Cartografia dos estudos de rádio e mídia sonora Desafios e aprendizado 1

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Transcrição:

Cartografia dos estudos de rádio e mídia sonora Desafios e aprendizado 1 Joice Pinto de Oliveira 2 Marcelo Kischinhevsky 3 Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ Resumo O presente artigo visa sistematizar reflexões sobre os desafios e o aprendizado decorrentes de levantamento exploratório realizado nos papers apresentados no Grupo de Pesquisa (GP) Rádio e Mídia Sonora durante os Congressos Brasileiros de Ciências da Comunicação da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), ao longo do século XXI. O corpus da pesquisa parte de projeto em que a primeira autora atuou como bolsista de Iniciação Científica (PIBIC) totaliza 570 textos científicos publicados nos anais do GP, no período de 2001 a 2015. Palavras-chave Comunicação; Rádio; Mídia Sonora; Cartografia Introdução Os 25 anos de criação do Grupo de Pesquisa (GP) Rádio e Mídia Sonora da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) representam um marco na consolidação das pesquisas sobre radiofonia, música e som no Brasil. O GP, com diversas denominações ao longo dos anos (Rádio; Pesquisa em Rádio; Rádio: História, Gêneros e Linguagem; Mídia Sonora; Rádio e Mídia Sonora), se estabeleceu como importante espaço para discussão e articulação de pesquisadores de todo o Brasil e também do exterior de países como Colômbia, Portugal e Uruguai. Atualmente, conta com 171 associados, dos quais 66 doutores (PRATA, 2016), a maioria com inserção em Programas de Pós-Graduação (Mestrado/Doutorado). Com o objetivo de mapear a produção do GP e identificar tendências, o Grupo de Pesquisa Mediações e Interações Radiofônicas, vinculado ao Programa de Pós-Graduação 1 Trabalho apresentado na Divisão Temática de Rádio e Mídia Sonora, da Intercom Júnior XII Jornada de Iniciação Científica em Comunicação, evento componente do XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 2 Estudante de Relações Públicas da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCS/UERJ), bolsista de Iniciação Científica do AudioLab e integrante do Grupo de Pesquisa Mediações e Interações Radiofônicas. Graduada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Castelo Branco (UCB). Email: joiceoliveira.rj@gmail.com. 3 Doutor em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor do Departamento de Jornalismo e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCS/UERJ), onde coordena o AudioLab e lidera o Grupo de Pesquisa Mediações e Interações Radiofônicas, listado no CNPq. Email: marcelok@uerj.br. 1

em Comunicação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PPGCOM/UERJ), listado no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e liderado pelo segundo autor, realizou, entre junho de 2015 e julho de 2016, levantamento exploratório nos anais dos congressos nacionais da Intercom. O corpus totaliza 570 artigos publicados nos anais, no período de 2001 a 2015. Os trabalhos apresentados entre 1994 e 1999 estão disponíveis no portal da Intercom, na seção Portcom, mas de forma dispersa; os dos anos de 1991 a 1993 estão arquivados em papel, sem acesso aos pesquisadores. Daí a opção por delimitar a amostra ao século XXI, o que já cobre a maioria absoluta dos papers apresentados de 1991 a 2000, foram apresentados apenas 125. Os artigos foram analisados a partir de três grandes categorias: Perspectivas Teóricas, Objetos e Perspectivas Metodológicas. Os dados sobre metodologia foram apresentados no congresso do ano passado e, depois de revistos e ampliados, publicados em ebook comemorativo dos 25 anos do GP Rádio e Mídia Sonora, que está sendo lançado no presente congresso da Intercom (KISCHINHEVSKY et al., 2016a). Como bolsista de Iniciação Científica, a primeira autora deste artigo trabalhou diretamente na coleta e na sistematização dos dados de Perspectivas Teóricas e Objetos, entre março e junho de 2016. O presente trabalho é um esforço de sistematizar reflexões sobre os desafios da pesquisa acadêmica e o processo de aprendizagem vivido pela primeira autora como bolsista PIBIC, visando futuro desenvolvimento como pesquisadora e profissional de Comunicação. Organização da pesquisa Para proceder ao levantamento, houve um esforço coletivo do GP Mediações e Interações Radiofônicas do PPGCOM/UERJ para organizar uma planilha Excel em que foram detalhadas as mais comuns perspectivas metodológicas e chaves conceituais, bem como os principais objetos de pesquisa. O trabalho esbarrou nas dificuldades de estruturação da tabela, já que nenhum dos envolvidos apresentava conhecimentos avançados do software. Os obstáculos também foram grandes por ocasião do cruzamento dos resultados, ano a ano. Além disso, o entendimento de cada pesquisador em relação à categorização dos artigos apresentou variações, o que exigiu seguidas checagens por parte do líder da pesquisa, o segundo autor deste trabalho. Foram considerados, na categorização das perspectivas teóricas e objetos, esforços 2

anteriores de análise sobre a produção científica radiofônica no país, tanto em termos de defesa de teses e dissertações quanto de publicação de artigos e livros e apresentação de trabalhos nos principais eventos da área de Comunicação (HAUSSEN, 2004, MOREIRA, 1999, 2008, PRATA, 2015, PRATA, MUSTAFÁ e PESSOA, 2014, entre outros). Em relação às perspectivas teóricas, foram estabelecidas, previamente as principais correntes chegando-se à seguinte listagem de categorias: História/Memória; Ensino- Aprendizagem/Educomunicação; Economia Política da Comunicação/Políticas de Comunicação; Estudos de Recepção; Semiótica; Análise de Discurso; Linguagens; Cibercultura; Estudos de Jornalismo; Comunicação Comunitária; Comunicação Organizacional; Gêneros; Mediações/Estudos Culturais; Mediatização; Interações/Interacionismo Simbólico; Estética; Imaginário; Identidade; Representações; Cartografia/Panorama/Mapeamento; Oralidade; Cultura do Ouvir/Escuta/Audição; e Performance de Corpo/Voz. Algumas foram agrupadas devido às afinidades e interfaces evidentes, embora guardem certa diversidade entre si. Foram reunidos na categoria Ensino- Aprendizagem/Educomunicação trabalhos muito variados, que abordam desde relatos de experiências de ensino-aprendizagem de rádio em cursos de Comunicação até os trabalhos interdisciplinares de Comunicação e Educação. O mesmo ocorreu com os estudos críticos filiados à Economia Política da Comunicação e suas várias vertentes e com os estudos de políticas públicas e regulação dos mercados de radiodifusão. Perspectivas teóricas menos acionadas não aparecem nas categorias listadas, pois sua presença nos anais dos congressos analisados foi considerada residual. Quanto aos objetos, a relação de categorias foi crescendo à medida que o levantamento avançava, exigindo maior delimitação. Ao fim, chegou-se à seguinte listagem: História/Memória de Emissoras, Programas e Personagens; Rádio-Arte; Rádio Público/Educativo; Rádios Comunitárias; Rádio Local/Regional/Rural; Radiojornalismo; Publicidade/Propaganda Radiofônica; Rádio e Política; Teorias do Rádio; Mercado Radiofônico/Gestão; Rádio Religioso; Rádio Esportivo; Rádio Musical; Indústria Fonográfica/Música; Estudos de Som; Rádio-drama/Radionovela; Humor; Radialismo; Convergência Midiática; Web Rádio; Podcasting; Rádio Digital; Interatividade; e Outros. Assim como nas perspectivas teóricas, foi necessário agrupar alguns dos objetos (rádio público e educativo e rádio local, regional e/ou rural, por exemplo), devido à clara afinidade entre estes, mas optou-se por conservar algumas categorias independentes, como 3

web rádio, podcasting e rádio digital, embora os três estejam inseridos na lógica da convergência midiática, para que se pudesse captar a variação de interesse que cada uma dessas modalidades radiofônicas suscitou nos pesquisadores ao longo dos anos. Para a categorização, foram levados em consideração inicialmente os títulos, resumos e palavras-chave dos artigos, mas, em muitos casos, estas informações não estavam claras e foi necessário ler a íntegra dos papers. Cabe ressaltar que vários textos foram alocados em mais de uma categoria e, por isso, as somas resultam, em geral, superiores a 100%. Destaca-se que o trabalho foi muito enriquecedor, possibilitando discussões no âmbito do grupo de pesquisa que abriram horizontes acadêmicos, expondo a diversidade dos trabalhos na área de Comunicação. A seguir, dois gráficos que organizam visualmente as categorias mais empregadas em Perspectivas Teóricas e Objetos: Figura 1: representação gráfica das dez modalidades de perspectiva teórica mais utilizadas nos artigos do GP de Rádio e Mídia Sonora da Intercom, entre 2001 e 2015. Dados em número absoluto. Elaboração própria do Grupo de Pesquisa Mediações e Interações Radiofônicas. 4

Figura 2: representação gráfica dos dez objetos mais pesquisados nos artigos do GP de Rádio e Mídia Sonora da Intercom, entre 2001 e 2015. Dados em números absolutos. Elaboração própria do Grupo de Pesquisa Mediações e Interações Radiofônicas. Os resultados do levantamento estão devidamente sistematizados em artigo que está sendo apresentado no GP Rádio e Mídia Sonora no presente congresso nacional da Intercom (KISCHINHEVSKY et al., 2016b), e não devemos aqui nos alongar na descrição dos dados obtidos. Importante ressaltar que outros cruzamentos permitirão investigar a evolução das perspectivas teóricas e da escolha dos objetos ao longo dos anos, ajudando a mapear (ou cartografar, na acepção lírica de MARTÍN-BARBERO) o campo dos estudos de rádio e mídia sonora no Brasil. Considerações finais Participar desta pesquisa foi, para mim, primeira autora, muito enriquecedor. Tive acesso a todos os artigos publicados nesses 25 anos do GP de Rádio e Mídia Sonora da Intercom e, honestamente, apesar de saber da força do rádio em nosso país, não imaginava que o interesse por esse tipo de mídia continuasse a crescer e se desenvolvesse em novas modalidades radiofônicas, como o podcasting e os serviços de streaming de áudio. Nas cidades do interior do país nota-se grande influência das mídias sonoras, haja vista que muitos artigos escritos nesses anos referem-se a programas radiofônicos e/ou personagens 5

locais ligados a esta mídia, que contribuíram de forma criativa, formando opinião e atuando como importantes mediadores sociais e culturais. Ter acesso às planilhas com todos os objetos de estudo, referenciais teóricos e tudo o mais que diz respeito à pesquisa científica fez-me atentar ainda mais para a importância desse tema, que eu julgava conhecer. Pude perceber, durante esse tempo de pesquisa, no entanto, que sabia muito pouco da importância real que esse tema tem não apenas dentro da Intercom, mas em outros campos de estudo também. Eu mesma tornei-me uma entusiasta do assunto e, pretendo continuar a aprofundar meus conhecimentos nessa área para uma possível dissertação de mestrado. Além de todos os integrantes do grupo de pesquisa do qual fiz parte, quero fazer um agradecimento especial ao professor Marcelo Kischinhevsky e à pesquisadora Lena Benzecry, que estiveram mais próximos a mim durante esse período intenso de pesquisas e reuniões para a elaboração tanto do artigo principal (a ser apresentado no Intercom), como a me incentivarem a apresentar um artigo de minha autoria no Intercom Jr. contando sobre os bastidores dessa intensa pesquisa em torno dos 25 anos do GP Rádio e Mídia Sonora no Intercom nacional. Apesar de mais de 10 anos de minha formação em Publicidade e Propaganda, meu retorno à graduação na UERJ tem sido muito enriquecedor. Tenho tido contato com novas formas de abordagem na comunicação, além de me deparar com profissionais muito capacitados e conceituados que me têm incentivado a seguir adiante na carreira acadêmica. Espero ter dado alguns passos nessa direção e seguir me capacitando para trilhar esse caminho, atuando em pesquisas de campo como a que desenvolvemos no presente artigo. REFERÊNCIAS HAUSSEN, Doris Fagundes. A produção científica sobre o rádio no Brasil: livros, artigos, dissertações e teses (1991-2001). Revista Famecos, Porto Alegre, v. 25, p. 119-126, 2004. KISCHINHEVSKY, Marcelo, FERNÁNDEZ, José Luis, BENZECRY, Lena, MUSTAFÁ, Izani, CAMPOS, Luiza Borges, RIBEIRO, Cintia e VICTOR, Renata. Estudos radiofônicos no século XXI Perspectivas metodológicas dos trabalhos apresentados no GP Rádio e Mídia Sonora da Intercom entre 2001 e 2015. In: ZUCULOTO, Valci, LOPEZ, Debora, KISCHINHEVSKY, Marcelo. Estudos radiofônicos no Brasil: 25 anos do Grupo de Pesquisa Rádio e Mídia Sonora da Intercom em perspectiva. São Paulo: Intercom, 2016a. KISCHINHEVSKY, Marcelo, BENZECRY, Lena, MUSTAFÁ, Izani, DE MARCHI, Leonardo, CHAGAS, Luãn, FERREIRA, Gustavo, VICTOR, Renata e VIANA, Luana. Chaves conceituais e 6

objetos de pesquisa em rádio e mídia sonora no século XXI. In: Anais do GP Rádio e Mídia Sonora, XVI Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicação, evento componente do XXXIX Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. São Paulo: Intercom, 2016b.. Métodos de pesquisa qualitativa aplicada à comunicação radiofônica. In: MOURA, Cláudia Peixoto de, LOPES, Maria Immacolata Vassallo de (org.). Pesquisa em comunicação: metodologias e práticas acadêmicas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2016. LOPEZ, Débora Cristina, MUSTAFÁ, Izani. Pesquisa em rádio no Brasil: um mapeamento preliminar das teses doutorais sobre mídia sonora. Revista Matrizes, São Paulo, v. 6, n. 1, p. 189-205, 2012. MARTÍN-BARBERO, Jesús. Ofício de cartógrafo. Travessias latino-americanas da comunicação na cultura. São Paulo: Edições Loyola, 2002. MOREIRA, Sonia Virginia. Rádio. In: MELO, José Marques de (Org.). O campo da Comunicação no Brasil. Petrópolis: Vozes, 2008. MOREIRA, Sonia Virginia; DEL BIANCO, Nélia. A pesquisa sobre o rádio no Brasil nos anos oitenta e noventa. In: LOPES, Maria Immacolata Vassalo de (Org.). Vinte anos de Ciências da Comunicação no Brasil. São Paulo: Editora Intercom, 1999. p. 85-95. PRATA, Nair. Grupo de Pesquisa Rádio e Mídia Sonora da Intercom 25 anos. In: ZUCULOTO, Valci, LOPEZ, Debora, KISCHINHEVSKY, Marcelo. Estudos radiofônicos no Brasil: 25 anos do Grupo de Pesquisa Rádio e Mídia Sonora da Intercom em perspectiva. São Paulo: Intercom, 2016.. Pesquisa em rádio no Brasil O protagonismo do GP Rádio e Mídia Sonora da Intercom. In: OLIVEIRA, Madalena, PRATA, Nair (org.). Rádio em Portugal e no Brasil: Trajetória e Cenários. Braga: CS Edições, 2015, v. 1, p. 219-238. PRATA, Nair; MUSTAFÁ, Izani e PESSOA, Sonia Caldas. Teóricos e pesquisadores de rádio no Brasil. Revista Brasileira de História da Mídia (RBHM), São Paulo, V. 3, n.1, p. 65-82, jan.2014-jun/2014. PRATA, Nair, LOPEZ, Debora, CAMPELO, Wanir. Panorama do rádio religioso no Brasil. In: Anais do XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Foz do Iguaçu, PR: Intercom, 2014. 7