O ENSINO DE LÍNGUAS E OS GÊNEROS TEXTUAIS



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Transcrição:

7. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 1 O ENSINO DE LÍNGUAS E OS GÊNEROS TEXTUAIS Área temática: Educação GRAEFF, Talis Cristina (apresentadora 1) ENGELS, Marcia Eliane Moreira (apresentadora 2) COUTO, Ligia Paula (autora e coordenadora do projeto) JOVINO, Ione da Silva (autora e coordenadora do projeto) SCARABOTO, Joceli (autora) Resumo-Esta apresentação é sobre o projeto de extensão O Ensino de Línguas e os Gêneros Textuais, que se insere no Programa Laboratório de Estudos do Texto (LET) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Tal projeto tem como objetivo estudar os gêneros textuais e sua relação com a área de ensino de línguas. Além disso, objetiva-se também a produção escrita, portanto, seus participantes estudarão o gênero artigo e redigirão artigos sobre os temas escolhidos. O grupo é formado por duas professoras orientadoras, cinco alunas egressas e duas acadêmicas. Às professoras orientadoras, cabe o papel de agrupar as alunas, auxiliá-las no desenvolvimento de um projeto de ensino que aborde a teoria dos gêneros textuais e na redação de um artigo sobre o projeto desenvolvido. As outras integrantes do projeto, por sua vez, terão que pensar uma ação que relacione o ensino e a teoria dos gêneros textuais para desenvolvê-la em uma comunidade, colocar esta ação em prática e, por fim, redigir um artigo a aproximando a teoria da prática. Até o momento, há quatro grupos que desenvolverão projetos em uma escola municipal, uma estadual, duas escolas particulares e um cursinho comunitário. Nesta apresentação, trataremos das ações que serão desenvolvidas na escola municipal e estadual. Na escola municipal, o trabalho ocorrerá com alunos da 4ª série do Ensino Fundamental I e abordará o gênero contos de fadas; já na escola estadual, o trabalho será realizado com alunos da 5ª série do Fundamental II e tratará do gênero história em quadrinhos. PALAVRAS CHAVE Leitura e Escrita; Contos de Fada; História em Quadrinhos. Introdução Em 2008, criamos o grupo de estudos Os gêneros textuais e a prática em sala de aula, que se inseriu no Programa Laboratório de Estudos do Texto (LET). Tínhamos como objetivo iniciarmos uma aproximação entre a teoria dos gêneros textuais e a prática em sala de aula. Esse grupo de estudos expandiu seus objetivos iniciais e, por isso, neste ano de 2009, tornou-se um projeto de extensão intitulado O Ensino de Línguas e os Gêneros Textuais. A teoria dos gêneros textuais é tratada em documentos oficiais (PCNs, DCEs) como uma das teorias que pode fundamentar o trabalho do professor de línguas em sala de aula. No entanto, observamos em nossa prática que ainda se faz necessária uma discussão aprofundada do significado do termo gêneros textuais para, em seguida, relacioná-lo à área de ensino de línguas. Focar os gêneros textuais nas aulas de língua portuguesa e línguas estrangeiras causará uma mudança nas práticas docentes, portanto, o projeto de extensão O Ensino de Línguas e os Gêneros Textuais visa dedicar-se ao estudo dos gêneros textuais e sua aplicação em sala de aula. Após as discussões entre os integrantes do grupo, temas serão escolhidos para pesquisas mais aprofundadas, assim como ocorrerá o desenvolvimento de projetos em comunidades e a redação de artigo a respeito da condução dos projetos e resultados alcançados. Assim, espera-se discutir a teoria dos gêneros textuais de uma maneira mais aplicada e que, consequentemente, tal teoria apareça de forma mais palpável ao professor que tentar se valer dela em suas aulas de língua materna ou estrangeira. Metodologia O projeto de extensão O Ensino de Línguas e os Gêneros Textuais segue a seguinte metodologia: a) Dois encontros mensais, que ocorrem no LET;

7. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 2 b) Discussões a respeito de leitura previamente realizada. Essas leituras abordam a questão dos gêneros textuais e sua relação com a área de ensino de línguas; c) Seleção de tema, por participantes, para ser pesquisado; d) Apresentação de tema escolhido para o grupo; e) Elaboração de projeto para ser desenvolvido em comunidade para colocar a teoria dos gêneros textuais em prática; f) Desenvolvimento do projeto na comunidade; g) Estudo do gênero textual artigo; h) Produção de artigo acerca de tema selecionado, ou seja, sobre o projeto desenvolvido em comunidade; i) Apresentação de bibliografia consultada e descobertas a partir da redação de artigo. Resultados Até o presente momento, temos uma ação em desenvolvimento e duas que iniciarão em agosto. Esta apresentação tratará das duas ações que se iniciarão nas comunidades em agosto. A primeira delas, que tratará do gênero conto de fadas, ocorrerá em uma escola municipal. A segunda, que abordará o gênero história em quadrinho, ocorrerá em uma escola estadual. Primeira proposta: Oficina de textos: aprendendo com os contos de fadas A presente proposta será realizada em uma escola municipal de ensino fundamental (1º e 2º ciclos) na cidade de Ponta Grossa, Paraná. Esta escola existe na comunidade há trinta e quatro anos (desde 1975) e recentemente foi reformada (2008); mesmo sendo ampliada, não conta com sala para biblioteca, nem sala de recursos. Está localizada em um bairro de classe média baixa, o nível de escolarização dos pais dos alunos varia entre ensino fundamental completo e ensino médio incompleto. O público alvo selecionado para desenvolver esta proposta serão 20 alunos do 2º ciclo (antiga 4ª série) turno matutino, com faixa etária aproximada de 10 anos, que serão selecionados para as oficinas, que se realizarão a princípio, em horário contra turno (vespertino), duas vezes por semana com duração de duas horas cada encontro, no período de um mês (o qual poderá ser prorrogado). Trabalhar nesta oficina com os gêneros textuais e fazer com que os alunos tenham acesso a esta grande diversidade de textos (e discursos) que circulam em nossa sociedade tem como principal objetivo a transformação, ou seja, fazer com que os alunos tornem-se indivíduos mais críticos na sociedade que os cerca, através da leitura e discussão destes textos, como afirmam os PCNs (1997, p. 46): Há conteúdos que podem ser trabalhados em situações de reflexão sobre a língua, com o objetivo de conhecer e analisar criticamente os usos da língua como veículo de valores e preconceitos de classe, credo, gênero ou etnia, explicando, por exemplo, a forma tendenciosa com que certos textos tratam questões sociais e étnicas, as discriminações veiculadas por meio de campanhas de saúde, os valores e as concepções difundidos pela publicidade, etc. (...). Também temos como objetivo, verificar se as crianças conhecem/reconhecem as características do gênero textual conto de fadas de uma maneira indutiva e, durante todo o percurso de nossa pesquisa, através da exposição oral e depois com as produções dos alunos, confirmar a premissa de Mikhail Bakhtin, ou seja, a afirmação de que em termos práticos todos empregamos os gêneros do discurso de forma segura e habilidosa, mas em termos teóricos podemos desconhecer inteiramente a sua existência (BAKHTIN, 2003, p.282). A literatura infantil contém em seu abrangente conteúdo, vários tipos de textos representativos desta categoria como as fábulas, os contos de fadas, os contos maravilhosos, as lendas, as narrativas de aventuras, entre outros. Optamos por trabalhar com o conto de fadas ou conto maravilhoso, pois acreditamos que, dentre esta imensa diversidade de textos existentes, o conto é um dos gêneros que mais está presente na vida da criança, pois o seu cotidiano é permeado por histórias. Histórias que ela ouve de seus pais ou avós, na televisão, dos amigos e na escola. Além disso, os contos de fadas por conterem em sua estrutura elementos fantásticos, maravilhosos, muitas vezes divertidos ou absurdos, carregam uma significativa herança de sentidos

7. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 3 ocultos e essenciais para a nossa vida como afirma Coelho (1987, p. 9). É através deles que as crianças irão, pela primeira vez, descobrir e desvendar junto com os personagens, situações conflitantes, discriminatórias, de alegria e vitória, etc., as quais somos defrontados todos os dias em nossa vida, de um modo ou de outro. Poderíamos dizer de uma maneira simples, que os contos são instrumentos que auxiliam as crianças, para que elas possam enfrentar os problemas reais com a coragem de um adulto e com a inocência de uma criança. (AZEVEDO, E. 2009 apud AGUIAR, V. T. 2001). A metodologia utilizada para o desenvolvimento de nosso projeto, a princípio, acontecerá da seguinte maneira: 1- Como a escola não possui biblioteca, nem sala de recursos e nem carteiras sobrando, pretendemos levar os alunos até a quadra de educação física, e nos reunirmos em forma de círculo, sentados em uma almofada ou no chão mesmo para a contação de histórias, caso este procedimento não seja possível, uma segunda opção é desenvolver o projeto durante a hora atividade da professora da turma; 2- Adiante faremos a seleção do conto; 3- Após a leitura, será feita a interpretação deste(s) conto(s): Quais são os personagens principais, do que se trata a história? Etc...; 4- Nos próximos encontros, serão elaboradas atividades que façam os alunos refletirem a partir desta história; 5- Explicar sobre a origem dos contos e que existem versões modernas dos clássicos infantis, pedindo para que eles citem algumas que conhecem; 6- Estudar a estrutura do gênero contos de fadas, de maneira indutiva; 7- E, posteriormente verificar, se eles dominam esta estrutura, através de produções que eles irão criar; 8- Depois de esclarecidas todas as dúvidas, propor para que os alunos criem um livro de histórias que será exposto na classe posteriormente. Este trabalho terá com respaldo teórico a concepção sócio-interacionista da linguagem preconizada por Bakhtin, que em seus escritos, insiste no caráter social dos fatos de linguagem, considerando o enunciado (isto é, o texto) como o produto da interação social, em que cada palavra é definida como produto de trocas sociais, ou seja, os enunciados estão ligados a uma situação material concreta. Segunda proposta: As Histórias em Quadrinhos na Escola Esta pesquisa nasce com a pretensão de analisar a unidade 8 do Livro Didático Projeto Araribá: português 5ª série Editora Moderna 2006, que tem como tema Imagens que narram: a linguagem dos quadrinhos e iniciar um trabalho de ensino e aprendizagem de leitura, compreensão e produção de Histórias em quadrinhos com 37 alunos da 5ª série do Ensino Fundamental de uma escola pública, que está localizada na área urbana da cidade de Carambeí PR. O estabelecimento de ensino oferta os ensinos Fundamental, Médio e Profissional, funciona nos períodos matutino, vespertino e noturno. Ademais, conta com 1056 alunos matriculados e aproximadamente 65 funcionários, entre professores, equipe pedagógica, assistentes administrativos e serviços gerais. A totalidade do corpo docente possui graduação de nível superior na disciplina na qual leciona e pelo menos uma pós-graduação em áreas ligadas à educação. No geral, os alunos da sala pesquisada tem entre 10 e 12 anos e são provenientes de escolas públicas municipais. A maioria do alunado possui casa própria, tem renda familiar mensal de 1 a 3 salários mínimos e mora com os pais. Elegemos como eixo discursivo o trabalho com o gênero Histórias em quadrinhos, doravante HQ, porque são enredos narrados quadro a quadro por meio de desenhos e textos que utilizam o discurso direto, característico da linguagem falada e elementos visuais, que combinados tornam este gênero agradável à leitura. A escolha do gênero HQ reside, primeiramente, no fato de que este gênero transita com frequência entre os suportes de grande circulação como jornais, revistas, livros didáticos, anúncios publicitários, etc. Em segundo lugar, porque é um dos gêneros textuais com o qual os alunos se deparam em processos avaliativos, desde as séries iniciais. Constatamos, através de entrevista informal com a bibliotecária da escola em questão, que as HQ são um gênero bastante procurado nas bibliotecas escolares pelo corpo discente. Não obstante, conhecemos que a grande maioria realiza uma leitura apenas na superficialidade do texto, ou seja, a simples apreensão de significados literais. Como, por exemplo, ler as HQ, apenas como

7. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 4 entretenimento. Entendemos que uma das funções das HQ seja a diversão, porém queremos construir, juntamente com os alunos, a visão de que as HQ são uma miscelânea de linguagem verbal, não verbal, texto literário, recursos linguísticos, paralinguisticos, entre outros. A HQ opera com um tipo de literatura pretensamente infantil, mas desvenda reações do público que as lê muitas vezes ausentes em outros textos. As HQ há muito tempo alimentam o universo do leitor de diferentes faixas etárias; a sua linguagem, constituída por desenhos, figuras e legendas constitui um gênero que ocupou largo espaço na cultura do século XX. Na maioria das vezes, foi fruto da necessidade de uma rápida comunicação e também serviu ao propósito de intervir nos fatos e analisar valores de maneira aparentemente leve e inconsequente, mas se presta admiravelmente à crítica política e de costumes. Portanto, é a oportunidade de se fazer pensar várias questões correntes em nossa sociedade e a escola pode tirar muito proveito ao trabalhar este gênero textual em sala de aula. A princípio, pretendemos fazermos oito inserções na sala de aula, sendo uma aula por semana, no período de dois meses. Neste período, esperamos, num primeiro momento, avaliarmos os conhecimentos prévios do alunado e seguidamente fomentar a compreensão leitora, com atividades orientadas para o ensino da leitura e da compreensão de HQ. No final do trabalho na sala de aula, como forma de avaliação, será proposta a produção de HQ, que pode ser individual ou coletiva, que serão apresentadas ao grupo, discutidas e avaliadas e, posteriormente, serão expostas no mural do colégio. Entendemos que a compreensão do sentido de um texto é um trabalho conjunto de produção de sentidos entre o autor e o leitor. Desta maneira, o interesse teórico pela leitura como processo de compreensão vem ao encontro das mudanças produzidas no ensino, que deixou de apoiar-se na simples memorização de conteúdos para a capacidade de compreender o que se lê. Cremos que o trabalho com as HQ possibilitará um resultado muito proveitoso, no que concerne aos nossos interesses, neste momento, pois há: interação entre os códigos verbal e nãoverbal, elementos da narrativa narrador, personagens, tempo e espaço, é frequente o uso de onomatopéias, o que a torna uma leitura extremamente atraente para receptores de diferentes faixas etárias. O humor e a ironia, instrumentos deste tipo de criação, proporcionam a releitura do mundo. Ademais as HQ operam com um tipo de literatura pretensamente infantil, mas que desvenda reações do todos os públicos, devido aos seus temas implícitos. Portanto, é a oportunidade de se fazer pensar, daí a funcionalidade de seu uso na escola. Conclusões Esperamos que o esforço conjunto de aproximação da teoria dos gêneros textuais com o ensino de língua materna e estrangeira possa garantir ao acadêmico e ao egresso uma formação inicial e continuada que se embase na prática para entender a teoria. Dessa forma, acreditamos que é pela prática que se apreende a teoria e que temos a oportunidade de refletir criticamente sobre a teoria que nos fundamenta. Além disso, a realização de encontros para discutir coletivamente a teoria e os projetos em andamento e em elaboração, a leitura de textos que fundamentam tais projetos e a redação do artigo proporcionarão ao grupo uma identidade e características essenciais para a formação do pesquisador. Assim, objetivamos a formação de docentes pesquisadores que, a partir de uma metodologia de pesquisa, realizem intervenções e consigam efetuar práticas pedagógicas críticas e embasadas em teorias que façam sentido para eles e para a comunidade em que atuam. Referências BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003. BAZERMAN, Charles. Gêneros textuais, tipificação e interação. São Paulo: Cortez, 2005. BETTELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. Trad. Arlene Caetano. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetro Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa/Secretaria de educação Fundamental. Brasília, 1997. COELHO, Nelly Novaes. O conto de fadas. São Paulo: Ática, 1987.

7. CONEX Apresentação Oral Resumo Expandido 5. Panorama histórico da literatura infantil juvenil; Das origens indo-européias ao Brasil contemporâneo. 4. ed. rev. São Paulo: Ática, 1991. COLOMER, Teresa. Ensinar a ler, ensinar a compreender. Porto Alegre: Artmed, 2002. FREITAS, Maria Teresa de Assunção. O pensamento de Vygotsky e Bakhtin no Brasil. Campinas: Papirus, 1994. MARCUSCHI, Luiz Antonio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. MARINHO, Elyssa Soares. Histórias em quadrinhos a oralidade em sua construção. Disponível em http://www.filologia.org.br/wiicnef/anais/caderno12-11.html. Acesso em 15 abr. 2009. MEURER, J. L.; MOTTA-ROTH, D. (Orgs.). Gêneros textuais e práticas discursivas: subsídios para o ensino da linguagem. Bauru: EDUSC, 2002. MEURER, J.L; BONINI, AA.; MOTTA-ROTH, D. (Orgs.). Gêneros: teorias, métodos, debates. São Paulo: Parábola Editorial, 2005. PROJETO ARARIBÁ: português. Obra coletiva, concebida, desenvolvida e produzida pela Editora Moderna; editora responsável Áurea Regina Kanashiro.- 1 ed. São Paulo: Moderna, 2006. SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. e colaboradores. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004. SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 20a ed., 1996.