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Cacilda Rios Monteiro
7 Há anos
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1 1 A loucura do Evangelho João 1:1 No princípio era aquele que é a Palavra. Ele estava com Deus, e era Deus. Ele estava com Deus no princípio. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito. Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram. I - O nascimento e a morte de Jesus são os dois fatos mais marcantes da história do universo. 1. O nascimento de Jesus é o ato mais inédito de que se tem notícia: Como um Deus poderia tornar- se gente? A palavra Deus não define um cargo. É a natureza de um ser. Ele é Deus, assim como somos humanos. Isto é: Assim como ser humano não é um papel exercido e nem um cargo ou função (é uma natureza), assim também, ser Deus é a natureza d Ele. 2. Precisamos ouvir esse texto de João 1, com a mentalidade grega do século I: O Gnosticismo e Estoicismo. O gnosticismo foi a filosofia religiosa mais combatida pelo cristianismo. A maioria das cartas do NT fazem algum tipo de contraponto à essa filosifia dos gregos. Entendiam que toda a materia está sujeita ao mal e que o Deus que está acima de tudo e de todos, é tão santo que sequer chegaria perto de algo

2 2 físico. Sendo perfeito, sequer atentaria para o ser humano, cheio de contradições e pecados. Chamavam esse Deus que está acima de tudo e de todos, de A Palavra (ou o Verbo, como consta nas versões mais antigas da Bíblia). Entretanto, o Verbo era um deus impessoal. Na verdade era uma força que mantinha todo o universo e todas as coisas vivas. Para os gregos, Logos era a alma do mundo. Perfeito, puro e incontaminado. Exatamente por isso, explicavam que o mundo não poderia ter sido criado por ele. Assim, entidades (deuses) inferiores, teriam sido os responsáveis pela criação deste mundo, porque uma vez que tiveram contato com a material, não poderiam ser santos e perfeitos. Vemos algumas explicações gnósticas nos achados de Nag- Hamadi, uma localidade do Egito onde foram encontrados diversos escritos gnósticos, inclusive, o polêmico Evangelho de Judas, que nada mais é do que um texto fantasioso. Um de seus capítulos retrata Jesus na ceia, zombando de seus discípulos porque eles faziam suas orações ao Deus de Israel. Ao ser perguntado porque zombava, Ele teria respondido que os discípulos oravam a um deus menor, e que existiria um a quem eles deveriam adorar, porque que está acima de todos os outros o Logos. Isso por si é um contracenso que comprova o fato de tais escritos gnósticos (Apocalipse de pedro, Evangelho de Tomé, Evagelho de Judas, etc) nada terem de cristão. Observe a lógica das coisas: Jesus e o cristianismo, vem da tradição judaica, cuja teologia nem de longe se alinha com essas ideias sobre vários deuses, uma vez que o grande diferencial do judaísmo foi e é até hoje, o monoteísmo. Para a tradiçào judaico- cristã, só há um Deus. Ele é o criador de todas as coisas. Ou, como disse João no texto sobre o qual estamos meditando, Sem Ele, nada do que foi feiro, se fez. Fica fácil perceber que os escritos gnósticos jamais poderiam ser compreendidos como textos cristãos. Eles apenas utilizam personagens cristãos e atribuem sua autoria a figuras mais famosas, tais como Pedro, Judas, Madalena, etc (hábito comum àquela época).

3 3 Em síntese, pela lógica grega, A Palavra estava em uma extremidade, e o ser humano em outra. O mais santo em oposto ao mais pecador. Duas naturezas incongruentes. II A loucura do Evangelho de Cristo 1. Contrariando o raciocínio grego, João chamou Jesus de O Verbo e disse que este se fez carne e habitou entre nós. Esse raciocínio era uma loucura aos olhos gregos. Por isso, mais tarde, Paulo afirnou: 1 Coríntios 1:22-23 Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. De fato, é incompreensível. Como alguém poderia ser Divino e humano ao mesmo tempo? São duas naturezas completamente distintas, contraditórias, incongruentes. O nascimento de Jesus é, portanto, o fato mais inexplicável e fantastico de todo o universo. 2. A encarnação do Verbo só poderia ser possível, se Este, por um tempo, abrisse mão de suas prerrogativas divinas. E foi isso que Deus fez, ao se encapsular no corpo humano. A Palavra se fez carne e habitou entre nós. Os teólogos da antiguidade explicavam esse milagre através da palavra Kenosis que significa esvaziamento. Isto é, por 33 anos o Deus filho despiu- se de sua glória e majestade, vestindo- se de humanidade. Ele continuava completamente divino (porque é impossível deixar de ser Deus), mas viveu sem utilizar- se dessa natureza pela qual subsistia em Segundo plano. Em outras palavras, sendo completamente Deus, assumiu completamente a natureza humana.

4 4 Paulo explica isso magistralmente em Filipenses 2:5-8 Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar- se; mas esvaziou- se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando- se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou- se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz! Nesse trecho o apóstolo explica que Deus esvaziou- se a si mesmo, vindo a ser servo. O relato dos Evangelhos não têm nada de mitológico e sequer utilizam essa linguagem. Jesus, mesmo subsistindo como Deus, tornou- se completamente dependente dos seres humanos e das circunstâncias humanas. Enfrentou o perigo, razão pela qual seus pais tiveram que fugir para o Egito, a fim de que o menino não fosse morto pelo infanticídio decretado pelo rei. Apesar de subsistir como Deus, precisou ser amamentado por Maria, estava sujeito às emoções humanas: riu, chorou, irou- se, etc. Completamente humano, mas ainda assim inteiramente Deus. Dessa forma, Jesus é o ponto de paradoxo da humanidade. Isso parecia loucura aos gregos, mas era e é verdade. O Deus Todo poderoso, que está acima de tudo e de todos, tornou- se um de nós. Mas o Evangelho não pára por aí: II - A morte de Cristo é o ato mais radical e mais paradoxal de toda a historia do universo. Não levanta apenas a pergunta sobre como um Deus criador poderia tornar- se semelhante às suas criaturas, porém, ainda mais radicalmente, a pergunta feita na cruz é: Como um Deus poderia morrer?

5 5 Isso é uma contradição de termos. Se é Deus, então é imortal, eterno. Se é Deus, então é indestrutível, inesgotavel. Todavia, o Cristo; Deus humanado, morreu por todos os seres humanos. A cruz é uma loucura aos gregos e um escândalo aos hebreus. Mas é o centro de toda a história tanto no Céu quanto na terra. III Conclusão: A explicação para o nascimento, tanto quanto para a morte de cruz, está no amor de Deus. 3.1 A cruz não é somente uma ação. É uma nova proposta de vida. 3.2 A cruz de Cristo contém todo o mistério sobre quem é Deus. Nela vemos a beleza e grandeza da palavra Deus soberano. 3.3 A cruz de Cristo criou uma nova certeza na alma humana: Somos amados de Deus. Paulo afirmou em Romanos 8:38 e 39 Por essa razão: 38 Pois estou convencido de que nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, 39 nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. a. Ao olhar a cruz de Cristo, homem algum deveria sentir- se julgado por Deus. Antes, deveria sentir- se amado. b. Ao olhar a cruz, homem algum deveria sentir- se rejeitado por Deus. Antes, deveria sentir- se acolhido.

6 6 c. Ao contemplar a cruz de Cristo, todo homem deveria encher- se de esperança e não de medo.

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