REVISÃO/ATUALIZAÇÃO DO MARCO REGULATÓRIO - EAD. 27 de maio de 2013 SÃO PAULO. Por Enilton Ferreira Rocha



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Transcrição:

REVISÃO/ATUALIZAÇÃO DO MARCO REGULATÓRIO - EAD 27 de maio de 2013 SÃO PAULO Por Enilton Ferreira Rocha 1. ABERTURA Após a abertura, a Profa. Cleunice Matos (Coordenadora Geral de Regulação da Educação Superior a Distância COREAD), agradeceu a presença de todos e apresentou os integrantes da Câmara Consultiva. O Professor Litto, Presidente da ABED falou sobre a importância do Marco Regulatório e da presença dos convidados para a sua revisão histórica. Em seguida a coordenadora apresentou alguns dados interessantes sobre o avanço da EaD no Brasil. Segundo ela, atualmente a EaD apresenta quase um milhão (992 mil) de matrículas em cursos superiores reconhecidos pelo MEC, sendo 12% ofertadas pelas escolas públicas e 88% pelas privadas. Apresentando um crescimento de 2.339% em cinco anos (2008/2013). Em relação ao presencial, a EaD representa apenas 20% das cinco milhões de matriculas e 16% do total da oferta para o ensino superior no Brasil. Ainda segundo a Coordenadora Cleunice, o Ministro da Educação se orientará pelo resultado do Marco Regulatório para a aprovação de mudanças na regulação da EaD. Fez breves comentários sobre a Norma Técnica 2013, da SERES/MEC (http://www.ead.cesumar.br/site/ead/nota_tecnica_309_2013%20_reconhecimentocurso

sead.pdf), destacando a urgência de aplicação das suas instruções face à gravidade da situação atual do sistema de reconhecimento de cursos superiores na EaD, relativa a 699 processos aguardando parecer final, com atrasos de alguns desde 2007, acarretando prejuízos incalculáveis para a sociedade brasileira, em especial os alunos, os mais prejudicados com a morosidade do MEC nesse processo de reconhecimento. 2. DIÁLOGO COM OS ESPECIALISTAS CONVIDADOS Aberta a fala para os convidados, foram apresentadas várias sugestões e críticas ao modelo atual de regulação da EaD, sendo as principais e mais polêmicas: 2.1. Polos presenciais Foi consenso entre os especialistas convidados (muitos representando IES particulares) a necessidade de revisão urgente da obrigatoriedade dos polos presenciais. Foram vários os depoimentos sobre o abandono de muitos deles por falta da presença física de alunos nesses polos, caracterizando e reforçando a necessidade de eliminação dessa exigência. Se o maior interessado não o reconhece como legítimo aliado em seu processo de aprendizagem a distância, por que mantê-los? 2.2. Avaliação presencial Amplamente discutido durante a audiência. A conclusão da maioria foi quanto a necessidade de revisão desse equívoco regulatório na EaD. Por que uma avaliação presencial seria mais qualitativa do que a avaliação a distância? Foram apresentados varias formas e métodos

para uma avaliação a distância possuir os mesmos supostos diferenciais da avaliação presencial, e em alguns casos com mais rigor e mais qualidade. A sugestão da maioria é de eliminação dessa obrigatoriedade. Seria facultativo para as IES. 2.3. Tutor é Professor na EaD? A velha discussão se apresentou como uma das vilãs da regulação na EaD, cujo papel foi criado em função da UAB. Vários aspectos dessa dicotomia pedagógica foram apresentados como argumentos para a revisão com a sugestão de exclusão desse personagem de papel duvidoso na docência da EaD. A sugestão foi para a atribuição desse papel ao professor como único responsável pela docência na EaD. Sugeriu-se a revisão da gestão de pessoas na EaD, excluindo o cargo de tutor que seria substituído por outro com atribuições coerentes com o seu papel na EaD. O passivo trabalhista gerado com esse erro de concepção e conceito sobre o papel do professor na EaD foi decisivo para essa sugestão. 2.4. Comissão de avaliação designada pelo MEC Outro vilão da regulação da EaD. A questão mais grave nesse processo foi relatada por alguns dos presentes à audiência, destacando a fragilidade de alguns dos seus integrantes durante o processo de autorização e reconhecimento de cursos para a oferta a distância. Em alguns relatos ficou evidente que muitas vezes o credenciado pelo MEC para essa missão não tinha a competência necessária e/ou não estava devidamente

qualificado para o trabalho a que foi designado. Fragilidades do tipo: profissionais da engenharia avaliando curso da contabilidade e vice versa; falta de preparo para saber reconhecer contextos e realidades diferentes nos polos presenciais; atitudes mais policialescas do que preventiva e orientadora foram os argumentos e fatos apresentados. Outro ponto que coloca em risco a seriedade, eficiência e eficácia dessas comissões foi o destaque ao excesso de comissões (alguns relatos de 5 a 8 comissões para o mesmo curso, com mudança na composição de seus integrantes, caracterizando descontrole, desorganização e descontinuidade no processo de regulação da EaD). As sugestões para esse caos foram todas no sentindo de rever com rigor esse processo e estabelecer mecanismos de racionalização, mudança no processo de seleção dos integrantes das comissões e formação adequada dos seus integrantes. 2.5. Autorização e credenciamento Os relatos em relação a essa regulação foram talvez os mais preocupantes, tendo em vista os impactos para a sociedade brasileira do ponto de vista socioeconômico, político e educacional originários da morosidade e do descaso do Estado com esses processos. A média de espera para o resultado das visitas das comissões de avaliação, conforme relato dos convidados, está entre 3 a 6 anos. A sugestão é mudar radicalmente os critérios e as instruções para esses processos regulatórios. Para os participantes que apresentaram essa sugestão não

justifica esse demora só porque a oferta é a distância. Concluiu-se que o problema, nesse caso, tem se apresentado como uma questão de incompetência do Estado para compreender e regular a oferta de EaD no Brasil. 2.6. Referenciais de qualidade para a EaD Outro ponto bastante polêmico da audiência. Para a maioria dos presentes, os supostos referenciais de qualidade para a educação superior a distância, em seu documento regulador, (http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/legislacao/refead1.pdf) descritos e apresentados para a comunidade acadêmica brasileira, apresentam fragilidades de varias naturezas: é um instrumento baseado na burocracia estatal, que regula basicamente procedimentos administrativos e de secretaria acadêmica; não apresenta indicadores que qualidade cuja composição pudesse revelar diagnósticos da qualidade no ensino, pesquisa e extensão. Serve mais como instrumento para uma ação policialesca das comissões de avaliação do que para uma ação preventiva, uma ação orientadora, que veja a educação a distância como um sistema, como uma oportunidade de democratização da educação no Brasil, como uma oportunidade de evolução social, política e econômica, sem perda de qualidade. As sugestões foram de revisão imediata desse documento, principalmente no que se refere aos conceitos e concepções de referenciais de qualidade baseados em indicadores tais como teorias e práticas de qualidade na educação, contextos

educacionais, sociais, políticos e econômicos, novos cenários da educação a distância, novo perfil do aprendente e da escola.