da LEI 10639/03 JUNHO/2012

1 UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL: UAB UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO POLO SETE LAGOAS NEUSA PEREIRA DE ASSIS A COR DA FORMAÇÃO: curso de formação e capacitação de educadores e educadoras da Educação de Jovens e Adultos de Ribeirão das Neves para aplicação da LEI 10639/03 Projeto de conclusão de curso apresentado ao Programa de Educação para a Diversidade: Especialização em Gestão de Políticas Públicas com ênfase em Gênero e Raça. Orientador: Renato Fontes JUNHO de 2012

2 CONSIDERAÇÕES GERAIS A Rede Municipal de Ensino de Ribeirão das Neves apresentou nos últimos anos, segundo dados apresentados pela Gerencia de Educação de Jovens e Adultos, como possibilidade de atendimento aos jovens e adultos, o Curso Regular de Suplência 1 e 2º Segmento, para aqueles que estão em processo de alfabetização e início de escolarização, e nas escolas autorizadas o Projeto "Telessalas Telecurso 2000" aos que tiveram a escolarização interrompida nas séries finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Com a mudança das diretrizes políticas no município, inicia-se um movimento de sensibilização em rede para a construção de outras formas de atendimento a esses jovens e adultos, compreendendo-os como sujeitos que tiveram o direito à educação negado, em algum momento de suas vidas, e que agora retornam à escola para terem esse direito efetivado. Nessa perspectiva, é instituída Gerência de Educação de Jovens e Adultos na estrutura da Secretaria Municipal de Educação Cultura Esportes e Lazer e os membros dessa gerência passam a se articular com os vários espaços existentes de formação, discussão e construção de políticas, entre eles, o movimento dos Fóruns de Educação de Jovens e Adultos (EJA). A participação do município de Ribeirão das Neves no movimento nacional dos fóruns tornou-se bastante expressiva. Nestes encontros, o poder público juntamente com os trabalhadores em educação e a sociedade civil mobilizada se junta para uma reflexão oportuna e necessária sobre o momento vivido na EJA. Neste sentido, em 2009 o município sedia o "III Fórum de EJA da Região Metropolitana de Belo Horizonte". Em 2010 a Prefeitura de Ribeirão das Neves, através da Universidade Federal de Minas Gerais oferta o curso de Especialização Latu Senso em Educação de Jovens e Adultos na Educação Básica, cujo currículo proposto, trazia em seu bojo as questões da diversidade humana. A intenção era sensibilizar e capacitar estes profissionais para educar na diversidade e para a diversidade. Neste breve histórico, percebe-se um movimento por parte dos gestores municipais no sentido de dar uma nova configuração á Educação de Jovens e Adultos, diferente daquela que vê esta modalidade de ensino como compensatória. Entretanto, tais ações, desconsideram o pertencimento étnico-racial de boa parte dos educandos e a necessidade de se repensar praticas pedagógicas no sentido de construir uma educação escolar que tenha os estudantes

3 em sua concretude 1, levando em consideração suas trajetórias, orientação sexual, raça/cor, gênero, entre outros elementos formadores da pessoa humana, como eixo principal. Acreditamos que entre os diversos papéis sociais do/a educador/a o de formador/a de opinião e de influência sobre a trajetória social do educando é muito importante. E a construção de uma cultura de igualdade social e racial não se faz com a promulgação de uma lei ou decreto, independente da instância federal ou não. Portanto, o caminho para conquista e execução de tal cultura exige de todos, da sociedade em geral seja política ou civil, de educadores e em especial aqueles envolvidos no processo da EJA, a sensibilidade e racionalidade sobre os processos históricos e suas consequências atuais na vida e na educação da população negras e afro brasileiras presentes nesses espaços escolares. A informação e conscientização da existência o mito da democracia racial 2 é um debate que se faz necessário. Neste sentido propomos a formação e a capacitação de educadores/as orientada por grupos e instituições competentes que possam discutir os efeitos negativos de uma das formas mais violentas do racismo na prática educativa dos/as estudantes negros/as e afro brasileiros/as presentes na EJA: a negação da cor, o apagamento do sujeito do conhecimento enquanto construtor da sua identidade social e étnica. Este será um grande desafio para quem se preocupa com a concepção da cidadania planetária no que diz respeito o modelo democrático brasileiro, uma vez que: O processo de construção da concepção de uma cidadania planetária e do exercício da cidadania ativa requer, necessariamente, a formação de cidadãos (ãs) conscientes de seus direitos e deveres, protagonistas da materialidade das normas e pactos que os (as) protegem, reconhecendo o princípio normativo da dignidade humana, englobando a solidariedade internacional e o compromisso com outros povos e nações. Além disso, propõe a formação de cada cidadão (ã) como sujeito de direitos, capaz de exercitar o controle democrático das ações do Estado (BRASIL, 2007). No que tange à Educação de Jovens e Adultos, esta tem ocupado lugar fundamental nas discussões sobre direitos de cidadania, principalmente, no que se refere à defesa dos direitos de grupos historicamente discriminados como mulheres, negros (as), entre outros 1. Para melhor compreensão dos educandos enquanto sujeitos reais, históricos, recomendamos a obra Imagens Quebradas: Trajetórias e Tempos de Alunos e mestres. Petrópolis: Vozes, 2004 onde o autor nos alerta sobre a importância de termos um novo e mais atualizado olhar sobre nossos estudantes. 2. Uma forma de mistificar e mascarar a desigualdade racial, reforçando e mantendo nas consciências coletivas e no imaginário social a idéia de que não Brasil não existe o racismo nem o preconceito e nem a discriminação racial. Que isto é coisa de norte americano, europeus, e países africanos. A idéia de democracia racial pode ser mais bem compreendida com a leitura da obra Casa Grande &Senzala de Gilberto Freire.

4 grupos tradicionalmente excluídos do processo político que evolui cada vez em nossa jovem democracia. Quanto à população negra, o racismo tem significado a restrição de direitos em várias dimensões de sua vida, podendo ser visto como um forte entrave à construção desta cidadania planetária. O Projeto A Cor da Formação, através curso de formação que pretende capacitar servidores da educação básica que atuam na EJA Educação de Jovens e Adultos - do Município de Ribeirão das Neves é uma proposta para Secretaria Municipal de Educação de Ribeirão das Neves (SEDUC), a ser executado pelo Centro de Referência do Professor de Ribeirão das Neves em parceria com a Faculdade de Educação de Minas Gerais (FAE/UFMG) e ONU Mulheres com enfoque na questão racial, como é o caso aqui, é de suma importância para a garantia dos direitos educacionais da população negra. Mesmo com o fim da escravidão que formalmente significa o reconhecimento por parte do Estado brasileiro da igualdade entre negros e brancos a população negra continuou enfrentando a discriminação racial. Este estado não desenvolveu políticas para a garantia efetiva dos direitos de negros/as, fazendo com que vivessem em uma situação de cidadania de segunda classe. Em documento oficial, durante a III Conferencia Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância 3, ocorrida na cidade de Durban, na África do Sul, em 2001, o Estado brasileiro reconhece sua responsabilidade histórica pelo escravismo e pela marginalização econômica, social e política dos descendentes de africanos. (CAVALEIRO,2006. PG 18). Com esta ação, o governo admite que o tratamento igualitário entre brancos e negros não estava garantido nas políticas públicas tais como de saúde, educação, emprego, saneamento, habitação, entre outros setores. Assim, estas políticas por si só, não foram suficientes para garantir qualidade de vida necessária à população negra e ainda contribuíam para aumentar a desigualdade racial. Dialogando com esta realidade nacional, torna-se urgente na Educação de Jovens e Adultos EJA - o combate e enfrentamento ao racismo institucional, que se manifesta quando se ignora qual é o público a quem é destinado a modalidade de ensino da EJA, o desenvolvimento das políticas de promoção da igualdade racial que buscam garantir efetivamente os direitos da população negra e afro brasileira. 3. O Brasil foi um dos signatários desta conferencia e importante proponente. Neste momento, pela primeira vez, o Estado Brasileiro assume a existência real do racismo em sua sociedade, desmistificando a ideia de uma suposta igualdade racial e se dispõe a adotar medidas para reverter o quadro de exclusão e discriminação. O relatório final da conferencia pode ser encontrado em www.oas.gov.

5 (PLANAPIR): Não é por outra razão que Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial Indica ao Estado às metas para superar as desigualdades raciais existentes no Brasil, por meio da adoção de ações afirmativas associadas às políticas universais. Aprovado pelo Decreto nº 6.872/2009, o PLANAPIR foi idealizado em 2005, com base nas propostas apresentadas na I Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SECRETARIA DE POLITICAS DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL, 2009). O combate ao racismo institucional se faz por meio da implementação de políticas específicas para a população negra, a produção de dados e informações sobre desigualdades raciais e, principalmente, a capacitação do Coletivo de Professores dentre outras ações relevantes. Tal combate implica no reconhecimento por parte de instituições públicas e privadas da existência do racismo, bem como que para combatê-lo são necessárias políticas especificas para os grupos étnicos discriminados, a capacitação do Coletivo de Professores ganha lugar de destaque. Por outro lado, ainda se faz necessário um olhar especial ao combate e enfrentamento do racismo cotidiano que se faz presente nas relações interpessoais de todos nós. Segundo o Programa Nacional de Direitos Humanos Racismo é uma ideologia que postula a existência de hierarquia entre grupos humanos (PNDH, 1998, P.12). Também podemos entender o racismo como um conjunto de teorias, crenças e práticas que estabelece uma hierarquia entre as raças, consideradas como fenômenos biológicos (MUNANGA, 2004, P 27 ). Doutrina ou sistema político fundado sobre o direito de uma raça (considerada pura ou superior) de dominar outras; preconceito extremado contra indivíduos pertencentes a uma raça ou etnia diferente, geralmente considerada inferior; atitude de hostilidade em relação à determinada categoria de pessoas. ( Op. cite MEC, ORIENTAÇÕES PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS,pg. 222) Por tanto, o coletivo de professores deve ser capacitado para identificarem o racismo em práticas e ações pessoais ou institucionais de conteúdo racista e que levem à desigualdade racial, bem como devem ser sensibilizados para a importância das políticas de promoção da igualdade racial para a garantia dos direitos das juventudes negras e afro brasileira.

6 JUSTIFICATIVA Durante o ano de 2011, no Município de Ribeirão das Neves, os/as educadores/as da EJA, nos reunimos uma vez por mês nos encontros administrativos e pedagógicos durante os meses de Março a Agosto com o objetivo de construirmos um Currículo que fosse coerente quanto aos conteúdos e práticas pedagógicas para a Educação de Jovens Adultos. Observamos que entre os dados produzidos pelos educadores não houve nenhuma menção que tratasse das questões étnico-raciais no Município. No entanto, existe uma legislação vigente e ações concretas como as Leis nº 10.639 e nº 11.645 ignorada, no sentido de não conhecê-la, pela maioria dos educadores do Município de Ribeirão das Neves. LEI Nº 11.645, DE 10 DE MARÇO DE 2008. Altera a Lei n o 9.394, de 20 de dezembro de 1996, modificada pela Lei n o 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1 o O art. 26-A da Lei n o 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com a seguinte redação: Art. 26-A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena. 1 o O conteúdo programático a que se refere este artigo incluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos étnicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econômica e política, pertinentes à história do Brasil. 2 o Os conteúdos referentes à história e cultura afrobrasileira e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de literatura e história brasileiras. (NR)Art. 2 o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 10 de março de 2008; 187 o da Independência e 120 o da República.LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA.Fernando Haddad.Este texto não substitui o publicado no DOU de 11.3.2008. As políticas de promoção da igualdade racial partem do princípio de que o racismo tem acarretado desigualdades persistentes para a população negra no Brasil. Sem a intervenção estatal, por meio de políticas específicas, esta desigualdade tende a persistir. A forma de resolvê-la implica na formulação de políticas públicas que levem em consideração a especificidade étnica da população por meio da chamada discriminação positiva, de modo que se promovam condições de igualdade para todos os grupos étnico-raciais de nossa sociedade. Neste sentido, o Plano Nacional de Promoção da Igualdade Racial prevê traz no Eixo 2, que versa sobre a educação, as seguintes metas:

7 I - estimular o acesso, a permanência e a melhoria do desempenho de crianças, adolescentes, jovens e adultos das populações negras, quilombolas, indígenas, ciganas e demais grupos discriminados, em todos os níveis, da educação infantil ao ensino superior, considerando as modalidades de educação de jovens e adultos e a tecnológica; II - promover a formação de professores e profissionais da educação nas áreas temáticas definidas nas diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações etnicorraciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira, africana e indígena; III - promover políticas públicas para reduzir a evasão escolar e a defasagem idade-série dos alunos pertencentes aos grupos etnicorraciais discriminados; IV - promover formas de combate ao analfabetismo entre as populações negra, indígena, cigana e demais grupos etnicorraciais discriminados; VI - promover a implementação da Lei n o 10.639, de 9 de janeiro de 2003, e do disposto no art. 26-A da Lei n o 9.394, de 20 de dezembro de 1996, do Parecer CNE/CP 3/2004 e da Resolução CNE 01/2004, garantindo seu amplo conhecimento pela população brasileira.para tanto, é indispensável discutir também o racismo institucional, definido no documento final do Seminário Nacional de Saúde da População Negra, como: o fracasso coletivo de uma organização em prover um serviço profissional e adequado às pessoas com certos marcadores grupais de cor, cultura, origem étnica ou regional. O que caracteriza esse tipo de racismo é que ele extrapola as relações interpessoais e ocorre à revelia das boas intenções individuais, implicando o comprometimento dos resultados de planos e metas de instituições, gestões administrativas e de governo.. (Brasil, 2004). Assim, o combate ao racismo institucional é fundamental no desenvolvimento das políticas de promoção da igualdade racial e para a garantia efetiva dos direitos da população negra. Não é por outra razão que o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3) prevê em sua Diretriz 9: Combate às Desigualdades Estruturais, a ação programática c : elaborar programas de combate ao racismo institucional e estrutural, implementando normas administrativas e legislação nacional e internacional (p. 86-7). O combate ao racismo institucional se faz por meio da implementação de políticas específicas para a população negra, a produção de dados e informações sobre desigualdades raciais e, principalmente, a capacitação de servidores dentre outras ações relevantes. Se o combate ao racismo institucional implica no reconhecimento por parte de instituições públicas e privadas da existência do racismo, bem como que para combatê-lo são

8 necessárias políticas especificas para os grupos étnicos discriminados, a capacitação de servidores, e, principalmente, de educares/as ganha lugar de destaque. Estes atores devem ser capacitados para identificarem o racismo em práticas e ações pessoais ou institucionais de conteúdo racista e que levem à desigualdade racial, bem como devem ser sensibilizados para a importância das políticas de promoção da igualdade racial para a garantia dos direitos da população negra. O combate ao racismo institucional implica na constante reflexão sobre as formas de atuação governamental e seus impactos na vida dos diferentes grupos étnicos. Políticas supostamente imparciais ou universais acabam muitas vezes beneficiando mais uma etnia que outra porque não consideram as especificidades étnicas. Exemplo disto era o currículo escolar antes das Leis nº 10.639 e nº 11.645. O currículo, então, pretensamente universal, já que se alegava que não realizava distinção de raça ou etnia, na verdade, era excludente, pois as crianças negras não eram contempladas em suas especificidades étnicas, uma vez que sua história e cultura não faziam parte do currículo escolar. O resultado era que a história e literatura europeias acabavam sendo ministradas. Apesar de seu caráter pretensamente universal, implicitamente, esta políticas se destinam ao grupo étnico dominante. Elas refletem a cultura e os valores daqueles que as formulam, que no caso de sociedades multiétnicas como a brasileira, é o grupo étcnico branco. Em meio a tantos avanços em que se destacam a luta dos movimentos sociais, o Município de Ribeirão das Neves na construção dos currículos para a EJA parece ignorar marcos legais que tratam da questão racial tais como: Relatório final da Conferência de Durban ocorrida em 2001; a Declaração dos Direitos Humanos; a Constituição Federal com destaque para o artigo 5º e o Plano Nacional de Igualdade Racial. Ao propor o curso de capacitação de educadores da EJA A Cor da Formação, dá um passo importante para reverter este quadro e criar na educação da cidade, um espaço de inclusão, valorização e debate das temáticas étnico-raciais e da pessoa negra. A discriminação racial pode ser percebida em algumas variáveis como a escolaridade. É comprovado pelas pesquisas sobre mobilidade social que a escolaridade tem efeito positivo no aumento da renda. Entretanto, não é isto o que revela pesquisa de Carlos Hasenbalg ao demonstrar que negros têm rendimento menor que brancos mesmo quando possuem a mesma escolaridade. O que leva aquele pesquisador a concluir... há um grande diferencial de renda entre brancos e não-brancos dentro de cada nível educacional (...) entre os brancos, a relação entre educação e renda é monotônica e quase linear. O mesmo não ocorre entre os não-

9 brancos (...) para este grupo, o incremento educacional não é acompanhado por aumento proporcional na renda. Mas quem são os educandos e educandas da EJA? Embora apresentem uma gama de diferenciações e diversidades, sabemos que alguns fatores unem boa parte destes/as estudantes como a baixa renda e o fato de serem afrodescendentes. Pesquisas como as de Nilma Lino Gomes e Natalino Neves da Silva, assim como dados apresentados pelo IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada,podem nos ajudar a responder o porque deste fator. Vemos a partir da leitura destes autores que as respostas passam pela história da escravidão no Brasil, em especial no modo como se deu o processo de alforria dos escravizados quando a estes são negados direitos básicos e também o fundamental direito de serem cidadãos. Acabada a escravidão legal, permanece o racismo explícito ou pulverizado, incidindo, muitas vezes, de forma direta na escolarização e no processo de aprendizagem do/a estudante negro/a. Isso quer dizer que o campo da EJA possui como uma de suas características fundamentais não somente o recorte socioeconômico e geracional, mas, também, o racial. E mais, quando se discute a EJA como um direito, não se pode esquecer de que esse direito também está articulado à luta pelo direito à diferença (SILVA, 2009). Combater o racismo em nossas escolas de Educação de Jovens e Adultos implica em informar, conscientizar, formar e capacitar o coletivo de educadores da EJA para estarem atentos às práticas discriminatórias que, por ventura, ocorram na construção dos currículos, no atendimento aos estudantes negros e negras e afro brasileiros presentes na sala de aula e na comunidade escolar. Sem que educadores desta rede de ensino compreendam a importância da política de promoção da igualdade racial, e que esta política passa pela escola, a partir do reconhecimento de que o racismo tem implicado em restrição dos direitos de cidadania da população negra, não haverá êxito em qualquer proposta de educação que se pense inclusiva.

10 OBJETIVO GERAL Capacitar o coletivo de educadores da EJA de Ribeirão das Neves para aplicação da LEI 10639/03 com a intenção de combater o racismo no ambiente escolar assim como dar visibilidade e contribuir de forma positiva na construção da identidade étnica de educandos negros e afrodescendentes através da construção de novas praticas pedagógicas e o desenvolvimento de uma nova cultura escolar pautada na perspectiva da diversidade humana. OBJETIVOS ESPECÍFICOS. 1. Contribuir para que os educadores sejam capazes de construir um currículo pautado na educação inclusiva, igualitária e de qualidade que se adéque à realidade social, cultural e histórica dos estudantes negros/as e afro brasileiros/as presentes na EJA; 2. Dar visibilidade de forma afirmativa e positiva às identidades negras tanto na dimensão histórica, quanto concretas presentes na EJA; 3. Proporcionar momentos de reflexão e critica da pratica pedagógica e das ações cotidianas, no sentido de detectar atitudes e comportamentos que reafirmam o racismo. METAS 1. Realizar curso de capacitação e formação com carga horária de 120 horas para cinquenta (50) educadores/as que estejam atuando diretamente na EJA de Ribeirão das Neves, de forma presencial e à distancia para a implementação da LEI 10639/03. 2. Capacitar estes/as educadores/as para o combate e enfrentamento ao racismo no ambiente escolar e em outros espaços sociais, assim como para a produção de materiais de trabalho e a construção de um currículo de EJA que contemple as questões raciais levando em consideração sua complexidade e trabalhem para o empoderamento de estudantes e educadores negros e afro-brasileiros.

11 3. Contribuir na construção de uma educação escolar inclusiva e democrática, não racista e não discriminatória. PUBLICO ALVO Num primeiro momento, espera-se ofertar o curso para 50 (cinquenta) professores e professoras, efetivos/as ou não, que atuem diretamente na Educação de Jovens e Adultos de Ribeirão das Neves.

12 METODOLOGIA META 1: O curso visa capacitar educadores/as para a aplicação efetiva da LEI 10639/03 o que implica em esclarecer sobre a existência do racismo em nossa sociedade, sendo a escola um dos espaços de sua manifestação, e a necessidade de seu combate para a construção de uma sociedade de fato igualitária e a oferta de uma educação de qualidade para todos e todas. Neste primeiro momento o curso é voltado exclusivamente para os/as professores/as da Educação de Jovens e Adultos de Ribeirão das Neves e será realizado com aulas presenciais na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais e à distancia pela plataforma MOODLE que por ser um software livre, não acarreta custos com licença de uso. As aulas presenciais ocorreram aos sábados na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais de 8hs às 16 hs, somando um total de 10 sábados e 60 hs/aula. A sala onde ocorreram as aulas será informada aos cursistas via email, com antecedência. Já as aulas e atividades à distancia, também serão contadas em 60hs/aula e buscaram dar aos cursistas maior flexibilidade e autonomia de estudo. Para a realização do curso, tanto na modalidade presencial quanto à distancia, a responsabilidade das aulas e da produção de material esta a cargo da Faculdade de Educação da UFMG, através do programa Ações Afirmativas que trabalha com a formação de professores/as da rede pública e particular de ensino. Neste sentido, buscou-se garantir que as aulas sejam ministradas por profissionais já inseridos na discursão de gênero e raça. Todo material didático produzido ou indicado pela instituição formadora será submetido e apreciado pela Secretaria de Educação de Ribeirão das Neves e pelo Centro de Referencia do Professor deste município. O conteúdo programático do curso deverá abranger: Introdução à ética e à cidadania Discursões sobre a ética docente Histórico dos movimentos sociais brasileiros especialmente o Movimento Negro, suas lutas e reivindicações, incluindo a de uma educação escolar pública para todos e todas. Contextualização da LEI 10639/03 e sua importância enquanto resposta à luta de movimentos sociais, em especial, do Movimento Negro.

13 Negros/as e afrodescendentes enquanto sujeitos históricos. As diferentes formas e mecanismos de discriminação e a resistência do povo negro em diferentes épocas da nossa história. Políticas de promoção da igualdade racial como forma de diminuir desigualdades e combater o racismo. Questionamento da pretensa democracia racial brasileira. META 2: Visando a complementação e aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no curso, será produzido pelos/as cursistas material de informação e material didático para serem utilizados em sala de aula. Depois de revisado, o material será enviado para uma gráfica e disponibilizado para uso o mais breve possível, no intuito de incrementar as praticas pedagógicas já existentes e mobilizar a criação de outras, além de estimular discursões e reflexões a cerca do currículo existente e a necessidade de construção de um novo. META 3: Através de oficinas, trabalho de campo e estudo de casos e situações-problema, levar os/as cursistas a detectarem ações e atitudes pessoais, tomadas em seu cotidiano, que reafirmam o racismo e outras formas de discriminação, na intenção de eliminá-las, dando lugar à uma cultura de respeito à diversidade. PRAZO Projeto será desenvolvido em 4(quatro) meses, á saber: março, abril, maio e junho de 2013.

14 Cronograma de Execução Metas Mês 1 Mês 2 Mês 3 Meta 1 x x Meta 2 x x Meta 3 x SUSTENTABILIDADE Para a sua continuidade esse projeto terá como multiplicadores o coletivo de educadores que participaram da primeira formação, levando em consideração importantes critérios, como assiduidade, participação, espírito de liderança, facilidade de expressão e interesse na tarefa de multiplicador/a. As horas dedicadas a esta atividade, seja de forma direta (na formação de outros/as educadores/as) ou indireta (preparação de material) serão computadas e remuneradas pela Secretaria de Educação de Ribeirão das Neves, como extensão de carga horária.

15 DETALHAMENTO DOS CUSTOS Contratação de instituição de ensino superior para realizar os cursos esta etapa/fase se refere a todos os expedientes de contratação por meio de licitação ou dispensa de licitação por parte dos setores administrativo-financeiros da Prefeitura, tratando-se de tarefa rotineira cujos custos já são pagos pelas verbas do FUNDEB (O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valoração dos Profissionais da Educação). Elaboração do material didático dos cursos a distância o valor foi calculado tomando como referência a média de valor da hora de trabalho de professor mestre paga por instituições de ensino (R$ 47,50) na região sudeste, supondo o tempo despendido nesta tarefa de 60 horas visto ser cursos com temáticas distintas, em módulos de 20h. cada. Formatação / manutenção ambiente EAD trata-se de assistência técnica para solucionar questões relativas ao funcionamento de soft e hardware. O cálculo do valor da hora leva em consideração o valor médio pago para profissional técnico. Professor o valor da hora se refere ao valor médio pago a professor para acompanhamento de cursos à distância. A atuação do professor consiste na supervisão do trabalho dos tutores e ministrar o curso propriamente. Este profissional será remunerado em R$ 60,00 hora/aula, Tutoria o trabalho de tutoria consiste na orientação dos alunos. Serão necessários 10 tutores, cada um acompanhando grupos de até 5 cursistas. O número total das horas se refere a soma das horas de trabalho de todos os tutores, portanto são 10 tutores multiplicado por 60h. (carga horária dos cursos) e multiplicado também pelo valor da hora (R$20,00). Certificado o valor corresponde a certificado no formato 21X29, 7 (A4) em papel reciclado de 200gr., 4X0 cores. Estão inclusos no valor tanto a produção gráfica quanto a impressão. Valor unitário: R$ 2,50 somando um total de R$125,00. Hospedagem em servidor o valor se refere ao custo de serviço de hospedagem do curso fornecido por empresa especializada, eliminando assim o custo de aquisição de um servidor específico para este fim. O custo se refere a prestação de serviço por 4 meses que é o tempo de formatação do programa e realização dos cursos. Gestão dos cursos à distância o valor se refere ao pagamento de hora de profissional encarregado da preparação, acompanhamento, organização dos cursos à distância: R$ 40,50 /h.

16 Lanche para os cursistas e formadores: fica a cargo de cada um destes o custeio desta despesa, não acarretando ônus para o projeto. Material didático dos cursos presenciais para o cálculo foi levada em consideração uma apostila de 100 páginas, sendo o valor de reprodução de cada página de R$0,10. A este valor deverá ser somado o custo para encadernação que é de R$ 2,00 por apostila. Os equipamentos multimídia para os cursos presenciais será composta por projetor (datashow), computador e som (caixas e dois microfones), assim como as salas para a realização dos mesmos, ficará a cargo da instituição formadora: UFMG/FAE. Professor/a Presencial - O valor da hora paga leva em consideração professor/a com título de mestre. Cada hora/aula será remunerada em R$ 80,00. Transporte: cada cursista receberá o valor de R$ 12,00 por dia de aula presencial para despesas com transporte. DECLARAÇÃO DE CONTRAPARTIDA A Secretaria de Educação de Ribeirão das Neves irá arcar com 40% da despesa total para a realização do Projeto A Cor da Formação. Este valo será retirado da verba do Fundeb que já prevê a formação de educadores. O restante dos custos será igualmente dividido entre a instituição ONU Mulher e a Universidade Federal de Minas Gerais, através de seu programa de Ações Afirmativas.

17 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARROYO, Miguel Gonzáles. Imagens Quebradas: Trajetórias e Tempos de Alunos e mestres. Petrópolis: Vozes, 2004 BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação: LDB. 1996 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. CARRANO, Paulo César. Juventudes: as identidades são múltiplas. Movimento, p11-27, maio, 2000. CONSTITUIÇÃO FEDERAL 1988. Art. 205. DAYRELL, Juarez (org). Múltiplos olhares sobre Educação e Cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1996. DAYRELL, Juarez T. A educação do aluno trabalhador: uma abordagem alternativa. Educação em Revista, Belo Horizonte, n. 15, p.21-29, jun, 1992. DAYRELL, Juarez. A escola faz as juventudes? Reflexões em torno da socialização juvenil. Disponível em <http://www.scielo.br>. Acessado em 2012. Educação anti-racista: caminhos abertos pela Lei 10639/03. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora EDUSP, 2004. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo, Paz e Terra, 1996. GEERTZ. Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Zahar, 1973. GOMES, Nilma Lino. Educação e identidade negra. Disponível em: <http://www.scielo.br>. Acessado em 2012. HASEMBALG, Carlos. Discriminação e desigualdades raciais no Brasil. Rio de Janeiro, Graal, 1979.

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