Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa



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2010 Língua Portuguesa e Literaturas de Língua Portuguesa Questão 01 Retirada de www.eitapiula.net/2009/09/aurelio.jpg Nessa propaganda do dicionário Aurélio, a expressão bom pra burro é polissêmica, e remete a uma representação de dicionário. a) Qual é essa representação? Ela é adequada ou inadequada? Justifique. b) Explique como o uso da expressão bom pra burro produz humor nessa propaganda. a) A expressão "bom pra burro" remete a uma outra expressão que se relaciona a dicionário, qual seja, o "pai dos burros". Obviamente, trata-se de uma qualificação inadequada aos dicionários, uma vez que eles são úteis a qualquer pessoa que deseje tomar conhecimento do sentido de alguma palavra, e não somente àqueles "desprovidos de inteligência". b) O humor da propaganda advém da dupla interpretação - ambiguidade - possível para a expressão "pra burro", que tanto pode funcionar como adjunto adverbial de intensidade, significando "demais", quanto como complemento de "bom", ou seja, com o sentido de "bom para quem é burro". 1

Questão 02 Quino, Toda Mafalda. São Paulo: Editora Martins Fontes, 6ª. Edição, 2003. Nessa tirinha da famosa Mafalda do argentino Quino, o humor é construído fundamentalmente por um produtivo jogo de referência. a) Explicite como o termo estrangeiro é entendido pela personagem Mafalda e pelo personagem Manolito. b) Identifique duas palavras que, nessa tirinha, contribuem para a construção desse jogo de referência, explicando o papel delas. a) Mafalda entende como "estrangeiro" todo país que não seja o dela, ou seja, aquele em que ela vive. Já Manolito acha que "estrangeiro" é qualquer país diferente de sua pátria, quer dizer, que não seja aquele onde nasceu. b) O emprego dos artigos "o" e "um", bem como do pronome demonstrativo "este", ajudam a construir o jogo de referências da tira. Quando Mafalda diz "deixar o país" ou "Este não é um país estrangeiro", ela deixa clara sua percepção de que todos os outros países são estrangeiros, menos o dela. Já Manolito, ao dizer que seu pai "deixou a pátria dele por um país estrangeiro", entende que o país em que seu pai vive é estrangeiro por ele não ter nascido lá, e sim em outro. Os turistas que visitam as favelas do Rio se dizem transformados, capazes de dar valor ao que realmente importa, observa a socióloga Bianca Freire-Medeiros, autora da pesquisa Para ver os pobres: a construção da favela carioca como destino turístico. Ao mesmo tempo, as vantagens, os confortos e os benefícios do lar são reforçados por meio da exposição à diferença e à escassez. Em um interessante paradoxo, o contato em primeira mão com aqueles a quem vários bens de consumo ainda são inacessíveis garante aos turistas seu aperfeiçoamento como consumidores. No geral, o turista é visto como rude, grosseiro, invasivo, pouco interessado na vida da comunidade, preferindo visitar o espaço como se visita um zoológico e decidido a gastar o mínimo e levar o máximo. Conforme relata um guia, O turismo na favela é um pouco invasivo, sabe? Porque você anda naquelas ruelas apertadas e as pessoas deixam as janelas abertas. E tem turista que não tem desconfiômetro : mete o carão dentro da casa das pessoas! Isso é realmente desagradável. Já aconteceu com outro guia. A moradora estava cozinhando e o fogão dela era do lado da janelinha; o turista passou, meteu a mão pela janela e abriu a tampa da panela. Ela ficou uma fera. Aí bateu na mão dele. (Adaptado de Carlos Haag, Laje cheia de turista. Como funcionam os tours pelas favelas cariocas. Pesquisa FAPESP no. 165, 2009, p.90-93.) a) Explique o que o autor identifica como um interessante paradoxo. b) O trecho em itálico, que reproduz em discurso direto a fala do guia, contém marcas típicas da linguagem coloquial oral. Reescreva a passagem em discurso indireto, adequando-a à linguagem escrita formal. Questão 03 a) Para o autor, o contato dos turistas com a miséria e a pobreza das favelas constitui "um interessante paradoxo", pois eles, em vez de se compadecerem com os problemas e com a precariedade com a qual se deparam e, assim, refletirem sobre seus hábitos superficiais e consumistas, fazem dessa experiência um motivo para se sentirem superiores, privilegiados por sua condição, o que os leva a continuarem consumindo. b) O guia relata que o turismo na favela é um pouco invasivo, porque os visitantes andam por aquelas ruas estreitas, e os moradores deixam as janelas das casas abertas. Isso gera situações desagradáveis, como aconteceu com outro guia: uma moradora cozinhava em seu fogão, próximo à janela de seu barraco. Então, um turista que passava colocou a mão pela janela e abriu a tampa da panela. A mulher ficou extremamente furiosa e bateu-lhe na mão. 2

Questão 04 Nessa propaganda, há uma interessante articulação entre palavras e imagens. Retirada de www.diariodapropaganda.blogspot.com a) Explique como as imagens ajudam a estabelecer as relações metafóricas no enunciado Mesmo que o globo fosse quadrado, O GLOBO seria avançado. b) Indique uma característica atribuída pela propaganda ao produto anunciado. Justifique. a) O contraste apresentado no anúncio entre as imagens do globo terrestre em uma forma "quadrada" (de cubo) e em outra esférica reforçam, de maneira figurada, simbólica (metafórica), a oposição presente no texto entre os termos "quadrado" e "avançado", sugerindo uma visão mais antiga, antiquada, apresentada pelos outros jornais contrastando com a perspectiva moderna, inovadora e atualizada do jornal "O Globo". b) O jornal "O Globo" é, neste caso, anunciado como um veículo de comunicação moderno, inovador, uma vez que traz a seus leitores uma visão dos fatos que está sempre à frente do seu tempo. Questão 05 Retirada de www.miriamsalles.info/wp/wp-content/uploads/acord 3

a) Qual é o pressuposto da personagem que defende o acordo ortográfico entre os países de língua portuguesa? Por que esse pressuposto é inadequado? b) Explique como, na tira ao lado, esse pressuposto é quebrado. a) A personagem que defende o acordo ortográfico acredita que ele será capaz de promover a unificação da língua portuguesa, permitindo que todos os usuários desse idioma se comuniquem perfeitamente, sem qualquer impedimento ou dificuldade. Tal pressuposto é inadequado, pois sabe-se que a Reforma proposta é apenas "ortográfica", o que não possibilitará a unificação do vocabulário do português, mantendo as inúmeras diferenças lexicais existentes, como a própria tira exemplifica: bicha = fila; bica = café; peúgas = meias. b) Na tira, o personagem que acredita na unificação da língua portuguesa não consegue entender com clareza o texto escrito em português de Portugal, pois não compreende o significado de várias palavras comumente usadas pelos lusitanos, porém pouco conhecidas pelos brasileiros, provando que há empecilhos muito maiores à unificação do português do que a questão ortográfica. Questão 06 A propaganda abaixo explora a expressão idiomática não leve gato por lebre para construir a imagem de seu produto: NÃO LEVE GATO POR LEBRE SÓ BOM BRIL É BOM BRIL a) Explique a expressão idiomática por meio de duas paráfrases. b) Mostre como a dupla ocorrência de BOM BRIL no slogan SÓ BOM BRIL É BOM BRIL, aliada à expressão idiomática, constrói a imagem do produto anunciado. a) A expressão idiomática "Não leve gato por lebre" pode ser parafraseada de várias formas. Algumas entre as possibilidades seriam: - Não troque o certo pelo duvidoso. - Não se deixe enganar pelos similares. - Não troque produtos superiores por inferiores. - Não adquira um produto pela aparência, e sim pela qualidade. b) A repetição de "BOM BRIL" no slogan "SÓ BOM BRIL É BOM BRIL" reforça a ideia de que não existe outro produto que se compare a este, ou seja, você não encontrará outro produto com a mesma qualidade: BOM BRIL é insubstituível. Questão 07 No excerto abaixo, o romance Iracema é aproximado da narrativa bíblica: Em Iracema, (...) a paisagem do Ceará fornece o cenário edênico para uma adaptação do mito da Gênese. Alencar aproveitou até o máximo as similaridades entre as tradições indígenas e a mitologia bíblica (...). Seu romance indianista (...) resumia a narrativa do casamento inter-racial, porém (...) dentro de um quadro estrutural pseudohistórico mais sofisticado, derivado de todo um complexo de mitos bíblicos, desde a Queda Edênica ao nascimento de um novo redentor. (David Treece, Exilados, aliados, rebeldes: o movimento indianista, a política indigenista e o Estado-Nação imperial. São Paulo: Nankin/Edusp, 2008: p. 226, 258-259.) Partindo desse comentário, responda às questões: a) Que associação se pode estabelecer entre os protagonistas do romance e o mito da Queda com a consequente expulsão do Paraíso? b) Qual personagem poderia ser associada ao novo redentor? Por quê? 4

a) José de Alencar retratou em Iracema o processo de estranhamento e fascínio mútuo que dominou o encontro dos dois povos. Iracema, simbolizando a terra virgem e Martim, o colonizador português que, indiscriminadamente, explorou a terra achada, Pode-se afirmar que a obra estabelece uma associação com o mito bíblico: a bebida jurema, que representa o fruto proibido; a união carnal, que representa o pecado original; e a saída definitiva da tribo dos Tabajaras, que representa a expulsão do paraíso. b) O personagem Moacir simboliza a nação brasileira, nascida da união do branco colonizador com o índio nativo, representando, assim, o novo redentor. Questão 08 Leia o seguinte comentário a respeito de O Cortiço, de Aluísio Azevedo: Com efeito, o que há n' O Cortiço são formas primitivas de amealhamento*, a partir de muito pouco ou quase nada, exigindo uma espécie de rigoroso ascetismo inicial e a aceitação de modalidades diretas e brutais de exploração, incluindo o furto (...) como forma de ganho e a transformação da mulher escrava em companheira-máquina. (...) Aluísio foi, salvo erro meu, o primeiro dos nossos romancistas a descrever minuciosamente o mecanismo de formação da riqueza individual. (...) N' O Cortiço [o dinheiro] se torna implicitamente objeto central da narrativa, cujo ritmo acaba se ajustando ao ritmo da sua acumulação, tomada pela primeira vez no Brasil como eixo da composição ficcional. (Antonio Candido, De cortiço a cortiço. In: O discurso e a cidade. São Paulo: Duas Cidades, 1993, p. 129-3.) *amealhar: acumular (riqueza), juntar (dinheiro) aos poucos a) Explique a que se referem o rigoroso ascetismo inicial da personagem em questão e as modalidades diretas e brutais de exploração que ela emprega. b) Identifique a mulher escrava e o modo como se dá sua transformação em companheira-máquina. a) João Romão passa de um modesto empregado de uma venda a um rico negociante de aparência aristocrática. O rigoroso ascetismo inicial está relacionado ao processo de ascenção do português que se utilizou do trabalho da negra Berloza, dos moradores do cortiço, das notas sujas do Libório e dos empregados da pedreira. João Romão privava-se de todo o luxo, vai aos poucos enriquecendo e, quando consegue os seus objetivos, assume outra personalidade: passa a vestir-se bem, cuidar da higiene pessoal, comprar móveis novos e dar-se o luxo que nunca tivera. Livra-se de Bertoleza e casa-se com Zulmira e, assim, além da riqueza consegue um lugar na alta sociedade. b) Bertoleza, uma escrava que leva uma vida totalmente entregue ao trabalho com o intuito de comprar sua liberdade, conhece João Romão, que inicialmente se mostra amigo e a ajuda a administrar o dinheiro. Tornam-se amantes. João passa a administrar o dinheiro da negra e com ele, inicia a construção de algumas casinhas. Trabalham juntos na venda e assim Bertoleza ajuda o português a enriquecer. Questão 09 O excerto abaixo, de Vidas Secas, trata da personagem sinha Vitória: Calçada naquilo, trôpega, mexia-se como um papagaio, era ridícula. Sinha Vitória ofendera-se gravemente com a comparação, e se não fosse o respeito que Fabiano lhe inspirava, teria despropositado. Efetivamente os sapatos apertavam-lhe os dedos, faziam-lhe calos. Equilibrava-se mal, tropeçava, manquejava, trepada nos saltos de meio palmo. Devia ser ridícula, mas a opinião de Fabiano entristecera-a muito. Desfeitas essas nuvens, curtidos os dissabores, a cama de novo lhe aparecera no horizonte acanhado. Agora pensava nela de mau humor. Julgava-a inatingível e misturava-a às obrigações da casa. (...) Um mormaço levantava-se da terra queimada. Estremeceu lembrando-se da seca (...). Diligenciou afastar a recordação, temendo que ela virasse realidade. (...) Agachou-se, atiçou o fogo, apanhou uma brasa com a colher, acendeu o cachimbo, pôs-se a chupar o canudo de taquari cheio de sarro. Jogou longe uma cusparada, que passou por cima da janela e foi cair no terreiro. Preparou-se para cuspir novamente. Por uma extravagante associação, relacionou esse ato com a lembrança da cama. Se o cuspo alcançasse o terreiro, a cama seria comprada antes do fim do ano. Encheu a boca de saliva, inclinou-se e não conseguiu o que esperava. Fez várias tentativas, inutilmente. (...) Olhou de novo os pés espalmados. Efetivamente não se acostumava a calçar sapatos, mas o remoque de Fabiano molestara-a. Pés de papagaio. Isso mesmo, sem dúvida, matuto anda assim. Para que fazer vergonha à gente? Arreliava-se com a comparação. Pobre do papagaio. Viajara com ela, na gaiola que balançava em cima do baú de folha. Gaguejava: - "Meu louro." Era o que sabia dizer. Fora isso, aboiava arremedando Fabiano e latia como Baleia. Coitado. Sinha Vitória nem queria lembrar-se daquilo. (Graciliano Ramos, Vidas secas. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2007, p.41-43.) 5

a) Por que a comparação feita por Fabiano incomoda tanto sinha Vitória? Que lembrança evoca? b) Tendo em vista a condição e a trajetória de sinha Vitória, justifique a ironia contida no nome da personagem. Que outra personagem referida no excerto acima também revela uma ironia no nome? a) Sinhá Vitória demonstrava mais esperteza que o marido. Era intuitiva, vigilante, um pouco triste, reclamava de tudo. No excerto, sinha Vitória incomodou-se quando o marido a comparou com o papagaio, animal que foi devorado pela família para saciar a fome. A comparação provoca instabilidade em sinha Vitória, que se sente rebaixada, já que ela foi responsável diretamente pela morte do animal. b) O nome Vitória vem acompanhado pelo pronome de tratamento sinhá, que representava, no passado, um termo de tratamento dados pelos escravos à senhora. A ironia está presente no contraste entre o termo que representa mulheres distintas e a situação precária vivida por sinha Vitória no sertão. Outra personagem que apresenta ironia no nome é a cadela Baleia, o ser mais humanizado da história. O nome é de um mamífero marinho que possui espessa camada de gordura sob a pele, nada comparado com a minguada cachorra sertaneja. O poeta Vinicius de Moraes, apesar de modernista, explorou formas clássicas como o soneto abaixo, em versos alexandrinos (12 sílabas) rimados: Soneto da intimidade Nas tardes de fazenda há muito azul demais. Eu saio às vezes, sigo pelo pasto, agora Mastigando um capim, o peito nu de fora No pijama irreal de há três anos atrás. Desço o rio no vau dos pequenos canais Para ir beber na fonte a água fria e sonora E se encontro no mato o rubro de uma amora Vou cuspindo-lhe o sangue em torno dos currais. Fico ali respirando o cheiro bom do estrume Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme E quando por acaso uma mijada ferve Seguida de um olhar não sem malícia e verve Nós todos, animais, sem comoção nenhuma Mijamos em comum numa festa de espuma. (Vinicius de Moraes, Antologia poética. São Paulo: Companhia das Letras, 2001, p. 86.) a) Essa forma clássica tradicionalmente exigiu tema e linguagem elevados. O Soneto da intimidade atende a essa exigência? Justifique. b) Como os quartetos anunciam a identificação do eu lírico com os animais? Como os tercetos a confirmam? Questão 10 a) Apesar do uso da estrutura clássica, a linguagem é vulgar E quando por acaso uma mijada ferve, há repetição de termos, os elementos sensoriais são provocados por expressões chulas, há presença de termos coloquiais. Quanto aos aspectos temáticos, o tema é baixo : comportamentos matinais no cotidiano campestre comparados aos animais. b) Nos quartetos, a identificação com os animais é representada na ação do eu lírico, caminhando no pasto com o peito nu e mastigando capim. A seguir, o eu lírico desce ao rio para beber água e volta em direção aos currais; se encontrar amoras, vai cuspi-las, atividades típicas dos animais. Nos tercetos, a confirmação da identificação: o eu lírico compartilha com o gado o cheiro do estrume e Mijamos em comum nessa festa de espuma. 6

Leia o trecho abaixo de A cidade e as serras: Sabes o que eu estava pensando, Jacinto?... Que te aconteceu aquela lenda de Santo Ambrósio... Não, não era Santo Ambrósio... Não me lembra o santo. Ainda não era mesmo santo, apenas um cavaleiro pecador, que se enamorara de uma mulher, pusera toda a sua alma nessa mulher, só por a avistar a distância na rua. Depois, uma tarde que a seguia, enlevado, ela entrou num portal de igreja, e aí, de repente, ergueu o véu, entreabriu o vestido, e mostrou ao pobre cavaleiro o seio roído por uma chaga! Tu também andavas namorado da serra, sem a conhecer, só pela sua beleza de verão. E a serra, hoje, zás! de repente, descobre a sua grande chaga... É talvez a tua preparação para S. Jacinto. (Eça de Queirós, As cidades e as serras. São Paulo: Ateliê Editorial, 2007, p. 252.) a) Explique a comparação feita por Zé Fernandes. Especifique a que chaga ele se refere. b) Que significado a descoberta dessa chaga tem para Jacinto e para a compreensão do romance? Questão 11 a) José Fernandes comprova as mazelas da cidade de Paris, mas não tem a pretensão de apresentar Portugal como um paraíso perfeito para os pobres e humildes, mas mostrá-lo como um local acolhedor para aqueles que necessitam de amparo. O termo chaga faz referência à população carente que vivia sob abrigos precários, que se alimentava de couves e que se aquecia sob o calor da lareira. b) Com a descoberta da chaga, Jacinto passa a representar o homem que não vai medir esforços para oferecer boas condições de vida àqueles que tiveram o prazer de nascer nas serras, promovendo projetos assistenciais para a população da região. Questão 12 Leia o trecho abaixo, do capítulo As luzes do carrossel, de Capitães da Areia: O sertanejo trepou no carrossel, deu corda na pianola e começou a música de uma valsa antiga. O rosto sombrio de Volta Seca se abria num sorriso. Espiava a pianola, espiava os meninos envoltos em alegria. Escutavam religiosamente aquela música que saía do bojo do carrossel na magia da noite da cidade da Bahia só para os ouvidos aventureiros e pobres dos Capitães da Areia. Todos estavam silenciosos. Um operário que vinha pela rua, vendo a aglomeração de meninos na praça, veio para o lado deles. E ficou também parado, escutando a velha música. Então a luz da lua se estendeu sobre todos, as estrelas brilharam ainda mais no céu, o mar ficou de todo manso (talvez que Iemanjá tivesse vindo também ouvir a música) e a cidade era como que um grande carrossel onde giravam em invisíveis cavalos os Capitães da Areia. Nesse momento de música eles sentiram-se donos da cidade. E amaram-se uns aos outros, se sentiram irmãos porque eram todos eles sem carinho e sem conforto e agora tinham o carinho e conforto da música. Volta Seca não pensava com certeza em Lampião nesse momento. Pedro Bala não pensava em ser um dia o chefe de todos os malandros da cidade. O Sem-Pernas em se jogar no mar, onde os sonhos são todos belos. Porque a música saía do bojo do velho carrossel só para eles e para o operário que parara. E era uma valsa velha e triste, já esquecida por todos os homens da cidade. (Jorge Amado, Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 68.) a) De que modo esse capítulo estabelece um contraste com os demais do romance? Quais são os elementos desse contraste? b) Qual a relação de tal contraste com o tema do livro? a) O capítulo As luzes do carrossel apresenta uma questão relevante pelo autor: o lado humano dos capitães. Sempre havia brigas, revoltas, roubos, estupros, mas eles eram crianças e tinham seus momentos de brincar, como é perceptível no fragmento do capítulo. Volta Seca e Sem Pernas eram personagens altamente amargos e revoltados com as condições precárias que a vida os impôs: O rosto sombrio de Volta Seca se abria num sorriso e Sem Pernas em se jogar no mar, onde os sonhos são todos belos. b) Os capitães de areia lutam diariamente pela sobrevivência, tornam-se adultos muito cedo, aprendem a lidar com a situação de que são vítimas, possuem vida sexual, enganam, roubam, enfrentam a polícia e adquirem a malícia para viver. No entanto, são meninos cheios de sonhos que recebem da sociedade a crueldade. No excerto do capítulo, há o contraste entre a opressão e discriminação dos menores de ruas - considerando o tema da obra - e a pureza pertencente a toda criança. 7

2010 Ciências Biológicas Questão 13 As figuras abaixo mostram o isolamento, por um longo período de tempo, de duas populações de uma mesma espécie de planta em consequência do aumento do nível do mar por derretimento de uma geleira. a) Qual é o tipo de especiação representado nas figuras? Explique. b) Se o nível do mar voltar a baixar e as duas populações mostradas em B recolonizarem a área de sobreposição (Figura C), como poderia ser evidenciado que realmente houve especiação? Explique. A B C Área de sobreposição (Adaptado de Purves,W.K. e col., Vida, a ciência da biologia. ARTMED Ed., 2005, p.416) a) A especiação representada é denominada alopátrica que ocorre com isolamento geográfico, ou seja, dois grupos de uma mesma espécie passam a viver isolados devido a um fator ambiental. b) A evidência que pode confirmar a especiação é o isolamento reprodutivo, ou seja, se não ocorrer reprodução originando descendentes férteis entre membros dos dois grupos, houve especiação e os dois grupos formam duas espécies diferentes. Questão 14 O esquema abaixo representa o mais recente sistema de classificação do Reino Plantae. Reino Plantae Traqueófitas Espermatófitas briófitas pteridófitas gimnospermas angiospermas I II III a) Os algarismos romanos representam a aquisição de estruturas que permitiram a evolução das plantas. Quais são as estruturas representadas por I, II e III? Qual a função da estrutura representada em I? b) A dupla fecundação é característica das angiospermas. Em que consiste e quais os produtos formados com a dupla fecundação? 8

a) I - Vasos condutores de seiva. II Sementes. III Frutos. Função da estrutura I - vasos condutores: O XILEMA - vasos lenhosos transportam a seiva bruta (ou inorgânica) no sentido ascendente (raiz até as folhas) e o FLOEMA - vasos liberianos transportam a seiva elaborada (ou orgânica) no sentido descendente (folhas até as raízes) nutrindo toda a planta. b) A dupla fecundação ocorre com a chegada do tubo polínico na micrópila do óvulo. O primeiro núcleo espermático (gameta masculino) fecunda a oosfera (gameta feminino) dando origem ao zigoto e posteriormente ao embrião. O segundo núcleo espermático fecunda os dois núcleos polares (componentes do saco embrionário) dando origem ao endosperma secundário - estrutura responsável pela nutrição do embrião durante o seu desenvolvimento. Questão 15 O gráfico abaixo mostra o crescimento da população de uma determinada bactéria in vitro. Número de Células 700 600 500 400 300 200 100 A B C 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Tempo (horas) a) Compare as tendências de crescimento populacional nos períodos A e C. Em qual desses períodos a tendência de crescimento é maior? Dê uma explicação para o fato de essas tendências serem diferentes nesses períodos. b) O crescimento da população de bactérias ocorre por reprodução assexuada, enquanto em eucariotos ocorre, principalmente, por reprodução sexuada, que permite maior variabilidade genética. Na meiose, além da separação independente dos cromossomos, um outro evento celular constitui importante fonte de variabilidade genética em espécies com reprodução sexuada. Que evento é esse? Explique. a) A maior tendência de crescimento da população conforme demonstra o gráfico é o seguimento C. Isso é explicado pois o número de indivíduos na população é maior nesse período o que proporcionaria uma maior taxa reprodutiva. b) O evento determinado é o crossing-over que permite a troca (permutação) de fragmentos de extremidades de cromátides entre cromossomos de um mesmo par. Isso produziria uma troca de gens e consequentemente maior variedade gênica. Questão 16 Os seres vivos têm níveis de organização acima do organismo, e a Ecologia é a área da Biologia que estuda as relações entre os organismos e destes com o ambiente em que vivem. Dentre os vários níveis de organização podem ser citados a População, a Comunidade e o Ecossistema. a) As figuras abaixo representam a biomassa de níveis tróficos em dois tipos de ecossistemas. Relacione cada uma das figuras com um ecossistema. Justifique. b) Explique como o dióxido de enxofre (SO 2 ), liberado na atmosfera por diversas indústrias, pode afetar as populações dos diferentes níveis tróficos da pirâmide A. 9

A Consumidor terciário Consumidor secundário Consumidor primário PRODUTOR B Consumidor terciário Consumidor secundário Consumidor primário PRODUTOR a) A figura A representa um ecossistema tipicamente terrestre por apresentar uma configuração normal das pirâmides encontradas nos mesmos: base maior representando os produtores e os demais níveis (consumidores) vão se reduzindo gradualmente. Já a figura 2 representa ecossistemas aquáticos na qual os produtores geralmente são microscópicos (cianobactérias, algas microscópicas etc) que mesmo possuindo uma baixa biomassa devido o seu reduzido tamanho possuem uma alta taxa de crescimento (multiplicação) e alta produtividade energética. Isso explica o fato da base da pirâmide (o produtor) ser menor em relação ao próximo nível (consumidor primário). b) Uma das alterações que podem ser causadas pelo dióxido de enxofre (SO 2 ) é a chuva ácida devido a sua ligação com moléculas de água na atmosfera e precipitação em forma de compostos ácidos sobre os ecossistemas terrestres (pirâmide I). Esse fato poderia destruir (queimar) os produtores (plantas em geral) o que comprometeria a sua produtividade energética. Com a redução na produtividade dos mesmos, na base das cadeias alimentares, ocorreria em efeito cascata uma redução energética em todos os demais níveis tróficos, o que levaria a um desequilíbrio das mesmas e de suas pirâmides. Questão 17 As figuras abaixo mostram o crescimento corporal de dois grupos de invertebrados até atingirem a fase adulta. Crescimento 7 6 5 A 3 4 2 1 0 0 2 4 6 8 Tempo Crescimento B 7 6 5 3 4 2 1 0 0 2 4 6 8 Tempo 10 12 a) Identifique um grupo de invertebrados que pode ter o crescimento corporal como o representado na figura A e outro como o representado na figura B. Justifique. b) Dê duas características morfológicas que permitam diferenciar entre si dois grupos de invertebrados relacionados com o gráfico A. a) A figura A representa o crescimento dos Artrópodes em que ocorrem períodos de crescimento e períodos sem crescimento em alternância. Essa alternância deve-se à presença de um exoesqueleto quitinoso e à ocorrência de mudas ou ecdises. A ecdise caracteriza-se pela perda do esqueleto quitinoso e por um período de crescimento até que se forme um novo exoesqueleto. A figura B representa o crescimento de vários outros grupos de invertebrados (Platelmintos, Anelídeos etc) que apresentam um crescimento contínuo que se estabiliza após algum tempo. b) Os insetos possuem um par de antenas, três pares de patas e o corpo dividido em cabeça, tórax e abdome. Os aracnídeos não apresentam antenas, possuem quatro pares de patas e corpo dividido em cefalotórax e abdome. 10

Questão 18 Uma dona de casa, querendo preparar uma caldeirada de frutos do mar, obteve uma receita que, além de vegetais e temperos, pedia a inclusão de cação, camarão, lagosta, mexilhão e lula. Ela nunca havia preparado a receita e não conhecia os animais. O filho explicou que esses animais eram: um peixe cartilaginoso (cação), crustáceos (camarão e lagosta) e moluscos (mexilhão e lula). a) Indique duas características exclusivas dos moluscos que poderão permitir sua identificação pela dona de casa. b) Ao comprar o peixe, a dona de casa não encontrou cação e comprou abadejo, que é um peixe ósseo. Além da diferença quanto ao tipo de esqueleto, indique outras duas diferenças que os peixes ósseos podem apresentar em comparação com os peixes cartilaginosos. a) Os moluscos possuem o corpo dividido em cabeça, pé e massa visceral e podem apresentar conchas calcáreas. b) Os peixes cartilaginosos apresentam boca ventral, tubo digestivo terminando em cloaca, excretam principalmente uréia e possuem nadadeira caudal heterocerca. Os peixes ósseos apresentam boca anterior, tubo digestivo terminando em ânus, excretam principalmente amônia e possuem nadadeira caudal homocerca. O gráfico abaixo mostra a variação da temperatura corporal de dois grupos de animais em relação à variação da temperatura do ambiente. Temperatura Corporal 60 50 40 30 20 A B 10 0 0 10 20 30 40 50 60 Temperatura do ambiente a) Dentre os anfíbios, aves, mamíferos, peixes e répteis, quais têm variação de temperatura corporal semelhante ao traço A e quais têm variação semelhante ao traço B? Justifique. b) Como cada um desses grupos de animais (A e B) controla sua temperatura corporal? Questão 19 a) O traço B corresponde a Aves e Mamíferos que são animais endotérmicos, ou seja, animais que mantém a temperatura corporal constante e o traço A corresponde a Peixes, Anfíbios e Répteis que são animais ectotérmicos, ou seja, animais que a temperatura corporal varia de acordo com a temperatura do meio ambiente. Os animais ectotérmicos relacionados ao traço A podem se deslocar no meio entre o sol e a sombra podendo ganhar ou perder calor evitando, dessa forma, grandes variações de temperatura. b) Os animais endotérmicos relacionados ao traço B apresentam vários mecanismos que auxiliam na regulação da temperatura corporal. O aumento ou a diminuição do metabolismo pode aumentar ou diminuir a produção de calor no organismo. As penas das aves e os pêlos dos mamíferos formam uma camada de ar próxima à pele que funciona como isolante térmico. Outro mecanismo importante é a capacidade de aumentar ou diminuir o fluxo sanguíneo periférico por relaxamento ou contração da musculatura lisa dos vasos da pele. O aumento do fluxo sanguíneo periférico aumenta a perda de calor para o meio e contribui para diminuir a temperatura corporal. Os mamíferos também apresentam as glândulas sudoríparas que aumentam a perda de calor através da sudorese. 11

Questão 20 O gráfico abaixo mostra a variação na concentração de dois hormônios ovarianos, durante o ciclo menstrual em mulheres, que ocorre aproximadamente a cada 28 dias. Níveis de Hormônios (pg/ml) 800 700 600 500 A 400 B 300 200 100 0 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 Dias do Ciclo a) Identifique os hormônios correspondentes às curvas A e B e explique o que acontece com os níveis desses hormônios se ocorrer fecundação e implantação do ovo no endométrio. b) Qual a função do endométrio? E da musculatura lisa do miométrio? a) A curva A corresponde aos estrógenos e a curva B corresponde à progesterona. Ocorrendo a fecundação e a implantação do embrião no endométrio, os níveis desses hormônios permanecem altos durante toda a gravidez. b) O endométrio é preparado para receber o embrião e participar da formação da placenta. A musculatura lisa é responsável pela expulsão do bebê durante o trabalho de parto. Questão 21 O esquema abaixo representa três fases do ciclo celular de uma célula somática de um organismo diploide. (Adaptado de Hernandes Faustino de Carvalho e Shirlei Maria Recco-Pimentel, A Célula. Manole, Ed., 2007, p. 380) a) Qual é o número de cromossomos em uma célula haploide do organismo em questão? Justifique sua resposta. b) Identifique se a célula representada é de um animal ou de uma planta. Aponte duas características que permitam fazer sua identificação. Justifique. a) O número haplóide de cromossomos dessa espécie é 2. O desenho central do esquema mostra uma anáfase de uma mitose em que quatro cromossomos estão sendo tracionados para os pólos. Isso indica que o número diplóide é igual a quatro e, portanto, o número haplóide é igual a 2. b) O esquema representa uma célula animal. A presença dos centríolos e a citocinese centrípeta permitem a identificação. 12

Nos cães labradores, apenas dois genes autossômicos condicionam as cores preta, chocolate e dourada da pelagem. A produção do pigmento da cor preta é determinada pelo alelo dominante B e a do pigmento chocolate, pelo alelo recessivo b. O gene E também interfere na cor do animal, já que controla a deposição de pigmento na pelagem. A cor dourada é determinada pelo genótipo ee. Uma fêmea dourada cruzou com um macho chocolate e teve filhotes com pelagem preta e filhotes com pelagem chocolate, na mesma proporção. Quando essa mesma fêmea dourada cruzou com um macho preto, nasceram oito filhotes sendo um chocolate, três pretos e quatro dourados. a) Qual o genótipo da fêmea mãe? Identifique e explique o tipo de interação gênica observada entre os genes envolvidos. b) Quais são os genótipos do cão preto (pai) e do seu filhote chocolate? Mostrar como chegou à resposta. Questão 22 a) O genótipo da fêmea é eebb. Trata-se de um tipo de interação gênica denominada epistasia recessiva em que o alelo recessivo e não permite a expressão dos alelos B e b. O alelo dominante E permite a expressão dos alelos B e b. b) O genótipo do cão preto (pai) é EeBb e o do filho chocolate é Eebb. A resposta foi obtida a partir do cruzamento abaixo: FÊMEA DOURADA x MACHO PRETO gametas eebb EeBb eb EB eb Eb eb Eb filhotes pretos EeBB, EeBb chocolates Eebb dourados dourados eebb, eebb, eebb Em uma excursão de Botânica, um aluno observou que sobre a planta ornamental coroa-de-cristo (Euphorbia milli) crescia um organismo filamentoso de coloração amarela parecido com fios de ovos. Quando se aproximou, verificou que o organismo filamentoso era uma planta, o cipó-chumbo (Cuscuta sp.), que estava produzindo flores e frutos. a) Que hábito de vida tem essa planta chamada cipó-chumbo? Como ela consegue sobreviver, uma vez que é amarela, não tem clorofila e não faz fotossíntese? b) Qual a função da clorofila na fotossíntese? Que relação tem essa função com a síntese de ATP e de NADPH? Questão 23 a) O cipó-chumbo tem hábito parasitário, mais especificamente holoparasitário. Ele consegue sobreviver porque extrai a seiva elaborada que contêm nutrientes orgânicos produzidos pela planta parasitada. b) A clorofila é responsável pela absorção de energia luminosa pela planta. Essa energia é usada para produção de ATP no processo de fotofosforilação e usada na fotólise da água para conversão de NADP em NADPH e liberação de gás oxigênio. 13

Questão 24 Atualmente, o Brasil está na corrida pela segunda geração do etanol, o álcool combustível, produzido a partir da cana-de-açúcar, tanto do caldo, rico em sacarose, quanto do bagaço, rico em celulose. O processo para a produção do etanol é denominado fermentação alcoólica. a) Qual dos dois substratos, caldo ou bagaço da cana, possibilita produção mais rápida de álcool? Por quê? b) O milho é outra monocotiledônea que também pode ser usada na produção de álcool. Cite duas características das monocotiledôneas que as diferenciem das dicotiledôneas, atualmente denominadas eudicotiledôneas. a) O caldo de cana possibilita a produção mais rápida de álcool porque possui sacarose que é facilmente hidrolisada em glicose e frutose e pode ser utilizada no processo de fermentação. O bagaço contêm celulose que é de difícil hidrólise. b) Nas monocotiledôneas as raízes são fasciculadas, as folhas paralelinérveas, as flores trímeras e as sementes apresentam apenas um cotilédone. Nas dicotiledôneas as raízes são axiais ou pivotantes, as folhas são reticulinérveas, as flores são tetrâmeras ou pentâmeras e as sementes possuem dois cotilédones. 14

Professores: Biologia Daniel Toninho Português Julio César José Antônio Colaboradores Lara Cristina José Diogo Themudo Mateus Grangeiro Digitação e Diagramação Leandro Bessa Márcia Santana Valdivina Pinheiro Desenhista Leandro Bessa Projeto Gráfico Leandro Bessa Márcia Santana Copyright Olimpo2008 A Resolução Comentada das provas da Unicamp 2ª Fase poderá ser obtida diretamente no OLIMPO Pré-Vestibular, ou pelo telefone (62) 3637-4188 As escolhas que você fez nessa prova, assim como outras escolhas na vida, dependem de conhecimentos, competências e habilidades específicos. Esteja preparado. 15

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