FORMAÇÃO DA ARQUITETURA NA PENÍNSULA IBÉRICA Antecedentes Históricos e Arquitetônicos Arquitetura e Urbanismo 3º período TH-2
A relação com o território, o urbanismo e a arquitetura são componentes fundamentais da cultura de uma sociedade. A compreensão dos processos que deram origem a essas formas de organização espacial e o conhecimento de suas características morfológicas e das práticas sociais e culturais que lhes estão associadas são essenciais para a permanência da memória dessas comunidades. (Teixeira, M. A forma da Cidade de Origem Portuguesa)
A Península Ibérica é uma região cuja ocupação é antiga por esse motivo sofrerá a influência de vários povos na formação de sua cultura arquitetônica.
O primeiro surto de urbanização da Península se dará através da romanização (a invasão romana ocorre por volta do ano 218 a.c.). Nesse período haverá o surgimento de uma arquitetura complexa e uma colonização sistemática na região que recebe o nome de Lusitânia (que correspondia praticamente a todo território português). cidade de Conímbriga.
Ruínas da vila romana em Pisões. Uma das estratégias romanas de domínio cultural era a implantação de edifícios monumentais e construção de infra-estruturas como aquedutos e estradas, conferindo unidade ao vasto território ocupado pelo Império. Ruínas de um Templo Romano em Évora.
O período que segue a queda do Império Romano (Séc. V) e que corresponde à Idade Média, no caso de Portugal pode ser definido da seguinte forma: Arte tardo-romana ou paleocristã (Séc. V e VI); Arte dos Visigodos (Séc. VII e VIII); Arte dos Mulçumanos (Séc. VIII a XI). Nos primeiros anos pós queda romana, o norte de Portugal é invadido pelos suevos (povos da região da Alemanha) 411 a 585; sendo que o Sul permanece cristão e romano até a unificação dos visigodos no século VI.
Fundam várias cidades Braga, Porto, Lugo, Astorga. Usavam a estratégia de se integrar à população, adaptaram-se à língua latina, ao direito romano e convertem-se ao cristianismo. Portus Cale na atualidade: Porto Mapa medieval cidade de Braga
Apesar da posição privilegiada dos povos invasores, provocaram poucas transformações na sociedade e arquitetura do período. No Século VI há a unificação visigótica (Povos germânicos do Leste Europeu). Azul Suevos ; Ocre Visigodos.
A queda do Império Romano ocasiona uma redução no nível de crescimento demográfico A economia volta a ser predominantemente agrária Ocorre uma desurbanização, ou seja, há uma migração populacional de volta ao campo e as cidades não são mais centros econômicos importantes. A Igreja Católica torna-se responsável pela manutenção de vários centros urbanos.
Arquitetura Visigoda Exemplares sobreviventes da arquitetura visigótica: igreja de San Cugat del Vallés (Barcelona); a ermida e igreja de Santa Maria de Lara e a Capela de São Frutuoso (Braga); a Igreja de São Gião (Nazaré) Os visigodos influenciaram formas artísticas originais, como o arco de ferradura e a planta cruciforme das igrejas. Capela de São Frutuoso Foto: Jose olgon - commons.wikimedia.org
Características: Arquitetura Visigoda planta de basílica, e por vezes cruciforme, podendo ser uma combinação de ambas, com espaços bem compartimentados; Arcos em forma de ferradura sem pedras de fecho; Uso de colunas e pilares com capitéis coríntios de desenho particular; Abóbodas com cúpulas nos cruzamentos; Decoração com motivos vegetais e animais.
Restos visigóticos (com arcos em ferradura) na cripta da Catedral de Palência. Capitel da igreja visigótica de San Pedro de la Nave. Samora, Espanha Igreja de San Pedro de la Nave, Samora.
Domínio Visigodo Visigodos são do norte e leste europeu Compõem os povos bárbaros (não civilizados) Fundaram novas cidades Entre seus legados temos vários vocábulos e o direito visigótico (consuetudinário) (romano = positivo) A monarquia visigoda era eletiva.
No século VIII, o processo de sucessão do reinado visigótico gerou conflitos. Um grupo de descontentes com a sucessão do reino pediu ajuda militar a um governador muçulmano chamado Tárique. A partir de 711 iniciaram-se movimentações populacionais e militares lideradas pelo líder muçulmano. Estes vieram do norte da África e cruzaram o Mar Mediterrâneo para alcançar a Península Ibérica.
Situação geral da Europa O fim do Império Romano (476 d.c.) provoca mudanças econômicas, que vão desde as formas produtivas até a questão monetária (substituição do ouro pela prata) A incerteza política, guerras territoriais e as novas invasões na Europa facilitam o processo da invasão árabe na região da Península Ibérica. Ao longo de toda a Europa as cidades tornam-se locais marginais, não mais funcionando como centros administrativos, apenas locais de produção e troca.
O domínio árabe da Península significou o fechamento do comércio marítimo via Mediterrâneo. O comércio passa a se desenvolver em nível regional, limitando-se temporariamente à produção local. No restante da Europa a Igreja Católica tornase essencial na manutenção dos centros urbanos existentes. Na região da Península Ibérica as cidades são modificadas e associadas as hábitos dos invasores.
Desenho do livro Las Glorias Nacionales (1852) representando a Batalha de Guadalete (711), início da invasão islâmica da Península Ibérica Península Ibérica 711 a 1492 FORMAÇÃO DO IMPÉRIO ISLÂMICO
IMPÉRIO ISLÂMICO Sob os recursos de Maomé, os árabes muçulmanos expandiram sua civilização e comércio por toda península arábica, norte da África e mais tarde, após a morte de Maomé, chega até a Península Ibérica na Europa. Originária da Península Arábica, local de nascimento de Maomé, a religião islâmica serve como ponto de união para um povo originalmente nômade. Entre 622 e 750 d.c. o Império Islâmico se expande da Peninsula Arábica à Península Ibérica.
O islamismo une um povo nômade que reúne mercadores do deserto e dos mares da península arábica e do Mediterrâneo; Um povo em constante conflito com os impérios que por lá passaram ou permaneceram (persas, gregos, romanos, bizantinos). Em seu entorno, duas grandes religiões monoteístas, demonstram a força da unidade para enfrentar os grandes inimigos, que provocam a miséria e a escravidão. A mensagem do Corão, de submissão (Islã) a Alah os une e fortalece.
EXPANSÃO DO IMPÉRIO ISLÂMICO A Conquista Muçulmana da Península Ibérica ocorreu com a vitória sobre o rei visigodo Rodrigo, a qual determinou o fim do Reino Visigótico de Toledo. Os muçulmanos se estabeleceram então na península e, progressivamente, foram ampliando suas conquistas territoriais. Em consequência do domínio territorial e militar, veio também a influência cultural.
Al-Andalus: foi o nome dado à península Ibérica pelos seus conquistadores islâmicos do século VIII, tendo o nome sido utilizado para se referir à península independente do território politicamente controlado pelas forças islâmicas.
Expansão do Império Islâmico De início integrado na província norte-africana do império omíada, o al-andalus seria um emirado (756 929) e posteriormente um califado (929 1031). Com a dissolução do califado (1031), o território pulverizou-se em vários reinos. O Reino das Astúrias foi a primeira região da Península Ibérica que se libertou do domínio dos Mouros quando da invasão por estes da Península Ibérica.
As principais influências da cultura islâmica são a influência árabe, persa, turca e o estilo paleocristão bizantino. Os árabes eram povos nômades do deserto, de vida muito simples, cujos abrigos eram tendas. Por isto mesmo, não havia uma arquitetura árabe, as principais peças de arte eram utilitárias e de fácil transporte: vasos, jarras, tapetes, etc.
O islamismo seguia a tradição judaica que não permitia a representação da imagem de Deus. Os temas da pintura e da tapeçaria eram normalmente naturalistas ou geométricos. A experiência religiosa do infinito e da inutilidade da vida terrena participa de toda a arte muçulmana. A continuação infinita de um tema abstrato, semiabstrato ou parcialmente figurativo é a expressão profunda da crença na eternidade e o desprezo pela existência terrena.
A Expansão da Cultura Árabe A caligrafia teve um papel dominante na arte islâmica e se integrou a toda sorte de projetos decorativos. São dois os principais caracteres da caligrafia: O cúfico, angular; e o nashki, cursivo. Cúficosimples (790 d.c.); Cúficofolheado (952 d.c.); Cúficofloreado (848 d.c.); Nashki(1285 d.c);. Thuluth(1348 d.c.); Nastalik(1543 d.c).
CONCEITOS IMPORTANTES Um fiel marroquino em oração ÁRABE: pessoa que nasce ou vive na península arábica. MUÇULMANO: seguidor ou fiel da religião islâmica. *Portanto árabe e mulçumano não são sinônimos. ISLÃ: significa submeter-se à vontade de Deus. Para o islã, o homem deve entregar-se a Deus e submeter-se à Sua vontade em todas as áreas da vida.
SOBRE O ISLAMISMO Religião monoteísta que prega a submissão total do homem à vontade de Alá; O livro sagrado dessa religião e que contém as revelações a Maomé é o Alcorão; Além de orientações puramente religiosas, o alcorão também tem instruções que contribuem para a ordem social e o interesse dos grandes comerciantes.
O Corão ou Alcorão é o livro sagrado do Islã. Escrito pelos seguidores de Maomé e sob a supervisão do profeta, a obra trata de preceitos religiosos, políticos e morais.
BASES DO ISLAMISMO Oração O ritual da oração representa a humildade do homem na presença de Alá. Deve ser praticado ao levantar, à primeira hora da tarde, ao fim da tarde, ao por-do-sol e à noite, antes de deitar. A oração sempre é feita na direção de Meca.
BASES DO ISLAMISMO Esmola A prática da esmola é chamada de Zacat, palavra que significa purificar. A esmola purifica e demonstra a responsabilidade social do crente, sua vontade de contribuir para a manutenção da comunidade.
BASES DO ISLAMISMO Jejum O muçulmano deve guardar o nono mês lunar, o Ramadã, como um período de jejum, no qual se abstem de comer, beber, fumar e manter relações sexuais durante as horas de luz diurna. O jejum tem a intenção de submeter o corpo ao espírito e fortificar a vontade através da disciplina. O jejum leva o homem a chegar mais perto de Deus.
Peregrinação BASES DO ISLAMISMO A peregrinação a Meca é um dos deveres do fiel. Todos os muçulmanos devem ir, pelo menos uma vez na vida, para essa cidade. Antes de entrar em Meca, o peregrino abandona seus trajes habituais e cobre-se com panos brancos. Os peregrinos dão sete voltas ao redor do santuário da grande mesquita de Meca, além de cumprir outros rituais.
Legados da cultura Islâmica Primeiros a utilizar recursos como cheques e letras de câmbio. Desenvolveram as ciências e o brilho das artes (arabescos, pinturas etc.); Aperfeiçoaram o algarismo arábico que nós usamos (1,2,3...) Criaram contos famosos como As mil e uma noites.
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