TÍTULO: NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE: UMA ANÁLISE DO IMPAIRMENT NO RESULTADO DE DUAS COMPANHIAS DE CAPITAL ABERTO.

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TÍTULO: NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE: UMA ANÁLISE DO IMPAIRMENT NO RESULTADO DE DUAS COMPANHIAS DE CAPITAL ABERTO. CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS SUBÁREA: CIÊNCIAS CONTÁBEIS INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI AUTOR(ES): ARIANE ANZELLOTTI LEAL, ALAIDE MAYARA BASTOS, ALANA ALENCAR ROSABONI, BIANCA ARANDAS DOS SANTOS, CHRISTOPHER ZUCCHI SILVA DA SILVA ORIENTADOR(ES): VALQUIRIA PINHEIRO DE SOUZA

1 1 RESUMO O avanço da contabilidade nos últimos anos tem proporcionado às empresas a possibilidade de desenvolver estudos e análises sobre o desempenho da companhia perante o mercado. Através dela, é possível também conhecer o impacto causado no resultado pelas provisões, ganhos e perdas incorridas no período analisado. Nesse contexto, tem-se o impairment, método pelo qual as companhias analisam seus ativos a fim de garantir que os mesmos estejam contabilizados de forma equiparada ao benefício futuro que podem oferecer. Por tratar-se de um estudo que impacta de forma direta o resultado da organização e por ter legislação específica, conforme previsto no CPC 01, a tratativa dada ao assunto deve ser de extrema cautela, pois a ausência de sua realização ou a deficiência nos valores apurados podem ocasionar problemas com indicadores internos da entidade, com a legislação e com os usuários das informações contábeis, impactando em todo o mercado. O presente trabalho tem como proposição a análise do impairment no resultado de duas companhias de capital aberto, através de suas demonstrações contábeis divulgadas ao mercado, dispondo de indicadores econômico-financeiros para verificar o impacto causado pelo mesmo. Para o estudo de caso utilizou-se a metodologia qualitativa, descritiva e exploratória, onde se observou que o impairment causou variações no resultado das companhias. Palavras-chave: Contabilidade, Impairment, impacto, resultado, análise, mercado. 2 INTRODUÇÃO O teste de recuperabilidade, ou impairment Test, que corresponde a deterioração, é o teste que deve ser efetuado periodicamente pelas companhias sobre os seus ativos imobilizados e intangíveis para analisar o valor pelo qual os mesmos estão registrados. O impairment impõe métodos visando proporcionar que o valor contábil registrado dos ativos não seja superior aos benefícios que ele pode fornecer. À vista disso, a entidade registrará uma perda por desvalorização de ativo, e deverá ser reconhecida no resultado da empresa. Para Neves (2013, p. 344) Para que as demonstrações contábeis reflitam de forma verdadeira o valor dos ativos da entidade, é necessário que, periodicamente, a entidade faça testes para avaliar se os futuros benefícios econômicos que esse ativo possa lhe proporcionar apresentam um valor maior do que seu valor contábil. Neste contexto, há denotações que podem apontar quando o valor contábil do ativo pode estar superior ao valor recuperável, como por exemplo, obsolescência, danos físicos, ou até mesmo o comportamento econômico do mercado. 2.1 Problemática de pesquisa O teste de recuperabilidade causa um impacto diretamente nos resultados de uma empresa, podendo ocorrer da entidade deixar de registrar suas perdas de desvalorização de ativos para ter melhorias em seus resultados e atingir metas internas.

2 Dessa forma, colocou-se a seguintes problemáticas: Quais os efeitos financeiros que uma entidade pode obter ao registrar suas perdas de desvalorização de ativos?, O que pode ser afetado, para as empresas que não seguem essa norma contábil? e Qual a relevância da realização dos testes e registros de impairment na visão das partes interessadas? 3 OBJETIVOS O objetivo geral deste trabalho é analisar como os efeitos do Teste de Impairment estão relacionados ao desempenho econômico e financeiro de duas entidades de capital aberto. Compilar conhecimentos técnicos e informações teóricas, e simultaneamente aplicá-los em um estudo de caso. Para tanto, será utilizado como base as seguintes premissas: Apresentar conceitos, formas de reconhecimento, de aplicabilidade e de mensuração do CPC 01; Verificar se as informações divulgadas estão de acordo com a legislação; Examinar quais são os efeitos que a metodologia de aplicação do teste de impairment provoca no desempenho da empresa. 3.1 Justificativa Um estudo publicado pelos alunos da UFSC em seu 5º Congresso de Controladoria e Finanças & Iniciação Científica em Contabilidade, em análise ao Teste de impairment das 50 maiores empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa), indicou que grande parte das companhias tiveram variações significativas quanto aos seus indicadores de desempenho por consequência do reconhecimento do valor recuperável de ativos. O propósito da pesquisa compreende em analisar o impairment em duas empresas de ramos de atuação distintos com base nas normas vigentes e informações disponibilizadas no mercado de capitais, a fim de obter respostas suficientes para evidenciar a relevância do teste para os indicadores de desempenho das mesmas. 4 METODOLOGIA DA PESQUISA O presente trabalho terá como base a metodologia qualitativa, mais especificamente a pesquisa descritiva e exploratória, fazendo-se uso de normas contábeis, pronunciamentos técnicos, legislação vigente, bem como a utilização de bibliografia que possibilite embasar as informações analisadas no estudo de caso exploratório.

3 5 DESENVOLVIMENTO O IFRS NA CONTABILIDADE BRASILEIRA A contabilidade, principal fonte de informações financeiras, econômicas e gerenciais de uma companhia, sofreu mudanças significativas em suas práticas no decorrer dos últimos anos. No Brasil, com a adoção das normas internacionais de contabilidade, o IFRS (International Financial Reporting Standards), a partir das Leis nº 11.638/07 e 11.941/09, cujos efeitos passaram a ser obrigatórios a partir de 2010 e, em conjunto com a Resolução CFC nº 1.110 de 2007, que visa estabelecer os Princípios Fundamentais da Contabilidade, uma das principais mudanças ocorridas está na divulgação das Demonstrações Financeiras. As normas internacionais de contabilidade trouxeram nova estruturação de demonstrações básicas, como o balanço patrimonial e demonstração de fluxo de caixa e implementou informações adicionais, que visa maior alcance das informações pelos usuários. Considerando-se que esses relatórios são divulgados de forma a atender às necessidades de informações por diversos interessados, surgiu a necessidade de um padrão de relatórios com normas de elaboração seguidas de forma a permitir a comparabilidade e, também, a avaliação por auditoria independente. (ANTUNES, GRECCO, FORMIGONI e NETO, 2012 p. 8). A adoção do IFRS trouxe impactos positivos para a economia brasileira, uma vez que se trata de uma linguagem global, possibilitando a interpretação dos resultados de uma companhia em qualquer país que também a tenha adotado. 5.1 Ativo Imobilizado Ativo imobilizado tem como característica os bens incorporados por uma entidade ou pelo que o controla, podendo gerar benefícios econômicos durante sua vida útil, ou seja, é definido como potenciais de fluxos de serviço ou que tenha direitos sobre benefícios futuros do imobilizado. (Hendriksen Van Breda, 1999, p. 286). O Comitê de Pronunciamentos Contábeis nº 27 (CPC 27, 2009), define os ativos imobilizados na seguinte forma: Ativo imobilizado é o item tangível que: (a) é mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou para fins administrativos; e (b) se espera utilizar por mais de um período. Portanto, para serem classificados como imobilizado, os ativos devem gerar benefícios futuros, serem bens tangíveis, não serem destinados à venda e que a entidade espera utilizar por um longo período de tempo. 5.2 Depreciação

4 É caracterizada por todo ativo imobilizado (bens corpóreos), estando sujeito aos desgastes físicos por condições adversas, como ação da natureza, uso e obsolescência. Segundo o art.183 da Lei nº 6.404/76 estabelece, em seu 2º: A diminuição de valor dos elementos do ativo imobilizado tem que ser registrada periodicamente nas contas de: Depreciação, quando corresponder à perda de valor dos direitos que têm por objeto os bens físicos sujeitos a desgastes ou perda de utilidade por uso, ação da natureza ou obsolescência. [...] Contudo a Legislação Fiscal, tendo em seu Regulamento do imposto de Renda nº 3.000/99 em seus arts. 305a e 334, determinam resumidamente que: A importância correspondente à diminuição de valores dos bens do ativo permanente resultante de desgastes pelo uso, ação da natureza ou obsolescência normal, poderá ser computada como custo operacional. A parcela da depreciação dos bens utilizados na produção será computada como custo dos produtos vendidos, enquanto a depreciação dos demais bens será escriturada como despesa operacional. 5.3 Reconhecimento de Ativo Imobilizado Para reconhecer um ativo imobilizado, devem ser analisados todos os custos necessários para que ele esteja em condições de operação, tendo como exemplo, as máquinas de uma indústria, que antes de estar em funcionamento para produção, necessitam de testes, transporte (locomoção) e mão de obra qualificada. 5.4 Critérios de Avaliação de Ativo Imobilizado A avaliação de um ativo imobilizado deve ser feita através do valor contábil do bem, ou seja, do seu custo de aquisição, já deduzido o saldo de depreciação, conforme estabelece o art. 186, inciso V, da lei n 6.404/76. É importante ressaltar que a avaliação de um ativo imobilizado também deve deduzir as perdas estimadas por impairment, ou redução ao valor recuperado. Após o reconhecimento como um ativo, o item do ativo imobilizado cujo valor justo possa ser mensurado confiavelmente pode ser apresentado, se permitido por lei, pelo seu valor reavaliado, correspondente ao seu valor justo à data da reavaliação menos qualquer depreciação e perda por redução ao valor recuperável acumuladas subseqüentes. (Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC 27 2009, p. 9). A avaliação de um ativo é um critério importante dentro das normas internacionais de contabilidade, pois irá influenciar no valor de registro contábil do bem e deve ser feita a partir da mudança dos valores justos do qual o ativo está avaliado. 5.5 Teste de impairment O CPC 01 tem correlação às Normas Internacionais de Contabilidade IAS 36 (IASB), ele estabelece a metodologia que a entidade deve utilizar para que não faça

5 o registro contábil de seus ativos por um valor que exceda seus valores de recuperação, sendo aplicado para os exercícios encerrados a partir de dezembro 2008. Trata-se da mensuração e da contabilização da perda do valor recuperável de ativos de longo prazo. Segundo o CPC 01 (2010, p.43): O objetivo deste Pronunciamento Técnico é estabelecer procedimentos que a entidade deve aplicar para assegurar que seus ativos estejam registrados contabilmente por valor que não exceda seus valores de recuperação. Um ativo está registrado contabilmente por valor que excede seu valor de recuperação se o seu valor contábil exceder o montante a ser recuperado pelo uso ou pela venda do ativo. Se esse for o caso, o ativo é caracterizado como sujeito ao reconhecimento de perdas, e o Pronunciamento Técnico requer que a entidade reconheça um ajuste para perdas por desvalorização. O Pronunciamento Técnico também especifica quando a entidade deve reverter um ajuste para perdas por desvalorização e estabelece as divulgações requeridas. 5.5.1 Rentabilidade Futura (goodwill) Define-se como ágio por expectativa de rentabilidade futura, o ativo com finalidade de apresentar benefícios econômicos futuros decorrente de outros ativos provindo de combinação de negócios que não são identificados individualmente e não são reconhecidos separadamente. De acordo com Schmidt, Santos e Fernandes (2007, p. 118) o goodwill: É definido como o excesso de valor pago em uma aquisição em relação à participação do adquirente no valor justo (fair value) dos ativos e passivos identificáveis e deverá ser descrito como goodwill e reconhecido como um ativo, ou seja, diferentemente do que ocorre no Brasil, onde o ágio é obtido através do cotejo do valor pago com o valor patrimonial; [...] 5.6 Mensuração do Valor Recuperável O valor recuperável de um ativo é definido como o maior valor entre o valor justo (valor de venda de um ativo) e o seu valor de uso (valor esperado para fluxos de caixas futuros que aquele ativo pode gerar). Se ambos forem maiores que seu valor contábil, não é necessário mensurar o valor recuperável, visto que não iria ter uma perda. De acordo com o Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul, (2016, p. 61): É possível mensurar o valor justo líquido de despesas de alienação, mesmo que não haja preço cotado em mercado ativo para ativo idêntico. Entretanto, algumas vezes não é possível mensurar o valor justo líquido de despesas de alienação porque não há base para se fazer estimativa confiável do preço pelo qual uma transação ordenada para a venda do ativo ocorreria entre participantes do mercado na data de mensuração sob condições atuais de mercado. Nesse caso, o valor em uso pode ser utilizado como seu valor recuperável. O valor recuperável é determinado para um ativo individualmente, em exceção aos ativos que gerem fluxos de caixas positivos quando feitos em conjunto, e

6 não somente individual; nesse caso, é necessário determinar o valor recuperável para a unidade geradora de caixa em conjunto. 5.7 Mensuração da perda por desvalorização A perda por desvalorização acontece quando o valor recuperável de um ativo excede o seu valor contábil. A diferença entre eles deve ser lançada no resultado como perdas com desvalorização de ativos, a menos que tenham realizado uma reavaliação de ativos, que, nesse caso, devem ser lançadas como uma redução. De acordo com o Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul, (2016, p. 70): Entretanto, a perda por desvalorização de ativo reavaliado deve ser reconhecida em outros resultados abrangentes (na reserva de reavaliação) na extensão em que a perda por desvalorização não exceder o saldo da reavaliação reconhecida para o mesmo ativo. 6 ANÁLISE E RESULTADO DA PESQUISA 6.1 Critérios de pesquisa Os ativos imobilizados são mais representativos no setor industrial. Para tanto, a análise efetuada teve com base duas empresas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&F Bovespa) e que por esse motivo, obrigatoriamente, efetuam a publicação de suas demonstrações contábeis. As análises foram efetuadas a partir do balanço patrimonial e das notas explicativas divulgadas pelas empresas em suas demonstrações financeiras no exercício findo em 31 de dezembro de 2016. Com o objetivo de facilitar a compreensão, efetuou-se a apresentação do Balanço Patrimonial peça contábil fundamental para as análises de forma simplificada, elucidando apenas os saldos mais relevantes. (Valores expressos em Milhares de Reais) Consolidado Consolidado 2016 2015 2014 2016 2015 2014 Ativo Circulante 17.796.740 22.177.498 20.682.739 Passivo Circulante 8.621.509 7.863.031 7.772.796 Ativo Não Circulante 36.838.401 47.917.211 42.359.591 Passivo Não Circulante 21.738.979 30.261.295 22.015.000 Outros Intangíveis 1.319.941 1.835.761 1.547.098 Imobilizado 19.351.891 22.784.326 22.131.789 Patrimônio Líquido 24.274.653 31.970.383 33.254.534 Total do Ativo 54.635.141 70.094.709 63.042.330 Total do Passivo 54.635.141 70.094.709 63.042.330 Figura 1 Balanço Patrimonial Consolidado (Simplificado) Gerdau S.A Fonte: Demonstração Financeira 31 de Dezembro de 2016. Balanço Patrimonial. Adaptado pelos autores.

7 Figura 2 Balanço Patrimonial Consolidado (Simplificado) Vale S.A (Valores expressos em Milhões de Reais) Consolidado Consolidado 2016 2015 2014 2016 2015 2014 Ativo Circulante 46.443 48.531 47.067 Passivo Circulante 29.901 25.719 20.668 Ativo Não Circulante 243.908 257.049 234.504 Passivo Não Circulante 133.209 148.701 114.489 Intangíveis 11.314 8.557 7.467 Imobilizado 102.056 96.887 87.321 Patrimônio Líquido 127.241 131.160 146.414 Total do Ativo 290.351 305.580 281.571 Total do Passivo 290.351 305.580 281.571 Fonte: Demonstração Financeira 31 de Dezembro de 2016. Balanço Patrimonial. Adaptado pelos autores. Para completar a análise, utilizaram-se também as informações contidas nas notas explicativas do Impairment, conforme quadro abaixo. Tabela 1 Impairment Gerdau S.A e Vale S.A Consolidado. (Adaptado) Total do Impairment - Gerdau* 2016 2015 2014 (2.917.911) (4.996.240) (339.374) Total do Impairment - Vale* 2016 2015 2014 (3.940) (33.945) 87 *Valores em Milhões de Reais Fonte: Demonstração Financeira do exercício findo em 31 de Dezembro de 2016. Notas Explicativas - Impairment. Adaptado pelos autores. 6.2 Análises efetuadas A partir dos dados obtidos, efetuaram-se as análises abaixo, a fim de entender a relevância do impairment no demonstrativo contábil da companhia. O índice de liquidez geral indica o quanto a empresa dispõe de bens e direitos no ativo circulante e no realizável a longo prazo para cada real de dívidas totais. Gráfico 1 Índice de Liquidez Geral Gerdau S.A e Vale S.A Fonte: Os autores

8 Conforme é possível observar nos gráficos acima, o impairment, em ambas as empresas, apresenta uma variação significante nos resultados da companhia, visto que se o inserir, aumenta o índice de liquidez. O endividamento geral apresenta o montante dos recursos de terceiros no qual é usado na geração de lucros. Quanto menor o i ndice (pro ximo a zero), melhor à situação da empresa. Gráfico 2 Índice de Endividamento Gerdau S.A e Vale S.A Fonte: Os autores. Com resultados similares, observa-se nos gráficos acima que o impairment diminui o índice de endividamento, influenciando positivamente nos resultados da empresa, demonstrando que seu saldo possui um impacto significativo quanto ao uso de recursos de terceiros para geração de lucros. O retorno sobre o Patrimônio Líquido abrange a tendência da empresa de agregar valor dispondo de recursos próprios, estabelecendo um crescimento com haveres já existentes. Apresenta quanto os acionistas e proprietários estão obtendo ao investir na empresa. Gráfico 3 Índice ROE Gerdau S.A e Vale S.A Fonte: Os autores Ao analisar os gráficos, é possível observar que o impairment atua significativamente no ROE, ou seja, no valor de retorno para o acionista. Ao retirar o impairment, é mensurada uma rentabilidade para os acionistas menor em ambas as empresas, não resultando um efeito positivo.

9 O grau de alavancagem financeira aponta o grau de risco que a empresa está exposta. Caso o resultado for igual a 1, a alavancagem será nula, logo, um risco financeiro baixo. Se maior do que 1, considerada boa, visto que o retorno do ativo total será maior do que o rendimento pago ao capital de terceiros. Se menor do que 1, a condição da empresa poderá ser desfavorável, indicando riscos financeiros e muita participação de capital de terceiros na companhia. Gráfico 4 Índice GAF Gerdau S.A e Vale S.A Fonte: Os autores. Para o último gráfico, considera-se que o impairment possui grande relevância, seu valor, ao ser retirado, demonstra um bom negócio, uma vez que o retorno do ativo total vem ser maior do que o rendimento pago ao capital de terceiros, porém com um grau de risco maior. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O impairment mostrou-se como um importante indicador para as companhias, pois afeta diretamente o seu resultado. A ausência ou o reconhecimento inapropriado do valor recuperável, causa efeitos econômicos e financeiros negativos para a empresa, impactando inclusive, a distribuição de dividendos para os acionistas, que depende exclusivamente do lucro. O não cumprimento dessa norma contábil pode ocasionar inúmeros problemas com a legislação, tanto quanto na divulgação das demonstrações contábeis, que se faz obrigatório de acordo com a Lei 6.404/76, quanto no reconhecimento e recolhimento de tributos, pois por impactar o lucro, afeta diretamente o IRPJ (Imposto de Renda da Pessoa Jurídica) e a CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido). A partir das análises efetuadas, observou-se que o impairment contribui positivamente em algum dos indicadores analisados para as companhias. Constatou-se que o valor recuperável, quando reconhecido, diminui o índice de endividamento e contribui para o aumento da liquidez. Entretanto, foi no índice de alavancagem financeira que o impairment demonstrou ter participação significativa, pois diante dos resultados, evidenciou-se que se a entidade não considera o valor recuperável em

10 seus ativos, o investimento torna-se mais atrativo, ainda que seja mais arriscado, pois o ativo total é maior do que o rendimento distribuído pelo capital de terceiros adquirido. Dessa forma, conclui-se que o estudo do impairment impacta a entidade, as partes interessadas, o governo e o mercado no geral, pois ocasiona variações significativas no resultado e consequentemente nos indicadores econômicos e financeiros. A devida realização do teste deve ser feito com ceticismo e prudência pelas partes competentes, visando garantir a qualidade das informações transmitidas a todos os usuários das informações contábeis, bem como, garantir que os valores apurados são fidedignos, pois são ponto de partida para o planejamento estratégico e financeiro de toda e qualquer empresa. 8 FONTES CONSULTADAS ANTUNES, M. T. P; GRECCO, M. C. P.; FORMIGONI, H. NETO, O. R. M. A adoção no Brasil das normas internacionais de contabilidade IFRS: o processo e seus impactos na qualidade da informação contábil. Revista de Economia & Relações Internacionais. Faculdade de Economia Armando Alvares Penteado. São Paulo FEC-FAAP, Volume 10. Número 20, p. 5 19, 2012. AZEVEDO, Martha. Contabilidade Avançada. Unidade 01. Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2017. BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Compilada. Brasília, DF: Senado Federal. CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO RIO GRANDE DO SUL. Normas Brasileiras de Contabilidade, Volume 2. Porto alegre, 2016. NEVES, Paulo. Contabilidade Avançada e análise das demonstrações financeiras. 17ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2013. PADOVEZE, Clóvis; BENEDICTO, Gideon; LEITE, Jourbert. Manual de Contabilidade Internacional. São Paulo: Cengage Learning, 2011. SCHMIDT, Paulo; SANTOS, José; FERNANDES, Luciane. Contabilidade Internacional Avançada. 2ed. São Paulo: Atlas, 2007. SOUZA, Maíra; BORBA, José; ZANDONAI, Fabiana. Evidenciação da Perda no Valor Recuperável de Ativos nas Demonstrações Contábeis: uma Verificação nas Empresas de Capital Aberto Brasileiras. Revista Contabilidade Vista & Revista, ISSN 0103-734X, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, v. 22, n. 2, p. 67-91, abr./jun. 2011. SITES CONSULTADOS Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC. Documentos Emitidos. Pronunciamentos. PRONUN- CIAMENTO TÉCNICO CPC 01 Redução ao Valor Recuperável de Ativos. Correlação às Normas Internacionais de Contabilidade IAS 36. Divulgado em: 07/10/2010. Brasil, 2017. Disponível em: < http://static.cpc.mediagroup.com.br/documentos/27_cpc_01_r1_revisão08.pdf> Acesso em: 03/03/2017. Comitê de Pronunciamentos Contábeis CPC. Documentos Emitidos. Pronunciamentos. PRONUN- CIAMENTO TÉCNICO CPC 27 Ativo Imobilizado. Correlação às Normas Internacionais de Contabilidade IAS 16. Divulgado em: 31/07/2009. Brasil, 2017. Disponível em:< http://static.cpc.mediagroup.com.br/documentos/316_cpc_27_rev%2008.pdf> Acesso em: 03/03/2017. GERDAU. Relações com Investidores. Informações Financeiras. Relatórios CVM. DFP. Demonstrações Financeiras Anuais Completas de 2016. Disponível em:<http://gerdau.infoinvest.com.br/ptb/7457/2016%20%20dfs%20completa%20gsa.pdf> Acesso em: 23/03/2017. VALE. Investidores. Informações para o mercado. Demonstrações Contábeis - Vale. 4º Trimestre de 2016 IFRS (BRL) (PT). Disponível em:< http://www.vale.com/pt/investors/informationmarket/financial-statements/financialstatementsdocs/2016%204q%20itr%20brl_p.pdf> Acesso em: 23/03/2017.