A UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS PELAS EMPRESAS DE PROJETO NA CONSTRUÇÃO CIVIL

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Transcrição:

XXXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produção e suas contribuições para o desenvolvimento do Brasil Maceió, Alagoas, Brasil, 16 a 19 de outubro de 2018. A UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS PELAS EMPRESAS DE PROJETO NA CONSTRUÇÃO CIVIL Simone Cassilha simone.cassilha@gmail.com Alfredo Iarozinski Neto alfredo.utfpr@gmail.com Este trabalho apresenta uma avaliação do uso de tecnologias por empresas de projeto do setor da construção civil. Buscou-se estabelecer um perfil das empresas a partir do estudo empírico das variáveis associadas às principais tecnologias de apoio relacionadas as diversas etapas do projeto. A pesquisa foi baseada em um Survey onde foram levantados dados de 114 empresas. Os dados estão relacionados a 15 variáveis dividas em 10 categorias, e foram analisados com base em estatística descritiva. Os resultados mostram que o setor é caracterizado ainda pelo uso incipiente das ferramentas tecnológicas disponíveis durante o desenvolvimento de projetos. O contexto encontrado mostra um espaço importante a ser ocupado na introdução de inovações no setor. Palavras-chave: Processo de projeto, Construção Civil, Tecnologia da informação, gestão de projetos

1. Introdução Apesar de desempenhar papel importante no contexto econômico do país, observa-se no setor da construção civil a dissociação entre a execução da obra e a etapa de projeto, sendo esta última a causa raiz de muitas divergências. O gerenciamento de projetos é uma das áreas mais negligenciadas nos empreendimentos da Construção Civil, levando à substituição do planejamento e do controle pelo caos e pela improvisação no processo (KOSKELA et al., 2012). Neste contexto, a maior colaboração e comunicação entre projetistas poderia se apoiar na maior utilização da tecnologia de informação, que ainda é pequena. Isto se deve a um conjunto de barreiras ligadas aos profissionais que atuam na área, aos seus processos longamente estabelecidos e a deficiências da própria tecnologia (SCHEER et al., 2007). Dentro desta ótica, o presente estudo analisa o nível de utilização das ferramentas e tecnologias aplicadas às atividades de desenvolvimento e gerenciamento de projetos de arquitetura, projetos de engenharia, e construção e incorporação de empreendimentos da Construção Civil. 2. Estudos relacionados Estudos relativos aos projetos da construção civil vem sendo tratados com frequência por pesquisadores. Fabricio (2007) estuda as diferenças na formação projetual de arquitetos e engenheiros, advertindo para o distanciamento na prática multidisciplinar de projeto. Costa et al. (2006) discutem iniciativas de compartilhamento de boas práticas de desempenho da construção entre empresas e as oportunidades de melhoria identificadas. Existem barreiras a serem enfrentadas para a adoção de novas tecnologias de gestão, como a compreensão geral do processo e as relações de interdependência, segundo Manzione (2013). Fato também observado por Souza et al. (2008), que destacam ainda os obstáculos: falta de planejamento estratégico e necessidades de mudanças no próprio processo. Ruschel (2013) evidencia a potencial melhoria no processo de projeto com a inserção da ferramenta BIM. Já Scheer et al. (2007) descrevem os impactos da utilização de softwares CAD e BIM em escritórios de arquitetura, apresentando resultados relativos à produtividade, à visualização e ao gerenciamento de informações. 1

3. Estratégia metodológica A base metodológica utilizada está ilustrada na Figura 1. Figura 1 Metodologia Qual o nível de utilização de tecnologias pelas empresas de projeto do setor da Construção Civil? Revisão Bibliográfica Referencial teórico Definição das variáveis Método Survey Planejamento do Survey Identificação das variáveis; Definição da população alvo e amostra; Seleção do método para coleta dos dados; Desenvolvimento do instrumento e mensuração de dados. Realização do Teste Piloto Revisão da literatura acerca do tema Comparação dos resultados Coleta de dados Análise Descritiva dos dados ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS POR PROJETISTAS DA CONSTRUÇÃO CIVIL 3.1. Planejamento do Survey O planejamento da pesquisa foi dividido em cinco etapas: definição das necessidades de informação e das variáveis; seleção do método para coleta dos dados; desenvolvimento do instrumento; definição da população alvo e amostra; coleta e mensuração de dados. 3.2. Definição das variáveis A pesquisa para definição das variáveis levou em consideração o projeto do SENAI (2011) chamado Rotas Estratégicas para o Futuro da Indústria Paranaense, que foi elaborado por especialistas e teve como resultado mapas de tecnologias-chave. Outro trabalho consultado foi o Estudo de Tendências Tecnológicas na Indústria da Construção Civil realizado pela FIRJAN (2013) que apresentou as tendências tecnológicas no setor, indicadas por especialistas. 2

As tecnologias relacionadas nos estudos foram consideradas para definição dos elementos, aqui chamados de variáveis, as quais foram separadas através de divisão em subgrupos correspondentes aos constructos, como mostra o Quadro 1. Quadro 1 Constructos e variáveis relacionados à pesquisa GRUPO Representação gráfica Projeto integrado Ferramenta de organização Desenvolvimento técnico de projeto Análise de parâmetros de projeto Gestão da elaboração do projeto Ferramentas de apoio ao projeto Ambiente construído Qualidade de vida VARIÁVEL - CAD 2D (Datacad, Projecad, etc) - CAD 3D (Sketchup, 3DMax, etc) - BIM - Building Information Modeling - Interoperabilidade (projetos multidisciplinares) - Integração de Softwares - Planilha eletrônica (Excel, Calc, etc) - Gerenciamento de documentação - Simulação de desempenho das edificações - Indicadores de desempenho - Gestão de projetos (MS Project, Planner, etc) - Realidade Virtual - Redução de consumo e reuso de água - Gestão do ar - Avaliação do desempenho do ciclo de vida da construção 3.3. Seleção do método para coleta de dados O instrumento de coleta de dados foi um questionário, denominado Diagnóstico das Empresas Projetistas, dividido em duas partes. A primeira relativa ao perfil da organização e do entrevistado, com questões de múltipla escolha e discursivas. A segunda parte relacionada às variáveis apresentadas no Quadro 1, com questões tem escala de intensidade de sete pontos, conforme apresentado na Figura 2. Figura 2 Exemplo de escala de intensidade 3

3.4. Definição da população alvo e amostra A população alvo foi constituída por profissionais com atividades vinculadas aos projetos da Construção Civil, localizadas em Curitiba/PR e região metropolitana. Em função do grande número de empresas na região delimitada, optou-se pelo método de amostragem não probabilística por conveniência. 3.5. Coleta e mensuração de dados A coleta dos dados ocorreu de outubro de 2014 a dezembro de 2015, totalizando 114 questionários validados, e agrupados através das respostas ao item ramo de atuação. Os dados foram incluídos em planilha eletrônica, através de codificações definidas, e posteriormente no software SPSS (Statistical Package for the Social Science), onde foi possível realizar a análise descritiva. 3.6. Análise descritiva Este é um campo da estatística que busca sintetizar um conjunto de dados, permitindo a visão global do comportamento destes (GUEDES, 2005). Como instrumento foi escolhido o gráfico boxplot. Formado por uma caixa vertical, com uma linha na posição da mediana, permite identificar a tendência dos dados e ter representação da dispersão dos mesmos por meio da diferença interquartil. 4. Análise de dados A seguir serão apresentados os resultados obtidos, que se referem ao diagnóstico dos entrevistados e ao nível de utilização de ferramentas e tecnologias. 4.1. Diagnóstico das organizações e dos entrevistados Nos dados relativos aos profissionais entrevistados, a área de atuação das empresas resultou nos grupos: projetistas de arquitetura (43%), projetistas de engenharia (35%) e construtoras/incorporadoras (22%). Na análise do perfil do entrevistado, 41% ocupa o cargo de arquiteto ou engenheiro, 14% o cargo de analista, 13% coordenador e 10% diretor. Estes profissionais têm a formação: 48% arquiteto e urbanista, 20% engenheiros civis, 10% engenheiros eletricistas, 9% engenheiros outros, 8% engenheiros mecânicos. 4.2. Análise estatística descritiva das variáveis Buscando um panorama geral dos dados foi escolhida a classificação através de ranqueamento. Pela avaliação da escala de intensidade, foi realizado o somatório das 4

respostas para os valores 1, representando a ausência daquela variável, e os valores 2 ao 7 representando respostas positivas à utilização daquela ferramenta pelas empresas. Tabela 1- Classificação das variáveis - respostas obtidas pela totalidade das empresas VARIÁVEL TOTAL RESPOSTAS NÃO SIM Planilha eletrônica 8% 92% CAD 2D 10% 90% CAD 3D 20% 80% Projetos multi-disciplinares 30% 70% Reuso de água 31% 69% Integração de softwares 33% 67% Gestão de projetos 36% 64% Indicadores de desempenho 47% 53% Avaliação do desempenho 47% 53% CAD 4D 81% 19% Simulação Desempenho 70% 30% BIM 67% 33% Gerenciamento de documentação 61% 39% Realidade Virtual 59% 41% Na sequência estão apresentados os resultados obtidos com o gráfico boxplot, permitindo analisar a disseminação de cada ferramenta dentro dos agrupamentos de profissionais. 4.3. Constructo Representação Gráfica A representação gráfica tem apoio em ferramentas para inserção de informações em todos os projetos. Os Gráficos 1 mostram que a utilização de softwares 2D pelas empresas é consolidado, enquanto a ferramenta de representação 3D está em consolidação, com diferenciação dos projetistas de arquitetura. Isto se deve à necessidade de representar a volumetria a ser alcançada na etapa final. Gráfico 1 Boxplot do constructo representação gráfica 5

4.4. Constructo Projeto Integrado O projeto integrado tem o desenvolvimento baseado em um modelo virtual, com as informações relacionadas entre si. Os Gráficos 2 ilustram a adesão das ferramentas projetos multi-disciplinares e integração de softwares com medianas relevantes. Entretanto ainda se pode afirmar que as empresas analisadas apresentam baixo nível de utilização de tecnologias de integração em seus projetos. Gráfico 2 Boxplot do constructo projeto integrado 4.5. Constructo Ferramenta de Organização A variável planilha eletrônica auxilia nos mais diversos casos de informações a serem agrupadas, entretanto não se enquadra na inserção de inovação no setor. No Gráfico 3 é possível observar que existe diferença de utilização da variável, porém sempre com alta utilização pela totalidade das empresas. Gráfico 3 Boxplot do constructo ferramenta de organização 4.6. Constructo Desenvolvimento Técnico de Projeto As variáveis do constructo são utilizadas para a compatibilização entre projetos visando o melhor desempenho da edificação. Os Gráficos 4 demonstram que as ferramentas se encontram em baixa utilização, com diferença para a ferramenta de simulação de desempenho no grupo de projetistas de arquitetura. 6

Gráfico 4 Boxplot do constructo desenvolvimento técnico de projeto 4.7. Constructo Análise de Parâmetros de Projeto Ligadas ao processo de projeto através de ferramentas de medição e comparação com outras empresas, as ferramentas detectam falhas e melhorias no processo. Os Gráficos 5 apresentam que os projetistas de arquitetura não possuem nenhum grau de uso das ferramentas, enquanto os outros dois agrupamentos tendem à utilização das mesmas. Gráfico 5 Boxplot do constructo análise de parâmetros de projeto 4.8. Constructo Gestão da Elaboração de Projeto As variáveis relacionadas definem o processo de desenvolvimento do projeto, buscando organizar os dados produzidos, estipulando prazos e metodologias. Os Gráficos 6 apresentam o panorama de tendência ao desenvolvimento pelas empresas construtoras/incorporadoras e projetistas de engenharia. As projetistas de arquitetura não possuem utilização das ferramentas e nenhuma tendência ao desenvolvimento. 7

Gráfico 6 Boxplot do constructo gestão da elaboração do projeto 4.9. Constructo Ferramentas de Apoio ao Projeto Estas variáveis auxiliam nas alterações virtualmente com maior proximidade ao produto final. O Gráfico 7 demonstra falta de adesão pelas construtoras/incorporadoras e projetistas de engenharia, admitindo que as decisões são contempladas nos projetos arquitetônicos. Já os projetistas de arquitetura apresentam tendência de utilização. Gráfico 7 Boxplot do constructo ferramentas de apoio ao projeto 4.10. Constructo Tecnologias Associadas ao Ambiente Construído Estas variáveis estão ligadas ao edifício construído, caracterizando inovações em relação aos projetos. Os Gráficos 9 demonstram que os projetistas de engenharia não consideram as questões. Já as construtoras/incorporadoras apresentam tendência à utilização e os projetistas de arquitetura possuem valores relevantes, considerando que os arquitetos inserem elementos relacionados ao conforto nos projetos. 8

Gráfico 9 Boxplot do constructo tecnologias associadas ao ambiente construído 4.11. Constructo Melhoria da Qualidade de Vida As variáveis relacionam-se com questões relativas ao edifício finalizado e a sua utilização pelos usuários. Os Gráficos 10 demonstram pouca utilização das ferramentas para as construtoras/incorporadoras e projetistas de engenharia. Já os projetistas de arquitetura apresentam tendência à inserção das variáveis em seus projetos. Gráfico 10 Boxplot do constructo melhoria da qualidade de vida 5. Considerações finais Na avaliação da utilização de tecnologias no desenvolvimento dos projetos da Construção Civil, apesar da relevante aplicação de ferramentas de apoio pelos profissionais envolvidos, percebe-se que o processo ainda se apoia em programas computacionais desatualizados, considerando o grau de inovação como a parametrização ou mesmo informações relacionadas à inclusão de questões de conforto ou ao ciclo de vida da edificação. Apesar da ocorrência de utilização de tecnologias emergentes, a proporção de projetistas que utiliza softwares de apoio ultrapassados ainda é grande. Evidente também é o fato de que empresas de arquitetura, responsáveis em grande parte dos casos pelo gerenciamento dos projetos executivos, não fazem uso de ferramentas de gestão, o 9

que auxilia na manutenção da incerteza em relação a prazos, além de projetos inacabados sendo encaminhados para a etapa de execução da obra. Em geral os dados demonstram um impacto ainda pequeno das ferramentas e tecnologias sobre o desempenho dos projetos no setor. A potencialidade das ferramentas existentes ainda não é toda explorada pelas empresas, restando avaliar o fator de definição para a introdução destes novos instrumentos de apoio. REFERÊNCIAS COSTA, Dayana B. et al. Benchmarking initiatives in the construction industry: lessons learned and improvement opportunities. Journal of Management in Engineering, v. 22, 2006. FABRICIO, Márcio Minto; MELHADO, Silvio Burrattino. O projeto na arquitetura e engenharia civil e a atuação em equipes multidisciplinares. Revista Tópos, v. 1, 2007. FIRJAN. Estudo de Tendências Tecnológicas na Indústria da Construção Civil no Segmento de Edificações Rio de Janeiro: FIRJAN/RJ, 2013. GUEDES, Terezinha Aparecida et al. Estatística descritiva.. Projeto de, v. 20, 2005. KOSKELA, Lauri; BALLARD, Glenn. Is production outside management?. Building Research & Information, v. 40, n. 6, p. 724-737, 2012. MANZIONE, Leonardo; MELHADO, Silvio Burrattino. Why is design delivery always behind schedule? A critical review of the design planning techniques adopted for real estate projects in São Paulo-Brazil. SOUZA, Flavia R.; MELHADO, Silvio Burratino. A importância do sistema de informação para a gestão das empresas de projeto. Gestão & Tecnologia de Projetos, v. 3, n. 1, p. 121-139, 2008. RUSCHEL, Regina Coeli; DE ANDRADE, Max Lira Veras Xavier; DE MORAIS, Marcelo. O ensino de BIM no Brasil: onde estamos?. CEP, v. 13083, p. 852, 2013. SENAI. Rotas Estratégicas para o Futuro da Indústria Paranaense: Roadmapping da Construção Civil 2020 Curitiba: SENAI/PR, 2011. SCHEER, Sérgio et al. Impactos do uso do sistema CAD geométrico e do uso do sistema CAD-BIM no processo de projeto em escritórios de arquitetura. In: VII Workshop Brasileiro de Gestão do Processo de Projetos na Construção de Edifícios. Curitiba: UFPR. 2007. 10