FITOTERAPIA NO SUS COMO FERRAMENTA PARA PARTICIPAÇÃO CIDADÃ DOS USUÁRIOS DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS)

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Transcrição:

FITOTERAPIA NO SUS COMO FERRAMENTA PARA PARTICIPAÇÃO CIDADÃ DOS USUÁRIOS DO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS) Itana Suzart Scher (1); Agatha Cassia Porto (1); Mayara de Queiroz Oliveira Ribeiro da Silva (1,2); Mara Zélia de Almeida (1,2) 1. Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Farmácia, Programa Farmácia da Terra, farterra@ufba.br. 2. Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, Núcleo Estadual de Plantas Medicinais e Fitoterápicos FITOBAHIA, fitobahia.nucleo@saude.ba.gov.br Introdução O Programa de Extensão Permanente Farmácia da Terra, em atividade desde 1998, regularmente registrado no SIATEX/UFBA (Sistema de Registro e Acompanhamento de atividades de extensão) sob o número 1483, busca difundir o uso consciente de plantas medicinais e fitoterápicos, além da inserção da fitoterapia no SUS no Estado da Bahia em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (SESAB), fortalecendo as relações de cuidados ancestrais e saberes de povos e comunidades tradicionais. Dentre as atividades realizadas temos a implantação do horto farmacobotânico, modelo Farmácia Viva, no campus Ondina da UFBA e o projeto FITOCONDE EDUCA (FAPESB), que capacitou profissionais de saúde do SUS de nível médio e superior no que tange uso de plantas medicinais e fitoterápicos. Para a incorporação da fitoterapia no SUS temos as Políticas Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) (Brasil, 2006) e a Politica Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (BRASIL, 2006), o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) (BRASIL, 2008) que indicam ações e metas que os municípios precisam cumprir para alcançar este objetivo. A PNPIC, por exemplo, traz como uma das diretrizes: Resgatar e valorizar o conhecimento tradicional e promover a troca de informações entre grupos de usuários, detentores de conhecimento tradicional, pesquisadores, técnicos, trabalhadores em saúde e representantes da cadeia produtiva de plantas medicinais e fitoterápicos (Brasil, 2006). Na Bahia, a Politica Estadual de Práticas Integrativas e Complementares vem sendo implementada a partir de demandas do controle social e articulações intersetoriais com atores envolvidos com as Práticas Integrativas e a Educação Popular em Saúde nos mais diversos espaços. Esse processo teve como marco a publicação da Portaria 2815 de 1º de outubro de 2008, revogada pela portaria 1686 de 16 de outubro de 2009 que instituiu em seu Art. 1, o Núcleo Estadual de

Práticas Integrativas e Complementares (NEPIC), tendo como parte integrante o Núcleo Estadual de Plantas Medicinais e Fitoterápicos - Núcleo FITOBAHIA. Assim esse projeto de extensão incluiu aspectos de formação para o ensino, pesquisa e extensão, de modo a contribuir para a formação acadêmica e cidadã de estudantes buscando a interação entre setores da sociedade, de forma ativa, reflexiva, crítica e participativa, tendo como principal objetivo identificar estratégias para a inserção da Fitoterapia no SUS no Centro de Atenção Psicossocial II (CAPS II) UFBA, através da implantação de uma horta terapêutica, realização de oficinas com profissionais e usuários, além de produção de material didático para auxiliar e divulgar as ações realizadas. Buscou-se o resgate das práticas de saúde tradicionais, o incentivo a mobilização social, a realização de atividades diferenciadas para os usuários do CAPS II, além do envolvimento de toda a equipe em atividades complementares às atividades dos usuários do CAPS, seguindo as Marcas/prioridades e Estratégias gerais da Política Nacional de Humanização, que traz que as unidades de saúde devem garantir acesso à educação permanente aos trabalhadores, incluindo a extensão em saúde vinculada a Universidades (Brasil, 2004). Tais atividades proporcionaram um contato com a terra, cultivo de plantas medicinais, orientação sobre uso de chás, possibilitando maior convivência e participação na rotina do serviço de saúde, ampliando a adesão ao tratamento. Segundo Ely et al (2012): As oficinas atuam no âmbito social e contribuem como possibilidade de transformação da realidade, no que diz respeito a toda concepção do processo saúde-doença. Sua proposta é a expressão da singularidade e subjetividade, num espaço de convivência, criação e reinvenção do cotidiano. Sendo essas atividades desenvolvidas pelas bolsistas do projeto com os seguintes objetivos: - Envolvimento da equipe CAPS e usuários na pactuação das atividades; - Oficina de horta terapêutica (horta suspensa); - Incentivar o cultivo de plantas medicinais e orientação sobre uso de chás como prevenção e promoção da saúde; - Orientar os usuários do CAPS sobre o cultivo, manejo, colheita e utilização das plantas medicinais; - Proporcionar espaços de vivência aos acadêmicos, com debates críticos-reflexivos sobre a Luta Antimanicomial e a Reforma Sanitária Brasileira; - Produção de material gráfico para realização das atividades: cartilha, folder e banner.

Metodologia Através das primeiras reuniões para mobilização e reconhecimento da forma de ação cotidiana dos servidores para com os usuários do CAPS, utilizando metodologia de problematização foi discutido com os mesmos anseios e formas de realizar estratégia de acesso aos usuários para a realização das atividades propostas. Foram utilizados com os servidores questionários semiestruturados e observação participante. As Oficinas sobre Reforma Sanitária Brasileira e Luta Antimanicomial foram realizadas no formato de rodas de conversa e relatos de experiência. A Oficina de cultivo e produção de chás foi realizada com plantas medicinais previamente escolhidas por todos os participantes através de rodas de conversa sobre o tema. Foram realizadas também busca em sites científicos especializados sobre os temas abordados para apoiar a elaboração dos materiais didáticos (banner, folder e cartilha) utilizados em todas as atividades. Resultados e Discussão A execução desse projeto trouxe uma vivência dentro da realidade do serviço, com suas dificuldades o que também refletiu no desenvolvimento do projeto. As dificuldades encontradas no serviço, por exemplo, pouco recurso material, humano e financeiro, evidencia as lacunas e contradições do Sistema Único de Saúde e mais ainda a pouca atenção dada à Saúde Mental dentro dos municípios; assim como, trouxe também à dedicação dos profissionais envolvidos, o empenho da equipe, a participação dos residentes nas atividades da unidade, o contato e a relação de confiança construída com a família e os usuários, pondo em prática o que determina a Portaria GM nº 336 de 2002, que define e estabelece sobre as modalidades de serviços nos Centros de Atenção, afirmando que o trabalho em Saúde Mental deve se pautar pela criação de vínculos entre profissional e sujeito atendido, proporcionando abertura e confiança para que os sujeitos possam expor e ter atendidas as suas necessidades (Brasil, 2002 apud Levy 2016). Por conta da dinâmica do serviço e também da rotina de atividades não foi possível aprofundar as discussões nas oficinas sobre Reforma Sanitária Brasileira e Luta Antimanicomial, alguns encontros foram desmarcados por conta da necessidade da ida dos servidores a domicílio dos usuários. Em compensação, outras oficinas foram muito bem recebidas por parte de todos, com ótimo aproveitamento, tais como: aromaterapia, oficinas de cultivo e produção de chás, momentos

onde surgiram muitas dúvidas demonstrando a importância de espaços desse tipo e com esses temas para servidores e usuários. Foram momentos de troca bastante proveitosos. Os resultados esperados para o projeto foram alcançados: realização de reuniões com a equipe do CAPS para discussão do projeto, contribuições e troca de experiências, realização de oficina de cultivo com produção de mudas para os usuários levarem para casa, oficina de cultivo com confecção de horta suspensa,, oficina de aromaterapia e oficina de produção de chás, com elaboração de cartilha, folder e banner sobre os assuntos abordados para serem distribuídos para os servidores e usuários. E ao final do mesmo os discentes envolvidos apresentaram-se mais comprometidos com as questões sociais, cientes das realidades socioculturais de região, onde irão atuar como profissional, além de estimular a sensibilização no referente ao entendimento do outro nas suas práticas cotidianas. Entende-se que essas propostas também colaborem no desenvolvimento das habilidades profissionais, contribuindo com as habilidades cognitivas e afetivas dos bolsistas. Fotos das oficinas de cultivo:

Cartilha desenvolvida a partir do projeto: Oficina de aromaterapia:

Conclusão Trabalhar com saúde mental é muito valoroso e traz aprendizados diversos, desde reverter os estigmas sociais para com usuários do serviço CAPS, trazendo empatia, sensibilidade, compreensão e o fato de ser com uma equipe multiprofissional também contribuiu nesse sentido, além de trazer à tona a atuação do profissional farmacêutico no serviço do SUS, dentro do CAPS. A equipe foi muito receptiva e participativa desde o primeiro contato, estando à disposição quando surgiam as dúvidas. A interação e participação das e dos usuários em cada oficina desenvolvida, tirando dúvidas, contribuindo com as plantas utilizadas por eles, participando das oficinas de cultivo e levando com eles mudas, trazendo suas vivências nas oficinas de produção de chás, ressalta a importância da utilização da fitoterapia em seus aspectos de uso, cultivo, produção de chás, para a participação das e dos usuários em atividades do CAPS, fortalecendo a relação e os vínculos criados com a equipe, que também estivera presente durante as oficinas. A construção de relações horizontais que levam ao ensino-aprendizado em ambas as partes é deveras educativo e formativo, possibilitando uma troca que ultrapassa as expectativas e insere o usuário participante num contexto de participação cidadã que também culmina em maior integração com a equipe de cuidado e autonomia do paciente em relação à sua própria vida, tendo contribuído dessa forma a inserção da fitoterapia e suas nuances no contexto das oficinas do CAPS II UFBA, como ferramenta interativa e integrativa entre usuário, profissionais e estudantes.

Referências Bibliográficas ALMEIDA, M. Z. et al. Species with medicinal and mystical-religious uses in São Francisco do Conde, Bahia, Brazil: a contribution to the selection of species for introduction into the local Unified Health System. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 24, p. 171-184, 2014. Disponível em < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0102-695x2014000200171>. Acesso em 10 jul 2016. ARNAUD, D. K. L. et al. Produção de hortas orgânicas como instrumento de terapia ocupacional para os usuários do CAPS. VII Congresso Norte Nordeste de Pesquisa e Inovação. Disponível em < http://propi.ifto.edu.br/ocs/index. php/connepi/vii/paper/viewfile/4465/1884>. Acesso em 11 jul. 2016. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS - PNPIC-SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Decreto nº 5.813, de 22 de junho de 2006. Aprova a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília. 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização: a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. ELY, G. Z. et al. Oficina Terapêutica: Um Espaço de (Re) Inventar o Cotidiano. 2012. Disponível em: http://www.unifra.br/eventos /jornadadeenfermagem/trabalhos/4177.pdf. Acesso em: 10 jul. 2016. LEVY, V. L. S. Oficinas terapêuticas e produção de vínculo em caps ad. Cadernos Brasileiros de Saúde Mental, ISSN 1984-2147, Florianópolis, v.8, n.19, p.97-106, 2016. MOURA, M.A. Cultivo de plantas medicinais: guia prático. Manual Técnico 27. Niterói: Programa Rio Rural, 2010.