Seminário Diversidade nas Escolas: Preconceito e Inclusão Tema: Questões étnico-raciais



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Transcrição:

Senado Federal Comissão de Educação, Cultura e Esporte Seminário Diversidade nas Escolas: Preconceito e Inclusão Tema: Questões étnico-raciais Prof. Dr. Paulo Vinicius Baptista da Silva paulovbsilva@uol.com.br GT Educação e Relações Raciais da ANPED; Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Universidade Federal do Paraná (NEAB-UFPR)

Educação e relações étnico-raciais no Brasil: Conceito de raça a como construção social : : baseados na idéia ia de raça determinados grupos têm, sistematicamente, acesso negado a bens materiais e a bens simbólicos (racializa( racialização). No Brasil são três os grupos racializados (tratados na sociedade como raça ): negros(as); indígenas; ciganos. Pesquisas brasileiras sobre educação e relações étnico-raciais: Formas explícitas e implícitas de discriminação racial são freqüentes entes na escola brasileira. Cotidiano escolar Currículos; Interação adulto-crian criança; Interação entre pares. Materiais didáticos e paradidáticos ticos; Livros didáticos Literatura infanto-juvenil Literatura Discursos midiáticos

Relações raciais em livros didáticos Década 1950 Dante Moreira Leite (1950) Preconceito racial e patriotismo em seis livros didáticos primários rios brasileiros : caracterização de personagens negros em situação social inferior; superioridade da raça a branca em beleza e inteligência; postura de desprezo e/ou piedade para com os negros. Programa de Atividades do CBPE e UNESCO (1956 e 1957) Bazzanella (1957) Valores e estereótipos tipos em livros de leitura : Incidência mínima m de preconceito explícito (duas vezes). A figura do negro estava associada à funções subalternas, escravidão e à figura do contador de histórias. Hollanda (1957) A A pesquisa de estereótipos tipos e valores nos compêndios de História destinados ao curso secundário brasileiro : : Cinco manuais referiam-se à escravidão como algo condenável; quatro aos maus tratos durante o tráfico, sendo a figura dos donos de escravos positiva (não referido maus tratos por eles dispensados). A maioria dos manuais justificava a escravidão como uma necessidade econômica.

Década de 1970/1980 Rosemberg (1979-1980; 1980; 1985), literatura infanto-juvenil publicada entre 1955 e 1976: formas diversas de hierarquização branco- negro. Pinto (1981) livros de leitura publicados entre 1941 e 1975: NaturalizaN aturalização da condição de branco. personagens brancas apresentaram maiores possibilidades de atuação e autonomia. Diferenças mínimas m entre período inicial (1945-1948) 1948) e final (1972-1975). 1975).

Década de 1990/2000 Algumas personagens, hoje, continuam empregadas domésticas, mas com o dom de misturar no mesmo prato da sexualidade a nutrição e a sedução ão (Piza,, 1995, p. 12). As escritoras brancas, na complexa interação entre as múltiplas m subordinações atuantes na sociedade, avançaram aram contra a subordinação de gênero se apoiando na subordinação de raça. a. Para Piza (1995, p. 129-130). 130). Bazzili (1999) atualização de pesquisa de Rosemberg (1985) período 1975 e 1995, as mudanças as encontradas foram bastante tênues. Atenuou-se a diferença a de freqüência de personagens brancas e não-brancas e observou-se ligeiro aumento de personagens pretos exercendo profissão de tipo superior. Tendências gerais de privilégio aos personagens brancos se mantiveram Observamos nos resultados das pesquisas que as modificações foram pontuais, e não significam a ausência de discurso racista centrado numa branquidade normativa (Chinellato( Chinellato, 1996; Pinto, 1999; Marco Oliveira, 2000; Cruz, 2000).

Década de 1990/2000 Indígenas em livros didáticos: Sinteticamente, as pesquisas indicam manutenção de ponto de vista etnocêntrico e de tratamento generalizante de culturas muito distintas. Por outro lado, revelam a tentativa de mudança, a, seguindo tendências ditadas por áreas das ciências sociais que se dedicam aos estudos das populações indígenas, buscando a apresentação de atributos positivos do índio ndio.. Essa tentativa levou ao exagero do discurso panfletário, como apontou BARROS (2000), ou à reiteração do discurso do bom selvagem (CARMO, 1991; BARROS, 2000; OLIVEIRA, 2001). As tentativas, em termos gerais, mantiveram representações bastante desfavoráveis veis ao indígena, preponderantemente tratado em objeto, raramente como sujeito (CARMO, 1991 e BARROS, 2000); contextualizado no passado, não no presente da sociedade brasileira ira (CARMO, 1991; SILVA e GRUPIONI, 1995; BARROS, 2000; OLIVEIRA, 2001). Comparadas as características com as descritas por PINTO (1992); SILVA e GRUPIONI (1995), podemos afirmar que as pesquisas posteriores revelam alguns avanços na representação dos indígenas, ao mesmo tempo em que velhas (e importantes) restrições se mantêm. O discurso sobre personagens indígenas nos livros didáticos de língua portuguesa apresentou, portanto, semelhanças as e diferenças em relação aos resultados de pesquisa anteriores (SILVA e SOUZA, 2008).

Após s 2000 Lopes (2002) analisou a construção discursiva de raça (e de gênero e sexualidade) a partir da leitura de texto didático. Paulo Silva (2005), análise diacrônica 1976-2003, permitiu apreender mudanças as e permanências no discurso racista. Classificaríamos amos as mudanças as como epidérmicas. Permanência e novas formas de hierarquização brancos- negros. Reiterações de resultados, em livros de História (Oliva, 2003; Ribeiro, 2004; Filho, 2005; Carvalho, 2006; Teixeira 2006; Castro, 2007; Araújo, 2007) de Língua L Portuguesa (Costa, 2004; Pereira, 2006; Teixeira, 2006) de Geografia (Carvalho, 2006) de Ensino Religioso (Nascimento, 2009 de Educação Artística (Rangel, 2009). Costa (2004) aponta baixa percepção de professores sobre formas de discriminação nos livros e alta percepção dos alunos de que os discursos dos livros são mediadores. Teixeira (2006) reitera resultados sobre percepção de professores e de alunos e demonstra o impacto negativo que as imagens estereotipadas de negros escravos, via de regra sendo maltratados fisicamente, operam na identidade dos alunos(as) negros(as).

Cotidiano da escola: Década D 1980 Gonçalves (1985; 1987; 1988) rituais pedagógicos, gicos, o silêncio: sobre processos de discriminação; sobre particularidades culturais da população negra. Formas de manifestação do silêncio no discurso racista brasileiro (estratégia ideológica): 1) O silêncio sobre particularidades culturais no negro brasileiro; 2) O silêncio como estratégia para ocultar desigualdades 3) O silêncio sobre a branquidade que atua para estabelecer o branco como norma; 4) A negação da existência plena ao negro: invisibilidade e sub-representa representação;

Décadas 1980/1990 As relações raciais nas escolas continuam pautadas, por vezes de forma aberta, pela imputação aos negros de impossibilidades intelectuais, por hostilidades, por desqualificação da identidade racial (Gonçalves, 1987; Figueira, 1990; Pinto, 1993). Em escolas determinadas, professores apresentaram uma visão predominantemente estereotipada a respeito dos alunos, dificuldade em lidar com a heterogeneidade de raça a e de classe e reforço o da crença a de que os alunos pobres e negros não são educáveis (Hasenbalg( Hasenbalg,, 1987). Os brancos em geral não reconhecem como iguais (portanto discriminam) negros que ascenderam racialmente, e ocorre na escola (Rosemberg, 1998), com a população negra sendo nivelada pelo critério rio racial. O pertencimento racial nivela as possibilidades de acesso, permanência e sucesso nas redes de ensino

Década 1990 a anos atuais Alguns centros de pesquisa com produção significativa sobre Educação e Relações Étnico-Raciais: PENESB (UFF); NEPRE (UFMT); NEAB-UFSCAR; Programa Ações A Afirmativas da UFMG; CEAO-UFBA; NEAB-UFPR; NEGRI da PUC/SP. Resultados de pesquisas sobre discriminação na educação infantil, ensino fundamental e médio: m Relação professor-aluno: preferências, manifestação de afetos, contato físico, f incentivos, auxílio em tarefas, marcadamente racializados,, positivos para brancos(as) e negativo para negros(as). Relação entre pares: freqüente ente uso de ofensas raciais; traços brancos compreendidos como beleza e traços afro como feidade; ; alunos de séries s iniciais do EF, classificação racial reconhecida; aspectos da complexa ética das relações raciais,, discriminação e preconceito muito presentes.

Década 1990 a anos atuais Currículo eurocêntrico e ausência de formas de identificação positiva de alunos(as) negros.

Propostas para combate a discriminação étnico-racial na educação brasileira Levar a termo conjunto de proposta do Plano Nacional de implementação das diretrizes curriculares nacionais para educação das relações étnico-raciais. Formação de professores: concretizar ações a de formação inicial e continuada de professores para Educação da Relações Étnico-Raciais, incentivando, oferecendo condições materiais e monitorando IES a incluírem conteúdos em todas as licenciaturas sobre: Alfabetização da diáspora: ensino de História e Cultura Afro- Brasileiras: implantar currículo culo não-eurocêntrico; possibilitar estruturação de identidade positiva e de cidadania a tod@s. Racismo à brasileira suas manifestações na escola e as formas de educação anti-racista necessárias. Análise crítica de discursos hierarquizantes em livros didáticos, literatura infanto-juvenil, literatura, discursos midiáticos. Fortalecimento dos NEABs,, núcleos n e centros de pesquisas nas IES, por meio de financiamentos específicos ficos para pesquisa, formação de pesquisadores, publicações, editais específicos.

Referências BARROS, Diana L. P. Esta é uma outra história: os índios nos livros didáticos de história do Brasil. BARROS, Diana L. P. (org.) Os discursos do descobrimento: 500 e mais anos de discursos. São Paulo: EDUSP/FAPESP, 2000. BAZZANELLA, W. Valores e estereótipos tipos em livros de leitura. Boletim do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais. Rio de Janeiro, vol. 2, n. 4. mar. 1957. BAZILLI, Chirley. Discriminação contra personagens negros na literatura infanto-juvenil brasileira contemporânea. São Paulo, 1999. Dissert.. (mest( mest.) PUC/SP. CARMO, Sonia I. S. Entre a cruz e a espada : o índio no discurso do livro didático de Historia. São Paulo, 1991. Dissert.. (mestr( mestr.) USP. CHINELLATO, Thais M. Crônica e ideologia contribuições para leituras possíveis. São Paulo, 1996. Tese (dout( dout.) USP. FAZZI, Rita de Cássia. C O drama racial de crianças as brasileiras: socialização entre pares e preconceito. Belo Horizonte: Autêntica, 2004. HOLANDA, G. A. A pesquisa dos estereótipos tipos e valores nos compêndios de História destinados ao curso secundário brasileiro. Boletim do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais. Rio de Janeiro, vol.2, n.4, mar., 1957. LEITE, Dante Moreira. Preconceito racial e patriotismo em seis livros didáticos primários rios brasileiros. Psicologia.. São Paulo, n.3, p.207-31, 1950. LOPES, Luiz P. da M. Identidades fragmentadas: a construção discursiva de raça, a, gênero e sexualidade em sala de aula. Campinas: Mercado Aberto, 2002. OLIVEIRA, Teresinha S. de Olhares poderosos: o índio em livros didáticos e revistas Porto Alegre, 2001. Dissert.. (mestr( mestr.) UFRGS.

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