A DEMOCRATIZAÇÃO DO CONSUMO VIRTUAL. Guilherme da Costa Claudia Maria Barbosa



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Transcrição:

A DEMOCRATIZAÇÃO DO CONSUMO VIRTUAL Guilherme da Costa Claudia Maria Barbosa RESUMO Este artigo é a primeira análise do projeto Segurança Jurídica nas contratações via internet, financiado pelo CNPq. O projeto busca conectar as áreas das ciências Jurídicas e da Ciência da Computação para auxiliar a superação de obstáculos para o desenvolvimento e democratização do comércio virtual, no cenário brasileiro. Propõe-se a adoção conjunta de protocolos para garantir as transações virtuais, sem que seja necessária a certificação digital, de custo maior. A segurança a baixo custo possibilitará uma maior oferta de produtos por pequenos e médios fornecedores, e a possibilidade de o consumidor realizar as transações virtuais munido apenas de um computador. Já de outro ponto buscaremos analisar o papel do Poder Judiciário nesta realidade virtual e como este pode/poderá atuar para o aumento da confiabilidade e segurança desta forma de comércio. PALAVRAS-CHAVES: SEGURANÇA JÚRIDICA, RELAÇOES DE CONSUMO, INTERNET, PODER JUDICIÁRIO, ACESSO ABSTRACT This article is the first analysis of the project Legal Security in the internet, financed from the CNPq. This project searchs to connect the areas of Law and the Computer Science to assist the overcoming of obstacles to the development and democratization of the virtual commerce, in the Brazilian scene. It is considered the joint adoption of protocols to guarantee the virtual transactions, without it is necessary the digital certification, of bigger cost. The security with low cost will make possible the biggest offers of small producers for e average supplying, and the possibility of the consumer to carry through the virtual transactions armed only of a computer. Already of another point we will search to analyze the paper of the Judiciary Power in this virtual reality and as this can/will be able in such a way to act for the increase of the trustworthiness and security of commerce. KEYWORDS: SECURITY, RELATIONS OF SONSUMPTION, INTERNET, JUDICIARY, ACCESS

INTRODUÇÃO A aproximação entre Direito e Tecnologia é crescente e necessária, mas apresenta dificuldades. O Direito vive o dilema de buscar de um lado a segurança, o equilíbrio e a estabilidade, e de outro estar obrigado a incorporar a seu mundo elementos cada vez mais dinâmicos que propiciam um ambiente de instabilidade em princípio hostilizado pelo Direito. As relações entre Direito e Tecnologia têm um duplo aspecto: de um lado o Direito deve normatizar as situações decorrentes do uso de novas tecnologias pela sociedade; de outro lado, deve buscar ele mesmo incorporar essa tecnologia para modernizar-se, de forma a cumprir seu papel social de forma mais eficiente. Uma legislação atual é condição necessária, mas não suficiente, para a eficácia das relações sociais, e nesse sentido o papel do Judiciário é essencial. A necessidade de modernização do Judiciário como condição para a modernização do Estado e, especialmente, para o desenvolvimento econômico dos países menos desenvolvidos, vem sendo apontada enfaticamente desde a década de 90 por inúmeras entidades, entre elas o Banco Mundial, cujo relatório técnico n. 319, de 1995, já informava que a economia de mercado demanda um sistema jurídico eficaz para governos e setor privado, visando solver os conflitos e organizar as relações sociais. Ao passo que os mercados se tornam mais abertos e abrangentes e as transações mais complexas, as instituições jurídicas formais e imparciais são de fundamental importância. Sem estas instituições, o desenvolvimento no setor privado e a modernização do setor público não serão completos [DAKOLIAS, 1996]. A cada dia torna-se mais comum a celebração de negócios jurídicos via Internet 1, entre os quais a aquisição de determinado produto é a atividade mais corriqueira. 2 A diferença básica entre um contrato realizado na Internet e outro 1 Mais de 627 milhões de pessoas - ou cerca de 10% da população mundial - já fizeram compras pela internet, segundo um estudo da ACNielsen. No prazo de um mês antes da pesquisa, 325 milhões de pessoas adquiriram alguma coisa pela web. Na América Latina, 63% das pessoas ouvidas pela pesquisa (que só abordou Brasil, Chile e México) já fizeram compras pela internet, menor índice entre os continentes pesquisados. Na Europa e na América do Norte, 85% da população já utilizou a web para comprar, taxa superior à média mundial, que é de 70%. Para realizar o estudo, a ACNielsen entrevistou mais de 21 mil consumidores de 38 países ( in http://old.idgnow.com.br/adportalv5/internetinterna.aspx?guid=3393d376-9e35-4564-8aba- 4F75C72A0510&ChannelID=2000012, acesso em 07/04/2006). 2 Em recentes pesquisas, perguntados sobre os últimos três itens adquiridos pela internet, 34% dos entrevistados disseram ter comprado livros; 22% vídeos, DVDs ou jogos; 21% reservas de passagens aéreas; 20% roupas acessórios e calçados; 18% música; 17% equipamentos eletrônicos; 16% computadores; 12% ingressos de eventos. Curiosamente, entre os participantes da pesquisa, 6% incluíram

ajustado no meio físico é que aquele não é material e sim virtual, eletrônico ou digital. Embora sua popularização seja uma realidade, a sensação de insegurança na contratação virtual ainda é um dos maiores obstáculos dos consumidores digitais, revelado pelo fato de eles normalmente transformarem a vantagem da contratação imaterial pela consubstanciação desta contratação em meio físico, seja pela impressão em papel do contrato, da confirmação do pedido, do pagamento, etc. Seja como for, o fato do cidadão somente sentir-se seguro na contratação via Internet possuindo a prova escrita da transação, frustra, ao menos parcialmente as vantagens tecnológicas da contratação em ambiente virtual. Embora o sistema jurídico brasileiro de proteção do consumidor seja avançado, há pontos que ainda demandam maior definição. Em conformidade com o estabelecido pelo Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), em seu artigo 6º, inciso VIII, não é obrigação legal do consumidor que realiza a aquisição do produto pela Internet manter sob seus cuidados os dados relativos à transação, visto que nestas situações deve ocorrer a inversão do ônus da prova, senão pela verossimilhança das alegações, pela hipossuficiência técnica e tecnológica do adquirente. Sendo assim, a responsabilidade pelo arquivo e manutenção da integridade das informações referentes às transações é de responsabilidade do fornecedor, que deve guardá-la não apenas pelo prazo de reflexão que autoriza o consumidor a desistir do negócio (art. 49 da Lei 8.078/90), ou pelo prazo das garantias legais ou contratuais, mas pelo período no qual poderá surgir algum litígio que tenha por objeto a contratação ou o próprio objeto contratado. A tecnologia existente atualmente permite identificar e armazenar dados dos contratantes, de forma a tornar mais segura a contratação via Internet e garantir o negócio virtual. Nesse contexto, o estabelecimento de protocolos aceitos internacionalmente para os casos de contratação via Internet, pode ser um instrumento eficiente para o incremento da atividade, mas sua efetividade depende da compreensão e aceitação pelo Direito e pelo Poder Judiciário, imprescindíveis para que as transações frutas, verduras e legumes entre os três últimos itens comprados pela internet. No ranking dos 10 primeiros países em compras de livros, o Brasil aparece na oitava posição, com 45% das pessoas tendo adquirido livros nas suas três últimas compras pela internet. O país também está entre os dez com maior percentual de compras de vídeos, jogos e DVDs, ocupando a sexta posição do ranking. Dos brasileiros entrevistados, 28% compraram algum destes itens nas suas três últimas aquisições. No quesito compras de passagens pela web, contudo, o país fica bem abaixo do décimo colocado do ranking, a Finlândia (onde 31% dos entrevistados incluíram passagens áreas entre as últimas três compras eletrônicas). No Brasil, apenas 15% dos ouvidos pela pesquisa citaram este item entre as três últimas aquisições ( in http://old.idgnow.com.br/adportalv5/internetinterna.aspx?guid=3393d376-9e35-4564-8aba- 4F75C72A0510&ChannelID=2000012, acesso em 07/04/2006).

via rede mundial de computadores possam ser feitos de forma rápida, segura, eficaz e econômica. O presente estudo desenvolve-se no seio de um projeto que conta com financiamento do CNPq intitulado Segurança Jurídica nas relações via internet, que teve início em 2006 e busca aproximar as ciências jurídicas e a ciência da computação na busca da superação de obstáculos para o desenvolvimento e democratização do comércio virtual no cenário brasileiro. 1.INTERNET E CONSUMO Uma comparação entre a televisão e a internet poderia revelar que o poder desta é muito maior do que daquela, uma vez que enquanto a TV possibilitou uma comunicação de via única, a internet oferece duas vias, permitindo dessa forma a interação e a integração em rede das comunidades que dela participam, com reflexos diretos na redução de custos que acabem por permitir a democratização do consumo e a própria realização da cidadania. Do ponto de vista do cidadão consumidor, a conexão em rede potencialmente lhe dá muito mais informação a respeito dos fornecedores e produtos, qualificando sua busca e opção por serviços melhores e mais eficientes. Para pequenas e médias empresas, a internet tem o condão de posicioná-la no mercado de uma forma muito mais efetiva, já que o uso das novas tecnologias da informação (TI) vem possibilitando a inclusão social sustentada das pequenas e médias empresas, que ao ampliarem sua competitividade, atingem níveis antes só alcançados por grandes corporações, pulverização a atividade comercial e massificando o consumo. Para se ter uma idéia desta crescente realidade, basta citar que as vendas do comércio eletrônico duplicaram nos últimos dois anos no Brasil, tanto nas negociações entre empresas quanto na comercialização direta para o consumidor final, segundo apontou a 8ª Pesquisa Comércio Eletrônico no Mercado Brasileiro, feita pela FGV (Faculdade Getulio Vargas) 3. A 17ª pesquisa anual sobre o mercado de informática no Brasil informou que existem atualmente no país 32 milhões de computadores em uso. 3 Acessado em 02/02/2006- www.fgv.com.br- Método: Para desenvolver o estudo, a equipe da FGV considerou 414 empresas, de vários setores econômicos, ramos de atividades e portes. Entre as entrevistadas, estão companhias nacionais e multinacionais, que operam no mercado brasileiro e atuam em diversos níveis no ambiente digital. Segundo dados da FGV, entre companhias pesquisadas, 40%

Com relação ao comércio eletrônico realizado entre usuários finais e empresas; caracterizando assim a relação consumeirista, o índice de negócios ao consumidor, medido em março de 2005, respondia por cerca de 2,9% das vendas diretas no varejo. Atualmente, segundo o estudo divulgado pela FGV, esse mesmo índice está no patamar de 7,45%. Neste âmbito de relações de consumo, o setor industrial tem grande destaque, com 8,46% da participação nesse nicho de mercado. Em seguida, aparecem empresas do setor de serviços (5,12%) e do comércio (4,77%). Essa realidade vem refletindo também no sistema judiciário tanto no que diz respeito à sua própria modernização tecnológica, quanto no sentido de delimitar seu uso nos casos que lhes são submetidos, aliando assim uma interatividade com as demandas econômicas de expansão, de forma a facilitar a sustentabilidade do comércio e democratização do comércio virtual. Também os poderes Executivo e Legislativo vêm interferindo, com a edição de leis que tratam da certificação digital, decreto lei regulador de identidade virtual, além de terem iniciado debates sobre questões controvertidas como a necessidade de sigilo de acessos, a responsabilidade de provedores, etc. 1.1. Protocolo PUCPR/CNPq- Democracia no consumo virtual A idéia central da criação deste protocolo 4, o qual estamos denominando provisoriamente Democracia no consumo virtual é aliar as tecnologias de contratação virtual para que se possa incrementar o comércio de produtos via internet de modo seguro e barato. Para tanto se busca a formatação de um protocolo que indique no mínimo as partes contratantes, objeto do contrato, data e forma da entrega, garantia, local e data de sua realização, dados que serão disponibilizados pelo TCP/IP da máquina e integrados pelo processo de assinatura digital. Tal possibilidade envolve diversos aspectos, tais como pontos de acessos, alfabetização virtual e confiabilidade, porém a maior contribuição dada pela união do Direito com a informática se dá na questão da atuam na área de serviços, 35% na indústria e, por fim, 25% no comércio. Os desenvolvedores da pesquisa não divulgaram os números absolutos do estudo. 4 O conceito de protocolo na informática é muito próximo ao mundo jurídico, pois aquele é a garantia da integridade de atos e possibilidade de leitura através de recursos a ele atribuídos. Exemplo próximo do mesmo é o ato de discar um numero de telefone, onde se tem a certeza que só aquele será o chamado ou mesmo falar no mesmo idioma.

confiabilidade, já que a adoção dessa ferramenta tem potencialmente o condão garantir às partes uma maior segurança e facilidade na realização do contrato. A possibilidade de realização do comércio virtual seguro permitirá que se supere alguns dos entraves apontados por pesquisa realizada pela FGV e E-bit apontadas no trabalho, baseados na falta de segurança e no custo do comércio virtual, abrindo caminhos para potencializar a inclusão do consumidor no mercado virtual. Por fim este protocolo tratará de um sistema de conjugação de informações contratuais, dados TCP/ IP (que determinam a localização e integridade das informações) sendo resguardadas todas essas informações através do processo de assinatura eletrônica, cujos dados devem ser depositados no PC do fornecedor, obrigatoriamente, e facultando ao consumidor essa mesma possibilidade. 1.2. A Ferramenta TCP/IP A rede mundial de computadores é um sistema que permite à comunicação e a transferência de arquivos de uma máquina a qualquer outra máquina conectada a rede. Esta comunicação pela internet é feita, basicamente, através de protocolos, que permitem a troca de dados, para que os computadores de uma rede pudessem trocar informações entre si foi necessário que todos utilizassem o mesmo protocolo de comunicação. Neste estão definidas todas as regras necessárias para que o computador de destino compreenda as informações, no formato que foram enviadas pelo computador de origem. Dois computadores com diferentes protocolos instalados não serão capazes de estabelecer uma comunicação e nem serão capazes de trocar informações, o que deverá ocorrer com a adoção do protocolo TCP/IP que representa a integração de dois sitemas: o IP, Internet Protocol e o TCP (transmission control protocol). O IP (Internet Protocol) identifica os computadores na rede, como se fosse um número telefônico. O endereço IP (ou somente IP) é uma seqüência de números composta de 32 bits. Esse valor consiste num conjunto de quatro grupos de 8 bits. O número 172.31.110.10 é um exemplo 5. Os últimos 2 octetos, são usados na identificação de computadores dentro da rede. Já no TCP (Transmission Control Protocol) o funcionamento é baseado em conexões. Assim, para um computador cliente iniciar uma "conversa" com um servidor, acompanhará o caminho da figura abaixo: 5 GASPARINI, Anteu Fabiano Lúcio; BARCELLA, Francisco Eugênio. TCP/IP : solução para conectividade. 2 ed. São Paulo: Érica, 1994.

``Por ser feita em três transmissões, esse processo é conhecimento como three-way handshake (algo como triplo aperto de mãos). Tem este sistema como características principais: manter a informação do IP imutável; verifica se os dados não foram alterados ou corrompidos durante o transporte entre a origem e o destino e recebe os pacotes de dados, verifica se estão OK e, em caso afirmativo, envia uma mensagem para a origem, confirmando cada pacote que foi recebido corretamente``6. O uso dos dois sistemas de modo integrado, como se propõe, aumentará o grau de confiabilidade, segurança, comunicabilidade e integridade das informações de identificação da máquina operadora e das próprias informações enviadas pelas máquinas - sejam pessoais ou bases para a manutenção de um site. Apesar de algumas discussões acerca da possível quebra deste sistema por meios ilícitos, é possível identificar um usuário na rede com quase absoluta certeza, assim como a hospedagem de um site, que também se dá através deste sistema de protocolo. 1.3. A Certificação Digital e a Assinatura Eletrônica Os processos de certificação digital são aqueles que garantem a identificação dos usuários na rede mundial de computadores. Por meio da certificação eletrônica, uma entidade autorizada, chamada de entidade certificadora (em grosso modo igual à figura de um cartório) passa a dar reconhecimento de veracidade a determinado acerto ou 6 GASPARINI, Anteu Fabiano Lúcio; BARCELLA, Francisco Eugênio. TCP/IP : solução para conectividade. 2 ed. São Paulo: Érica, 1994.

declaração virtual, podendo também emitir chaves privadas para a assinatura eletrônica, que, como no processo de assinatura convencional, se concede para garantir a autenticidade de uma declaração ou documento, adicionado ao processo uma inovação tecnológica que é o lacre do conteúdo certificado através da chave privada 7. Este termo assinatura eletrônica, porém tem um significado diferente da assinatura convencional na medida de que se refere a qualquer mecanismo, não necessariamente criptográfico 8, para identificar o remetente de uma mensagem eletrônica. Em que para se verificar a autenticidade do documento deve ser usado um procedimento onde a partir da mensagem armazenada, gera-se um resumo 9 devendo este ser comparado com a assinatura digital - para isso, é necessário descriptografar, ou seja, quebrar, a assinatura obtendo a chave privada. Se ele for igual ao código recém gerado, a mensagem está intacta. Não há outro modo no meio digital, em especial na utilização da criptografia, de garantir de modo eficiente e potencialmente barato além de permanente ao documento a integridade das informações. Este mecanismo permite a leitura do documento através de uma chamada chave pública, mas sem a possibilidade de alteração do mesmo. Embora para se ter o acesso à chave privada seja necessária a compra de uma em uma entidade certificadora, com alto custo, sua venda tem se tornado cada vez mais comum, dada a sua imensa necessidade na conclusão de transações mobiliarias e financeiras, alem do uso pelo poder público na área fiscal 10. Enfim, trata-se de uma possibilidade cada vez mais presente na realidade virtual, inclusive progressivamente mais acessível, como as já existentes identidades digitais, entre as mais conhecidas no Brasil as da Certising, entidade certificadora autônoma que já oferece uma identificação digital por R$ 475,00 reais. Embora a certificação digital forneça segurança com respeito ao envio de documentos, ela por si só é incapaz de identificar o local de assinatura do contrato.portanto a integração deste sistema com o já básico sistema de acesso a rede, ou seja o TCP/IP, poderá determinar todos as características que busca dar o protocolo democracia no consumo virtual. Neste caso, não será necessário que o consumidor adquira sua identidade digital, buscando-se utilizar esta tecnologia para que o 7 NETO VOLPI, Ângelo Comércio Eletrônico Curitiba: Juruá, 2001. 8 Mecanismos criptográfico são aqueles que se utilizam de códigos exclusivos de compreensão, para que se garanta a leitura do documento criptografado por um meio permitido e a modificação do conteúdo só seja permitido ao detentor da chamada chave privada. 9 Este resumo refere-se a traçar as características e configurações do procedimento de assinatura digital. 10 Revista Exame: E o papel, cadê? n 47 ano:2006 São Paulo: Abril.

fornecedor ofereça essa opção em conjunto com o protocolo de seu estabelecimento, em analogia aos cartões de fidelidade ou códigos de cadastro de clientes. 1.4. Comprovante de Compra e Obrigações do Fornecedor O uso conjunto dessas duas tecnologias apresentadas, TCP e IP, pode fornecer um ambiente seguro de comércio, onde as devidas obrigações sejam distribuídas entre o fornecedor e consumidor. Por força de dispositivo constante do artigo Art. 6º, inciso VIII da lei 8078/90 que prevê a inversão do ônus da prova, o fornecedor deverá ser responsável pelo armazenamento de todos os contratos virtuais, pelo prazo legal previsto para que assunto possa ser levado à Justiça. Estes dados conterão todas as informações relevantes da transação efetuada, nos exatos termos em que a mesma efetivou-se, servindo de instrumento comprobatório da transação virtual ocorrida. Diante da certeza de que, se demandado, o fornecedor está obrigado a apresentar o contrato virtual protegido contra possíveis alterações unilaterais ou de terceiros, estarão os consumidores mais seguros, a despeito de terem realizado uma transação virtual e dela não terem qualquer comprovante material. Mesmo assim a ferramenta possibilita ao consumidor o armazenamento de suas informações, A adoção conjunta dos protocolos dará segurança às transações sem que seja necessária a certificação digital, que tem um custo muito elevado para pequenos fornecedores, ampliando as condições de oferta de produtos e possibilitando a concorrência entre pequenos e grandes fornecedores. Para o consumidor o processo também será mais barato porque a transação exigirá apenas que haja um computador disponível. O sistema integrado possibilitará um grau maior de confiabilidade, segurança, comunicabilidade e integridade das informações de identificação da máquina operadora e das próprias informações enviadas pelas máquinas - sejam pessoais ou bases para a manutenção de um site. Apesar de algumas discussões acerca da possível quebra deste sistema, por meios ilícitos, é possível identificar um usuário na rede com quase absoluta certeza, assim como a hospedagem de um site, que também se dá através deste sistema de protocolo. Apesar da segurança que a mesma passa ao sistema de envio de documentos, ela por si só, é incapaz de identificar o local de assinatura. Além de que pelo seu caráter mais formal e não usual, passa a ser ignorado em transações básicas no e-commerce,

apesar de seu potencial de unificação como o protocolo TCP/IP para garantir a segurança das transações. Como se viu a ferramenta TCP/IP é fundamental no uso da internet, por estar presente em todos os computadores pertencentes à rede, e de um grau de confiabilidade e veracidade muito mais elevado dos documentos materiais dotados da fé-pública. Além de que menos complexos no seu uso e segurança, tendo em visita a formação de um protocolo garantido com o sistema de assinatura digital. Por estas razões vê-se total adequabilidade do protocolo TCP/IP, integrado com dados assegurados por meio de uma assinatura digital, como meio de prova judicial para os conflitos da rede mundial de computadores, pois possui os dois elementos teóricos para tanto: dar os elementos de convicção acerca da existência dos fatos e garantia da veracidade 11. A esses fatores, soma-se ainda a abertura cognitiva dada pelo Art. 332 do Código de Processo Civil, onde se admite todo o meio probatório e os sucessivos acolhimentos dos meios eletrônicos de prova previsão especifica na MP.2200-2/2001 e no projeto de lei 4906/2001- pelo próprio Estado. Além de que tal instrumento habilitaria o consumidor utilizar, se fosse necessário o rito do procedimento monitório. Embora esta ferramenta possa ser um instrumento mais eficaz e hábil para a comprovação da negociação via internet, é necessário observar que qualquer meio de prova poderia ser utilizado por parte do consumidor para comprovar a transação. 1.5.Segurança Jurídica e Confiabilidade Dentro dessa construção, de um ambiente de consumo virtual sustentável e seguro, é importante também observar o preponderante papel do Direito e do Poder Judiciário na consecução de instrumentos hábeis de determinação de condutas de forma a favorecer o ambiente virtual, no qual o conceito chave é a confiabilidade, um termo próprio das ciências econômicas que no direito assemelha-se à boa-fé. Apesar de aparentemente se tratar de determinação vaga, e possivelmente imprecisa, está tem conseqüência direta em relação às posturas contratuais e em especial quando levadas ao Sistema Judicial, como a possível anulação, revisão ou aplicação de multa no seu descumprimento. 11 SILVA, Ovídio A. Baptista Curso de Processo Civil v. 1Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor

Conforme anteriormente afirmado, a era da Internet possibilitará às nações e as empresas novas oportunidades de mudança e o rompimento de barreiras ao crescimento. Porém caberão estes papeis em especial aos avanços de políticas públicas para o sistema judicial, que com estas poderemos romper o obstáculo da insegurança jurídica e assim aumentar o grau de confiabilidade nas relações virtuais. 2. CONSIDERAÇÕES FINAIS O artigo reflete uma pesquisa ainda em desenvolvimento. Conclusões preliminares permitem considerar que a adoção de protocolos conjuntos têm o condão de possibilitar que as contrações virtuais sejam mais seguras, a um preço mais baixo, o que potencialmente pode auxiliar no aumento do consumo virtual, democratizando-o. Outras pesquisas ainda são necessárias, inclusive para que se possa avaliar em que medida o judiciário e as normas jurídicas podem auxiliar na consolidação desse processo. 3. BIBLIOGRAFIA CAPELETTI, Mauricio: Acesso à Justiça Ed: Fabris 1997 GASPARINI, Anteu Fabiano Lúcio; BARCELLA, Francisco Eugênio. TCP/IP : solução para conectividade. 2 ed. São Paulo: Érica, 1994. LIEBMAN, Enrico Tullio Manuale de diritto processuale civile principi pg. 318. 3 Ed. Milano: Giuffré, 1971. SILVA, Ovídio A. Baptista Curso de Processo Civil v. 1Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris Editor Revista Exame: E o papel, cadê? n 47 ano:2006 São Paulo: Abril. 8ª Pesquisa Comércio Eletrônico no Mercado Brasileiro, feita pela FGV(Faculdade Getulio Vargas) 12.www.ebitempresa.com.br Abril de 2007 12 Acessado em 02/02/2006- www.fgv.com.br- Método: Para desenvolver o estudo, a equipe da FGV considerou 414 empresas, de vários setores econômicos, ramos de atividades e portes. Entre as entrevistadas, estão companhias nacionais e multinacionais, que operam no mercado brasileiro e atuam em diversos níveis no ambiente digital. Segundo dados da FGV, entre companhias pesquisadas, 40% atuam na área de serviços, 35% na indústria e, por fim, 25% no comércio. Os desenvolvedores da pesquisa não divulgaram os números absolutos do estudo.