Rendimento forrageiro e composição bromatológica de milheto cv. ADR-300 submetido a diferentes doses de nitrogênio A. G. da SILVA 1, A. F. de S. FRANCA 2, C. G. de MORAES FILHO 3, L. C. RIOS 3, M. A. B. de. FARIAS 3, S. Q. S. MELLO 4, J. L. FERREIRA 4, E. S. MIYAGI 4, M. F. da SILVA JÚNIOR 5 1 Resumo: Avaliou-se a produção de matéria seca e a composição bromatológica do milheto forrageiro cv. ADR-300 submetido a doses crescentes de nitrogênio (N) em três cortes realizados a uma altura residual de 0,25 m da superfície do solo. O experimento foi conduzido em um Latossolo Vermelho distrófico em área da Universidade Federal de Goiás no município de Goiânia. As doses de nitrogênio aplicadas sob forma de sulfato de amônio foram; 0, 50, 100 e 150 kg/ha. O delineamento experimental adotado foi o de blocos casualizados em esquema fatorial 4 x 3, com três repetições. Os atributos avaliados foram a produção de matéria seca (PMS) e teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA). A produção de matéria seca diferiu (P<0,05) apenas no primeiro corte, onde foram observadas as maiores produções. O teor de matéria seca no primeiro e segundo corte não diferiu (P>0,05) entre doses, exceto no tratamento controle.houve uma tendência de decréscimo no teor de MS à medida que as doses de N se elevaram. O acréscimo das doses de N promoveu uma elevação dos teores de PB do milheto, em todos os cortes. Houve decréscimo no teor de PB de acordo com a sucessão dos cortes. Os teores de FDN variaram com as doses aplicadas e cortes, com maiores valores no terceiro corte (69,54 e 71,99%). Verificou-se que houve uma tendência de declínio dos valores de FDA em função do acréscimo das doses de N, porém com diferença (P<0,05) apenas no primeiro corte. Palavras chave: adubação nitrogenada, altura residual, fibra, Pennisetum glaucum, produção de matéria seca, proteína bruta. 1 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal UFG/Goiânia. e-mail: agszoo@posgrad.ufg.br 2 Professor titular, doutor, Departamento de Produção Animal EV UFG/Goiânia. e-mail: aldi@vet.ufg.br 3 Acadêmicos do curso de Agronomia, EAEA UFG/ Goiânia 4 Doutorandos do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal UFG/ Goiânia 5 Médico Veterinário
Forage income and chemical composition of pearl millet cv. ADR-300 submitted the different nitrogen doses Abstract: It was evaluated dry matter production and the chemical composition of pearl millet cv. ADR-300 submitted the increasing nitrogen doses in three carried through cuts to one 0,25 m of residual height. The experiment was lead in a Red Latossolo Distrófico in Federal University of Goiás area in Goiânia. The nitrogen doses applied was ammonium sulfate form had been; 0, 50, 100 and 150 kg.ha -1 and 0,25m of tested residual height were. The adopted experimental delineation was of blocks randomized in factorial 4 x 3, with three repetitions. The evaluated attributes had been the dry matter production and dry matter tenors (DM), crude protein (CP), neutral detergent fiber (NDF) and acid detergent fiber (ADF). The dry matter production differed (P>0,05) between doses, except in the control treatment. It was decrease in the DM tenors to the measure that the N doses if had raised. The addition of the N doses promoted a rise of CP tenors of pearl millet, in all the cuts. The succession of the cuts in accordance with had decrease in the CP tenors. The NDF tenors had varied with the applied doses and cuts, with bigger values in the third cut (69,54 and 71,99%). It was verified that it had a trend of decline of the values of ADF in function of the addition of the N doses, however with difference (P<0,05) but in the first cut. Keywords: crude protein, dry matter production, fiber, nitrogen fertilization, Pennisetum glaucum, residual height. Introdução O milheto (Pennisetum glaucum L.R. Br.) é uma planta anual, originária das savanas africanas, de crescimento cespitoso e ereto, com ciclo de cerca 130 dias. Contém de 7% a 12% de proteína na matéria seca e pode ser usado para pastoreio, feno, produção de grãos e silagem, sendo muito resistente à seca. Por isso, é uma boa opção para o cultivo em safrinha, na região dos cerrados. Tem-se expandido de forma acelerada devido à sua rusticidade, ao crescimento rápido, à adaptação a solos de baixa fertilidade e à excelente capacidade de produção de biomassa (SALTON; KICHEL 1998). O nitrogênio é o fator que mais limita a produção de forragem em ecossistemas de pastagens do mundo, e quando utilizado corretamente promove o rápido aumento de matéria seca. Nesse sentido, Hart e Burton (1965) afirmaram que dentro de certos limites, ao ser adicionado ao solo, o N promove aumentos no rendimento de matéria seca e teor de proteína bruta (PB) na cultura de milheto. Esses mesmo autores observaram resposta linear em produção de massa da cultivar Gahi para níveis de 0 a 600 kg/ha de N. No que se refere ao manejo das plantas forrageiras, um dos fatores que influencia na produção e no vigor de rebrota do milheto é a altura residual utilizada no momento da colheita.
Esse experimento teve como objetivo observar o efeito de doses de nitrogênio em três cortes na altura residual de 0,25 m sobre a produção e composição bromatológica do milheto forrageiro cv. ADR-300 no município de Goiânia GO. Material e Métodos O experimento foi conduzido em área do Departamento de Produção Animal DPA da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás, utilizando-se o milheto forrageiro cv. ADR- 300 no período de janeiro a abril de 2006. O solo da área experimental é classificado em Latossolo Vermelho distrófico e para fins de caracterização química do solo foram coletadas amostras na profundidade de 0,20 m, tendo a análise revelado o seguinte resultado: Ca; 2,7; Mg: 0,9; K: 0,13; Al: 0 e H: 1,9 (cmol c.dm 3 ); P(Mel): 17,5 e K: 51 (mg.dm 3 ); ph em CaCl 2 : 5,6; saturação por bases: 66,1% e M.O.: 39g/kg. Os tratamentos foram constituídos por quatro doses de N: (0; 50; 100 e 150 kg/ha) e três cortes. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados em esquema fatorial 4 x 3 com três repetições. As adubações potássica e nitrogenada de cobertura foram realizadas aos dez dias após a emergência, aplicando-se 60 kg/ha K 2 O (cloreto de potássio), em dose única, enquanto o nitrogênio (sulfato de amônio) foi parcelado em três vezes, sendo 60% aos 10 dias após a germinação e o restante em duas aplicações, correspondendo a 20% da dose total, após o primeiro e o segundo corte. A semeadura foi realizada manualmente em 16/01/2006, com uma densidade de 20 sementes puras e viáveis (SPV) por metro linear. As parcelas foram compostas por cinco linhas de cinco metros lineares, espaçadas de 0,40 m. Os cortes foram realizados a uma altura residual de 0,25 m da superfície do solo. O primeiro corte foi realizado aos 31 dias após a germinação (08/03/2006), tendo a idade fisiológica como parâmetro para o momento que antecede o processo de emissão de inflorescência. O segundo corte ocorreu com intervalo de 13 dias (21/03/2006), enquanto o terceiro ocorreu com 21 dias de intervalo (11/04/2006). Após cada corte, o material foi identificado e encaminhado para o laboratório, pesado e em seguida tomou-se uma sub-amostra de aproximadamente 500 g, que foi levada a estufa de ventilação forçada, durante 72 horas, a temperatura 65 C, para pré-secagem. Visando as determinações laboratoriais as amostras foram moídas em moinho do tipo Willey com peneira de 1 mm. Foram determinados a produção de matéria seca, os teores de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB) de acordo com metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002). As determinações de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) foram realizadas de acordo com metodologia descrita por Van Soest (1994). Os resultados foram submetidos à análise de variância pelo programa PROC GLM do sistema SAS e as médias comparadas pelo teste t a 5% de significância.
Resultados e Discussão Os resultados de produção e relativos aos conteúdos de MS, PB, FDN e FDA para as diferentes doses aplicadas a cada corte são apresentados na Tabela 1. A produção de matéria seca diferiu (P<0,05) apenas no primeiro corte, onde foram observadas as maiores produções, com valores médios de 335,63 kg/ha no tratamento controle e 711,94 kg/ha na dose equivalente a 150 kg/ha. Não houve diferença (P>0,05) na produção de matéria seca por ocasião do segundo e terceiro corte em todas as doses aplicadas, apresentando produção semelhante entre si, com exceção da dose com aplicação de 100 kg/ha de N. O teor de matéria seca no primeiro e segundo corte não diferiu (P>0,05) entre doses, exceto no tratamento controle, apresentando maiores teores. Teores mais elevados de MS foram observados por ocasião do terceiro corte, apresentando variação média de 15,34 para 17,29%. Houve uma tendência de decréscimo no teor de MS à medida que as doses de N se elevaram. O acréscimo das doses de nitrogênio promoveu uma elevação linear dos teores de PB concentrados na matéria seca produzida, em todos os cortes. Resultados semelhantes foram encontrados por Kichel et al. (1999) em trabalhos realizados com milheto, verificando valores médios de PB entre 7,5 e 23,0%. As grandes variações observadas nos teores de proteína das plantas são atribuídas a diversos fatores, entre eles destacam-se o cultivar, estádio fenológico, manejo e principalmente a utilização da adubação nitrogenada. Por ocasião do segundo corte verificou-se valores semelhantes de PB entre as doses equivalentes a 100 e 150 kg/ha de N, os quais não diferiram (P>0,05) entre si. Houve decréscimo no teor de PB de acordo com a sucessão dos cortes, sendo os menores valores determinados por ocasião do terceiro corte, com valores médios de 14,01 e 17,19%. Tal fato pode ser explicado pelo estádio de desenvolvimento das plantas, que é um dos fatores que mais afeta a qualidade das forragens, pois com o avanço do tempo de crescimento pode ocorrer um decréscimo na concentração de PB da massa produzida. Em relação aos conteúdos de FDN observou se que com o avanço da maturidade do milheto, houve uma elevação nas concentrações do mesmo, com menores valores determinados por ocasião do primeiro corte e maiores valores no terceiro corte com variação de 69,54 e 71,99% nas doses equivalentes a 150 e 50 kg/ha de N, respectivamente. Houve diferença (P<0,05) nos teores de FDN entre as doses aplicadas. Verificou-se que houve uma tendência de declínio dos valores de FDA em função do acréscimo das doses de N, porém com diferença (P<0,05) apenas no primeiro corte com valores médios entre 25,90 e 27,64% encontrados no tratamento controle e na dose equivalente a 50 kg/ha de N respectivamente. Observou se o acréscimo nos conteúdos de FDA com a sucessão dos cortes, sendo que, os maiores teores de FDA foram determinados por ocasião do terceiro corte, os quais não diferiram (P>0,05) entre as doses aplicadas. De modo geral, os valores de PB, FDN e FDA encontrados na rebrota por ocasião do segundo corte foram satisfatórios. Esse fato permite caracterizar o bom valor nutritivo do milheto, refletindo seu potencial para utilização como forragem.
Conclusões Os maiores conteúdos de PB foram obtidos com a aplicação de 150 kg/ha de N, com melhores resultados por ocasião do primeiro corte. Os atributos determinados possuem níveis desejáveis para uma planta forrageira adequada ao consumo animal. O milheto cv ADR-300 apresentou bom nível protéico, inclusive no tratamento controle e boa produção de MS, podendo ser incluído na dieta dos animais. Referências Bibliográficas 1- HART, R.H.; BURTON, G.W. Effect of row spacing seeding rate and nitrogen fertilization on forage yield and quality of Gahi-1 pearl millet. Agronomy Journal, Madison, v.57, n.4, p.376-378, 1965. 2- KICHEL, A.N.; MIRANDA, C. H. B.; DA SILVA, J. M. O milheto (Pennisetum americanum (L.) como planta forrageira. In: WORKSHOP INTERNACIONAL DE MILHETO, 1999, Planaltina. Anais... Planaltina: Embrapa Cerrados, 1999. p.97-103. 3- SALTON, J. C. & A. N. KICHEL. 1998. Milheto, uma alternativa para cobertura do solo e alimentação animal. Revista Plantio Direto, 45 (1): 41-43. 4- SAS, INSTITUTE. SAS/STAT user s guide: statistics. 4.ed. Version 6. Cary, NC, 1993. V.2. 943p. 5- SILVA, D.J.; QUEIROZ, A. C. Análise de alimentos (Métodos químicos e biológicos). Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2002. 239p. 6- VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2. ed. Ithaca: Cornell University Press. 1994, 476p.
Tabela 1 Valores médios de produção de matéria seca (PMS) em kg/ha, matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA) do milheto forrageiro cv. ADR-300, submetido a doses de nitrogênio e três cortes a uma altura residual de 0,25 m (% da MS). Doses de N (kg/ha) Cortes 0 50 100 150 PMS ( kg/ha) 1º Corte 335,63 Ba 792,98 Aa 811,61 Aa 711,94 Aa 2 º Corte 488,77 Aa 479,91 Ab 610,27 Aa 526,24 Aa 3 º Corte 479,54 Aa 363,15 Ab 244,30 Ab 295,44 Aa MS (%) 1º Corte 12,68 Ab 11,44 Bb 10,67 Bb 11,19 Bb 2 º Corte 12,07 Ab 10,94 Bb 10,95 Bb 10,77 Bb 3 º Corte 17,29 Aa 16,03 Ba 17,20 Aa 15,34 Ba PB (%) 1º Corte 17,54 Da 18,77 Ca 21,25 Ba 23,29 Aa 2 º Corte 17,73 Ca 18,39 Ba 19,40 Ab 19,63 Ab 3 º Corte 14,01 Db 14,57 Cb 16,55 Bc 17,19 Ac FDN (%) 1º Corte 55,34 Bc 56,17 Bc 54,81 Cc 57,65 Ac 2 º Corte 62,69 Bb 65,35 Ab 64,73 Ab 63,92 Ab 3 º Corte 69,71 Ca 71,99 Aa 70,95 Ba 69,54 Ca FDA (%) 1º Corte 27,64 Ac 25,90 Bc 26,51 Bc 26,92 Ac 2 º Corte 32,63 Ab 32,05 Ab 32,54 Ab 32,41 Ab 3 º Corte 40,87 Aa 40,17 Aa 39,70 Aa 39,60 Aa Letras minúsculas nas colunas e maiúsculas nas linhas diferem entre si pelo teste de t a 5% de probabilidade.