MÁ OCLUSÃO DE CLASSE II COM BIPROTRUSÃO TRATADA COM COMPENSAÇÃO DENTARIA RELATO DE CASO CLÍNICO

Documentos relacionados
FACULDADE SETE LAGOAS FACSETE EMANUELE DE OLIVEIRA PASCOAL CLASSE III COM BIPROTRUSÃO E EXTRAÇÃO DE 4 PRÉ-MOLARES RELATO DE CASO CLÍNICO

TRATAMENTO DA MORDIDA ABERTA ANTERIOR EM PACIENTE PADRÃO III RELATO DE CASO CLÍNICO

FACULDADE SETE LAGOAS FACSETE JOÃO BATISTA LIMA ORTIZ MÁ OCLUSÃO DE CLASSE I COM APINHAMENTO TRATADO COM EXTRAÇÃO DE PRÉ-MOLARES

FACULDADE SETE LAGOAS FACSETE IGOR JOSÉ ASSEM DE SOUZA

Má oclusão Classe II, 2ª Divisão de Angle, com sobremordida acentuada

EXTRAÇÃO ATÍPICA EM TRATAMENTO ORTODÔNTICO ATYPICAL EXTRACTION IN ORTHODONTIC TREATMENT

Tratamento de Classe II, Divisão 1, com ausência congênita de incisivo lateral superior

compensatório da no paciente adulto Introdução Fabrício Pinelli Valarelli Karina Maria Salvatore de Freitas Rodrigo Hermont Cançado

Tratamento ortodônticocirúrgico. Classe III: relato de caso

LEANDRO DOS REIS BARBOSA DE OLIVEIRA. TRATAMENTO DA MÁ OCLUSÃO DE CLASSE ll UTILIZANDO O AEB CONJUGADO.

Aparelho Churro Jumper: relato de um caso clínico

Má oclusão Classe II de Angle tratada sem extrações e com controle de crescimento*

SISTEMAS AUTOLIGÁVEIS BIOMECÂNICA EFICIENTE

Uso de placa de levante fixa como método alternativo para a colagem dos acessórios nos dentes anteriores

Rev. Cient. In FOC v.1 n RELATO DE CASO CLÍNICO

TRATAMENTO DA CLASSE II COM ATIVADOR: RELATO DE CASO CLÍNICO

Tratamento ortodôntico em paciente Classe II 1º divisão com extração de primeiros molares superiores: relato de caso clínico

TRATAMENTO PRECOCE DA CLASSE II: RELATO DE CASO

RETRAÇÃO DA BATERIA ANTERIOR UTILIZANDO MINI-IMPLANTE COMO ANCORAGEM RETRACTION OF ANTERIOR TEETH USING ORTHODONTIC MINI- IMPLANTS AS ANCHORAGE

TRATAMENTO ORTODÔNTICO CLASSE II DE ANGLE: UMA REVISÃO DE LITERATURA ORTHODONTIC TREATMENT ANGLE CLASS II: A LITERATURE REVIEW

Apresentação de uma abordagem corretiva não-convencional da má oclusão de Classe II, divisão 2, em adulto

A UTILIZAÇÃO DO ARCO PROGÊNICO NO TRATAMENTO DA MORDIDA CRUZADA ANTERIOR PSEUDO-CLASSE III RELATO DE CASO

TRATAMENTO PRECOCE DA CLASSE III POR MEIO DO APARELHO RF- III

COLAGEM DIFERENCIADA DOS ACESSÓRIOS ORTO- DÔNTICOS NO TRATAMENTO DA SOBREMORDIDA PROFUNDA

TRATAMENTO DA MÁ OCLUSÃO DE CLASSE II COM O APARELHO AEB CONJUGADO

Características oclusais de pacientes com. Classe II, divisão 1, tratados sem e com extrações de dois pré-molares superiores.

FACULDADE SETE LAGOAS FACSETE LAÉRCIO SCHUMANN FILHO

TRATAMENTO DA MÁ OCLUSÃO DE CLASSE II COM FORSUS: RELATO DE CASO CLÍNICO

Correção da má oclusão classe II, com mordida profunda, utilizando batente anterior

Extrações atípicas em ortodontia

UTILIZAÇÃO DOS APARELHOS ORTOPÉDICOS NO TRATAMENTO DAS MÁS OCLUSÕES DE CLASSE II E III UMA REVISÃO DA LITERATURA

Extração de incisivo inferior: uma opção terapêutica

RFAIPE, v. 7, n. 2, p , jul./dez. 2017

SPLINTER DE THUROW MODIFICADO NO TRATAMENTO DA CLASSE II, DIVISÃO I - RELATO DE CASO CLÍNICO

BOARD BRASILEIRO DE ORTODONTIA E ORTOPEDIA FACIAL

Nely Rocha de Figueiredo. 63a 11m. Atendimento: 2/5/2014. Dr Sergio Pinho

ANOMALIA DE MÁ OCLUSÃO DE CLASSE I COM APINHAMENTO SEVERO: TRATAMENTO ORTODÔNTICO COM TÉCNICA AUTO LIGÁVEL E EXTRAÇÕES

PALAVRAS-CHAVE: Maloclusão de Angle Classe ll; Ortodontia corretiva; Aparelhos ortodônticos funcionais.

Má oclusão Classe III de Angle, subdivisão direita, tratada sem exodontias e com controle de crescimento*

ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA - INNOVARE

APRESENTAÇÃO DO APARELHO (FIG. 1) a) base acrílica b) mola coffin c) arco vestibular d) alças bucinadoras FIGURA 5 FIGURA 6

MORDIDAS CRUZADAS. Etiologia

FECHAMENTO DE DIASTEMA ENTRE INCISIVOS CENTRAIS PERMANENTES COM TRATAMENTO ORTODÔNTICO ASSOCIADO À RESTAURAÇÃO ADESIVA E CIRURGIA GENGIVAL

Má oclusão Classe I de Angle tratada com extrações de primeiros molares permanentes*

Aparelho de Protrusão Mandibular FLF

VERTICALIZAÇÃO DE MOLARES COM CANTILÉVER RELATO DE CASO

MESIALIZAÇÃO DE MOLARES COM O USO DE MINI-IMPLANTE

TRATAMENTO INTERCEPTATIVO DA MORDIDA ABERTA ANTERIOR E MORDIDA CRUZADA POSTERIOR: RELATO DE CASO CLÍNICO

Molares Decíduos Decíduos

Tratamento Ortodôntico Associado a Cirurgia Combinada para Correção da Classe III: Relato de Caso Clínico

Correção da maloclusão Classe II com sobremordida profunda

INTRUSÃO DE MOLARES SUPERIORES COM ANCORAGEM EM MINI- IMPLANTES MAXILLARY MOLAR INTRUSION WITH MINI-IMPLANT ANCHORAGE

Jones Jig e Barra Transpalatina - Tratamento Alternativo na Correção Unilateral da Má Oclusão Classe II, Divisão 2, Subdivisão

Variáveis relevantes no tratamento da má oclusão de Classe II

Filosofia do Tratamento Ortodôntico com Braquetes Autoligáveis Passivos ROGÉRIO SCHMIDT ARMANDO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE ODONTOLOGIA DEPARTAMENTO DE CIRURGIA E ORTOPEDIA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA

Classificação de Angle: A Oclusão Normal; B Maloclusão Classe I; C Maloclusão Classe II; D Maloclusão Classe III

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE ODONTOLOGIA

Tratamento da Má Oclusão de Classe II com Extração de Pré-Molares Superiores

Classificação das maloclusões

Controle da dimensão vertical com o aparelho removível conjugado à ancoragem extrabucal no tratamento da Classe II, 1ª divisão

Prof. Celestino Nóbrega ROTH. Especialista em Ortodontia Mestre em Radiologia International Program director da NYU

CONSIDERAÇÕES GERAIS

CURSOS ICMDS Biomecânica e Diagnóstico em Ortodontia I

UTILIZAÇÃO DO DISTALIZADOR CARRIÈRE NA CORREÇÃO DA MALOCLUSÃO DE CLASSE II

LAB. - Laboratório multidisciplinar (37) quadro branco e Multimídia B.A. - Banheira para Typodont (04)

CURSOS ICMDS Biomecânica e Diagnóstico em Ortodontia I

Protocolo de tratamento para mordida aberta dentária em dentição permanente. Treatment protocol for dental open bite in permanent dentition

SOBREMORDIDA: RELATO DE CASO

Especificação dos Casos quanto às Categorias

Fundada em 1991 por Dr. Celestino Nóbrega, a ORTOGEO já teve a honra de formar mais de colegas.

página intencionalmente em branco (com a função de permitir uma disposição adequada das próximas páginas)

Sistema de. ImplanteDentário. Catálogo 2014 / 2015

BIONATOR DE BALTERS: REVISÃO DE LITERATURA RESUMO

Perfil facial após tratamento de Classe II-1 com ou sem extrações 1

CONHECIMENTOS ESPECIALIZADOS

PROVA. Maloclusão de Classe II, associada a deficiência mandibular, com apinhamentos superior e inferior: Acompanhamento de oito anos pós-tratamento

INTRUSÃO DE MOLARES SUPERIORES PARA CORREÇÃO DA MORDIDA ABERTA ANTERIOR ESQUELÉTICA

Palavras-chave: Ortodontia, Aparelho autoligado, Tomografia Computadorizada

DENTAL PRESS INTERNATIONAL

TRATAMENTO DA MORDIDA ABERTA ANTERIOR PELA INTRUSÃO DE MOLARES SUPERIORES UTILIZANDO ANCORAGEM ABSOLUTA

Aparelho de protração mandibular Forsus no tratamento das más oclusões do Padrão II: relato de caso clínico

Controle vertical no tratamento da maloclusão classe II, divisão 1 de Angle associada à mordida aberta com aparelho extrabucal conjugado

BITE BLOCK. Série Aparelhos Ortodônticos. A mordida aberta é uma má oclusão que preocupa o ortodontista desde os primórdios

1) grade fixa 2) arco palatino 3) banda 4) solda para unir a banda ao arco FIGURA 1 FIGURA 2

Classe II, Divisão I, Tratada sem Extracções - Caso Clínico

Distração osteogênica da sínfise mandibular como opção de tratamento ortodôntico: relato de caso

EXPANSÃO RÁPIDA DA MAXILA: RELATO DE CASO CLÍNICO

TRATAMENTO DE UM CASO DE CLASSE II DIVISÃO 2 COM ARCO RETO E LEVANTES DE MORDIDA ANTERIORES

Stomatos ISSN: Universidade Luterana do Brasil Brasil

Artigo de Divulgação JULHO / AGOSTO Relatos clínicos e de técnicas, investigações científicas e revisões literárias

Fechamento de espaços de molares

2ª. PARTE CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS

PROGRAMA DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ORTODONTIA

CASO 2. SNA = 85 o - maxila moderadamente protruída em relação à base do crânio. Po SNA

AVALIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES CEFALOMÉTRICAS ESQUELÉTICAS PROMOVIDAS PELO AVANÇO MANDIBULAR COM O APARELHO DE PROTRAÇÃO MANDIBULAR TIPO 4

ENTREVISTA. Prof. Dr. Guilherme Janson

Transcrição:

MÁ OCLUSÃO DE CLASSE II COM BIPROTRUSÃO TRATADA COM COMPENSAÇÃO DENTARIA RELATO DE CASO CLÍNICO CLASS II MALOCCLUSION WITH BIPROTRUSION TREATED WITH DENTAL COMPENSATION- CLINICAL CASE REPORT JOYCE PEREIRA CESTARO RIBEIRO. Especialista em Ortodontia pela SOEP- FACSETE, Porto Velho-RO. HEDIBERTON ALVES DE AGUIAR. Especialista em Ortodontia pela SOEP-FACSETE, Porto Velho-RO. SHARON ESTEFANI CARRION BUSTAMANTE. Especialista em Ortodontia pela CPO-UNINGÁ, Bauru-SP. ROBERTO HENRIQUE DA COSTA GREC. Coordenador do curso de especialização em Ortodontia CPO-UNINGÁ, Bauru-SP. KARINA MARIA SALVATORE DE FREITAS. Coordenadora do curso de Mestrado em Odontologia do Centro Universitário Ingá UNINGÁ, Maringá-PR. RODRIGO HERMONT CANÇADO. Professor do curso de Mestrado em Odontologia do Centro Universitário Ingá UNINGÁ, Maringá-PR. FABRÍCIO PINELLI VALARELLI. Professor do curso de Mestrado em Odontologia do Centro Universitário Ingá UNINGÁ, Maringá-PR. Av José Vicente Aiello 8-09 lote D4, Cep 17053-191, Bauru-SP. E-mail: kmsf@uol.com.br RESUMO A má oclusão de Classe II com biprotrusão e mordida aberta anterior é um dos grandes desafios para o ortodontista. O presente relato clínico tem com objetivo mostrar o tratamento de uma paciente com má oclusão de Classe II associada a uma excessiva vestibularização dos incisivos superiores e inferiores. O plano de tratamento proposto inicialmente previa um tratamento orto-cirúrgico, porém como houve recusa da paciente em se submeter à cirurgia foi proposto como segunda opção de tratamento a compensação dentoalveolar com eficiência para solucionar os problemas estéticos da paciente sem que o problema do sorriso gengivoso fosse resolvido. Para a correção da discrepância anteroposterior foi realizado o fechamento dos espaços das extrações dos dentes 14, 26, 34, 45, e uso de elásticos intermaxilares para a correção da Classe II e da mordida aberta. Ao final do tratamento obteve-se a correção da discrepância anteroposterior e fechamento dos espaços inicialmente presentes. PALAVRAS-CHAVE: Ortodontia. Extração. Má oclusão de Classe II. ABSTRACT Class II malocclusion with biprotrusion and anterior open bite is one of the greatest challenges for the orthodontist. This clinical case aims to demonstrate the treatment of a patient with Class II malocclusion associated with an excessive proclination of upper and lower incisors. The originally proposed treatment plan included ortho-surgical treatment; however, due to the patient s refusal to undergo surgery, it was proposed a second treatment option the dentoalveolar compensation with efficiency to solve the patient s aesthetical problems, except for the gummy smile. For the anteroposterior discrepancy Rev. UNINGÁ, Maringá, v. 55, n. 2, p. 214-226, abr./jun. 2018. 214

correction, the closure of extraction spaces, the use of intermaxillary elastics for sagittal discrepancy and open bite correction have been made. At the end of the treatment, the anteroposterior discrepancy correction and the closure of extraction spaces were achieved. KEY-WORDS: Orthodontics. Class II Malocclusion. Extraction. INTRODUÇÃO A má oclusão de Classe II atinge aproximadamente 40% da população que procura tratamento ortodôntico, sua origem é multifatorial podendo estar relacionado a um prognatismo maxilar, retrognatismo mandibular ou de ambos, com ou sem alterações dimensionais, variando de acordo com o grau da má oclusão, associados ou não à atresia da maxila e a mordida aberta (FREITAS et al., 2003; PATEL et al., 2004). O tratamento para as discrepâncias de Classe II em pacientes adultos com comprometimento esquelético é cirúrgico. Porém, se o paciente não aceitar a cirurgia ortognática, a compensação dentária passa a ser uma possibilidade viável. Dentre as possibilidades compensatórias, as extrações se apresentam como uma boa alternativa, principalmente para pacientes que tem associação de discrepância vertical. Protocolos de tratamento para maloclusão de Classe II frequentemente requerem a extração de 2 pré-molares superiores ou 4 pré-molares. A extração de 4 pré-molares é indicada primariamente para apinhamento no arco mandibular, discrepância cefalométrica ou a combinação de ambos (JANSON et al., 2006). Para o sucesso do tratamento o controle de ancoragem consiste em um fator de extrema importância, principalmente para os casos de Classes II, moderadas a severas, onde todo ou a maior parte do espaço proveniente das extrações deve ser utilizado para o alinhamento dentário e para a retração anterior, permitindo melhora na relação dentária, redução da protrusão dentária e, consequentemente, no perfil do paciente (VALARELLI et al., 2013). O presente caso clínico irá apresentar solução para o tratamento de Classe II associado à biprotrusão, com tratamento de compensação dentária, com fechamento dos espaços dos dentes já extraídos (14,26,34,45) onde a paciente já havia iniciado tratamento ortodôntico anteriormente, o que colaborou para o fechamento da mordida aberta anterior e melhor posicionamento dos incisivos, solucionando assim a biprotrusão, tendo assim ao final um resultado satisfatório e estável, após 1 ano de controle. RELATO DO CASO CLÍNICO Paciente E.V.M.V., gênero feminino, procurou a clínica de especialização em Ortodontia para retratamento, queixando-se principalmente da estética do seu sorriso, pois seus dentes eram muito para frente. No exame clínico extrabucal inicial observou-se que a paciente apresentava um padrão mesocefálico, perfil convexo, assimetria facial dentro dos padrões de normalidade, desequilíbrio dos terços faciais com o terço inferior aumentado. Na região peribucal verificou-se ausência de selamento labial passivo, sulco Rev. UNINGÁ, Maringá, v. 55, n. 2, p. 214-226, abr./jun. 2018. 215

mentoniano acentuado e uma hipertonicidade da musculatura mentoniana. Verificou-se também um comprometimento da atratividade do sorriso com grande exposição gengival e dos incisivos superiores (Figura 1) 1A 1 B Figura 1 - Fotografias extra bucais frente e perfil. Fonte: Os autores. No exame intrabucal inicial foi diagnosticado uma má oclusão de Classe II subdivisão esquerda, diastemas em ambas às arcadas, trespasse vertical de -1mm e horizontal de 1mm, biprotrusão com vestibularização excessiva dos incisivos superiores e inferiores associado a um sorriso gengivoso. 2 A 2 B 2 C Figura 2 Fotografias intrabucais frente, lateral direita e esquerda. Fonte: Os autores. Na análise radiográfica inicial (Figuras 3 e 4), foram observados aspectos de normalidades das estruturas dento alveolares, com ausência dos dentes 14, 26, 34 e 45, mal posicionamento radiculares dos dentes 13, 23, 24 e 25 e a presença de imagens radiopacas sugestivas de material restaurador em alguns dentes. Boas condições das estruturas adjacentes, sem presença de reabsorção radicular. (Figura 3). Identificou-se também uma vestibularização excessiva dos incisivos superiores e inferiores, falta de selamento labial e uma convexidade do perfil ósseo e tegumentar (Figura 4). Rev. UNINGÁ, Maringá, v. 55, n. 2, p. 214-226, abr./jun. 2018. 216

Figura 3- Radiografia panorâmica inicial. Fonte: Os autores. Possibilidades terapêuticas Figura 4 - Telerradiografia inicial. Fonte: Os autores. Frente ao quadro clínico apresentado, distintas possibilidades de tratamento poderiam ser seguidas para solucionar a má oclusão de Classe II Rev. UNINGÁ, Maringá, v. 55, n. 2, p. 214-226, abr./jun. 2018. 217

Subdivisão, dentre elas: 1 Tratamento orto-cirúrgico; 2 Tratamento com aparelhos funcionais; 3 - Tratamento com compensação dentoalveolar. Após avaliação da má oclusão, e em virtude de a paciente não aceitar o procedimento cirúrgico e não estar em fase de crescimento, optou-se pelo tratamento compensatório em virtude da idade da paciente e por ela já ter iniciado um tratamento ortodôntico com extrações. Sequência de tratamento Foi realizado inicialmente remoção de tártaro e profilaxia na paciente, para uma nova instalação dos acessórios ortodônticos e bandagem dos molares. Montagem do aparelho para realização da compensação dentária utilizou-se braquetes pré-ajustados, slot.022 x.025 e arcos contínuos. A movimentação ortodôntica foi iniciada pelo alinhamento dos dentes com fio 0,014 NiTi, a sequência de fios foi realizada de forma a proporcionar um tratamento com grande eficiência utilizando arcos de níquel-titânio (NiTi) e Aço. 5A 5 B 5 C 5 D 5 E Figura 5 Mecânica. Fonte: Os autores. Utilizaram-se alças com o objetivo de exerce força mais próximo ao centro de resistência do dente, com mola para distalização do molar superior e mesialização do molar inferior para melhor correção da Classe II. Para a correção da discrepância anteroposterior foi realizado o fechamento dos espaços e uso de elásticos intermaxilares para a correção da Classe II e da mordida aberta, com controle de torque e lingualização dos incisivos. Rev. UNINGÁ, Maringá, v. 55, n. 2, p. 214-226, abr./jun. 2018. 218

6A 6 B 6 C 6D Figura 6 Fotografias do uso de elástico de Classe II associado a uma mola aberta para distalização do pré-molar e molar. Fonte: Os autores. Em seguida, foi realizada a mecânica de fechamento dos espaços das extrações utilizando elástico corrente superior de molar a molar. (Figura 7). 6 E 7A 7 B 7 C 7D Figura 7 Fotografias intrabucais durante mecânica de fechamento de espaços utilizando elástico corrente. Fonte: Os autores. 7 E Ao final do tratamento obteve-se a correção da discrepância anteroposterior e fechamento dos espaços inicialmente presentes, porém o sorriso gengivoso ainda permaneceu, visto que o tratamento não objetivou corrigir a discrepância esquelética. Após o fechamento dos espaços das extrações, nota-se trespasse horizontal e vertical adequados, com fechamento da mordida, relação de caninos em Classe I, observação radiográfica do paralelismo das raízes (Figura Rev. UNINGÁ, Maringá, v. 55, n. 2, p. 214-226, abr./jun. 2018. 219

9), o aparelho foi removido (Figura 13), as contenções com placa de Hawley superior e 3X3 inferior instaladas. 8A 8 B 8 C 8D Figura 8 Aspectos clínicos após remoção do aparelho com contenção. Fonte: Os autores. 8 E Figura 9 - Radiografia panorâmica final. Fonte: Os autores. Na radiografia panorâmica final verificou-se melhora no posicionamento das raízes e fechamento dos espaços antes existente. Presença de uma área radiolúcida indicativa de lesão periapical no dente 46, que não existia na radiografia panorâmica inicial, dessa forma a paciente foi encaminhada para avaliação e possível tratamento endodôntico. Rev. UNINGÁ, Maringá, v. 55, n. 2, p. 214-226, abr./jun. 2018. 220

Figura 10 - Telerradiografia final. Na telerradiografia final verifica-se a diminuição da vestibularizaçãodo incisivos anteriores e a melhora no perfil da paciente, que era a sua principal queixa e a presença de selamento labial. A B C Figura 11(A-C) Fotografia extrabucal frente com sorriso Rev. UNINGÁ, Maringá, v. 55, n. 2, p. 214-226, abr./jun. 2018. 221

Figura 12 - Sobreposição de imagem inicial e final. Fonte: Os autores. Tabela I Variáveis cefalométricas ao início e final do tratamento ortodôntico ANALISE CEFALOMÉTRICA Inicial Final Componente Maxilar SNA (º) 82.4 81.3 Co-A (mm) 76.8 75.9 Componente Mandibular SNB (º) 78.7 78.4 Co-Gn (mm) 110.0 111.8 Relação entre Maxila e Mandíbula ANB (º) 3.7 2.9 Whits 2.7-4.9 Padrão Facial FMA (º) 30.4 28.5 SN.GoGn (º) 35.6 36.8 AFAI (mm) 73.9 73.5 Componentedentoalveolar superior IS.NA (º) 42.0 18.2 IS-NA (mm) 13.0 8.1 IS-PP (mm) 32.1 36.0 Rev. UNINGÁ, Maringá, v. 55, n. 2, p. 214-226, abr./jun. 2018. 222

Componente dentoalveolar inferior II.NB (º) 35.4 44.0 II - NB (mm) 10.0 10.5 Relação Dentária Relação Molar (mm) 0.1-0.7 Sobressaliência (mm) 8.0 2.4 Sobremordida(mm) 0.1 2.7 Tecidos Moles ANL (º) 92.2 109.9 Ls- S(mm) 5.5 4.1 Li- S (mm) 1.4 0.8 Fonte: Os autores. O resultado final foi uma oclusão funcional, um sorriso harmônico, porém com grande exposição gengival. Figura 13 Fotografias intrabucais de controle 1 ano após remoção do aparelho. Fonte: Os autores. DISCUSSÃO O planejamento ortodôntico varia de acordo com a natureza da má oclusão do paciente, a obtenção da estética, função, estabilidade constituem os principais objetivos do tratamento. A má oclusão de Classe II, divisão 1, apresenta diversas caracterizações (vestibularização, protrusão, overjet, entre outros.) e a determinação do planejamento mais adequado deve ser em função do problema específico do paciente. Diante de uma má oclusão com envolvimento esquelético, em pacientes que se apresentam em fase de crescimento, indica-se a utilização dos recursos ortopédicos (GIMENEZ; BERTOZ; BERTOZ, 2007). Rev. UNINGÁ, Maringá, v. 55, n. 2, p. 214-226, abr./jun. 2018. 223

Em jovens que apresentam discrepâncias esqueléticas, a correção apenas dentoalveolar não promove a total harmonia. Nestes casos, preconizase a correção precoce dos problemas esqueléticos, na fase de dentadura mista tardia, por meio de aparelhos ortopédicos. Nesta categoria, enquadra-se o aparelho de Herbst, oclus-o-guide, ativador, twin force, extra oral Kloehn, entre outros, isso quando usado e, fase de crescimento. Mas como a paciente encontrava-se em idade adulta não havia possibilidade da correção com ortopedia, mesmo diante de tantas vantagens, visto que o uso da ortopedia corrigiria a discrepância esquelética, e como houve recusa diante do tratamento orto-cirúrgico, a opção viável e mais eficaz são as extrações de dentes (HENRIQUES et al., 2003; MARTINS et al., 2004; NAHÁS et al., 2008; REGO et al., 2005). O controle da dimensão vertical é de grande importância na correção da Classe II, pois contribuirá para obtenção de resultado efetivo na posição mandibular no sentido anteroposterior (FILHO; LIMA; RUELLAS, 2003; FREITAS et al., 2003). Sendo a forma de tratamento muito empregada para Classe II em pacientes adultos as extrações de dentes para retrair lábios proeminentes. Alguns autores questionaram a extração de pré-molares, pois esta conduziria a uma resposta facial indesejada (BRANT; SIQUEIRA, 2006; OLIVEIRA et al., 2008). A Classe II com protrusão bialveolar é tratada com extração de2 prémolares superiores em alguns casos 2 pré-molares inferiores, e retração dos dentes anteriores.o movimento distal dos molares superiores é frequentemente utilizado na correção da má oclusão de Classe II, no entanto, o movimento distal dos molares tem sido considerado como um dos mais difíceis problemas biomecânicos para alcançar os objetivos de tratamento na clínica ortodôntica, uma vez que a distalização do molar foi alcançada, e a distalização dos dentes anteriores sem perda de ancoragem molar é um desafio (CHAE, 2012; OLIVEIRA et al., 2008; PATEL et al., 2004). A partir da avaliação das análises comparativas inicial e final das variáveis, observa-se uma retrusão satisfatória da maxila e da mandíbula em relação à base do crânio. Quanto à movimentação dentária, nota-se a lingualização dos incisivos superiores de 23,8 graus e retrusão de 4,9 mm, além da retrusão de 1,4 mm dos lábios superiores. Diante dessas informações, é possível afirmar que grande parte do problema foi solucionada apenas pela lingualização dos dentes, responsável por promover grande melhora no perfil da paciente, solucionando, portanto, sua queixa. Obteve-se como resultado deste tratamento, a melhora da sobremordida e a sobressaliência, obtendo-se ao final um trespasse vertical de e horizontal. Os resultados encontrados são condizentes com o da literatura sendo o plano de tratamento escolhido favorável para o tratamento da má oclusão apresentada (VALARELLI et al., 2013). Rev. UNINGÁ, Maringá, v. 55, n. 2, p. 214-226, abr./jun. 2018. 224

CONCLUSÃO A realização de extrações para o tratamento da biprotrusão e o tratamento da Classe II revelou-se viável para a estabilização do problema tratado no caso clínico, uma vez considerada a melhoria estética e de função da paciente, levando-a a apresentar harmonia facial, caso seja esta a única queixa apresentada pelo paciente. REFERÊNCIAS BRANT, J.C.O.; SIQUEIRA, V.C.V. Alterações no perfil facial tegumentar, avaliadas em jovens com Classe II, 1ª divisão, após o tratamento ortodôntico. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, v.11, n.2, p.93-102, 2006. CHAE, J. Treatment of Class II malocclusion with bialveolar protrusion by means of unusual extractions and anchorage mini-implant. Dental Press J Orthod, v.17, p.165-77, 2012. FILHO, R.M.A.; LIMA, A.L.; RUELLAS, A.C.O. Estudo Longitudinal das Alterações no Ângulo ANB em Pacientes Classe II Esquelética, tratados com Aparelho Extra-Oral de Kloehn. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, v.8, n.2, p.21-9, 2003. FREITAS, M.R. et al. Um Tratamento Simplificado para Correção da Má Oclusão de Classe II, Divisão 1 com Mordida Aberta: Relato de um Caso Clínico. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, v.8, n.3, p.93-100, 2003. GIMENEZ, C.M.M.; BERTOZ, A.P.; BERTOZ, F.A. Tratamento da má oclusão de Classe II, divisão 1 de Angle, com protrusão maxilar utilizando-se recursos ortopédicos. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, v.12, n.6, p.85-100, 2007. HENRIQUES, J.F.C. et al. Controle da dimensão vertical com o aparelho removível conjugado à ancoragem extrabucal no tratamento da Classe II, 1ª divisão. R Clín Ortodon Dental Press, v.2, n.4, p.53-64, 2003. JANSON, G. et al. Alignment stability in Class II malocclusion treated with 2- and 4-premolar extraction protocols. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics, v.130, n.2, p.189-95, 2006. MARTINS, L.P. et al. Avaliação cefalométrica do tratamento da Classe II, divisão 1, de Angle com os aparelhos extrabucal de Kloehn e fixo edgewise: Influência do padrão facial. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, v.9, n.3, p.91-109, 2004. NAHÁS, A.C.R. et al. Estudo cefalométrico das alterações dentoesqueléticas da má oclusão de Classe II, divisão 1 tratada com o aparelho de Herbst com cantiléver. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, v.13, n.1, p.124-40, 2008. Rev. UNINGÁ, Maringá, v. 55, n. 2, p. 214-226, abr./jun. 2018. 225

OLIVEIRA, G.F. et al. Alterações dentoesqueléticas e do perfil facial em pacientes tratados ortodonticamente com extração de quatro primeiros prémolares. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, v.13, n.2, p.105-14, 2008. PATEL, M.P. et al. Tratamento da maloclusão de Classe II - parte 1: distalização e contenção dos molares superiores. Revista da Associação Paulista de Especialistas em Ortondontia - Ortopedia Facial, v.2, n.4, p.172-7, 2004. REGO, M.V.N.N. et al. Estudo cefalométrico do tratamento precoce da má oclusão de Classe II, 1ª divisão, com o aparelho Herbst: alterações esqueléticas sagitais. R Dental Press Ortodon Ortop Facial, v.10, n.6, p.120-40, 2005. VALARELLI, F.P. et al. Extrações estratégicas de segundos pré-molares superiores na má-oclusão de Classe II. OrtodontiaSPO, p.509-16, 2013. Rev. UNINGÁ, Maringá, v. 55, n. 2, p. 214-226, abr./jun. 2018. 226