Rendimento forrageiro e composição bromatológica de milheto cv. ADR-300 submetido a diferentes doses de nitrogênio

Documentos relacionados
Produção e composição bromatológica do milheto forrageiro submetido à adubação nitrogenada

RENDIMENTO FORRAGEIRO E COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA DE MILHETO SOB ADUBAÇÃO NITROGENADA

COMPOSIÇÃO QUÍMICO-BROMATOLÓGICA EM CULTIVARES DE Brachiaria 1

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

PRODUTIVIDADE DE MILHO SAFRINHA EM AMBIENTES E POPULAÇÕES DE BRAQUIÁRIAS

Anais do Congresso de Pesquisa, Ensino e Extensão- CONPEEX (2010)

COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA DO CAPIM MULATO SUBMETIDO À ADUBAÇÃO NITROGENADA DURANTE O CRESCIMENTO

V Semana de Ciência e Tecnologia do IFMG campus Bambuí V Jornada Científica 19 a 24 de novembro de 2012

Produção e Composição Químico-Bromatológica de Milheto Utilizando Diferentes Fontes e Doses de Nitrogênio.

ADUBAÇÃO NPK DO ALGODOEIRO ADENSADO DE SAFRINHA NO CERRADO DE GOIÁS *1 INTRODUÇÃO

Avaliação do valor nutricional da silagem de genótipos de sorgo submetidos a diferentes idades de corte

ADUBAÇÃO ORGÂNICA E ORGANOMINERAL COM CAMA SOBREPOSTA SUÍNA E SUA INFLUÊNCIA NA PRODUTIVIDADE DO CAPIM MOMBAÇA

EFEITO DE ADUBAÇÃO NITROGENADA EM MILHO SAFRINHA CULTIVADO EM ESPAÇAMENTO REDUZIDO, EM DOURADOS, MS

Comportamento Agronômico de Cultivares de Sorgo Forrageiro em Jataí - Goiás 1

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE GIRASSOL EM SAFRINHA DE 2005 NO CERRADO NO PLANALTO CENTRAL

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA SILAGEM DE CAPIM-ELEFANTE CONTENDO FARELO DA VAGEM DE FAVEIRA E UREIA

Produção e Composição Bromatológica de Cultivares de Milho para Silagem

Teores de Matéria Seca e Proteína Bruta da silagem de Panicun maximum cv. Mombaça com a inclusão de níveis crescentes de farelo de algodão 1

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

INFLUÊNCIA DE DOSES DE NITROGÊNIO NA PRODUÇÃO ESTACIONAL DO CAPIM MOMBAÇA SUBMETIDO A DUAS ALTURAS DE CORTE

ADUBAÇÃO QUIMICA E BIOLÓGICA DE PASTAGEM CULTIVADA NA REGIÃO DE CERES- GOIÁS Bruno SILVA* 1, Kenia TRINDADE 2, Alan MACHADO 2

CARACTERÍSTICAS BROMATOLÓGICAS DA SILAGEM DE SORGO EM FUNÇÃO DE DUAS DATAS DE SEMEADURA COM DIFERENTES POPULAÇÕES DE PLANTAS NO SUL DE MINAS GERAIS

MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIAS EM ESPAÇAMENTO NORMAL E REDUZIDO

43ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia 24 a 27 de Julho de 2006 João Pessoa - PB

PRODUÇÃO DE MASSA SECA, COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA E FRACIONAMENTO DA PROTEÍNA DE DUAS CULTIVARES DE MILHETO SOB DOSES DE NITROGÊNIO EM REGIME DE CORTES

ESTRATÉGIAS DE APLICAÇÃO E FONTES DE FERTILIZANTES NA CULTURA DA SOJA 1

CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE VARIEDADES E HÍBRIDOS DE SORGO FORRAGEIRO NO OESTE DA BAHIA

ATRIBUTOS QUÍMICOS DO SOLO E RENDIMENTO DE GRÃOS DE MILHO SOB DO CULTIVO CONSORCIADO COM ADUBOS VERDES. Reges HEINRICHS. Godofredo César VITTI

USO DE MILHETO COMO SILAGEM COMPARADO A GRAMINEAS TRADICIONAIS: ASPECTOS QUANTITATIVOS, QUALITATIVOS E ECONÔMICOS (Dados Parciais)

FRACTIONS FIBROUSES (NDF, ADF, CELLULOSE AND LIGNINA) OF SORGHUM HYBRID WITH SUDAN GRASS.

VALORES DE FÓSFORO, CÁLCIO, MAGNÉSIO, OBTIDO NA PLANTA DO MILHO SEM ESPIGAS EM CONSÓRCIO COM FORRAGEIRAS 1.

PARCELAMENTO DA COBERTURA COM NITROGÊNIO PARA cv. DELTAOPAL E IAC 24 NA REGIÃO DE SELVÍRIA-MS

COMPOSIÇÃO QUÍMICA DOS COMPONENTES MORFOLÓGICOS DO CAPIM- MASSAI MANEJADO SOB FREQUÊNCIAS E INTENSIDADES DE PASTEJO

ANÁLISE DIALÉLICA DE LINHAGENS DE MILHO FORRAGEIRO PARA CARACTERES AGRONÔMICOS E DE QUALIDADE BROMATOLÓGICA

Composição Bromatológica de Partes da Planta de Cultivares de Milho para Silagem

RESPOSTA DE HÍBRIDOS DE MILHO AO NITROGÊNIO EM COBERTURA

11 a 14 de dezembro de Campus de Palmas

EVOLUÇÃO DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

INTERAÇÃO ENTRE NICOSULFURON E ATRAZINE NO CONTROLE DE SOJA TIGUERA EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIA

PP = 788,5 mm. Aplicação em R3 Aplicação em R5.1. Aplicação em Vn

INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA E MATERIAL HÚMICO SOBRE A PRODUÇÃO DE ALFACE AMERICANA

18 PRODUTIVIDADE DA SOJA EM FUNÇÃO DA

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

RESPOSTA DE MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis À ADUBAÇÃO, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

POTENCIAL PRODUTIVO E COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA DE HÍBRIDOS DE SORGO FORRAGEIRO SUBMETIDO À ADUBAÇÃO NITROGENADA 1

FRACIONAMENTO DE PROTEÍNAS DO CONCENTRADO COM NÍVEIS CRESCENTES DE MILHETO EM SUBSTITUIÇÃO AO MILHO EM DIETAS DE OVINOS DE CORTE EM CONFINAMENTO

CARACTERÍSTICAS BROMATOLÓGICAS DA SILAGEM DO HÍBRIDO DE MILHO 2B587PW SUBMETIDO A DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO EM ADUBAÇÃO DE COBERTURA

TÍTULO: PRODUÇÃO DE FORRAGEM DE ESPÉCIES DE BRACHIARIA SUBMETIDAS A DIFERENTES ALTURAS DE CORTE

Produção de Mudas de Melancia em Bandejas sob Diferentes Substratos.

SILAGEM DE CEREAIS FORRAGEIROS

11 EFEITO DA APLICAÇÃO DE FONTES DE POTÁSSIO NO

ADUBAÇÃO NITROGENADA EM NABO FORRAGEIRO PARA BIOMASSA NITROGEN IN TURNIP FORAGE FOR BIOMASS

INOCULAÇÃO DE SEMENTES COM Azospirillum E NITROGÊNIO EM COBERTURA NO MILHO SAFRINHA

TÍTULO: PRODUÇÃO DE FORRAGEM DE ESPÉCIES DE "BRACHIARIA" SUBMETIDAS A DIFERENTES ALTURAS DE CORTE

Efeito da adubação química, orgânica e organo-química no acúmulo de nitrato em alface produzida no Distrito Federal.

DISPONIBILIDADE DE MACRONUTRIENTES EM LATOSSOLO APÓS O USO DE ADUBAÇÃO VERDE

Termos para indexação: nitrogênio, matéria seca, Brachiaria decumbens, recuperação, acúmulo

Comunicado Técnico. Odo Primavesi 1 Rodolfo Godoy 1 Francisco H. Dübbern de Souza 1. ISSN X São Carlos, SP. Foto capa: Odo Primavesi

AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHETO NA INTERFACE CHUVA/SECA

LEANDRO ZANCANARO LUIS CARLOS TESSARO JOEL HILLESHEIM LEONARDO VILELA

ADUBAÇÃO DE MANUTENÇÃO COM NITROGÊNIO E FÓSFORO PARA A PRODUÇÃO DE FENO COM O CAPIM MASSAI (Panicum maximum CV. Massai)

Produção e Qualidade de Milho Para Silagem Sob Diferentes Arranjos Espaciais

ESPAÇAMENTO ENTRE LINHAS E DENSIDADES DE SEMEADURA DE MILHO EM CONDIÇÕES DE SAFRINHA

Composição bromatológica da Brachiaria brizantha

SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MILHO PARA PRODUÇÃO DE SILAGEM SAFRA 2017/2018. Campinas 21 de junho de 2018

Eficiência agronômica de inoculante líquido composto de bactérias do gênero AzospirÜ!um

Espaçamento alternado e controle de crescimento do feijoeiro com aplicação do fungicida propiconazol

TEOR E EXTRAÇÃO DE NPK EM DOIS GENÓTIPOS DE MILHO SAFRINHA SOLTEIRO E CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIA

17 EFEITO DA APLICAÇÃO DE MICRONUTRIENTES NA

Avaliação de Híbridos de Milho para a Produção de Forragem 1. Introdução

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

16 EFEITO DA APLICAÇÃO DO FERTILIZANTE FARTURE

PRODUÇÃO DE ALFACE AMERICANA SOB INFLUÊNCIA DA ADUBAÇÃO ORGÂNICA E DOSES DE MATERIAL HÚMICO

Concentrações de Nutrientes no Limbo Foliar de Melancia em Função de Épocas de Cultivo, Fontes e Doses de Potássio.

PRODUÇÃO DE MASSA SECA DA PARTE AÉREA E DE RAÍZES DA SOJA ADUBADA COM DEJETOS LÍQUIDOS DE SUÍNOS

Resposta das culturas à adubação potássica:

CONCENTRAÇÃO MINERAL DE GENÓTIPOS DE

EFEITO DO INTERVALO DE CORTE NA CONCENTRAÇÃO DE MACRO E MICRONUTRIENTES DA BRACHIARIA BRIZANTHA cv. MG5

8º Congresso Brasileiro de Algodão & I Cotton Expo 2011, São Paulo, SP 2011 Página 593

EFICIÊNCIA AGRONÔMICA E VIABILIDADE TÉCNICA DO PROGRAMA FOLIAR KIMBERLIT EM SOJA

Pró-Reitoria de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação. Resumo Expandido

fontes e doses de nitrogênio em cobertura na qualidade fisiológica de sementes de trigo

AVALIAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE METAIS PESADOS EM GRÃOS DE SOJA E FEIJÃO CULTIVADOS EM SOLO SUPLEMENTADO COM LODO DE ESGOTO

2 CORTE. y = x x R2 = NITROGÊNIO(kg/ha)

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

¹ Bacharelando em Agronomia DCA/IFMG/Bambuí ² Prof. DSc. Forrragicultura e Pastagens Orientador DCA/IFMG/ Bambuí

AVALIAÇÃO DO ARRANJO DE PLANTAS DE GIRASSOL

Produtividade do Sorgo Forrageiro em Diferentes Espaçamentos entre Fileiras e Densidades de Plantas no Semi-Árido de Minas Gerais

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MINI ALFACE CRESPA QUANTO À COBERTURA DO SOLO E ESPAÇAMENTO, EM TRÊS ÉPOCAS DE SEMEADURA

CEP , Aquidauana, MS. 3 UNESP Ilha Solteira, Rua 3, nº 100, CEP , Ilha Solteira, SP.

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 637

EFEITO DE MÉTODOS DE APLICAÇÃO DE CALCÁRIO SOBRE ORENDIMENTO DEGRÃos DESOJA, EM PLANTIO DIRETOl

Produtividade de forragem em três genótipos de milheto em diferentes doses de cama de aviário

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

Análise bromatológica da cana-de-açúcar armazenada e hidrolisada com óxido de cálcio

NUTRIENTES EXTRAÍDOS PELA CULTURA DO SORGO FORRAGEIRO CV. JUMBO EM FUNÇÃO DAS DOSES DE NITROGÊNIO

15 AVALIAÇÃO DOS PRODUTOS SEED E CROP+ EM

RESPOSTA DO MILHO SAFRINHA A DOSES E ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DE POTÁSSIO

Doses de potássio na produção de sementes de alface.

Transcrição:

Rendimento forrageiro e composição bromatológica de milheto cv. ADR-300 submetido a diferentes doses de nitrogênio A. G. da SILVA 1, A. F. de S. FRANCA 2, C. G. de MORAES FILHO 3, L. C. RIOS 3, M. A. B. de. FARIAS 3, S. Q. S. MELLO 4, J. L. FERREIRA 4, E. S. MIYAGI 4, M. F. da SILVA JÚNIOR 5 1 Resumo: Avaliou-se a produção de matéria seca e a composição bromatológica do milheto forrageiro cv. ADR-300 submetido a doses crescentes de nitrogênio (N) em três cortes realizados a uma altura residual de 0,25 m da superfície do solo. O experimento foi conduzido em um Latossolo Vermelho distrófico em área da Universidade Federal de Goiás no município de Goiânia. As doses de nitrogênio aplicadas sob forma de sulfato de amônio foram; 0, 50, 100 e 150 kg/ha. O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados em esquema fatorial 4 x 3, com três repetições. Os atributos avaliados foram a produção de matéria seca (PMS) e teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA). A produção de matéria seca diferiu (P<0,05) apenas no primeiro corte, onde foram observadas as maiores produções. O teor de matéria seca no primeiro e segundo corte não diferiu (P>0,05) entre doses, exceto no tratamento controle.houve uma tendência de decréscimo no teor de MS à medida que as doses de N se elevaram. O acréscimo das doses de N promoveu uma elevação dos teores de PB do milheto, em todos os cortes. Houve decréscimo no teor de PB de acordo com a sucessão dos cortes. Os teores de FDN variaram com as doses aplicadas e cortes, com maiores valores no terceiro corte (69,54 e 71,99%). Verificou-se que houve uma tendência de declínio dos valores de FDA em função do acréscimo das doses de N, porém com diferença (P<0,05) apenas no primeiro corte. Palavras chave: adubação nitrogenada, altura residual, fibra, Pennisetum glaucum, produção de matéria seca, proteína bruta. 1 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal UFG/Goiânia. e-mail: agszoo@posgrad.ufg.br 2 Professor titular, doutor, Departamento de Produção Animal EV UFG/Goiânia. e-mail: aldi@vet.ufg.br 3 Acadêmicos do curso de Agronomia, EAEA UFG/ Goiânia 4 Doutorandos do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal UFG/ Goiânia 5 Médico Veterinário

Forage income and chemical composition of pearl millet cv. ADR-300 submitted the different nitrogen doses Abstract: It was evaluated dry matter production and the chemical composition of pearl millet cv. ADR-300 submitted the increasing nitrogen doses in three carried through cuts to one 0,25 m of residual height. The experiment was lead in a Red Latossolo Distrófico in Federal University of Goiás area in Goiânia. The nitrogen doses applied was ammonium sulfate form had been; 0, 50, 100 and 150 kg.ha -1 and 0,25m of tested residual height were. The adopted experimental delineation was of blocks randomized in factorial 4 x 3, with three repetitions. The evaluated attributes had been the dry matter production and dry matter tenors (DM), crude protein (CP), neutral detergent fiber (NDF) and acid detergent fiber (ADF). The dry matter production differed (P>0,05) between doses, except in the control treatment. It was decrease in the DM tenors to the measure that the N doses if had raised. The addition of the N doses promoted a rise of CP tenors of pearl millet, in all the cuts. The succession of the cuts in accordance with had decrease in the CP tenors. The NDF tenors had varied with the applied doses and cuts, with bigger values in the third cut (69,54 and 71,99%). It was verified that it had a trend of decline of the values of ADF in function of the addition of the N doses, however with difference (P<0,05) but in the first cut. Keywords: crude protein, dry matter production, fiber, nitrogen fertilization, Pennisetum glaucum, residual height. Introdução O milheto (Pennisetum glaucum L.R. Br.) é uma planta anual, originária das savanas africanas, de crescimento cespitoso e ereto, com ciclo de cerca 130 dias. Contém de 7% a 12% de proteína na matéria seca e pode ser usado para pastoreio, feno, produção de grãos e silagem, sendo muito resistente à seca. Por isso, é uma boa opção para o cultivo em safrinha, na região dos cerrados. Tem-se expandido de forma acelerada devido à sua rusticidade, ao crescimento rápido, à adaptação a solos de baixa fertilidade e à excelente capacidade de produção de biomassa (SALTON; KICHEL 1998). O nitrogênio é o fator que mais limita a produção de forragem em ecossistemas de pastagens do mundo, e quando utilizado corretamente promove o rápido aumento de matéria seca. Nesse sentido, Hart e Burton (1965) afirmaram que dentro de certos limites, ao ser adicionado ao solo, o N promove aumentos no rendimento de matéria seca e teor de proteína bruta (PB) na cultura de milheto. Esses mesmo autores observaram resposta linear em produção de massa da cultivar Gahi para níveis de 0 a 600 kg/ha de N. No que se refere ao manejo das plantas forrageiras, um dos fatores que influencia na produção e no vigor de rebrota do milheto é a altura residual utilizada no momento da colheita.

Esse experimento teve como objetivo observar o efeito de doses de nitrogênio em três cortes na altura residual de 0,25 m sobre a produção e composição bromatológica do milheto forrageiro cv. ADR-300 no município de Goiânia GO. Material e Métodos O experimento foi conduzido em área do Departamento de Produção Animal DPA da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás, utilizando-se o milheto forrageiro cv. ADR- 300 no período de janeiro a abril de 2006. O solo da área experimental é classificado em Latossolo Vermelho distrófico e para fins de caracterização química do solo foram coletadas amostras na profundidade de 0,20 m, tendo a análise revelado o seguinte resultado: Ca; 2,7; Mg: 0,9; K: 0,13; Al: 0 e H: 1,9 (cmol c.dm 3 ); P(Mel): 17,5 e K: 51 (mg.dm 3 ); ph em CaCl 2 : 5,6; saturação por bases: 66,1% e M.O.: 39g/kg. Os tratamentos foram constituídos por quatro doses de N: (0; 50; 100 e 150 kg/ha) e três cortes. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados em esquema fatorial 4 x 3 com três repetições. As adubações potássica e nitrogenada de cobertura foram realizadas aos dez dias após a emergência, aplicando-se 60 kg/ha K 2 O (cloreto de potássio), em dose única, enquanto o nitrogênio (sulfato de amônio) foi parcelado em três vezes, sendo 60% aos 10 dias após a germinação e o restante em duas aplicações, correspondendo a 20% da dose total, após o primeiro e o segundo corte. A semeadura foi realizada manualmente em 16/01/2006, com uma densidade de 20 sementes puras e viáveis (SPV) por metro linear. As parcelas foram compostas por cinco linhas de cinco metros lineares, espaçadas de 0,40 m. Os cortes foram realizados a uma altura residual de 0,25 m da superfície do solo. O primeiro corte foi realizado aos 31 dias após a germinação (08/03/2006), tendo a idade fisiológica como parâmetro para o momento que antecede o processo de emissão de inflorescência. O segundo corte ocorreu com intervalo de 13 dias (21/03/2006), enquanto o terceiro ocorreu com 21 dias de intervalo (11/04/2006). Após cada corte, o material foi identificado e encaminhado para o laboratório, pesado e em seguida tomou-se uma sub-amostra de aproximadamente 500 g, que foi levada a estufa de ventilação forçada, durante 72 horas, a temperatura 65 C, para pré-secagem. Visando as determinações laboratoriais as amostras foram moídas em moinho do tipo Willey com peneira de 1 mm. Foram determinados a produção de matéria seca, os teores de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB) de acordo com metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002). As determinações de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) foram realizadas de acordo com metodologia descrita por Van Soest (1994). Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo programa PROC GLM do sistema SAS e as médias comparadas pelo teste t a 5% de significância.

Resultados e Discussão Os resultados de produção e relativos aos conteúdos de MS, PB, FDN e FDA para as diferentes doses aplicadas a cada corte são apresentados na Tabela 1. A produção de matéria seca diferiu (P<0,05) apenas no primeiro corte, onde foram observadas as maiores produções, com valores médios de 335,63 kg/ha no tratamento controle e 711,94 kg/ha na dose equivalente a 150 kg/ha. Não houve diferença (P>0,05) na produção de matéria seca por ocasião do segundo e terceiro corte em todas as doses aplicadas, apresentando produção semelhante entre si, com exceção da dose com aplicação de 100 kg/ha de N. O teor de matéria seca no primeiro e segundo corte não diferiu (P>0,05) entre doses, exceto no tratamento controle, apresentando maiores teores. Teores mais elevados de MS foram observados por ocasião do terceiro corte, apresentando variação média de 15,34 para 17,29%. Houve uma tendência de decréscimo no teor de MS à medida que as doses de N se elevaram. O acréscimo das doses de nitrogênio promoveu uma elevação linear dos teores de PB concentrados na matéria seca produzida, em todos os cortes. Resultados semelhantes foram encontrados por Kichel et al. (1999) em trabalhos realizados com milheto, verificando valores médios de PB entre 7,5 e 23,0%. As grandes variações observadas nos teores de proteína das plantas são atribuídas a diversos fatores, entre eles destacam-se o cultivar, estádio fenológico, manejo e principalmente a utilização da adubação nitrogenada. Por ocasião do segundo corte verificou-se valores semelhantes de PB entre as doses equivalentes a 100 e 150 kg/ha de N, os quais não diferiram (P>0,05) entre si. Houve decréscimo no teor de PB de acordo com a sucessão dos cortes, sendo os menores valores determinados por ocasião do terceiro corte, com valores médios de 14,01 e 17,19%. Tal fato pode ser explicado pelo estádio de desenvolvimento das plantas, que é um dos fatores que mais afeta a qualidade das forragens, pois com o avanço do tempo de crescimento pode ocorrer um decréscimo na concentração de PB da massa produzida. Em relação aos conteúdos de FDN observou se que com o avanço da maturidade do milheto, houve uma elevação nas concentrações do mesmo, com menores valores determinados por ocasião do primeiro corte e maiores valores no terceiro corte com variação de 69,54 e 71,99% nas doses equivalentes a 150 e 50 kg/ha de N, respectivamente. Houve diferença (P<0,05) nos teores de FDN entre as doses aplicadas. Verificou-se que houve uma tendência de declínio dos valores de FDA em função do acréscimo das doses de N, porém com diferença (P<0,05) apenas no primeiro corte com valores médios entre 25,90 e 27,64% encontrados no tratamento controle e na dose equivalente a 50 kg/ha de N respectivamente. Observou se o acréscimo nos conteúdos de FDA com a sucessão dos cortes, sendo que, os maiores teores de FDA foram determinados por ocasião do terceiro corte, os quais não diferiram (P>0,05) entre as doses aplicadas. De modo geral, os valores de PB, FDN e FDA encontrados na rebrota por ocasião do segundo corte foram satisfatórios. Esse fato permite caracterizar o bom valor nutritivo do milheto, refletindo seu potencial para utilização como forragem.

Conclusões Os maiores conteúdos de PB foram obtidos com a aplicação de 150 kg/ha de N, com melhores resultados por ocasião do primeiro corte. Os atributos determinados possuem níveis desejáveis para uma planta forrageira adequada ao consumo animal. O milheto cv ADR-300 apresentou bom nível protéico, inclusive no tratamento controle e boa produção de MS, podendo ser incluído na dieta dos animais. Referências Bibliográficas 1- HART, R.H.; BURTON, G.W. Effect of row spacing seeding rate and nitrogen fertilization on forage yield and quality of Gahi-1 pearl millet. Agronomy Journal, Madison, v.57, n.4, p.376-378, 1965. 2- KICHEL, A.N.; MIRANDA, C. H. B.; DA SILVA, J. M. O milheto (Pennisetum americanum (L.) como planta forrageira. In: WORKSHOP INTERNACIONAL DE MILHETO, 1999, Planaltina. Anais... Planaltina: Embrapa Cerrados, 1999. p.97-103. 3- SALTON, J. C. & A. N. KICHEL. 1998. Milheto, uma alternativa para cobertura do solo e alimentação animal. Revista Plantio Direto, 45 (1): 41-43. 4- SAS, INSTITUTE. SAS/STAT user s guide: statistics. 4.ed. Version 6. Cary, NC, 1993. V.2. 943p. 5- SILVA, D.J.; QUEIROZ, A. C. Análise de alimentos (Métodos químicos e biológicos). Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2002. 239p. 6- VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2. ed. Ithaca: Cornell University Press. 1994, 476p.

Tabela 1 Valores médios de produção de matéria seca (PMS) em kg/ha, matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) do milheto forrageiro cv. ADR-300, submetido a doses de nitrogênio e três cortes a uma altura residual de 0,25 m (% da MS). Doses de N (kg/ha) Cortes 0 50 100 150 PMS ( kg/ha) 1º Corte 335,63 Ba 792,98 Aa 811,61 Aa 711,94 Aa 2 º Corte 488,77 Aa 479,91 Ab 610,27 Aa 526,24 Aa 3 º Corte 479,54 Aa 363,15 Ab 244,30 Ab 295,44 Aa MS (%) 1º Corte 12,68 Ab 11,44 Bb 10,67 Bb 11,19 Bb 2 º Corte 12,07 Ab 10,94 Bb 10,95 Bb 10,77 Bb 3 º Corte 17,29 Aa 16,03 Ba 17,20 Aa 15,34 Ba PB (%) 1º Corte 17,54 Da 18,77 Ca 21,25 Ba 23,29 Aa 2 º Corte 17,73 Ca 18,39 Ba 19,40 Ab 19,63 Ab 3 º Corte 14,01 Db 14,57 Cb 16,55 Bc 17,19 Ac FDN (%) 1º Corte 55,34 Bc 56,17 Bc 54,81 Cc 57,65 Ac 2 º Corte 62,69 Bb 65,35 Ab 64,73 Ab 63,92 Ab 3 º Corte 69,71 Ca 71,99 Aa 70,95 Ba 69,54 Ca FDA (%) 1º Corte 27,64 Ac 25,90 Bc 26,51 Bc 26,92 Ac 2 º Corte 32,63 Ab 32,05 Ab 32,54 Ab 32,41 Ab 3 º Corte 40,87 Aa 40,17 Aa 39,70 Aa 39,60 Aa Letras minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas diferem entre si pelo teste de t a 5% de probabilidade.