O ENSINO DO HANDEBOL NA ESCOLA: UMA PROPOSTA DE SISTEMATIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS



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Transcrição:

O ENSINO DO HANDEBOL NA ESCOLA: UMA PROPOSTA DE SISTEMATIZAÇÃO DOS CONTEÚDOS Resumo Scheila Medina 1 - PUCPR Luís Rogério de Albuquerque 2 - PUCPR Grupo de Trabalho - Didática: Teorias, Metodologias e Práticas Agência Financiadora: não contou com financiamento Neste estudo será apresentada uma proposta de sistematização, baseado em conceitos e procedimentos, que estão relacionados ao handebol dentro da prática escolar, desde o Ensino Fundamental até o Ensino Médio. Tendo em vista oferecer uma maior abrangência de conteúdos na Educação Física escolar, onde estes seriam divididos e aplicados em cada nível de ensino, da escola, a fim de propor uma sequência de conteúdos sistematizados, visto que, atualmente muito se fala em uma organização curricular sistematizada. Utilizou-se neste estudo de uma pesquisa bibliográfica, com característica qualitativa, através de uma revisão de literatura, com o foco no tema de estudo, permitindo assim verificar e dar consistência ao problema a ser pesquisado, procurando explorar as dimensões procedimentais e conceituais, por meio da metodologia aplicada ao esporte handebol. Foram obtidos por meio de tabelas, mostrando os conceitos, procedimentos que podem ser aplicados ao handebol na escola, através de etapas do ciclo escolar, correspondente ao Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II, e o Ensino Médio, onde os conteúdos foram divididos e organizados sistematicamente, incluindo a relação da Idade biológica, onde esta seria fundamental para a divisão dos conteúdos. Foi identificado o que e como ensinar, porém, os conteúdos conceituais relacionados ao handebol, o qual abordam temáticas teóricas a serem trabalhadas na escola, ainda são poucas, visto que há ainda predominância na dimensão procedimental, onde a prática saber fazer, vinculado a cada nível motor do aluno o direciona a vivenciar e adquirir os movimentos relacionados ao desporto em várias formas, e também em diferentes situações. Palavras-chave: Sistematização de conteúdos. Educação Física Escolar. Handebol escolar. Pedagogia do desporto. 1 Graduando em Licenciatura em Educação Física pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). E- mail: scheila.m14@hotmail.com 2 Mestre em Educação pela PUCPR, Professor dos Cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física da PUCPR. ISSN 2176-1396

29814 Introdução O presente trabalho visa a sistematização dos conteúdos na Educação Física sendo um assunto o qual hoje em dia se torna emergente na área. Assim como se fala sobre a necessidade de planejar conteúdos de todos os ensinos, com a Educação Física, não acaba se tornando diferente e sim atualmente é algo abrangente organizá-lo a partir de aspectos didáticos em uma organização curricular. Mas tanto se fala em sistematização, então o que seria essa sistematização? Segundo Ferreira (2000, p. 640) " é ato ou efeito de sistematizar, reduzir vários elementos a um sistema." No caso da Educação Física seria dividir os conteúdos em uma sequência em cada nível de ensino. Neste estudo, em um primeiro momento, será realizado um relato sobre como alguns autores defendem os conteúdos em procedimentais e conceituais, o qual essa classificação corresponde a o que fazer e o que saber, com o objetivo de como será possível alcançar finalidades no meio educacional por meio da sistematização do ensino de Handebol desde o Ensino Fundamental I até o Ensino Médio. A dimensão conceitual aborda alguns conteúdos como, conhecer quais transformações pelas quais passou a sociedade em relação aos hábitos de vida (diminuição do trabalho corporal em decorrência de novas tecnologias), relacionando com as necessidades atuais de atividade física. Também procura conhecer as principais mudanças que ocorreram no esporte, (DARIDO, 2007 p. 65). A dimensão procedimental busca vivenciar e adquirir os fundamentos básicos do desporto, onde procura ir vivenciando em várias formas e diferentes situações, (DARIDO, 2007 p. 65). O desporto por si só acaba se tornando um dos conteúdos mais tradicionais da educação física escolar, que ao passar uma determinada modalidade esportiva como conteúdo na escola, apenas é passado a parte técnica, de forma breve. O handebol como é o exemplo desse estudo é visto apenas como uma modalidade simples, onde no final do semestre ao ser apresentado ao educando de forma superficial, acaba se tornando algo que não influenciou no aprendizado do estudante, mas sabe-se que o aluno deve adquirir um conhecimento e desenvolvimento maior da modalidade, indo além de movimentos básicos do esporte. Assim, por uma perspectiva de educação e também de Educação Física seria fundamental considerar os procedimentos, os fatos, os conceitos, as atitudes e os valores como conteúdos, todos no mesmo nível de importância, (DARIDO, 2007, p. 66).

29815 Materiais e Métodos O presente artigo procura tratar, no primeiro momento, de uma revisão de literatura, de caráter qualitativo, onde foram consultados livros, e artigos. Buscou-se literaturas relacionadas ao objetivo central do estudo, que tratam de propostas de sistematização da Educação Física escolar, com ênfase nos esportes coletivos. O estudo do referencial teórico permite verificar o estado do problema a ser pesquisado, sob o aspecto teórico e também de outros estudos e pesquisas já realizadas (LAKATOS; MARCONI, 2003, p.33). Segundo Marion, Dias e Traldi (2002, p. 56), O referencial teórico deve conter um apanhado do que existe, de mais atual na abordagem do tema escolhido, mesmo que as teorias atuais não façam parte de suas escolhas. O referencial teórico é a base que sustenta qualquer pesquisa científica. Antes de avançar, é necessário conhecer o que já foi desenvolvido por outros pesquisadores. Assim, o estudo da literatura, contribui em muitos sentidos: definição dos objetivos do trabalho, construções teóricas, planejamento da pesquisa, comparações e validação (MARION DIAS E TRALDI, 2002, p. 56). Com o mesmo possibilita fundamentar, dar consistência a todo o estudo. Tem a função de nortear a pesquisa, apresentando um embasamento da literatura que já foram publicada sobre o mesmo tema, demonstrando que o pesquisador tem conhecimento suficiente em relação a pesquisas relacionadas e a tradições teóricas que apoiam e cercam o estudo (MARION, DIAS E TRALDI, 2002,p. 33). A principal prioridade de um programa educacional escolarizado, no qual a Educação Física deve estar inserida, é a contribuição da área na construção de toda a personalidade da criança. Para este ocorrer, utiliza-se de uma metodologia a ser aplicada, onde na escola o professor deve buscar entender o processo de ensino aprendizagem, procurando considerar que a essência desse processo é a relação pedagógica com o aluno (PALMA et al, 2010, p. 70). Com base na revisão de literatura previamente construída buscamos propor uma sistematização de procedimentos e conceitos relacionados ao desporto coletivo handebol. O processo procedimental demanda a adquirir os fundamentos básicos do esporte, os quais os conteúdos geram conhecimento do próprio corpo, com seus fundamentos e técnicas. Os conceitos conhecem os modos corretos de execução de vários exercícios, e práticas

29816 corporais cotidianas, levando em consideração que o aluno garanta o direito de saber o porque de estar realizando tal movimento, isto é, quais são os conceitos ligados aos procedimentos (DARIDO, RANGEL, 2005, p. 50). O estudo privilegiou todo o ciclo escolar, desde o ensino fundamental I até o Ensino Médio. Em função da característica do desporto acima nomeado, destacou-se o ensino fundamental I, ou seja, 1º, 2º, 3º, 4º e 5º ano e dando sequência na proposta, até o final do Ensino Médio. Resultados Apresentaremos quadros que buscam sistematizar, tanto procedimentos práticos relacionados ao esporte, quanto conceitos teóricos que deverão ser tratados ao longo do ciclo escolar. Para garantir um ensino de qualidade, além de diversificar os conteúdos na escola, é preciso aprofundar os conhecimentos, compondo as dimensões, e abordando os diferentes aspectos, indo além do fazer, e sim abordar a sua presença na cultura (DARIDO, RANGEL, 2005,p.51). Quadro 1: 1ª etapa Ensino Fundamental I; idade cronológica de 6 a 8 anos; idade escolar 1º,2º e 3º ano. Idade Biológica Procedimentos Motora fundamental (Estágio Maduro) Infância Brincadeiras pré- desportivas Capacidades coordenativas (utilizando um material) Habilidades com a bola (Individualmente) Fonte: Os autores Quadro 2: 2ª etapa Ensino Fundamental I; idade cronológica de 9 a 10 anos; idade escolar 4º e 5º ano. Idade Biológica Conceitos Procedimentos Brincadeiras pré- desportivas Motora especializada (Estágio transitório) Infância Atividade teórica: Montar uma brincadeira relacionado aos jogos pré esportivos e aplicar aos colegas. Jogos pré desportivos

29817 Capacidades coordenativas (Utilizando 1 material, em duplas) Habilidade com a bola (Em duplas, 1 bola) Fonte: Os autores Regras do mini- handebol: Noções básicas para a realização da marcação individual em quadra toda Jogos pequenas sociedades (2x1, 3x2, 4x3) Mini handebol: Marcação individual, quadra toda Quadro 3: 1ª etapa - Ensino Fundamental II; idade cronológica de 11 a 12 anos; Idade escolar 6º e 7º ano. Idade biológica Conceitos Procedimentos Atividade teórica: Jogos de tomada de decisão Montar um jogo de tomada de (Mais tático) decisão Capacidades coordenativas (Utilizando 2 materiais, em duplas) Motora especializada (Estágio de aplicação) Adolescência Fonte: Os autores Leitura e discussão de texto relacionando esporte com a saúde Regras do mini handebol: Noções básicas para a realização da marcação individual em meia quadra Habilidades com a bola (Em trios, cada um com uma bola) Jogos pequenas sociedade: 2x2, 3x3, 4x4 jogos Mini handebol: Marcação individual, meia quadra Quadro 4: 2ª etapa Ensino Fundamental II; idade cronológica de 13 a 14 anos; idade escolar 8º e 9º ano. Idade biológica Conceitos Procedimentos Motora especializada (Estágio de aplicação) Adolescência História do handebol no mundo e no Brasil Transição do mini- handebol para o handebol formal Características dos sistemas de defesa semiabertos: 3:3, 3:2:1. Características dos sistemas de ataque: 3:3 fechados Seminário sobre habilidades técnicas padrões do handebol: Passe/ recepção e interceptação da bola Transição do mini-handebol com marcação individual para o handebol formal com marcação individual Sistema de defesa semiaberto: 3:3, 3:2:1. Sistema de ataque: 3:3 fechados Habilidades técnicas do handebol: Passe/recepção e interceptação da bola

29818 Fonte: Os autores Seminário sobre habilidades técnicas padrões do handebol: Drible e roubada da bola Seminário sobre habilidades técnicas padrões do handebol: Arremessos e bloqueio Seminário sobre habilidades técnicas padrões do handebol: Fintas, desmarque e contato defensivo Seminário sobre habilidades técnicas padrões do handebol: Formas de defesa do goleiro Habilidades Técnicas do handebol: Drible e roubada da bola Habilidades técnicas do handebol: Arremessos e bloqueio Habilidades técnica do handebol: Fintas, desmarque e contato defensivo Habilidades técnicas do handebol: Formas de defesa do goleiro Quadro 5: 1º, 2º e 3º ano Ensino Médio; idade cronológica 15 a 17 anos; idade escolar 1º,2º e 3º ano. Idade biológica Conceitos Procedimentos O desenvolvimento do condicionamento físico, a partir da prática dos esportes coletivos x Características do grupo ofensivo: Modelos de aprendizagem das táticas em grupo Táticas de grupo ofensivo: engajamento, cruzamento, tabela, bloqueio e falso bloqueio Motora especializada (Estágio de utilização permanente) Adolescência Características do grupo defensivo: Modelos de aprendizagem das táticas em grupo Sistema de defesa: 4:2 (Características vantagens e desvantagens) Modelos de aprendizagem do sistema de defesa: 4:2 Tática de grupo defensivo: cobertura e troca de marcação Sistema de defesa: 4:2 Sistema de defesa: 5:1 (Características vantagens e desvantagens) Modelos de aprendizagem do sistema de defesa: 5:1 Sistema de defesa: 5:1

29819 Sistema de defesa: 6:0 (Características vantagens e desvantagens) Modelos de aprendizagem do sistema de defesa: 6:0 Sistema de defesa: 6:0 Fonte: Os autores Discussão A Educação Física escolar está fundamentada basicamente nos princípios de uma abordagem que consiga adequar o conteúdo ao nível de desenvolvimento do aprendiz e as suas características dentro do processo de aprendizagem cognitiva e motora, procurando assim entrelaçar os conteúdos e métodos de ensino ao nível de possibilidade do aprendiz, dentro de cada etapa dos níveis de ensino (GRECO e BENDA, 2001 apud ALVES, 2007, p.77). O início do processo de sistematização de conteúdos na Educação Física escolar está fundamentado na faixa etária e nos níveis de ensino, o qual estes fatores auxiliam na organização dos conteúdos. É dever dos professores apropriar-se de todos os conhecimentos possíveis de níveis motores, que ampliem as possibilidades pedagógicas de ensino, com o fim de obter avanços pedagógicos, sejam eles nos processos psicológicos, cognitivos e sociais. O trabalho de esportes coletivos, é um conteúdo escolar o qual tem-se discutido atualmente, e vem explorando formas de como ser trabalhado na escola. Segundo GRECO e BENDA, 2001 apud ALVES, (2007, p.77), existe duas correntes de atuação do esporte ligado a Educação Física. A primeira delas tem dado prioridade aos métodos de ensino voltados aos jogos esportivos, dando ênfase em que a aprendizagem está baseada na repetição de movimentos e jogadas sem que sejam levados em conta os aspectos em desenvolvimento. A outra corrente baseia-se nos princípios humanistas o qual o esporte está descartado das práticas, o qual é dado prioridade a atividades de cooperação, descartando o desporto competitivos das práticas educacionais. Entretanto, atualmente uma terceira corrente mais recente vem tomando espaço no conteúdo de esporte na escola, o qual procura aplicar os aspectos positivos das duas correntes anteriormente citadas. Este outro método busca estruturar um plano de ensino bem mais eficiente e complexo para a formação do aluno, o qual está baseado no princípio de Iniciação Esportiva Universal, propondo um trabalho de iniciação nos esportes coletivos nas escolas, levando em consideração os aspectos do desenvolvimento e da aprendizagem motora, (GRECO e BENDA,2001 apud ALVES, 2007, p.77).

29820 Na primeira etapa de sistematização (Quadro 1), a modalidade de handebol foi apresentada aos alunos. Assim nesse processo de iniciação esportiva, não deve haver preocupação com movimentos técnicos, e sim procurar a exploração do lúdico, mas com a intenção de promover o desenvolvimento das habilidades motoras dentro desta faixa etária. Palma et al, (2010 p.70), declara que a ação motora está presente na vida do ser humano, e todas as manifestações corporais humanas são concretizadas pelas suas operações motoras, sendo estas a interação entre o fazer, o saber fazer, os seus efeitos, as relações e as coordenações promovidas por aquele que faz. Na segunda etapa (Quadro 2), ainda visa trabalhar parte da ludicidade, porém terá o início de jogos em pequenas sociedades, onde serão trabalhadas estruturas menores do jogo formal de handebol, constituindo o jogo em superioridade numérica (2x1, 3x2,4x3), aumentando o número de jogadores em ordem crescente, até que o aluno seja capaz de compreender o jogo, e então que seja apresentado o mini- handebol, onde este é jogado com 5 jogadores, sendo 4 na linha, e 1 goleiro para cada equipe. O mini handebol nesta etapa de ensino será com marcação individual, e em quadra toda, ou seja as equipes poderão atacar e defender em ambos lados da quadra. A partir de quando o aluno sabe utilizar de sua motricidade, tendo em vista o desenvolvimento motor de acordo com cada faixa etária, essa ação é que acarreta na formação da proposta pedagógica de conteúdos a serem implantados por determinada série, ou seja, em cada nível de ensino. Na primeira etapa do ensino Fundamental II (Quadro 3), foi apresentado atividades mais táticas, onde o aluno, segundo GRECO e ROMERO (2012, p.84), para melhorar as capacidades coordenativas, é necessário que o aluno, se adeque a sequência de exercícios, onde o processo de aprendizagem motora complementa-se com jogos a serem propostos. O mini-handebol nesta etapa poderá ser realizado ainda com marcação individual, porém a defesa poderá ser executada em quadra toda. GALLAHUE (2013, p.209), propõe que o processo do desenvolvimento motor revelase principalmente, por mudanças no comportamento dos movimentos ao longo do tempo, podendo observar diferenças de desenvolvimento no comportamento motor, provocados por fatores próprios dos indivíduos, podendo assim, ter algumas alterações com o decorrer do processo no ciclo da vida. O objetivo básico do desenvolvimento motor e da educação motora de uma pessoa é aceitar o desafio de mudança no processo contínuo de obtenção e de manutenção do controle motor e da competência motora no decurso da vida toda (GALLAHUE, DAVID L. 2013, p. 210).

29821 Com base no processo de desenvolvimento motor, para a sistematização dos conteúdos, é necessário periodizar o processo de aprendizagem, levando em consideração cada etapa de desenvolvimento, sendo dividida a uma faixa etária específica (PAES, 1996, p. 5). A aprendizagem motora no handebol, é a fase em que a criança tem um contato esportivo coletivo institucionalizado, o qual o aprendiz começa a receber os padrões motores específicos do handebol, ou seja, lançar, correr, saltar, driblar, fintar. Estes fundamentos serão trabalhados na segunda etapa do Ensino Fundamental II (Quadro 4), onde há uma proposta de atividades com base no desenvolvimento das habilidades técnicas do handebol. ALBUQUERQUE (2013, p.115), declara que nos jogos esportivos coletivos, como o handebol, a técnica deve ser aplicada em função de resolver um problema motor. GREGO e BENDA (1998, p. 55) definem técnica como a interpretação no tempo, espaço e situação, do meio instrumental operativo inerente a concretização da resposta, para a solução de tarefas ou problemas motores. O educador deve ter a preocupação de considerar o processo maturacional, determinando as etapas que seguirão com o desenvolvimento do aluno (TANI et al, 2006, p.62). O professor deve considerar que o desenvolvimento motor e a aprendizagem motora da criança dependerão tanto de suas experiências espontâneas quando das atividades propostas pelo educador. De acordo com os elementos instáveis e dinâmicos, o professor deve apropriar-se de todo o momento da velocidade de deslocamento e as de direções da bola, no nível de desenvolvimento motor do aluno. A análise e o ensino do handebol acabam tendo uma variedade de implicações ao nível de ensino aprendizagem. As fases de estimulação motora caracterizam-se como fundamentais na alfabetização motora e a iniciação esportiva do aluno no handebol. Deve-se também levar em consideração o desenvolvimento da consciência espaçotemporal, onde segundo TANI, et al (2006, p.62) tem a preocupação do professor em todas as etapas da formação para com o aluno no aprendizado do handebol. A fase de aprendizagem motora se encarrega ao educando, quanto ao espaço de ocupar o momento certo a sua intervenção na ação do jogo. Já o processo de especialização motora tem como objetivo o ensino aprendizado, e a pedagogia do esporte, tendo um aprofundamento técnico tático individual, de grupo, e de coletivo.

29822 No Ensino Médio (Quadro 5), seguiremos então com o processo final de desenvolvimento. Trabalharemos com sistemas de defesa, onde os alunos irão compreender quais delas devem ser utilizadas, e quais os momentos. Através das bases táticas, seguiremos com os princípios de largura e profundidade de acordo com cada organização defensiva a ser estudada. Seguiremos com as vantagens e desvantagens de escolher uma defesa, apresentando modelos a serem seguidos, ou seja, exemplos de times e jogadores no mundo atual, que utilizam determinadas bases defensivas em seus campeonatos. A apresentação de modelos, no processo de aprendizagem e no desenvolvimento, desempenha importante papel na aquisição de um comportamento, onde a imitação ocorre em todas as culturas para ensino de comportamentos socialmente sancionados, e também de sua influência no processo de socialização (BANDURA, 2008, pag. 129) A modelação tem como objetivo de instigar o desempenho do aluno, através de respostas similares às respostas de um modelo, que no caso, funcionam como pistas. Conclusão O objetivo do presente estudo foi o de construir propostas conceituais e procedimentais, através dos conteúdos a serem sistematizados nas aulas de handebol, dentro da Educação Física escolar. Com esta pesquisa foi possível realizar a construção de quadros que sistematizam os conteúdos, a serem abordados dentro do contexto escolar. Por meio destas ideias que foram construídas, cada conteúdo foi organizado de acordo com cada idade escolar, idade cronológica e idade biológica. Com base nestes, cada matéria foi direcionada ao nível motor que cada aluno deverá realizar, através de conceitos e procedimentos. Na prática procedimental ainda há a predominância de conteúdo, visto que os conceitos ainda são poucos a serem explorados. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, Luís Rogério de. Handebol da iniciação esportiva à preparação esportiva. Curitiba: Editora Champagnat- PUC-PR; Porto Alegre: RS: EDIPUCRS, 2013. BANDURA, et al. Teoria social cognitiva: conceitos básicos. Porto Alegre, Artmed, 2008. DARIDO, RANGEL. Educação Física na escola: Implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2005.

29823 DARIDO, S. JÚNIOR, O.M.S. Para Ensinar Educação Física: Possibilidades de intervenção na escola. Campinas, SP: Papirus, 2007. FERREIRA, A. B. H. Miniaurélio Século I: O minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000. GALLAHUE, DAVID L. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. Porto Alegre: ARTMED, 2013. GRECO, Pablo Juan; Benda, R.N. Iniciação esportiva universal: da aprendizagem motora ao treinamento técnico. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998. GRECO, Pablo Juan; ROMERO, Juan, J. Fernández. Manual de handebol. São Paulo: Phorte editora, 2012. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos da metodologia científica. 4ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2003 MARION, José Carlos; DIAS, Reinaldo; TRALDI, Maria Cristina. Monografia para cursos de pós-graduação. São Paulo: Atlas, 2002. PAES, Roberto. R. Educação Física escolar: o esporte como conteúdo pedagógico do ensino fundamental. Campinas, SP: UNICAMP, 1996. In: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000113827> Acesso em: 08/11/2014. PALMA, et al. Educação Física e a Organização Curricular. Londrina: Eduel, 2010. TANI, et al. Pedagogia do desporto. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.