Jesus Cristo deixou de ser Deus?

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Transcrição:

Jesus Cristo deixou de ser Deus?

Vai na Bíblia Capítulo 9 Jesus Cristo deixou de ser Deus? Jesus Cristo é Deus? Como Ele pode ser Deus e, ao mesmo tempo, homem? Jesus deixou de ser Deus enquanto esteve na Terra? Sendo Deus, como poderia sentir dor? Jesus permaneceu com sua natureza humana após a ressurreição? 1

1 João 1.14 2 João 1.1 3 João 1.18 4 João 20.28 5 Romanos 9.5 6 2 Pedro 1.1 7 Tito 2.13 8 1 João 5.20 9 Isaías 9.6 10 Filipenses 3.21 João 5.19-21 11 João 2.25 João 16.30 Apocalipse 2.23 12 Mateus 28.20 Mateus 18.20 13 Isaías 9.6 2 Timóteo 1.9 14 Mateus 11.27 João 17.1-2 Efésios 1.20-21 Filipenses 2.9-11 15 João 2.19-22 João 10.17-18 16 Atos 3.15 17 João 1.3 Colossenses 1.16-17 18 Hebreus 1.2-3 19 Deuteronônio 6.4 20 João 14.16-17 Isaías 48.16 21 Marcos 14.60-62 22 Mateus 1.18 Capítulo 8 A Trindade e a Bíblia 2 Quando falamos no homem Jesus Cristo, não estamos nos referindo simplesmente a alguém bom, sábio e influente que viveu a muitos séculos atrás. É algo muito mais profundo! De acordo com a Bíblia, trata-se do próprio Deus, assumindo a natureza humana. 1 A divindade de Cristo A Bíblia claramente se refere à Jesus como sendo Deus: a O Verbo era Deus 2, Deus Unigênito 3, Senhor meu e Deus meu 4, Deus bendito para sempre 5, Nosso Deus 6, Grande Deus 7, Verdadeiro Deus 8 e Deus forte. 9,b A Bíblia também declara que Ele possui todos os atributos exclusivos de um ser divino: onipotência, 10 onisciência, 11 onipresença, 12 eternidade, 13,c soberania 14,d e imortalidade. 15,e Diz que Jesus é o autor da vida, 16 criador de todas as coisas 17 e mantenedor do Universo. 18 O Deus único, 19 que existe eternamente como três pessoas 20 Pai, Filho e Espírito Santo, se fez semelhante a nós, na pessoa de Jesus Cristo, o eterno Filho de Deus. 21 A humanidade de Cristo O fato de ter nascido de Maria, f sendo concebido pelo poder do Espírito Santo, 22 demonstra a infinita a A palavra grega theos, é utilizada em todo o Novo Testamento para se referir a Deus Pai e, em pelo menos sete passagens, se refere claramente a Jesus Cristo. b A palavra hebraica utilizada em Isaías 9.6 é El (Deus). c Alguns argumentam que o texto de Colossenses 1.15, o primogênito de toda a criação, indica que Jesus foi o primeiro criado, porém, o versículo seguinte já contradiz essa ideia: tudo foi criado por ele e para ele (1.16). De acordo com o contexto, primogênito de toda a criação deve ser entendido como anterior a toda criação. ( WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento: volume II. Santo André: Geográfica Editora, 2006, p. 151) d Diferente dos profetas do Antigo Testamento que declaravam Assim diz o Senhor, Jesus tinha autoridade para dizer: EU, porém, vos digo (Mt 5.22, 28,32,34,39,44). e A imortalidade é uma característica singular e exclusiva de Deus: o único que possui imortalidade (1Tm 6.16). f Importante frisar que Maria não é mãe na natureza divina de Jesus, que sempre existiu, mas unicamente de sua natureza humana.

sabedoria de Deus em combinar a influência humana e a influência divina no nascimento de Jesus. 23 Se pensarmos por um momento em outros meios possíveis pelos quais Cristo poderia ter vindo ao mundo, 24 nenhum deles uniria com tamanha clareza a humanidade e a divindade em uma única pessoa. 25,a Jesus foi em tudo semelhante ao homem, à exceção do pecado. 26 Ele nasceu como nascem os bebês, 27 passou por um processo de aprendizado assim como acontece com todas as crianças, 28 aprendeu a comer, a falar, a ler, a escrever, e a ser obediente aos pais. 29 Tinha sentimentos, 30 emoções 31 e vontades humanas. 32 Ficava cansado, 33 tinha fome, 34 sede, 35 e estava sujeito à dor, 36 fraqueza, 37 angústia 38 e morte. 39 Mesmo após a ressurreição, Jesus permaneceu com sua plena natureza humana. 40 A diferença é que na ressurreição seu corpo perecível se transformou em um corpo glorificado. 41 Assim como acontecerá com todo aquele que crê na Sua vida, morte e ressurreição. 42 Jesus deixou de ser Deus? Mas como Jesus poderia ser onipotente e ainda assim sentir dor? 43 Como poderia ser onisciente e, ao mesmo tempo, não saber o dia de sua volta? 44 Como poderia ser imortal, e ainda assim, ter morrido em nosso lugar? 45 Pela dificuldade que temos em compreender esse paradoxo 46 ou pela má interpretação de algumas passagens bíblicas, b é comum pensarmos que Jesus deixou de ser Deus enquanto esteve na Terra, que realizava milagres somente pela ação do Espírito Santo, 47,c a GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 436 23 Mateus 1.20-21 Gálatas 4.4-5 24 1 João 4.2-3 25 Mateus 1.22-23 26 João 8.46 2 Coríntios 5.21 1 Pedro 1.19 27 Lucas 2.7 28 Lucas 2.40 29 Lucas 2.51-52 Hebreus 5.8 30 João 11.35 31 Marcos 14.34 Hebreus 5.7 32 Marcos 14.36 33 João 4.6 34 Mateus 4.2 35 João 19.28 36 João 19.1-3 37 Lucas 23.26 Marcos 14.38 38 Lucas 12.50 39 Lucas 23.46 40 João 20.25-27 Lucas 24.39-43 41 1 Coríntios 15.8,42-43 42 1 João 3.1-2 Filipenses 3.21 43 Isaías 53.3 44 Marcos 13.32 45 Romanos 5.6 46 1 Coríntios 2.4-8 47 Atos 10.38 Capítulo 30 Como será a Eternidade? b A Bíblia interpreta a própria Biblia. Só conhecemos o verdadeiro sentido de um texto quando não ignoramos o seu contexto (hermenêutica). c Apesar da comunhão eterna de Jesus com o Espírito Santo, a Bíblia claramente atribui a realização de milagres a Jesus, e exalta o Seu poder divino. Ex.: manifestou a sua glória (Jo 2.11) e Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem? (Mt 8.27). 3

48 João 1.32 49 Isaías 9.6 50 Lucas 1.43 51 Lucas 2.11 52 João 10.30 João 14.9 53 Mateus 8.13,26-27 João 2.7-9 54 Marcos 2.8 Mateus 17.27 João 6.64 55 João 8.58 e Apocalipse 22.13 Apocalipse 1.8 f 56 Mateus 14.33 Lucas 17.15-19 Mateus 8.2-3 Mateus 9.18-19 João 9.38-39 57 Atos 14.11-15 58 Atos 10.25-26 59 Apocalipse 22.8-9 60 Mateus 4.10 Capítulo 18 Batismo e Salvação 4 ou que recebeu poder divino somente após o batismo. 48,a Porém, de acordo com a Bíblia, em momento algum Jesus deixou de ser Deus, nem mesmo durante a infância. 49 Jesus foi chamado de Senhor b, mesmo quando ainda estava no ventre de Maria 50,c e também quando ainda era bebê. 51 Jesus demonstrou ser Deus O próprio Jesus, enquanto homem, afirmou ser Deus, 52 demonstrou sua onipotência, 53 sua onisciência 54,d e declarou sua eternidade. 55,e,f Por inúmeras vezes Jesus aceitou ser adorado pelos homens. 56,g Diferente de Paulo, 57 Pedro 58 e até mesmo de um anjo, 59 que rejeitaram receber adoração, e deixaram claro que o único digno de ser adorado é Deus. 60 E além disso, outra forte demonstração de que Jesus permaneceu sendo Deus enquanto homem, foi o a O batismo de Jesus possui um caráter representativo. Os céus se abrindo, a declaração de Deus Pai e a descida do Espírito Santo (Mt 3.16-17), compõe o testemunho público da autoridade espiritual de Jesus na qualidade de Messias. Algo fundamental para o início de seu ministério. b A palavra grega kyrios (Senhor) é empregada 6814 vezes para traduzir o nome de Deus (YHWH) na Septuaginta (tradução grega do Antigo Testamento, de uso comum na época de Jesus Cristo), e Jesus é chamado de Senhor (kyrios) inúmeras vezes (Mt 22.44, 1Co 8.6, Hb 1.10-12, Ap 19.16). ( GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 448) c Mesmo que às vezes a palavra Senhor (gr. kyrios) seja empregada simplesmente como tratamento respeitoso dispensado a um superior (Mt 13.27, Jo 4.11), uma vez que Jesus nem havia nascido, Isabel não podia estar empregando a palavra Senhor com algum sentido de senhor humano. ( Ibid.) d É claro que alguns homens, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, receberam revelação divina sobre fatos ou eventos específicos, porém, o conhecimento de Jesus era muito mais extenso. Ele sabia quais eram os que não criam, ou seja, distinguia a fé ou a incredulidade [ou qualquer outro sentimento] que estava no coração de todos os homens (Jo 2.25, Jo 21.17). ( Ibid., p. 452) e Da mesma forma como Deus se apresentou em Êxodo 3.14, Jesus atribuiu a si o título EU SOU. Título que o caracteriza como Aquele que existe eternamente, e que é a fonte da própria existência. ( Ibid., p. 450) f A declaração de Jesus em Apocalipse 22.13: Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim, não somente atesta sua eternidade, como também, comparada à declaração de Deus Pai em Apocalipse 1.8: Eu sou o Alfa e Ômega, confirma sua divindade. g O próprio Deus Pai ordena aos anjos que adorem a Cristo (Hb 1.6), que todo joelho se dobre ao nome de Jesus e que toda língua confesse que Ele é o Senhor (Fp 2.9-11).

fato de perdoar pecados. 61 Somente aquele que recebe a ofensa é que pode perdoar. 62 Se Jesus não fosse Deus, não haveria nenhuma ofensa contra ele e, consequentemente, ele não teria autoridade alguma para perdoar pecados. 63,a Como observou C. S. Lewis, se Cristo não é Deus, então não poderia ter sido um grande mestre de moral, pois ele afirmava ser Deus. Se não era quem dizia ser, era mentiroso ou lunático, e não um mestre de moral. Aliás, seria o próprio diabo em pessoa. b As duas naturezas em Jesus Cristo c A verdade é que em momento algum Jesus abandonou, deixou de lado ou se esvaziou de sua divindade, ou mesmo de seus atributos divinos. O termo esvaziou-se, encontrado em Filipenses, 64 significa apenas que Jesus se fez sem nenhum valor quando assumiu a forma humana. d Sendo Deus, ele tinha plena ciência de quando deveria ou não recorrer ao seu poder divino 65 e de quando deveria ou não se sujeitar às fraquezas e limitações 61 Marcos 2.5-7 Lucas 7.48-49 62 Mateus 6.14-15 Lucas 15.21 63 Daniel 9.8-9 64 Filipenses 2.7 65 Lucas 4.3-4 Mateus 14.19-21 66 João 7.30 João 18.4-12 Capítulo 1 Descobrindo a Verdade a Jesus disse às pessoas que os seus pecados estavam perdoados sem nunca sequer consultar as pessoas às quais esses pecados lesaram. Ele se comportou, sem hesitar, com se fosse a parte mais afetada, a pessoa mais ofendida em todas as ofensas. Isso só faria sentido se Ele realmente fosse o Deus cujas leis estão sendo infringidas e cujo amor é ferido a cada pecado cometido. Na boca de qualquer outra pessoa que não seja Deus, as palavras implicariam o que eu só posso considerar uma tremenda imbecilidade e presunção sem precedentes na história. C. S. Lewis ( LEWIS, C.S. Cristianismo puro e simples. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2017, p. 85-86) b Ibid. c A coexistência de duas naturezas na pessoa de Jesus Cristo é conhecida como União hipostática, e tem origem na palavra grega hypostasys (subsistência). ( GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 461) d Entender que Jesus se esvaziou de sua divindade ou de seus atributos divinos (teoria da kenosis), é assumir que Deus mudou, se Deus não pode mudar (Ml 3.6, Tg 1.17), então Jesus não poderia ser Deus. Como escreveu Berkhof: Quando nos é dito que o Verbo se fez carne (Jo 1.14), não significa que o Verbo deixou de ser o que era antes. Quanto ao seu Ser essencial, o Logos era exatamente o mesmo, antes e depois da encarnação. Ele continuou sendo o infinito e imutável Filho de Deus (Hb 13.8). ( BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, p. 307) 5

67 1 Coríntios 1.27 Romanos 11.33-36 68 1 Timóteo 3.16 69 João 17.17 70 2 João 9 2 Coríntios 11.3-4 71 1 Tessalonicenses 5.23 72 João 11.33-38 73 João 11.39-44 Capítulo 17 Seitas e Heresias de sua natureza humana. 66,a Como Jesus fazia isso? Nós não temos condições intelectuais para entender totalmente. 67,b Este é, e permanecerá, como um dos mistérios mais profundos da fé cristã. 68 Contudo, a fundamentação bíblica, tanto da perfeita divindade como da perfeita humanidade de Cristo, é incontestável. E assim como acontece no caso da Trindade divina, não cremos porque entendemos, cremos porque é bíblico. 69 Todas as tentativas realizadas ao longo da história, a fim de simplificar essa doutrina para torná-la mais compreensível, sempre se revelaram falhas e antibíblicas. 70 Três delas aconteceram já nos primeiros séculos da Igreja: Algumas conclusões antibíblicas c 1. O apolinarismo (Apolinário, 310-390 d.c) A primeira defendia a ideia de que Deus assumiu um corpo humano, sem alma ou espírito, sendo estes provenientes apenas da natureza divina. Porém, se Jesus tivesse assumido apenas um corpo, sem alma ou espírito humano, não seria um homem completo. 71 2. O nestorianismo (Nestório, 386-451 d.c) A segunda entendia que havia duas pessoas distintas em Jesus Cristo, uma pessoa humana e outra divina. Mas ainda que possamos distinguir ações de natureza humana 72 e ações de natureza divina 73 em a Jesus viera para obedecer perfeitamente a Deus, em nosso lugar, e deveria fazê-lo como homem. Se tivesse recorrido a seus poderes divinos para tornar mais fácil para si suportar as tentações ou resistir ao sofrimento, não teria obedecido plenamente a Deus como homem. Grudem ( GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 441) b A união das duas naturezas numa pessoa é um mistério que não podemos compreender e que, por essa mesma razão, é frequentemente negado. Berkhof ( BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, p. 298) c GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, p.457-459 6

Cristo, a Bíblia claramente aponta Jesus como uma única pessoa. 3. O monofisismo (Eutiques 378-454 d.c) E a terceira entendia que a natureza humana de Cristo foi absorvida pela natureza divina, de modo que as duas naturezas se modificaram, dando lugar a um terceiro tipo de natureza. Mas, se assim fosse, Cristo não seria nem verdadeiramente Deus nem verdadeiramente homem. 74 Salmos 49.7-9 Salmos 130.3-7 75 1 Timóteo 2.5-6 Romanos 5.18-19 76 João 12.27 João 13.21 Mateus 26.38 Capítulo 7 Plano de Salvação A necessidade das duas naturezas de Cristo E por que sempre foi, e continua sendo, tão importante defender a coexistência de duas naturezas (divina e humana) na pessoa única de Jesus Cristo? Primeiro, porque este é o ensinamento bíblico, a e segundo, porque no próprio plano divino de salvação, era absolutamente essencial que o Mediador fosse verdadeiramente Deus 74 e verdadeiramente homem. 75 Somente um ser humano sujeito a sofrer no corpo e na alma, 76 que vivesse as profundas misérias da humanidade, b poderia identificar-se com todas as nossas a A grande controvérsia causada por esses ensinamentos (apolinarismo, nestorianismo, eutiquianismo) foi solucionada já no ano de 451 d.c. no concílio de Calcedônia. A declaração, conhecida como Definição de Calcedônia, diz que há um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à humanidade; verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de corpo [...] [Jesus é único] em duas naturezas, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis, inseparáveis; a distinção das naturezas de modo algum é anulada pela união, antes é preservada a propriedade de cada natureza, concorrendo para formar uma só pessoa e em uma subsistência; não separado nem dividido em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho [...] ( Ibid., p. 459-460) b Desde que o homem pecou, era necessário que o homem sofresse a penalidade. Além disso, o pagamento da pena envolvia sofrimento de corpo e alma, sofrimento somente cabível ao homem. Era necessário que Cristo assumisse a natureza humana, não somente com todas as suas propriedades essenciais, mas também com todas as suas debilidades a que está sujeita, depois da Queda, e, assim, devia descer às profundezas da degradação em que o homem tinha caído. Ao mesmo tempo era preciso que fosse um homem sem pecado, pois um homem que fosse, ele próprio, pecador e estivesse privado da sua própria vida, certamente não poderia fazer uma expiação por outros. Berkhof ( BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, p. 292) 7

77 Hebreus 2.14 78 Hebreus 2.18 79 Hebreus 4.15 1 Pedro 2.22 1 João 3.5 80 Hebreus 2.17 81 1 João 2.6 Romanos 8.29 1 Pedro 2.21 82 Hebreus 9.12 1 Pedro 3.18 83 2 Coríntios 5.14-19 84 1 Pedro 1.8-9 Romanos 15.21 85 João 10.27-28 2 Coríntios 6.2 86 Filipenses 2.5-11 Capítulo 2 A Origem do Universo experiências, provações e tentações. 77 Tão somente assim, ele poderia ser verdadeiramente tentado, 78 se manter sem pecado, 79 e oferecer-se como sacrifício em nosso lugar. 80 Além, é claro, de ser um perfeito exemplo humano para que pudéssemos segui-lo. 81,a Por outro lado, se não fosse Deus, mas apenas um homem, por mais perfeito que fosse, não poderia apresentar um sacrifício infinito, 82,b dando a possibilidade de redenção à todos os seres humanos, 83 inclusive aqueles que ainda não haviam nascido, como eu e você. 84 Se Jesus não fosse plenamente Deus, jamais poderia conceder salvação eterna aos que o aceitassem pela fé. 85 Conclusão O Filho de Deus, infinito, onipresente e eterno, tornar-se homem e unir-se para sempre a uma natureza humana. 86 Trata-se de algo insondável c e, de longe, do maior milagre de toda a Bíblia, muito maior do que a ressurreição ou a criação do Universo. d Permanecendo o que era, tornou-se o que não era. Em outras palavras, enquanto Jesus permanecia o que era (ou seja, plenamente divino), ele também tornou-se o que não fora antes (ou seja, também plenamente humano). Jesus não deixou nada de sua divindade quando se tornou homem, mas assumiu a humanidade que antes não lhe pertencia. e a Ibid., p. 293 b Ainda que a natureza divina de Jesus não tenha morrido de fato, Jesus passou pela experiência de morte como pessoa inteira, e ambas as naturezas, humana e divina, participaram juntas dessa experiência. A Bíblia não nos permite dizer nada mais além disso. Grudem ( GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, p. 462) c Por outro lado, boa coisa é estudarmos algo sobre Deus e não a compreendermos totalmente. A consciência de que há certas facetas em Deus e na Revelação Especial que nos são intelectualmente inalcançáveis nos deixa humildes diante do Senhor, e nos lembra do fato de que, sendo criaturas, jamais poderemos colocar o Deus infinito sob nosso microscópio. Paulo Ribeiro ( RIBEIRO, Paulo. União hipostática: A dupla natureza de Jesus Cristo. Disponível em: <http:// www.saberefe.com> Acesso em: 15 de junho de 2018) d GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999, p.465 e Ibid. 8

Sendo gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria, nasceu e viveu sem pecado, morreu pela humanidade, ressuscitou dos mortos, e voltará em breve, 87 pois continua vivo e viverá para sempre. 88 Sendo 100% Deus e 100% homem. 89 87 Atos 1.11 88 Hebreus 13.8 Hebreus 9.28 Apocalipse 22.12-13 Colossenses 1.15-20 89 João 17.3-5 Capítulo 29 A Volta de Jesus 9