GRAUS DIAS E RADIAÇÃO RESUMO

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Transcrição:

1 CULTIVO TARDIO DA CULTURA DO MILHO(Zea mays,l.) E SUA RELAÇÃO COM GRAUS DIAS E RADIAÇÃO Josiane Marlle GUISCEM 1, Luiz Marcelo de Aguiar SANS 2, João NAKAGAWA 3,4, Maurício Dutra ZANOTTO 3 RESUMO A realização deste trabalho objetivou avaliar a relação dos graus dias e radiação com a altura da planta e com o aparecimento e comprimento das folhas em duas cultivares de milho (Zea mays L.), BR 6 (ciclo normal) e XL212 (ciclo superprecoce). O experimento foi conduzido, em condições de campo com irrigação, na área experimental da EMBRAPA Milho e Sorgo, em Sete Lagoas, MG. O delineamento experimental utilizado foi de blocos casualizados com 3 repetições. A semeadura foi feita na primeira quinzena de fevereiro de 1994. Diariamente, foram registrados numa estação climatológica portátil eletrônica (modeli LI-10, da LI-Cor), as temperaturas máximas e mínimas do ar e a radiação global. As medições da altura da planta, da quantidade de folhas visíveis com bainha (FCB) e sem bainha (FSB), e do comprimento de folhas (CFB) foram feitas sempre nas mesmas plantas. O número total de folhas visíveis foi obtido por meio da soma de FCB + FSB. Utilizou-se 8 o C como temperatura base para cálculo dos graus dias. Observou-se pelos resultados apresentados pode-se concluir que os graus dias e a radiação influenciam no desenvolvimento vegetativo com a mesma magnitude, portanto, a utilização da regressão múltipla considerando os dois fatores pode refletir mais o desenvolvimento vegetativo. Palavras Chave Milho ; cultivo tardio; graus dias; radiação INTRODUÇÃO O desenvolvimento da folha de milho (Zea mays L.), caracterizado pela taxa de produção de novas folhas, número total de folhas produzidas e duração da área fotossiteticamente ativa, é um importante processo no sistema de produção da cultura (Warrington & Kanemasu, 1983b). A área foliar 1 Eng. Agra, M.Sc., estudante de doutorado do Curso de Pós-Graduação em Agronomia Área de Concentração Agricultura da Faculdade de Ciências Agronômicas FCA/Unesp Campus de Botucatu. Bolsista da CAPES. 2 Pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, CP 151, Sete Lagoas-MG, 35701-970 3 Prof., FCA/ Unesp Depto Agricultura e Melhoramento Vegetal. C.P. 237. Botucatu-SP, 183-970 Email zanotto@fca.unesp.br 4 Bolsista do CNPq.

total é estimada durante o período de emergência até o florescimento (Hesketh & Warrington, 1989), pois de acordo com Warrington & Kamemasu (1983a), a fase de desenvolvimento e expansão da área foliar ocorre durante este período. O desenvolvimento da planta é influenciado por vários fatores ambientais (Fortin & Pieace 1990), e dos fatores meteorológicos, os mais importantes a serem considerados, por influenciarem diretamente o crescimento e o desenvolvimento da planta são: luz ( ou radiação solar), água e temperatura (Coelho & Dale, 1980). É vasta a literatura mostrando que a produção e o número total de folhas na planta são afetados pela insolação e temperatura, enquanto, as cultivares de origem tropical são mais sensíveis ao fotoperíodo (Kiniry et al., 1983; Russel & Stuber, 1983). Vários índices térmicos tem sido usados para estimar os estádios de crescimento da planta, assim de acordo com Coelho & Dale (1980), os graus dias tem uma relação linear com o crescimento e desenvolvimento da planta; e segundo Hesketh & Warrington (1989), a estimativa de emergência da folhas tendo como base os graus dias tem sido o melhor método. Bonhomne et al. (1994)todavia, pondera que as unidades térmicas, por si só, não são suficientes para estimar o período da emergência da plântula ao florescimento nas cultivares tropicais, pois além dos graus dias, o fotoperíodo também afeta a duração deste período, sendo que a resposta dos cultivares a esse fatores te sido diferente ( Rood & Major, 1980). O presente trabalho teve por objetivo estudar as relações dos graus dias e da radiação com a altura da planta e com o comprimento e aparecimento da folha. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido, em condições de campo com irrigação, na área experimental da EMBRAPA-Milho e Sorgo, em Sete Lagoas, Estado de Minas Gerais, cujas coordenadas são 19 o 28 de latitude sul, 44 o 15 de longitude oeste e 732m de altitude. Clima Aw (Köppen), ou seja, típico de savana, com inverno seco e temperatura média do ar do mês mais frio superior a 18 o C. O solo do local é Latossolo Vermelho-Escuro álico argiloso, relevo suavemente ondulado, fase cerrado. Foram utilizadas as cultivares BR 6 (ciclo normal) e XL 212 (ciclo superprecoce). O delineamento experimental utilizado foi blocos casualizados com três repetições. A semeadura foi feita na primeira quinzena de fevereiro de 1994, em parcelas constituídas de 7 fileiras de 15 metros cada, com espaçamento entre elas de 90cm e entre plantas de 30 cm. Diariamente, foram registrados numa estação climatológica portátil eletrônica (modelo LI-10, da LI-Cor), as temperaturas máxima e mínima do ar

e a radiação global (Rad). Foram marcadas, ao acaso, 10 plantas em cada parcela, e feitas medições da altura da planta (AL), sempre nas mesmas plantas marcadas, e anotados a quantidade de folhas visíveis com bainha (FCB), e sem bainha (FSB), e o comprimento (CFB), durante o período de 21 dias após a semeadura (DAS) até o aparecimento da inflorescência masculina (69 DAS), sendo os dados obtidos com intervalos de dias diferentes entre as medições. O número total de folhas visíveis foi obtido por meio da soma de FCB + FSB. Para calcular os graus dias (GDD), utilizou-se 8 o C como temperatura base. Foram ajustadas as curvas para os parâmetros avaliados, por meio de regressão polinomial, sendo a escolha do melhor ajuste feito por meio do menor desvio. As equações de regressão polinomial e de correlação linear simples, com seus respectivos coeficientes de correlação, foram estabelecidos por meio dos softwares SAS, Origin e Statistica. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas Figuras 1a e 1b estão representadas as curvas ajustadas para o comprimento de folha com bainha em relação aos GDD e Rad, respectivamente. A equação que melhor ajustou os pontos de comprimento da folha com bainha (CFB) e altura da planta em relação aos graus dias (GDD) e a radiação (Rad) foi a regressão polinomial de 3 o grau. Verifica-se que até aproximadamente 51 DAS (Figura 1) as relações foram lineares entre CFB x GDD e CFB x Rad, sendo que após esse período houve maior diferenciação do CFB entre as cultivares. Pelos resultados obtidos por meio de correlação linear simples entre CFB x GDD e CFB x Rad nos períodos de 21 a 31 DAS, 36 a 69 DAS e de 21 a 69 DAS, verificou-se correlação linear positiva nas duas cultivares com esses parâmetros correlacionados, e com valores de coeficiente de determinação r 2 significativos com p<0,005, variando de 0,94 a 0,98 entre as cultivares estudadas. Estes resultados estão de acordo com os observados por Warrington & Kanemasu (1983b) e Hesket & Warrington (1989), os quais observaram que a temperatura e a radiação influenciam no desenvolvimento da folha de milho. A análise de regressão com os dados de comprimento médio do CFB das duas cultivares juntas, com graus dias e radiação, mostraram correlações positivas e significativas com p<0,005, como pode ser visto nas equações estimadas e os respectivos coeficiente de determinação r 2 (Tabela 1). Pelos resultados pode-se observar que os efeitos da radiação e dos graus dias no período de 21 a 69 DAS foram similares, verificando que esses parâmetros meteorológicos influenciam no desenvolvimento do comprimento da folha (Figuras 1a, 1b). O valor de R 2 da regressão múltipla da

equação (CFB = 8,162 + 0,0198GDD + 0,021 Rad ) indica que 94% do tamanho da folha são atribuídos aos graus dias e radiação. Comprimento da folha com bainha (cm) 55 50 45 35 30 25 Pendão 0 0 0 800 1000 10 Graus dias (tb 8) R 2 = 0,99 R 2 = 0,99 BR6 XL212 Figura 1a. Relação entre o comprimento médio da folha com bainha (CFB) e o graus dias (GDD), das cultivares BR 6 e XL 212, em cultivo de safrinha. Sete Lagoas, 1994. As equações a seguir referem-se às regressões estimadas representadas na Figura 1a. CFB (BR 6) = 33,69 0,101 x GDD + 2,614 x GDD 2 1,389.10-7 x GDD 3 CFB (XL212) = 11,334 + 0,019 x GDD + 7,426 X GDD 2 5,650.10-8 x GDD 3 Comprimento da folha com bainha (cm) 55 50 45 35 30 25 pendão 0 0 800 1000 10 10 Radiação (MJ) R 2 =0,99 R 2 =0,99 BR6 XL212 Figura 1b. Relação entre o comprimento médio da folha com bainha (CFB) e a radiação (Rad), das cultivares BR 6 e XL 212, em cultivo tardio. Sete Lagoas, 1994. As equações a seguir referem-se às regressões estimadas representadas na Figura 1b. CFB (BR 6) = 9,179 0,006 x Rad + 8,79.10-5 x Rad 2 4,32.10-8 x Rad 3 CFB (XL212) = -22,383 + 0.116 x Rad 5,27.10-5 x Rad 2 + 4,21.10-9 x Rad 3

Tabela 1. Correlação entre o comprimento médio da folha com bainha (CFB), e os graus dias (GDD) e a radiação (Rad.) no período de 21 a 69 DAS, Sete Lagoas, 1994. Dias Comprimento da folha com bainha (cm) após o X Semeadura GDD r 2 Rad r 2 21 a 31 FCB = 16,70 + 0,051 x GDD 0,94 FCB = -10,10 + 0,065 x Rad 0,98 36 a 69 FCB = 16,54 + 0,036 x GDD 0,83 FCB = 13,76 + 0,031 x Rad 0,86 21 a 69 FCB = 10,56 + 0,043 x GDD 0.94 FCB = 6,33 + 0,038 x Rad 0,92 A representação gráfica do ajuste das regressões polinomial de 3 a ordem entre a AL x GDD e AL x Rad para as duas cultivares podem ser observadas nas Figuras 2a e 2b. Observou-se que os coeficientes de determinação r 2 da equações ajustadas entre AL x GDD e AL x Rad não diferiram entre as cultivares, indicando que os graus dias interferiram 97% na altura da planta e a radiação 99%. Pelas retas das equações ajustadas pode-se verificar que a relação entre GDD e AL foi menor em relação a radiação, sendo que após o aparecimento do primórdio da seu efeito foi quase linear até o final do ciclo vegetativo, isto é até a paralisação do crescimento da planta, quando houve diferenciação do florescimento. Altura da planta (cm) 180 1 1 1 100 80 pendão 0 0 0 0 800 1000 10 graus dias da temperatura do ar (tb8) R 2 = 0,97 R 2 = 0,97 BR 6 XL 212 Figura 2a. Relação entre altura da planta e graus dias (GDD), em duas cultivares de milho BR 6 e XL 212 no cultivo de safrinha. Sete Lagoas, 1994. As equações a seguir referem-se às regressões estimadas representadas na Figura 2a. AL (BR 6) = 1,683-0.699 x GDD + 0.001x GDD 2-5.191.10-7 x GDD 3 AL (XL212) = 110,6-0.525 x GDD + 9,28.10-4 x GDD 2-3,66.10-7 x GDD 3

Altura da planta 180 1 1 1 100 80 Figura 2b. Relação entre altura da planta e a radiação (Rad), das cultivares BR 6 e XL 212 no cultivo tardio. Sete Lagoas, 1994. As equações a seguir referem-se às regressões estimadas na Figura 2b AL (BR 6) = -61,931 + 0,232 x Rad 2,064.10-4 x Rad 2 + 1,343.10-7 x Rad 3 AL (XL212) = -84,4 + 0,336 x Rad 3,537.10-4 x Rad 2 + 1,887.10-7 x Rad 3 Na análise de correlação linear simples entre AL x GDD e AL x Rad verificou-se que os GDD e Rad possuem efeito linear na altura da planta. Esta resposta observada está de acordo com os resultados de Singh et (1976) e Benoit et al.(1990), os quais constataram que a temperatura influência na altura da planta. pendão 0 0 0 800 1000 10 10 Radiação (MJ) R 2 = 0,99 R 2 =0,99 As equações e os coeficientes de determinação da correlação entre a altura da planta das duas cultivares juntas com GDD e Rad podem ser observadas na Tabela 2, na qual verifica-se que os coeficientes de correlação entre AL e Rad em geral foram maiores. BR 6 XL 212 Tabela 2. Equações de correlação linear simples e respectivos coeficientes de determinação da correlação entre altura média da planta (AL) no período de 21 das a 69 das com graus dias (GDD) e radiação (Rad.) Dias Altura da planta (cm) após o X Semeadura GDD r 2 Rad r 2 21 a 31 AL = - 11,21 + 0,097 x GDD 0,96 AL = - 42,32 + 0,122 x Rad 0,95 36 a 69 AL = - 99,15 + 0,253 x GDD 0,92 AL = -118,15 + 0,217 x Rad 0,96 21 a 69 AL = -,94 + 0,7 x GDD 0.93 AL = - 83,39 + 0,185 x Rad 0,96 Pelo ajuste da regressão múltipla entre a AL x Rad e GDD pode-se observar por meio do coeficiente de determinação R 2 da equação ajustada AL = -0,93 1,110GDD + 0,38 Rad, que 96% da altura da planta é influenciada pela radiação e Graus dias

De acordo com os resultados de análise de regressão múltipla o número total de folhas visíveis (FTV), quantidade de folhas com bainha (FCB) durante o período de desenvolvimento vegetativo são influenciadas pelos graus dias e radiação, pois a análise de variância da regressão múltipla estimada foi significativa com p<0,005 e com coeficiente de determinação R 2 de 0,92 e 0,79 para FTV e FCB, respectivamente, cujas equações estimadas foram: FTV = 4,763 + 0,006GDD + 0,004 Rad e FCB = - 1,62 + 0,010 GDD + 0,004 Rad. Esses resultados tem estão concordantes com os encontrados na literatura. Segundo Muchow & Carbery (1989), a temperatura ambiente e a radiação influenciam no crescimentoe desenvolvimento da cultura. CONCLUSÕES Pelos resultados apresentados pode-se concluir que os graus dias e a radiação influenciam no desenvolvimento vegetativo com a mesma magnitude, portanto, a utilização da regressão múltipla considerando os dois fatores pode refletir mais o desenvolvimento vegetativo. BIBLIOGRAFIA BENOIT, G.R.; OLNESS, A.; VANSICKLE, K.A. Day-night temperature effects on leaf expasion and height of field-grown corn. Agron. J., Madison, v.82, p.690-695, 1990. BONHOMME; DERIEUX, M.; EDMAEADS, G.O. Flowering of diverse maize cultivars in relation to temperature and photoperiod in multilocation field trials. Crop Sci., Madison, v.34, p.156-164, 1994. COELHO, D.T.; DALE, R.F. An energy-crop growth variable and temperature function for predicting corn growth and development: planting to silking. Agron. J., Madison, v.72, p.503-510, 1980. FORTIN, M.C.; PIERCE, F.J. Developmental and growth effects of crop residues on corn. Agron. J., Madison,v.82, p.710-715, 1990. HESKETH, J.D.; WARRINGTON, J.J. Corn growth response to temperature: rate and duration of leaf emergence. Agron. J., Madison, v.81, p.1225-1232, 1989. KINIRY, J.R.; RITCHIE, J.T.; MUSSER, R.L. Dynamic nature of the photoperiod response in maize. Agron. J., Madison, v.75, p.700-703, 1983. MUCHOW, R.C.; CARBERY, P.S. Environmental control of phenology and leaf growth in a tropically adapted maize. Field Crop Res., Amsterdam, v., p.221-236, 1989. ROOD, S.B.; MAJOR, D.J. Response of early corn inbreds to photoperiod. Crop Sci., Madison, v., p.679-682, 1980. RUSSEL, W,K,; STUBER, C.W. Effects of photoperiod and temperature on the duration of vegetative growth in maize. Crop Sci., Madison, v.23, p.847-50, 1983. SINGH, P.M.; GILLEY, J.R.; SPLINTER, W.E. Temperature threshold for corn growth in a controlled environmental. Transactions of the ASAE, p.1152-1155, 1976. WARRINGTON, I.J.; KANEMASU, E.T. Corn growth response to temperature and photoperiod. Leaf-initiation and leaf-appearance rates. Agron. J., Madison,v.82, p.755-761, 1983 a. WARRINGTON, I.J.; KANEMASU, E.T. Corn growth response to temperature and photoperiod. III. Leaf number. Agron. J., Madison, v.75, p.762-766, 1983b.