DISTRIBUIÇÃO VERTICAL DE LAGARTAS Alabama argillacea (HÜBNER, 1818) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) EM PLANTAS DE ALGODOEIRO

Documentos relacionados
DISTRIBUIÇÃO VERTICAL DE LAGARTAS Spodoptera frugiperda (J. E. SMITH, 1797) (LEPIDOPTERA NOCTUIDAE) EM PLANTAS DE ALGODOEIRO

Distribuição vertical de lagartas de Alabama argillacea (Hübner) (Lepidoptera: Noctuidae) em plantas de algodão

DISTRIBUIÇÃO VERTICAL DE PULGÕES Aphis gossypii (GLOVER,1877) EM PLANTAS DE ALGODOEIRO

INSETICIDAS NO CONTROLE DA LAGARTA MILITAR SPODOPTERA FRUGIPERDA (J.E. SMITH, 1797) NO ALGODOEIRO

CONTROLE DA LAGARTA CURUQUERÊ-DO-ALGODOEIRO (Alabama argillacea) COM INSETICIDAS QUÍMICOS E BIOLÓGICOS

LEVANTAMENTO POPULACIONAL E ESTUDO DE DIVERSIDADE DE ARTRÓPODES EM TRÊS CULTIVARES DE ALGODOEIRO NO MUNICÍPIO DE CASSILÂNDIA-MS.

EFEITO DE INSETICIDAS/ACARICIDAS NO CONTROLE DE Polyphagotarsonemus latus E Aphis gossypii NA CULTURA DO ALGODÃO.

ALGUMAS CONSIDERAÇÕES BIOLÓGICAS EM SPODOPTERA FRUGIPERDA EM MILHO NO MUNICÍPIO DE ITUIUTABA (MG)

AVALIAÇÃO DE INSETICIDAS NO CONTROLE DA LAGARTA CURUQUERÊ (ALABAMA ADENSADO DO ALGODOEIRO EM MATO GROSSO. Daniele Romano 1 ; Paulo Bettini 2.

Níveis de infestação e controle de Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) no município de Cassilândia/MS

EFEITO DE DIFERENTES DOSES DO ÓLEO ESSENCIAL DE AÇAFRÃO NO CONTROLE DO PULGÃO BRANCO (APHIS GOSSYPII) NA CULTURA DO ALGODOEIRO

AMOSTRAGEM SEQÜENCIAL DE Spodoptera frugiperda (J. E. SMITH, 1797) (LEPIDOPTERA, NOCTUIDAE) EM ALGODOEIRO

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 191

INFESTAÇÃO DE Alabama argillacea NA VARIEDADE NuOPAL (BOLLGARD I) E EM OUTRAS SETE VARIEDADES COMERCIAIS DE ALGODÃO EM JABOTICABAL,SP

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Palavras-chaves: Milho, controle químico e biológico, Spodoptera frugiperda.

TOXICIDADE DE INSETICIDAS FISIOLÓGICOS AO CURUQUERÊ DO ALGODOEIRO (*)

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 153

André Júnio Andrade Peres 1 ; Luciana Cláudia Toscano Maruyama 2

PALAVRAS CHAVE: mandarová, Erinnyis ello, monitoramento do mandarová, controle do mandarová, baculovirus, Baculovirus erinnyis.

ASPECTOS BIOLÓGICOS E NUTRICIONAIS DE Anticarsia gemmatalis Hüb. (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) EM DIVERSOS GENÓTIPOS DE SOJA

EFICIÊNCIA DE INSETICIDAS, EM TRATAMENTO DE SEMENTES, NO CONTROLE DO PULGÃO Aphis gossypii (HOMOPTERA: APHIDIDAE) NA CULTURA DO ALGODOEIRO

NÍVEL DE CONTROLE DE Spodoptera frugiperda NA CULTURA DO ALGODOEIRO DO OESTE DA BAHIA (*)

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE INSETICIDAS PARA CONTROLE DE Spodoptera eridanea NA CULTURA DO ALGODOEIRO

(L., 1764) (CURCULIONIDAE - COLEOPTERA) EM CULTIVARES DE

CONTROLE DA LAGARTA CURUQUERÊ-DO-ALGODOEIRO (Alabama argillacea) COM INSETICIDAS QUÍMICOS

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE INSETICIDAS PARA CONTROLE DE Heliothis virescens NA CULTURA DO ALGODOEIRO

EFEITO DO INSETICIDA ETOFENPROX 100 SC NO CONTROLE DO BICUDO-DO-ALGODOEIRO

AMOSTRAGEM DE PRAGAS EM SOJA. Beatriz S. Corrêa Ferreira Entomologia

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 893

CONTROLE DA LAGARTA-DAS-MAÇÃS, Heliothis virescens (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE), COM O INSETICIDA TALISMAN 200 CE NA CULTURA DO ALGODÃO

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE INSETICIDAS NO CONTROLE DE Euchistus heros NA CULTURA DO ALGODOEIRO

PARCELAMENTO DA COBERTURA COM NITROGÊNIO PARA cv. DELTAOPAL E IAC 24 NA REGIÃO DE SELVÍRIA-MS

CARLA DETONI EZEQUIEL *1 ; WAGNER DA ROSA HARTER 1 ; CAMILA HADDAD SILVEIRA 1 ; LUIZ HENRIQUE MARQUES 1 ; MAURICIO BATISTA 1

Heder R. Mosca (Unesp), Grasiani E. Prezotto (Unesp), Norberto M. Cruz; Fernando J. Celoto; Geraldo Papa (Unesp /

PRODUTIVIDADE E COMPONENTES DE PRODUÇÃO DE ALGODOEIRO EM FUNÇÃO DO CULTIVAR EM CHAPADÃO DO SUL - MS 1. Priscila Maria Silva Francisco

DETERMINAÇÃO DE ÍNDICES DE QUALIDADE NA SELEÇÃO DE LOTES DE SEMENTES DE ALGODOEIRO * RESUMO

ESTUDO DE ÉPOCA DE PLANTIO DO ALGODOEIRO ADENSADO NA REGIÃO DE CAMPINAS-SP INTRODUÇÃO

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 171

EFICIÊNCIA DO INSETICIDA BF 314, APLICADO EM MISTURA, PARA CONTROLE DE Heliothis virescens (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) NA CULTURA DO ALGODOEIRO

Níveis de infestação e controle de Spodoptera frugiperda (Lepdoptera: Noctuidae) no município de Cassilândia/MS

Manejo Integrado de Pragas - MIP. Eng. Agr. Luiz Paulo

Palavras-chave: Gossypium hirsutum, bicudo-do-algodoeiro, lagarta-rosada, algodão transgênico. INTRODUÇÃO

EFICIÊNCIA DO INSETICIDA BF 314, APLICADO EM MISTURA, PARA CONTROLE DE Aphis gossypii (HEMIPTERA: APHIDIDAE) NA CULTURA DO ALGODOEIRO.

A região dos Chapadões inicia a colheita do algodão safra

ARRANJO DE PLANTAS PARA LINHAGENS E CULTIVAR DE ALGODOEIRO NO ESTADO DE GOIÁS

ALGODÃO BOLLGARD (MON 531) NO CONTROLE DOS LEPIDÓPTEROS PRAGA NAS PRINCIPAIS REGIÕES PRODUTORAS DO BRASIL.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA PROGRAMA DE DISCIPLINA OBJETIVOS

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS EM CULTIVARES DE ALGODÃO HERBÁCEO SUBMETIDAS A DIFERENTES POPULAÇÕES DE PLANTAS. (*)

AÇÃO DE INSETICIDAS SOBRE O PERCEVEJO CASTANHO Scaptocoris castanea Perty, 1833 (HEMIPTERA: CYDNIDAE) NA CULTURA DO ALGODOEIRO *

EFICIÊNCIA DO INSETICIDA BF 314, APLICADO ISOLADO OU EM MISTURA, PARA CONTROLE DE Aphis gossypii (HEMIPTERA: APHIDIDAE) NA CULTURA DO ALGODOEIRO

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE PULGÕES Aphis gossypii (GLOVER, 1877) EM PLANTAS DE ALGODOEIRO

FiberMax. Mais que um detalhe: uma genética de fibra.

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 107

Espécies de Tricogramatídeos em Posturas de Spodoptera frugiperda (Lep.: Noctuidae) e Flutuação Populacional em Cultivo de Milho

AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO INICIAL DE HÍBRIDOS DE MAMONEIRA COM SEMENTES SUBMETIDAS AO ENVELHECIMENTO ACELERADO

EFEITO DO ÓLEO DE NIM INDIANO E EXTRATOS AQUOSOS DE FOLHAS DE CINAMOMO E DE NIM INDIANO SOBRE O PULGÃO BRANCO DO ALGODOEIRO (Aphis gossypii).

Desenvolvimento de Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) em plantas de milho (Zea mays L.) adubadas com cama de frango

ESPAÇAMENTOS REDUZIDOS NA CULTURA DO ALGODOEIRO: EFEITOS SOBRE ALGUMAS CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS *

ARMADILHAMENTO E COMPORTAMENTO SEXUAL CIRCADIANO DE ADULTOS DE Pectinophora gossypiella

EFEITO DE DESALOJANTE E INSETICIDAS NO CONTROLE DA SPODOPTERA FRUGIPERDA (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) DO MILHO

CONTROLE QUÍMICO DO BICUDO DO ALGODOEIRO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRARIAS DEPARTAMENTO DE FITOTECNIA PLANO DE ENSINO

DESEMPENHO DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODOEIRO HERBÁCEO NO CERRADO DO SUL MARANHENSE

QUALIDADE DE SEMENTES DE ALGODOEIRO EM MATO GROSSO

Palavras-chaves: Pragas do pequizeiro, Megalopigidae, Levantamento de pragas

ESTUDO DE DIVERSIDADE E VARIAÇÃO SAZONAL DE ARTRÓPODES EM PLANTAS DANINHAS E SOQUEIRA DE ALGODOEIRO NA ENTRESSAFRA

PREFERÊNCIA ALIMENTAR DE Utetheisa ornatrix (Linnaeus) (Lepidoptera: Erebidae: Arctiinae) POR DIFERENTES ESPÉCIES DE CROTALÁRIA

ÉPOCAS DE PLANTIO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE NO MUNICÍPIO DE UBERABA, MG *

ALGODÃO BOLLGARD (MON 531) NO CONTROLE DOS LEPIDÓPTEROS PRAGA NAS PRINCIPAIS REGIÕES PRODUTORAS DO BRASIL. Fabiano Ferreira

EFICIÊNCIA DE DOSES DO INSETICIDA F WG, APLICADAS ISOLADAMENTE OU EM MISTURA, PARA CONTROLE DE APHIS GOSSYPII

Percentagem de espécies de percevejos pentatomídeos ao longo do ciclo da soja no Norte do Paraná

POPULAÇÃO DE PLANTIO DE ALGODÃO PARA O OESTE BAIANO

MONITORAMENTO DE ADULTOS DE Spodoptera frugiperda e Diatraea saccharalis EM ÁREAS DE MILHO E SORGO 1

ÉPOCAS DE SEMEADURA DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE NO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA *

Ocorrência de lepidópteros-praga em lavouras de milho, sorgo e algodão no Norte e Noroeste de Minas Gerais 1

EFICÁCIA DE INSETICIDAS APLICADOS NAS SEMENTES VISANDO O CONTROLE DO PERCEVEJO BARRIGA-VERDE, DICHELOPS MELACANTHUS, NA CULTURA DO MILHO

V Semana de Ciência e Tecnologia IFMG - campus Bambuí V Jornada Científica 19 a 24 de novembro de 2012

BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS. Soluções para um Mundo em Crescimento

EFICIÊNCIA DE INSETICIDAS UTILIZADOS EM APLICAÇÃO FOLIAR NO CONTROLE DE Aphis gossypii NA CULTURA DO ALGODOEIRO

amidas e nitrato) (LOPES e GUILHERME, 1992). Como a grande maioria de insetos fitófagos utiliza compostos nitrogenados em sua nutrição, preferindo se

UEMS-Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Rod. MS 306, km 6, , Cassilândia, MS.

Estratégias de controle químico do percevejo barriga verde Dichelops melacanthus

Ocorrência de artrópodes em área recuperada com o Sistema de Integração Lavoura- Pecuária 1. Paulo A. Viana 2 e Maria C. M.

EFEITO DO ESPAÇAMENTO E DENSIDADE DE PLANTAS SOBRE O COMPORTAMENTO DO ALGODOEIRO (*)

OCORRÊNCIA E INFESTAÇÃO DE Diatraea saccharalis (FABRICIUS, 1794) (LEPIDOPTERA: CRAMBIDAE) EM SALTO DO JACUÍ - RS 1

INTERFERÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS NAS CULTURAS AGRÍCOLAS: IMPLICAÇÕES PARA O MANEJO

REGULADORES DE CRESCIMENTO E ADUBAÇÃO NITROGENADA EM VARIEDADES DE DIFERENTES PORTES DE ALGODOEIRO HERBÁCEO

INSETICIDAS EM PULVERIZAÇÃO NO CONTROLE DO PULGÃO APHIS GOSSYPII (GLOVER, 1877) NO ALGODOEIRO INTRODUÇÃO

EFICIÊNCIA DE APLICAÇÃO DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DE MOFO- BRANCO NO ALGODOEIRO

DENSIDADE DE SEMEADURA E POPULAÇÃO INICIAL DE PLANTAS PARA CULTIVARES DE TRIGO EM AMBIENTES DISTINTOS DO PARANÁ

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 178

CONTROLE DA LAGARTA ELASMO (Elasmopalpus lignosellus)

AVALIAÇÃO E ANÁLISE DE PERDAS NA COLHEITA DA CULTURA DO ALGODÃO NA REGIÃO SUDESTE DO ESTADO DE MATO GROSSO *

Efeito do Inseticida Match no Controle de Spodoptera frugiperda (Smith, 1797) (Lepidoptera: Noctuidae) na Cultura do Milho.

Boletim Técnico. FiberMax. Mais que um detalhe: uma genética de fibra.

Controle químico de doenças fúngicas do milho

SELETIVIDADE DO INSETICIDA INDOXACARB SOBRE OS INIMIGOS NATURAIS DE SPODOPTERA FRUGIPERDA

INFLUÊNCIA DA ÉPOCA DE APLICAÇÃO DE FUNGICIDAS NO CONTROLE DA MANCHA DE RAMULARIA (Ramularia areola) NA REGIÃO DE CAMPO VERDE MT *

Transcrição:

DISTRIBUIÇÃO VERTICAL DE LAGARTAS Alabama argillacea (HÜBNER, 1818) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) EM PLANTAS DE ALGODOEIRO Anderson Miguel da Silva (UFMS / mallmann80@hotmail.com), Marcos G. Fernandes (UFMS), Paulo E. Degrande (UFMS / degrande@ceud.ufms.br). RESUMO - Para que se realize um manejo prático e eficiente de pragas como A. argillacea (Hübner, 1818) em algodoeiro (Gossypium hirsutum L.), se faz necessário a construção de um plano de amostragem confiável, que possa estimar a sua densidade populacional e classificar seus danos, para que assim seja tomada a decisão de controle mais cabível a atual situação da praga na lavoura. Para tanto, o conhecimento da distribuição vertical de lagartas de A. argillacea no algodoeiro, se faz de fundamental importância para tornar os processos de amostragem e controle dessa praga mais eficientes dentro dos programas de MIP-Algodão. Palavras-chave: distribuição vertical, Alabama argillacea, algodoeiro VERTICAL DISTRIBUTION OF Alabama argillacea (HÜBNER,1818) (LEPIDOPTERA: NOCTUIDAE) CATERPILLARS ON COTTON PLANTS ABSTRACT - For accomplishing a practical and efficient management of plagues as Alabama argillacea (Hübner, 1818) in cotton crop (Gossypium hirsutum L.), it is necessary to construct a trustworthy sampling plan, which can esteem its population density and classify its damages, to take properly the decision of controlling the pest on the crop. For this, the knowledge of the vertical distribution of A. argillacea caterpillars on cotton plants is of great importance to make the processes of sampling and controlling more efficient in the programs of IPM-Cotton. Key-words: vertical distribution, Alabama argillacea, cotton crop INTRODUÇÃO A ocorrência simultânea de várias pragas de importância econômica na cultura do algodoeiro, desde a emergência das plântulas até o final do ciclo da cultura, torna extremamente necessário definir meios práticos e eficientes para o controle dessas pragas, de tal forma a provocar a menor alteração possível no meio ambiente, com a devida economicidade para o produtor. Nesse contexto o Manejo Integrado de Pragas (MIP) tem sido indicado como excelente método para se atingir tal objetivo. O conhecimento da distribuição vertical das pragas na cultura, também conceituada como distribuição intra-planta, pode definir formas de agilizar e aumentar a confiabilidade do processo de amostragem de insetos em uma determinada cultura, auxiliando na definição do modo mais eficiente para se realizar as amostragens. Além disso, tal conhecimento serve de subsídio para melhor entender práticas de campo usuais, como o local de melhor deposição dos inseticidas aplicados e atuação dos inimigos naturais, com vistas a determinar o momento mais adequado para se adotar algum método de manejo da praga na cultura. A presente pesquisa teve como objetivo determinar a forma de distribuição vertical de A. argillacea em algodoeiro, visando tornar o processo de amostragem dessa praga rápido e confiável além de servir de subsídio para entender casos de sucesso e fracasso de controle da praga em áreas cultivadas com essa cultura.

MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido durante a safra 1999/2000 no município de Ponta Porã, Estado de Mato Grosso do Sul. A área experimental foi instalada na Fazenda Itamarati Sul S.A., que apresentou nesse ano agrícola 2400 ha cultivados com algodão irrigado através de pivô central. Para fins de controle local, em uma área irrigada de 116 ha semeada com algodão da variedade CNPA-ITA 90, foram demarcados três campos com 10.000m 2 cada um, sendo cada campo dividido em 100 parcelas de 100m 2 (10m x 10m), que constituíram as repetições do experimento. Em cada parcela foram examinadas cinco plantas em seqüência (consecutivas) na linha central da parcela, num total de 500 plantas em cada um dos campos. Quando ocorriam chuvas pesadas durante uma avaliação, todos os dados já tomados daquele campo eram abandonados, e iniciava-se nova avaliação após o término da chuva. Esse procedimento levou em consideração o fato de que chuvas pesadas interfeririam na distribuição vertical das lagartas, pois poderiam jogá-las no chão com conseqüente movimento posterior para as plantas vizinhas, ou ainda alteraria sua posição inicial na planta. Objetivando a observação adequada do arranjo vertical dessa espécie na cultura, não foi realizado o controle químico dessa praga na área amostral. As demais pragas foram controladas com inseticidas seletivos à espécie em estudo. RESULTADOS E DISCUSSÃO No Campo I, 51,1% das lagartas pequenas encontradas durante o período de avaliação foram detectadas no terço superior das plantas, enquanto 37,3% localizavam-se no terço médio e 11,6% no terço inferior. Quanto ao total de lagartas médias, nota-se que 70,7%, estavam localizadas no terço superior, enquanto 25,8% localizavam-se no terço médio, e outros 3,5% estavam presentes no terço inferior das plantas. A quase totalidade de lagartas grandes apresenta preferência pelas partes superiores das plantas, uma vez que 88,4% desses indivíduos foram encontrados no terço superior, 10,6% no terço médio e apenas 1,0% no terço inferior (Tab. 1). No Campo II (Tab. 2) é possível perceber um maior equilíbrio na distribuição vertical das lagartas pequenas, pois, do total de 1.237 dessas lagartas encontradas nesse campo, 47,2% estavam no terço superior e 40,2% no terço médio, enquanto 12,6% no terço mais baixo da planta. No que se refere ás lagartas de tamanho médio, fica claro uma preferência mais acentuada pelo terço superior das plantas que apresentou 76,1% das 1.078 lagartas encontradas. Desse total, 21% foram localizadas no terço médio e apenas 3% no terço inferior das plantas da cultura. Porém, lagartas grandes demonstraram ainda maior preferência pela parte superior das plantas, haja vista que nessa parte das plantas amostradas foram encontradas 84,1% dessas lagartas, enquanto que nos terços médio e inferior encontrou-se 13,3 e 2,6%, respectivamente, do total de 1.127 lagartas grandes encontradas nesse campo. Observando-se os números encontrados no Campo III (Tab. 3), percebe-se que 564 lagartas pequenas, ou 57,4% do total dessas lagartas encontradas na área, foram observadas no terço superior das plantas. Por outro lado, 552 lagartas médias, que representam 76,5% do total dessas lagartas, e 716 lagartas grandes, ou 92,1% dessas lagartas, também foram encontradas no terço superior das plantas amostradas. A percentagem de lagartas encontradas no terço médio foi de 30,2% para lagartas

pequenas, 20,2% para lagartas médias e 7,5% para lagartas grandes. Diferença mais drástica foi observada para a percentagem de lagartas no terço inferior, já que 12,3% das lagartas pequenas, 3,3% das lagartas médias e 0,3% das lagartas grandes foram encontradas nessa parte das plantas. Considerando os três campos estudados pode-se afirmar que 70,2% de todas as lagartas encontradas estavam localizadas no terço superior das plantas, 23,8% estavam na parte mediana enquanto que as demais (6%) localizavam-se no baixeiro das plantas, numa análise em que os insetos não foram classificados pelo tamanho. Essa relação entre o número total de lagartas observadas em cada terço da planta manteve-se inalterada durante praticamente todo o ciclo da cultura. De acordo com os resultados obtidos neste trabalho, é possível afirmar que há maior preferência das lagartas de A. argillacea pelo terço superior das plantas para utilização como sítio de alimentação, independentemente do seu estádio de desenvolvimento, concordando com o que é afirmado genericamente por GALLO et al. (2002). No entanto, pode-se perceber que essa preferência é mais intensa á medida que a lagarta se desenvolve. Estudo feito por Fernandes (2002) mostrou que mariposas de A. argillacea têm preferência para ovipositar no terço superior das plantas, enquanto Kogan e Cope (1974) afirmam que lagartas de primeiros instares preferem as partes da planta com menor proporção de fibras, portanto com um maior teor de água, explicando a maior densidade de lagartas pequenas no terço superior das plantas, onde se encontram folhas mais tenras e menos fibrosas. No presente trabalho o maior número de lagartas pequenas foi encontrado no terço superior das plantas (644), vindo a seguir o terço médio (470). Em contrapartida, a maior incidência de lagartas encontradas no terço inferior das plantas amostradas foi de lagartas pequenas (146), sendo bem maior que o número de lagartas médias (40) e grandes (10) observadas nessa parte das plantas, o que provavelmente ocorre em razão das lagartas pequenas encontrarem menor competição intra-específica e, conseqüentemente, maior quantidade de alimento disponível, além de estarem mais protegidas contra intempéries climáticas e inimigos naturais, pois é possível que ocorra maior predação e parasitismo de lagartas pequenas na região superior das plantas. Já as lagartas médias e, principalmente, grandes foram encontradas em maior proporção no terço superior das plantas, sugerindo que á medida que essas se desenvolvem há uma tendência para o seu deslocamento para as partes mais altas das plantas provavelmente em função de encontrarem nas folhas mais novas alimento com melhor qualidade nutricional. Nesse sentido, Panizzi e Parra (1991) sugerem que muitos aspectos da biologia dos insetos estão de uma ou outra maneira inseridos dentro de um contexto nutricional. Levando-se em consideração que no terço superior das plantas são encontradas as folhas mais tenras e com maior concentração de nutrientes essenciais como aminoácidos, vitaminas e sais minerais e não essenciais como carboidratos, lipídeos e esteróis, o fato de que as lagartas migram para o terço superior à medida que se desenvolvem pode estar diretamente relacionado à questão da alimentação, pois, os mesmos autores afirmam que durante cada processo de ecdise dos insetos há um alto custo energético, o que faz com que as lagartas procurem condições satisfatórias de nutrição, para que haja, assim, um conseqüente ganho de biomassa larval. Nesse mesmo sentido, Hiratsuka (1920) cita que alguns insetos holometábolas, ou seja, insetos que na sua fase jovem possuem forma de larva, podem gastar até 30% de energia de sua biomassa para formarem seus casulos. Conforme citado por diversos autores, entre eles, Waldbauer (1968) e Carvalho e Parra (1983), lagartas em geral consomem durante o último instar cerca de 80% do alimento que é consumido durante toda sua vida. Nessa fase, o aproveitamento do alimento, ou seja, a sua digestibilidade alimentar, é bem maior que nos primeiros ínstares, havendo assim um maior equilíbrio entre a

quantidade e a qualidade do alimento ingerido, fazendo com que, conseqüentemente, ocorra a formação de um adulto que seja reprodutivamente competitivo, atingindo boas características, o qual pode influenciar o sucesso da cópula, a fecundidade e a sua capacidade de dispersão. Dessa forma, podemos afirmar que o fato da distribuição vertical de lagartas de A. argillacea apresentar maior incidência no terço superior do algodoeiro durante toda sua fase de desenvolvimento, pode estar realmente ligada á questão da alimentação, não somente no que diz respeito a maior concentração de nutrientes essenciais e não essenciais nas folhas mais novas do ponteiro, mas também à concentração de semioquímicos e aleloquímicos que, segundo Panizzi e Parra (1991), também podem influenciar diretamente o comportamento de todos os estágios de desenvolvimento da praga quanto à sua distribuição intraplanta, desde a oviposição dos adultos até a alimentação das lagartas e formação das pupas. Nesse sentido, Azevedo et al. (2002) salienta que plantas de algodão contendo altos teores de gossipol podem causar deterrência alimentar em lagartas, enquanto que Cass et al (2004) afirma que o excesso enantiomérico de gossipol em algodoeiro está relacionado com as espécies de Gossypium consideradas, com as diferentes cultivares de uma mesma espécie, e até mesmo entre diferentes partes da planta, o que pode confirmar que a concentração de gossipol na planta pode ser levado em consideração como relevante no que se refere à distribuição vertical de lagartas de A. argillacea em plantas de algodoeiro. Tabela 1. Número de lagartas de A. argillacea encontradas nos terços superior (sup), médio (med) e inferior (inf) das plantas de algodão no Campo I. Ponta Porã, MS, 1999-2000. Amostragem Lagartas pequenas Lagartas médias Lagartas grandes Total de lagartas Sup Méd Inf Tot Sup Méd Inf Tot Sup Med Inf Tot Sup Med Inf Tot 1 6 3 1 10 1 1 0 2 0 0 0 0 7 4 1 12 2 0 0 0 0 1 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 1 3 91 91 19 201 14 10 1 25 1 0 0 1 106 101 20 227 4 11 12 9 32 8 6 1 15 14 2 1 17 33 20 11 64 5 10 7 4 21 2 0 0 2 0 0 0 0 12 7 4 23 6 13 9 6 28 4 3 0 7 0 0 0 0 17 12 6 35 7 4 5 4 13 0 1 0 1 0 0 0 0 4 6 4 14 8 7 23 17 47 0 5 0 5 0 0 0 0 7 28 17 52 9 19 35 14 68 7 8 1 16 1 2 0 3 27 45 15 87 10 78 107 24 209 154 68 19 241 68 11 2 81 300 186 45 531 11 10 12 9 31 119 73 7 199 297 39 5 341 426 124 21 571 12 52 44 9 105 51 25 4 80 85 23 2 110 188 92 15 295 13 225 84 22 331 90 20 4 114 92 8 0 100 407 112 26 545 14 118 38 8 164 362 77 3 442 311 19 0 330 791 134 11 936 MÉDIA 46,0 33,6 10,4 90,0 58,1 21,2 2,9 82,1 62,0 7,4 0,7 70,2 166,1 62,2 14,0 242,4 E. PADRÃO 17,1 9,5 2,0 26,6 27,0 7,7 1,4 34,7 28,9 3,2 0,4 31,9 63,1 16,3 3,2 78,2

Tabela 2. Número de lagartas de A. argillacea encontradas nos terços superior (sup), médio (med) e inferior (inf) das plantas de algodão no Campo II. Ponta Porã, MS, 1999-2000. Amostragem Lagartas pequenas Lagartas médias Lagartas grandes Total de lagartas Sup Méd Inf Tot Sup Med Inf Tot Sup Med Inf Tot Sup Med Inf Tot 1 4 6 3 13 2 0 0 2 2 1 0 3 8 7 3 18 2 0 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0 1 1 1 0 2 3 33 43 16 92 15 19 0 34 48 62 16 126 96 124 32 252 4 2 2 1 5 2 1 0 3 2 4 2 8 6 7 3 16 5 13 29 12 54 1 1 0 2 0 1 0 1 14 31 12 57 6 3 13 4 20 2 1 1 4 0 0 0 0 5 14 5 24 7 11 7 1 19 0 1 0 1 0 0 0 0 11 8 1 20 8 4 9 15 28 4 1 0 5 1 0 0 1 9 10 15 34 9 108 91 28 227 6 3 1 10 3 1 0 4 117 95 29 241 10 56 73 32 161 149 69 19 237 113 13 3 129 318 155 54 527 11 11 21 8 40 103 49 5 157 260 37 6 303 374 107 19 500 12 55 52 15 122 43 11 1 55 73 9 2 84 171 72 18 261 13 202 112 18 332 107 20 3 130 121 5 0 126 430 137 21 588 14 82 39 3 124 386 49 2 437 324 17 0 341 792 105 5 902 MÉDIA 41,7 35,5 11,1 88,3 58,5 16,1 2,3 77 68,0 10,7 2,1 80,5 168 62,4 15,5 245,9 E. PADRÃO 15,3 9,4 2,7 26,0 28,5 6,1 1,3 34,0 28,1 4,8 1,2 30,8 62,5 15,2 4,0 75,5 Tabela 3. Número de lagartas de A. argillacea encontradas nos terços superior (sup), médio (med) e inferior (inf) das plantas de algodão no Campo III. Ponta Porã, MS, 1999-2000. Amostragem Lagartas pequenas Lagartas médias Lagartas grandes Total de lagartas Sup Med Inf Tot Sup Med Inf Tot Sup Med Inf Tot Sup Med Inf Tot 1 3 4 0 7 1 0 0 1 0 0 0 0 4 4 0 8 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 3 17 19 9 45 8 12 4 24 0 0 0 0 25 31 13 69 4 2 3 2 7 2 2 0 4 1 0 0 1 5 5 2 12 5 23 30 13 66 0 0 0 0 0 0 0 0 23 30 13 66 6 1 11 8 20 0 1 1 2 0 0 0 0 1 12 9 22 7 2 2 2 6 1 0 0 1 0 0 0 0 3 2 2 7 8 4 4 9 17 2 2 0 4 0 0 0 0 6 6 9 21 9 108 66 40 214 2 2 0 4 1 0 0 1 111 68 40 219 10 50 31 13 94 139 50 14 203 134 6 1 141 323 87 28 438 11 18 12 7 37 52 27 2 81 173 20 0 193 243 59 9 311 12 74 46 11 131 50 19 1 70 43 6 0 49 167 71 12 250 13 200 55 4 259 103 11 0 114 81 7 0 88 384 73 4 461 14 62 14 3 79 192 20 2 214 283 19 1 303 537 53 6 596 MÉDIA 40,3 21,2 8,6 70,1 39,4 10,4 1,7 51,5 51,1 4,1 0,1 55,5 130,9 35,8 10,5 177,1 E. PADRÃO 15,2 5,7 2,7 21,6 16,6 3,9 1,0 20,3 23,4 1,9 0,1 25,3 46,9 8,5 3,0 54,4

CONCLUSÔES 1. Lagartas de A. argillacea em algodoeiro ocorrem com maior intensidade no terço superior das plantas independente do seu estágio de desenvolvimento; 2. A distribuição vertical se torna mais acentuada no terço superior à medida que as lagartas se desenvolvem; 3. O terço superior das plantas de algodoeiro pode ser adotado seguramente como ponto eficaz para amostragem de lagartas A. argillacea; 4. A distribuição das lagartas na planta pode estar diretamente relacionada a alimentação no que diz respeito à concentração de nutrientes essenciais e não essenciais, bem como, semioquímicos e aleloquímicos nas diferentes partes da planta.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, F. R., MATTOS, K. O., VIEIRA, F. V. Comportamento alimentar de Alabama argillacea Hübner (Lep.: Noctuidae) em algodoeiro. Ciência Agronômica, v. 33, n. 1. p. 5-9, 2002. CARVALHO, S. M.; PARRA, J. R. P. Biologia e nutrição quantitativa de Alabama argillacea (Hübner, 1818) (Lepidoptera, Noctuidae) em três cultivares de algodoeiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, 8, 1983. Resumos... 1983 p.78. CASS, Q. B.; OLIVEIRA, R. V.; CARVALHO, L. P.; FREIRE, E. C. Determinação dos excessos enantioméricos de gossipol em sementes de algodoeiros. Disponível em <http://www.sbq.org.br/ranteriores/23/resumos/1109/>. Acessado em 29/10/2004. 2004. FERNANDES, M. G. Distribuição espacial e amostragem seqüencial dos principais noctuídeos do algodoeiro (Gossypium hirsutum L.). Jaboticabal: Unesp, 2002. 140 p. Tese (Doutorado em Entomologia Agrícola) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho, Jaboticabal. GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R. P. L.; BAPTISTA, G. C.; BERTI FILHO, E.; PARRA, J. R. P.; ZUCCHI, R. A.; ALVES, S. B.; VENDRAMIM, J. D.; MARCHINI, L. C.; LOPES, J.R.S.; HIRATSUKA, E. Researches on the nutrition of the silk worm. Bull. Seric. Exp. Sta. v.1, p. 257-315, 1920. KOOGAN, M.; COPE, D. Feeding and nutrition associated with soybeans. Ann. Entomol. Soc. Am. v. 67, p. 66-72, 1974. PANIZZI, A. R.; PARRA, J. R. P. Introdução à ecologia nutricional de insetos. In: PANIZZI, A.R.; PARRA, J. R. P. (Eds.) Ecologia nutricional de insetos e suas implicações no manejo integrado de pragas. 1991. p.1-7. WALDBAUER, G. P. The consumption and utilization of food by insects. Adv. Insect Physiol. v. 5, p. 229-288, 1968.