PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO ACÓRDÃO

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Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro Vigésima Câmara Cível A C Ó R D Ã O

RELATÓRIO. O apelado apresentou intempestivamente as suas. contrarrazões. Rio de Janeiro, 14 de julho de 2009.

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São Paulo, 13 de dezembro de 2017.

CÍVEL Nº COMARCA DE PORTO ALEGRE A C Ó R D Ã O

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ACÓRDÃO , da Comarca de São Paulo, em que é. apelante OLGA MARIA VIEIRA CARDENAS MARIN, são apelados

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ARTUR MARQUES (Presidente sem voto), MORAIS

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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Desembargadores MARIA LAURA TAVARES (Presidente sem voto), NOGUEIRA DIEFENTHALER E MARCELO BERTHE.

Transcrição:

Registro: 2016.0000545957 ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos do Apelação nº 1007072-81.2015.8.26.0006, da Comarca de São Paulo, em que é apelante CNOVA COMÉRCIO ELETRÔNICO S/A, é apelado REGINALDO OLTMAN (JUSTIÇA GRATUITA). ACORDAM, em 32ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores CAIO MARCELO MENDES DE OLIVEIRA (Presidente sem voto), FRANCISCO OCCHIUTO JÚNIOR E LUIS FERNANDO NISHI. São Paulo, 4 de agosto de 2016. Kioitsi Chicuta RELATOR ASSINATURA ELETRÔNICA

COMARCA: São Paulo 2ª Vara Cível do Foro Regional da Penha de França - Juíza Deborah Lopes APTE. : Cnova Comércio Eletrônico S.A. APDO. : Reginaldo Oltman VOTO Nº 34.089 EMENTA: Bem móvel. Compra de produto pela internet. Playstation. Não entrega. Ação de obrigação de fazer c.c. indenização por danos morais. Revelia por intempestividade. Sentença de procedência. Várias reclamações e necessidade de vir a juízo para obter o produto cujo pagamento se deu por meio de cartão de crédito, com parcelas debitadas. Intercorrências incontroversas pelo efeito da inatividade. Não caracterizado o transporte como excludente de responsabilidade, mesmo porque não demonstrada sequer expedição da mercadoria. Dano moral caracterizado. Submissão do comprador a fatos que extrapolam o mero descumprimento contratual e aborrecimento, com privação do bem estar e abalo anímico, além de menosprezo em dar solução ao problema. Fixação em R$ 6.000,00. Manutenção. Critérios de razoabilidade e proporcionalidade. Recurso desprovido. A não entrega do produto adquirido pela internet não pode ser atribuída à transportadora como excludente de responsabilidade, mesmo porque não comprovada expedição, observando que, da inicial alegação de que a mercadoria estava em trânsito, mudou seu fundamento para dizer que o produto era importado e não nacional. E as sucessivas reclamações sem sucesso na obtenção do produto, bem como o fato de o pagamento ter se realizado por meio de cartão de crédito, mantidos os descontos mensais, ultrapassam os limites de mero descumprimento contratual, até mesmo diante da necessidade de propositura de ação, sendo evidente o incômodo, o abalo e a privação do bem estar, fazendo o demandante jus à indenização por danos morais, com menosprezo do fornecedor na solução de problema de simples solução, restando incontroversas as intercorrências narradas pelo efeito da inatividade da ré. A quantificação dos danos morais observa o princípio da lógica do razoável, devendo a indenização ser proporcional ao dano e compatível com a reprovabilidade da conduta, a intensidade e a duração dos transtornos experimentados pela vítima, a capacidade econômica da causadora dos danos e as condições Apelação nº 1007072-81.2015.8.26.0006 São Paulo VOTO Nº 34089 2/8

sociais do ofendido, bem como tem caráter pedagógico. A fixação no equivalente em R$ 6.000,00 é confirmada, pois condizente com esses parâmetros. Trata-se de recurso interposto contra r. sentença de fls. 196/198 que julgou procedente ação de obrigação de fazer c.c. indenização por danos morais, condenando a ré a entregar o produto adquirido em 15 dias, sob pena de multa diária de R$ 500,00, limitada a R$ 5.000,00 e a indenizar o autor por danos morais arbitrados em R$ 6.000,00. A ré apela sob o argumento de que o caso jamais poderia ensejar danos morais, pois se trata de mero aborrecimento, anotando que seu acolhimento configura estímulo para o ajuizamento de ações. Diz que não deu causa ao ocorrido, eis que a opção de frete foi do consumidor e somente a transportadora poderia solucionar o problema. Sustenta que não se demonstra ocorrência de dano moral, bem como e se insurge quanto ao valor arbitrado que considera elevado. Cita julgados e prequestiona a matéria. Processado o recurso com preparo e contrarrazões, nas quais afirma a intempestividade do recurso e afirma que a responsabilidade pela mercadoria é da comerciante, sendo ainda confessa, pois perpetuou a oferta de produto e não o tinha em estoque para após ofertar outro de preço superior. Relata os fatos que ensejaram a ação e a documentação exibida, bem como não houve entrega do produto já quitado. Anota que a afirmação de erro do valor do produto foi alterada para falha no transporte, sem qualquer prova. Ressalta a litigância de má-fé da apelante com artimanhas e procrastinação. Os autos restaram encaminhados a este C. Tribunal. É o relatório do necessário. A r. sentença anotou a revelia e aplicou os efeitos sobre os Apelação nº 1007072-81.2015.8.26.0006 São Paulo VOTO Nº 34089 3/8

fatos narrados, afirmando que o autor demonstrou o descumprimento da oferta e os danos decorrentes, pois a ré informou mercadoria encaminhada à transportadora e subsequente impossibilidade de entrega do produto nacional e sugeriu sua substituição por outro importado, o que não foi aceito, pois não havia sequer recebido aquele adquirido nem o ressarcimento dos valores. Conclui que é obrigação da autora a entrega do produto comercializado, ainda que seja efetuada por empresa terceirizada, sendo acolhido o pedido de obrigação de fazer e consignou o constrangimento, desconforto e nervosismo decorrente da conduta reprovável da ré, fixando a indenização moral em R$ 6.000,00. Primeiro, o recurso é tempestivo. A disponibilização ocorreu em 02.12.2015, sendo a data de publicação 03.12 e o término do prazo em 18.12, data do protocolo da apelação. Insurge-se a apelante tão só para afastar a responsabilidade e o reconhecimento de ofensa a direito de personalidade ou, alternativamente, para reduzir o montante da indenização, nada questionando a obrigar de entregar o produto adquirido. No caso não há controvérsia quanto à não entrega referente à compra de um playstation no valor de R$ 2.272,92, em 20.03.2015, faturado no cartão de crédito, sendo comprovadas as reclamações e incontroversas as intercorrências segundo o efeito da inatividade da ré. No caso, o tratamento conferido pela empresa não se enquadra como mero inadimplemento na obrigação, mas em descaso e protelação na solução de problema simples, causando transtornos e desgaste ao autor que, inclusive, reclamou e aguardou por solução até quando propôs a ação, em 21.06.2015. Observa-se que a responsabilidade da fornecedora é objetiva, não depende de culpa ou má-fé, não sendo excludente de responsabilidade a Apelação nº 1007072-81.2015.8.26.0006 São Paulo VOTO Nº 34089 4/8

invocação de problema como o transportador, pois se trata de risco da atividade, não existindo sequer demonstração efetiva da expedição. Assim, basta que o fato viole direito de personalidade para dar ensejo à indenização extrapatrimonial. A situação, à evidência, ocasionou perturbações e abalo, com privação do bem estar, especialmente porque a compra foi paga mediante cartão de crédito, com descontos mensais, sendo as intercorrências notórias, com privação do bem estar diante da necessidade de reclamar, bem como ter que vir a juízo para obter o produto. Os percalços vivenciados superam a fase de mero incômodo ou aborrecimento, traduzindo a existência de verdadeiro abalo moral, suscetível de reparação, extrapolando o mero descumprimento contratual. A ré mentiu ao noticiar a expedição da mercadoria para uma transportadora e, depois de muita insistência, disse que não poderia encaminhar o produto nacional, mas aquele importado e de menor custo, situação que também não se solucionou com a entrega do produto. Bem se vê, portanto, que a ré não se desincumbiu de sua obrigação, causando abalo e desgaste emocional que foge à normalidade dos casos, interferindo no comportamento psicológico do indivíduo, sendo observado o menosprezo da fornecedora para solução de problema simples. Não se trata de mero dissabor, aborrecimento, mágoa, irritação ou sensibilidade exacerbada e que, no dizer de Sérgio Cavalieri Filho, "fazem parte da normalidade do nosso dia-a-dia, no trabalho, no trânsito, entre os amigos e até no ambiente familiar, tais situações não são intensas e duradouras, a ponto de romper o equilíbrio psicológico do indivíduo" (cf. "Responsabilidade Civil", pág. 105). Neste Tribunal: COMPRA E VENDA. Produto adquirido e não entregue. Tentativa de solução do problema junto à ré por inúmeras vezes. Sucessivos Apelação nº 1007072-81.2015.8.26.0006 São Paulo VOTO Nº 34089 5/8

contatos para entrega do produto comprado, a qual jamais ocorreu. Dano moral. Desgaste psicológico vivenciado pela autora, diante do longo trajeto que teve que percorrer na busca da solução para o problema. Inércia da requerida, a qual sequer contestou a ação. Indenização. Fixação em R$ 5.000,00, em atenção às funções reparatória e pedagógica da indenização. Precedentes desta Corte. SENTENÇA REFORMADA. RECURSO PROVIDO. (Ap. nº 1005101-06.2015.8.26.0477, Azuma Nishi). PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS - AMBIENTE VIRTUAL - AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE INDÉBITO E REPARAÇÃO DE DANOS MORAIS -... Não entrega do produto - Relação de consumo configurada - Confiança e segurança no ambiente fornecido - Danos morais caracterizados pelas reiteradas tentativas de solução do impasse, sem sucesso - Desistência da ação em relação ao vendedor Extinção - Ação improcedente em relação à apelada, intermediadora e fornecedora do ambiente virtual, para a concretização do negócio Recurso parcialmente provido. (Apelação nº 4003786-48.2013.8.26.0286, Des. Melo Bueno). Civil e consumidor. Ação visando à restituição de valor pago cumulada com pedidos de indenização por dano material e moral. Compra e venda de televisão efetivada pelo site da vendedora. Sentença de procedência....televisor que não foi entregue ao consumidor. Entendimento de que o aborrecimento decorrente de inadimplemento contratual não implica, ordinariamente, dano moral. Caso dos autos que, porém, ostenta peculiaridades que bem evidenciam o dano moral, embora leve. Indenização que merece ser reduzida. Recurso da autora desprovido quanto ao dano moral e não conhecido quanto à distribuição dos ônus da sucumbência, por inobservância ao princípio da dialeticidade. RECURSO DA RÉ PARCIALMENTE PROVIDO E RECURSO DA AUTORA DESPROVIDO, NA PARTE CONHECIDA. (Apelação nº 1101524-63.2013.8.26.0100, Des. Mourão Neto). Também: AP 0006462-11.2012.8.26.0306, rel. Des. Edgard Apelação nº 1007072-81.2015.8.26.0006 São Paulo VOTO Nº 34089 6/8

Rosa, j. 12/05/2016; AP 0020179-86.2013.8.26.0005, rel. Des. Claudio Hamilton, j. 12/12/2015. O arbitramento da indenização por dano moral, por outro lado, deve ser feito com moderação, tendo em vista a natureza do dano, suas consequências na vida e nas condições econômicas das partes. A mensuração dos danos morais tem se constituído em verdadeiro tormento para os operadores do direito, não fornecendo o legislador critérios objetivos a serem adotados. Atribui-se ao Juiz arbítrio prudencial, com enveredamento da natureza jurídica da indenização como ressarcitória e punitiva, mas não a ponto de transformar a estimativa como resultado de critérios meramente subjetivos, ofertando a doutrina, dentre outros, análise de pormenores importantes como: a) o grau de reprovabilidade da conduta ilícita; b) a intensidade e duração do sofrimento experimentado pela vítima; c) a capacidade econômica do causador do dano; d) as condições pessoais do ofendido (cf. Antonio Jeová Santos, Dano Moral Indenizável, Editora Revista dos Tribunais, 4ª edição, pág. 186). A indenização, como anota o já citado Antonio Jeová Santos, "não pode servir de enriquecimento indevido para a vítima. Idêntico raciocínio é efetuado em relação ao detentor do comportamento ilícito. Uma indenização simbólica servirá de enriquecimento indevido ao ofensor que deixará de desembolsar quantia adequada, enriquecendo-se com o ato hostil e que desagradou, de alguma forma, algum ou quaisquer dos direitos da personalidade" (ob. cit., pág. 199). Com base nesses critérios, e considerando as peculiaridades do caso, a fixação na sentença do valor da indenização em R$ 6.000,00 mostra-se coerente para ressarcir os danos morais sofridos, condizente com a intensidade e a duração dos transtornos experimentados pelo autor, bem como com a conduta da ré e a sua capacidade econômica, não configurando enriquecimento indevido. O sofrimento não pode se converter em móvel de "lucro capiendo", nem a indenização Apelação nº 1007072-81.2015.8.26.0006 São Paulo VOTO Nº 34089 7/8

pode se transformar em símbolo, sem caráter punitivo, dada a condição pessoal do ofensor. Isto posto, nega-se provimento ao recurso. KIOITSI CHICUTA Relator Apelação nº 1007072-81.2015.8.26.0006 São Paulo VOTO Nº 34089 8/8