UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA UNIR NÚCLEO DE SAÚDE EDUCAÇÃO FÍSICA



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Transcrição:

i UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA UNIR NÚCLEO DE SAÚDE EDUCAÇÃO FÍSICA POSTURA E HÁBITOS POSTURAIS DE ALUNOS DE 5º À 8º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA EDUARDO LIMA E SILVA DE PVH EM 2007 ÉMERSON SOUSA MATIAS MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO Porto Velho Rondônia 2007

ii POSTURAE HÁBITOS POSTURAIS DE ALUNOS DE 5º À 8º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA EDUARDO LIMA E SILVA DE PVH EM 2007 Autor: ÉMERSON SOUSA MATIAS Orientadora: PROFª.DRª. IVETE DE AQUINO FREIRE Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Educação Física do Núcleo de Saúde da Universidade Federal de Rondônia, para a obtenção do titulo de graduado em Educação Física. Porto Velho Rondônia 2007

iii Postura Corporal de Alunos de 5º à 8º ano do Ensino Fundamental da Escola Eduardo Lima e Silva de PVH em 2007 Émerson Sousa Matias Data da defesa: / / BANCA EXAMINADORA Prof. Ms. Julgamento: Assinatura Prof. Ms. Julgamento: Assinatura Prof. Ms. Julgamento: Assinatura

iv Página de Agradecimentos A amiga e orientadora da monografia PROFª.DRª. Ivete de Aquino Freire, pelas diretrizes seguras e pelo permanente incentivo. A amiga Profª. Ligiane da Escola Eduardo Lima e Silva que não mediu esforços para colaborar com a pesquisa. Aos alunos de 5º a 8º ano do ensino fundamental da escola Eduardo Lima e Silva que participaram da pesquisa. Aos meus colegas de curso que durante nossa formação foram fundamentais para a realização de trabalhos. A universidade Federal de Rondônia pelos anos de formação que tive aqui. E a todos que de forma direta ou indireta colaboraram em minha formação.

v Sumário Agradecimentos...iv Sumário...v Lista de Ilustrações...vii Resumo...viii 1. Introdução... 1 1.1 Problemática... 1 1.2 Justificativa... 2 1.3 Questões de Pesquisa... 3 1.4 Objetivos... 3 1.4.1 Objetivo Geral... 3 1.4.2 Objetivos Específicos... 3 2 Referencial Teórico...4 2.1 Coluna Vertebral... 4 2.2 Postura Corporal...... 6 2.3 Postura Corporal de Escolares...9 2.4 Desvios Posturais...10 2.4.1 Hiperlordose...10 2.4.2 Hipercifose...12 2.4.3 Escoliose...13 2.4.4 Retificação da Coluna...16 2.5 Exercícios Corretivos...16 2.5.1 Hiperlordose...16 2.5.2 Hipercifose...17 2.5.3 Escoliose...17 2.5.4 Retificação da coluna...17 3 Metodologia...18 4 Apresentação e Análise dos Dados...20 4.1 Avaliação Postural Ensino Fundamental...20 4.2 Hábitos Posturais do Ensino Fundamental...22 5 Considerações Finais...32

vi 6 Referências...33 Anexos...35 Anexo I Termo de Aprovação do Comitê de Ética...36 Anexo II Requerimento de autorização da escola...37 Anexo III Ficha de Avaliação Postural...38 Anexo IV Ficha de Identificação de Hábitos Posturais...49 Anexo V Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...41

vii Lista de Ilustrações Figura 1 Coluna Vertebral...5 Figura 2 Hiperlordose...11 Figura 3 Hipercifose Torácica...13 Figura 4 Escoliose em S...14 Figura 5 Escoliose...20 Figura 6 Hiperlordose Cervical...21 Figura 7 Hiperlordose Lombar...21 Figura 8 Hipercifose...22 Figura 9 Postura ao sentar-se na cadeira...23 Figura 10 Posição dos pés ao sentar na cadeira...23 Figura 11 Sensação da postura em pé...24 Figura 12 Posição adotada na sala de aula...25 Figura 13 Formas adotadas para levar a mochila para a escola...25 Figura 14 Para pegar algo no chão flexiona:...26 Figura 15 Atitude adotada para levar um objeto de um local para outro...26 Figura 16 Como costuma dormir...27 Figura 17 Sensação de dor nas costas em pé...27 Figura 18 Sensação de dor nas costa sentado...28 Figura 19 Sensação de dor nas costas deitado...29 Figura 20 Sensação de dor nas costas andando...29 Figura 21 Sensação de dor nas costas na aula de Educação Física...30 Figura 22 Sensação de dor nas costas transportando a mochila escolar...31 Figura 23 Sensação de dor nas costas em atividades esportivas...31

viii Resumo Esta pesquisa é classificada como de campo de caráter quantitativo. O objetivo é verificar quais os principais desvios e hábitos posturais encontrados nos alunos analisados e a relação existente entre eles. A forma de coleta de dados foi a partir da técnica de observação e formulário de hábitos posturais. Este último teve a finalidade de verificar se os hábitos dos alunos pesquisados favorecem a ocorrência de desvios posturais. Na observação realizou-se uma avaliação postural para a verificação de possíveis alterações, seguindo-se o protocolo de Freire (2006). O formulário aplicado é uma adaptação de Rebolho (2005). Para a observação postural utilizou formulário elaborado para este fim. A população investigada é composta por alunos de 5ª a 8ª séries da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Eduardo Lima e Silva, selecionouse uma amostra de 80 escolares. A partir dos resultados encontrados verificou-se que os alunos apresentaram diversos tipos de alterações posturais: 92% deles possuíam escoliose; 82,5% tinham desvios em relação à hiperlordose cervical; 43,7% apresentaram alterações na lordose lombar; em 86,2% notou-se a presença de hipercifose. Em relação aos hábitos posturais notou-se que 80% dos informantes adotam postura inadequada ao sentar na cadeira em sala de aula; 43,8% transportam de forma errada suas mochilas; para pegar um objeto no chão 62,5% flexionam a coluna e não os joelhos. Ao relacionar estes desvios aos hábitos posturais dos alunos verificou-se que são realizados de forma errada tanto na escola quanto no cotidiano dos mesmos. Com base nos resultados encontrados percebe-se a necessidade de orientação dos alunos em relação à saúde postural no contexto escolar, não apenas pelo professor de Educação física, mas também pelos professores de outras disciplinas também. UNITERNOS: Postura Corporal, Avaliação Postural, Hipercifose, Hiperlordose, Escoliose.

ix 1. Introdução 1.1 Problemática A coluna vertebral possui um papel fundamental na sustentação do corpo.... é constituída por 33 vértebras superpostas ao longo do plano mediano (Souza 2001, p. 55). Essas vértebras se agrupam dando origem a cinco curvaturas, que são: a cervical, a torácica, lombar, sacral e coccígea. Esta última é denominada também como sacrococcígea. As curvaturas de caráter fisiológico ajudam na distribuição das tensões existentes sobre os discos intervertebrais. São essas curvaturas que determinam se o individuo possui uma boa ou uma má postura corporal. Em relação à postura os autores não chegam a um consenso da definição do que vem a ser uma boa postura. A postura é algo que depende de inúmeros fatores. Estes vão desde fatores fisiológicos e hereditários até aqueles culturais e ambientais em que o indivíduo possa ter se desenvolvido. Segundo Keiserman (2001) uma boa postura é aquela que podemos definir como o arranjo harmônico das partes que constituem o corpo, tanto em posição estática (parado) como em diferentes situações dinâmicas (movimento e força). Portanto, faz-se necessário que o indivíduo tanto parado quanto realizando alguma espécie de atividade tenha uma boa postura. Keiserman (2001) define como sendo uma boa postura a capacidade que ligamentos, cápsulas e tônus muscular têm de suportar o corpo ereto, permitindo sua permanência em uma mesma posição por períodos prolongados sem desconforto. Uma postura aceitável também deve ser esteticamente apreciável. Segundo Tribastone apud Guimarães et al (2006) qualquer desequilíbrio gerado por forças e tensões nos componentes da coluna vertebral pode ocasionar um desvio postural. Os desvios posturais que podemos encontrar são: as hipercifoses (torácica e coccigeana); as hiperlordoses (cervical e lombar); as escolioses que são desvios laterais da coluna vertebral; e as retificações da coluna que são as diminuições das curvaturas fisiológicas da coluna vertebral. Para a verificação dos desvios posturais utiliza-se de cineantropometria que segundo Carnaval apud Guimarães et al (2006) teve sua primeira conceituação no Congresso Internacional de Ciências Físicas, realizado em Montreal, em 1976, para a identificação do índice de tais desvios. De acordo com Kisner e Colby apud Guimarães (2006) a má postura pode levar a comprometimentos musculares como o enfraquecimento dos músculos, pouca resistência, fadiga nos músculos posturais e restrições na amplitude de movimentos

x articulares. Tais alterações podem limitar a mobilidade do indivíduo para realização de atividades repetitivas ou manter a postura sustentada sem causar dores ou lesões (Guimarães, 2006). Podemos perceber esta afirmação em indivíduo que passam certo tempo em uma fila de banco, por exemplo, que ficam se queixando de dores. Tais indivíduos quase sempre não apresentam uma postura adequada. Segundo Verderi (2001) a maior parte dos problemas posturais são resultados de efeitos cumulativos, como: estresse, má postura, maus hábitos cotidianos e sedentarismo. Podemos encontrar três classificações de desvios posturais: mecânicos, emocionais e orgânicos. Verderi (2001) afirma que os vícios posturais iniciam-se na infância. Indivíduos que durante longos períodos de tempo mantêm uma postura errada tornam isso um vício, que em muitos casos faz com que o trabalho de correção fique mais difícil. Partindo destes pressupostos chegamos a seguinte pergunta: Como se apresenta a postura corporal de alunos da E. E. E. F. M. Eduardo Lima e Silva de Porto Velho? 1.2. Justificativa Os problemas posturais podem ser encontrados em todas as pessoas, indiferentemente de sua origem. Os primeiros indícios de desvios posturais aparecem na infância e na adolescência afirma Verderi (2001). Nesta fase o peso excessivo de material escolar nas mochilas, a falta de orientação, a má postura ao sentar-se nas cadeiras e atividades do dia-dia podem levar a aquisição de vícios posturais que futuramente trarão problemas a saúde. Portanto um dos papéis fundamental do professor de Educação Física é o de orientar e corrigir a postura dos alunos, tentando com isso criar uma consciência sobre a importância de uma boa postura. Portanto, considera-se fundamental um trabalho preventivo a ser realizado na fase de infância. Na fase adulta vários são os problemas que podem aparecer devido aos problemas posturais. Conforme Kisner e Colby apud Guimarães (2006) a má postura pode levar os comprometimentos musculares como o enfraquecimento dos músculos, pouca resistência e fadiga nos músculos posturais e restrições na amplitude de movimentos articulares. Além desses fatores, no caso da hipercifose torácica, pode ocorrer a diminuição da capacidade respiratória, devido à diminuição da expansão torácica. Portanto o profissional de educação física ao realizar um trabalho de prevenção e conscientização sobre postura corporal contribuindo para evitar que

xi futuramente possa vir a acontecer tais problemas. O profissional de Educação Física possui um papel fundamental na conscientização dos alunos em relação as suas posturas. Cabe a ele realizar um trabalho preventivo junto aos seus educandos, para que eles possam entender que a adoção de maus hábitos pode trazer inúmeros problemas a saúde. 1.3 Questões de Pesquisa * Quais os principais desvios posturais encontrados em alunos de 5ª à 8ª séries do ensino fundamental da escola Eduardo Lima e Silva de PVH em 2007? * Quais os principais hábitos posturais dos alunos que contribuem para o aparecimento de alterações posturais? * Que relação existe entre seus hábitos cotidianos e sua postura corporal? 1.4 Objetivos 1.4.1 Objetivo Geral *Averiguar a situação postural de alunos da E. E. E. F. M. Eduardo Lima e Silva de Porto Velho? 1.4.2-Objetivos Específicos *Verificar os principais desvios posturais encontrados em alunos de 5ª à 8ª séries do ensino fundamental da escola Eduardo Lima e Silva de PVH. *Averiguar os principais hábitos dos alunos que contribuem para o aparecimento de alterações posturais. *Constatar a relação existente entre seus hábitos cotidianos e sua postura corporal.

xii 2 Referencial Teórico 2.1 Coluna Vertebral A coluna vertebral possui um papel fundamental na manutenção da postura do indivíduo. É nela que a maioria das tensões exercidas no corpo são dissipadas. Constitui o eixo central do corpo humano. Ela é constituída por 33 ou 34 vértebras. Segundo Verderi (2001) as vértebras apresentam três processos relativamente curtos ou alavancados: dois processos transversos e um processo espinhoso. As 12 vértebras são conectadas com duas alavancas longas (costelas). Cada alavanca age sobre vários músculos ou feixes de músculos. Dessa forma centenas e variados feixes atuam sobre toda a coluna vertebral. De acordo com Moraes e Bankoff apud Guimarães (2006) a coluna vertebral é o sustentáculo para a manutenção do corpo na posição vertical sendo necessária uma estabilidade de força e tensão entre os componentes rígidos e elásticos. Segundo Tribastone apud Guimarães et al (2006) qualquer desequilíbrio gerado por forças e tensões nos componentes da coluna vertebral pode ocasionar um desvio postural. A Figura 1 apresenta uma visão geral de como é a coluna vertebral. É composta por 33 ou 34 vértebras, das quais 7 formam a região cervical, 12 torácicas, 5 lombares, 5 sacros, e de 4 a 5 formam o cóccix. Cada região tem suas individualidades. A coluna é uma estrutura que atua na sustentação do peso corporal e é indispensável para a manutenção da postura. Conforme Cailliet apud Barreira (1989) em seu conjunto a coluna vertebral em vista anterior é retilínea, mas ao contrário em vista lateral ela é composta de quatro curvaturas são, de baixo para cima: a curvatura sacro coccígea, é fixada devido a soldadura das vértebras sacrais e cóccis. Apresenta concavidade anterior; a lordose lombar, com concavidade posterior, formada por 5 vértebras; a cifose dorsal, com convexidade posterior formada por 12 vértebras; a lordose cervical, com concavidade posterior, formada por 7 vértebras.

xiii A - Apófise Transversa B - Disco Intervertebral (visto de frente e perfil) C - Apófise Posterior (vista de perfil e posterior) D - Apófises Articulares ou Facetas Articulares E - Articulação Costo-transversa F - Articulação Costo-vertebral G - Apófise Odontóide H - Forâmen de Conjugação ou Forâmen Intervertebral I - Lâmina Vertebral J - Pedículo Vertebral Figura 1 Coluna Vertebral Fonte: Junior, 2006. A coluna apresenta curvaturas fisiológicas, que contribuem para a distribuição da pressão (peso entre os discos vertebrais). Alterações nessas curvaturas são sinais de desequilíbrio na postura. Algumas vértebras cervicais apresentam estruturas atípicas. A primeira (Atlas) não apresenta corpo vertebral, nem processo espinhoso, seu forame é um grande losango. A segunda (áxis) chamada por servir de eixo para a rotação do Atlas com o crânio, apresenta o processo espinhoso bifurcado, bífido, não existe orifício ou conjugação entre áxis e o Atlas. A partir da terceira vértebra encontra-se um corpo vertebral uniforme e pequeno em relação ao arco posterior e ao orifício vertebral, com forma triangular. A artéria passa por um orifício da apófise transversal. A sétima vértebra é considerada atípica, porém merece atenção, pois possui características peculiares que a distingue das outras. O seu processo espinhoso não é bifurcado e sim mais longo que o das outras vértebras cervicais. A região torácica segundo Verderi (2001) é composta por 12 vértebras. O tamanho destas estruturas permite diferenciar entre as cervicais e as lombares, por apresentarem o corpo vertebral menor de T1 a T3 e aumentarem até T12, passando a adquirir características do corpo vertebral e do disco intervertebral das vértebras lombares. Nessa região, os forames vertebrais circulares são de certa forma pequenos,

xiv além da medula espinhal ser mais vulnerável a quaisquer lesões, pelo estreitamento do canal vertebral, principalmente, da T4 até a T9. Os processos transversos são maiores em relação às outras, e duas semifacetas no corpo vertebral para a articulação das costelas. Já as facetas inclinam-se, e vão adquirindo certas características, à medida que se aproximam da região lombar, os processos espinhosos muito longos são dirigidos para trás e para baixo. Verderi (2001) afirma que as vértebras lombares são em número de 5 e são maiores que as demais. A altura do corpo vertebral contribui para o orifício de conjugação entre um corpo e outro, possibilitando o contato da raiz nervosa com o disco. Apresentam-se ligeiramente mais profundas na frente do que atrás. O arco posterior forma o forame vertebral que possui maior espaço em relação à região cervical e menor na torácica. Possui forma triangular, é formada por pedículos, lâminas e processos articulares. As vértebras do sacro são em número de 5. Fundem-se no adulto, originado um osso em forma de cunha, triangular com concavidade anterior. Para sua localização ele pode ser apalpado na região do dorso (Verderi, 2001). Apresenta base, ápice e faces pélvicas, dorsal e lateral e sua área mediana é composta pelos cinco corpos fundidos. Observa-se que o primeiro articula-se com a quinta vértebra lombar por um disco intervertebral lombossacral. O cóccix localiza-se acima (ligeiramente) do ânus. Possui forma semelhante ao sacro. Apresenta conforme Fattini apud Verderi (2001) base, faces pélvica e dorsal, ápice e duas bordas laterais. Possui, normalmente, quatro vértebras( mas podem ocorrer cinco ou três) que se articulam com o sacro por um disco. 2.2 Postura Corporal Postura é o estado em que o indivíduo com o menor esforço muscular possível, em posição ortostática, encontra-se equilibrado. De acordo com Carnaval apud Guimarães et al (2006) uma boa postura é aquela em que o indivíduo ficando em pé, realiza o mínimo de esforço dos músculos para que possa manter-se na posição, com o melhor equilíbrio possível. Conforme foi dito pelo autor uma boa postura é aquela em que o individuo adota uma posição de pé exigindo o mínimo possível de esforço de sua musculatura. Alguns fatores podem ser determinantes para uma boa ou má postura. São eles:

xv * Psicológico: uma pessoa deprimida ou com problemas emocionais anda cabisbaixa, como se estivesse levando todo o peso do mundo nas costas. No entanto uma pessoa com uma boa alto-estima anda com a cabeça levantada olhando para frente, com uma boa postura. * Idade: com uma idade ocorre o desgaste das estruturas que compõem a coluna vertebral, torna-se mais difícil manter uma boa postura. Também nesta fase da vida os movimentos tornam-se mais lentos e limitados e interferem na postura do indivíduo. Para Rasch e Burke apud Freire (2006) os fatores que influenciam a postura corporal são: * Traumatismo: ocorre quando o equilíbrio corporal é quebrado devido a uma lesão, seja em um osso, ligamento ou músculo. * Doença: se refere à doenças que possam causar danos aos músculos, ossos ou limitem a força do indivíduo ou seus movimentos articulares, prejudicando assim a postura corporal. * Hábito: Os bons e os maus hábitos são adquiridos do mesmo modo que os hábitos de linguagem ou de marcha, através de repetições contínuas. São adquiridos no dia-dia, na forma de sentar-se, no jeito de se carregar a mochila, na forma de se pegar um objeto no chão ou em como a pessoa dorme. Portanto além de traumatismo e doenças a má postura pode ser adquirida através de atitudes erradas. Conforme Rebolho (2005) alguns hábitos são fundamentais para a manutenção da postura correta, como: levar sempre a mochila com uma alça em cada ombro, adotar uma postura sempre ereta ao sentar na cadeira, utilizando o encosto da cadeira para se apoiar, deixar os pés apoiados no chão ao sentar-se; deitar de lado; em relação ao manuseio de objetos sempre flexionar os joelho para pegar algum objeto no chão e sempre pegar de frente para eles junto ao corpo com as duas mãos evitando girar o tronco. Estas são algumas atitudes importantes para a manutenção da boa postura. * Fraqueza: manter uma postura ereta demanda um gasto de energia. A fraqueza muscular e a falta de vitalidade predispõem, então, ao indivíduo a adotar uma posição de descanso com a finalidade de conservar energia. * Atitude Mental: A postura também é o reflexo do estado de espírito do indivíduo. Pessoas abatidas, com problemas psicológicos, tendem a adotar uma postura curvada à frente com a cabeça baixa, como se carregasse todo o peso do mundo nas costas.

xvi * Hereditariedade: a hipercifose pode ser hereditária e é possível que outros defeitos posturais possam ter uma base genética. * Indumentária Inadequada: O uso de salto alto desloca o centro de gravidade para frente e os músculos dorsais devem se contrair a fim de impedir que o corpo caia para frente. Além deste fator o uso de mochilas muito pesadas faz com que o indivíduo adote uma postura curvada à frente para compensar o excesso de peso nas costas. Segundo Carnaval e Rodrigues et al (1997, p. 141) uma boa postura é aquela que quando um indivíduo em posição ortostática requer pequenos esforços de sua musculatura e ligamentos, estando o mais próximo possível do equilíbrio estático. Uma boa postura é aquela em que o indivíduo a mantém com mínimo de esforço sem causar danos às estruturas moles ou duras que compõem o organismo. Indivíduos que apresentam uma má postura, normalmente, sentem dores na coluna por manterem uma mesma posição por período de tempo muito prolongado ou realizarem um determinado exercício. Já para Carnaval apud Almeida (2003, p. 95) a postura considerada ideal é aquela na qual o sujeito em posição ortostática, exige pequeno esforço da musculatura e ligamentos articulares, para se manter nesta posição. Oliver apud Freire (2006, p. 4) define que uma boa postura é atitude que uma pessoa assume, utilizando a menor quantidade de força muscular e, ao mesmo tempo, protegendo as estruturas de suporte contra traumas. Este autor incrementa ainda mais a definição de uma boa postura, pois se faz necessário alem da utilização do mínimo de força possível à proteção da estruturas que compõem o suporte do corpo. Podemos perceber algumas divergências entre os autores sobre a definição de uma boa postura. Entretanto estas diferenças podem ser vistas com naturalidade para Knoplich apud Freire (2006, p. 4) ressalta que a interpretação da postura corporal varia conforme o especialista que o analisa: conceitos de postura diferem do neurofisiologista, dos fisioterapeutas e professores de educação física, alem do próprio indivíduo. Independente do conceito ou definição que se tenha a padronização da postura é algo que não ocorre, pois varia de indivíduo para indivíduo, através de suas vivências, (Freire, 2006). Para esta autora uma boa postura não pode ser definida com regras ou normas, esta varia de um ambiente para outro, do cotidiano do indivíduo, de sua raça, de seu sexo, de sua idade. Observamos que Knoplich apud Freire (2006) define a postura diferentemente dos outros autores. Ele diz que a postura varia de um individuo para outro e depende de

xvii inúmeros fatores como: raça, ambiente em que vive e idade. Portanto percebemos que alguns autores possuem uma definição bem clara do que vem a ser uma boa postura e outros ainda deixam certa dúvida sobre o assunto. 2.3 Postura Corporal de Escolares Durante o período escolar as crianças e adolescentes costumam passar longos períodos em uma mesma posição, sentados em uma cadeira, muitas vezes em posições que podem afetar as curvaturas da coluna vertebral. Ferst (2003) diz que alguns estudiosos indicam uma fase da vida como a época da origem das alterações nas curvaturas naturais da coluna vertebrais. Chein apud Ferst (2003, p.15) diz que Problemas na coluna não surgem, assim, da noite para o dia. Leva tempo. Quem reclama são pessoas adultas que maltrataram a própria coluna desde crianças e que, agora, estão sofrendo. Devido ao fato de que as crianças e jovens estão com sua estrutura óssea e muscular em formação, são mais suscetíveis a alterações na coluna vertebral. Sabemos que ainda hoje o espaço escolar apresenta metodologias de ensino que priorizam a ordem de uma forma rigorosa tanto dentro da sala de aula como no espaço escolar como um todo com o objetivo de controlar os alunos. É comum vermos crianças sentadas de maneira uniforme, uma atrás da outra, sem poder se movimentar ou fazer qualquer espécie de barulho para não tirar a reverência da sala. Desta forma os alunos ficam restritos a um pequeno espaço e sentados por muito tempo. Braccialli e Vilarta (2000) em sua pesquisa sobre Aspectos a Serem Considerados na Elaboração de Programas de Prevenção e orientação de Problemas Posturais cita muitos autores que dão ênfase às questões do espaço escolar e sua influência nos problemas posturais, considerando tais aspectos de extrema importância. Conforme relatos de Nachemson apud Braccialli e Vilarta (2000) a posição sentada é considerada a mais danosa para a coluna, pior até mesmo que a posição em pé. Este autor relata que a pressão no 13º disco intervertebral é consideravelmente menor em pé do que na postura sentada, (Carga máxima no disco L3 em um indivíduo normal sentado reto sem suporte 100 kg, visto que em pé a carga é de aproximadamente de 70 kg). Diz ainda que A repetição ou a manutenção por tempo prolongado de uma pressão ou a ausência de carga estática nos discos são suficientes para alterarem a sua nutrição, provocando alterações degenerativas. Com o envelhecimento, este mecanismo começa

xviii a deteriorar, pois o núcleo vai perdendo sua capacidade de reter água e o anel fibroso diminui sua elasticidade. Assim como o espaço e o mobiliário os materiais transportados por estas crianças também trazem uma série de complicações no desenvolvimento ósseo. Várias pesquisas mostram que a carga excessiva e a maneira de transporte destes materiais são comumente feitas de forma errada. Segundo Zanella apud Ferst (2003) as crianças não podem carregar mais que 10% de seu peso corporal nas costas. Entretanto pode ser observado com freqüência mochilas cada vez maiores utilizadas pelos alunos para carregar todos os livros para a escola, sem saber os sérios danos à postura deles. Os riscos para quem não respeita os seus limites fisiológicos da coluna vertebral são inúmeros. Um deles é o vício postural, que pode levar os jovens a terem o desenvolvimento de uma postura arcada para frente ou para o lado. A falta de prevenção pode provocar deformidades graves na coluna, como por exemplo, o desenvolvimento de artroses nos adulto entre 35 e 40 anos. Para prevenir futuros problemas posturais seria necessário uma atenção dos governos ou responsáveis em relação a diversos aspectos, tais como: dimensões de espaço, cadeiras apropriadas que conservem o formato fisiológico das curvaturas; disponibilidade de armários individuais com chaves para que os alunos deixem na escola o excesso de peso levando para casa só o necessário; além de programas de educação postural. 2.4 Desvios posturais 2.4.1 Hiperlordose A hiperlordose é caracterizada pela acentuação da concavidade posterior da coluna. De acordo com Freire (2006, p. 7) a hiperlordose é um aumento da concavidade posterior da curvatura lombar ou cervical, acima de 68º, acompanhada de inclinação da pelve para frente. Podemos encontrar dois tipos diferentes de hiperlordose: a cervical e a lombar. Para Carnaval e Rodrigues (1997, p. 142) hiperlordose cervical é a acentuação da concavidade da coluna cervical, colocando o ponto trago para trás da linha de gravidade. Este tipo de desvio é causado na maioria das vezes pela hipertrofia da musculatura posterior do pescoço. Algumas características peculiares a hiperlordose cervical são: *Protusão/anteriorização da cabeça;

xix *Pescoço alongado a frente; *anteriorização dos ombros. Na Figura 2 podemos observar que a hiperlordose lombar é caracterizada pela acentuação da concavidade lombar. De acordo com Almeida (2003, p. 98) a hiperlordose lombar é a projeção da cavidade cotilóide para fora da linha de gravidade acentuando a curvatura lombar. Para Carnaval e Rodrigues (1997, p. 145) a hiperlordose lombar é caracterizada pela acentuação da concavidade lombar, colocando o ponto trocantérico para trás da linha de gravidade. Figura 2 Hiperlordose Fonte: VERDERI, 2001. p. 44 Segundo Miranda apud Hauser (2006) a hiperlordose lombar caracteriza-se pela exagerada acentuação da curvatura da região lombar da coluna vertebral. As causas da hiperlordose lombar são: *Hipertrofia da musculatura lombar (dorso, ilíaco dorsal, ilíaco lombar, iléopsoas, semi-espinhal, interespinhal, rotadores, epiespinhais, intertransversais). *enfermidades. Pode-se identificar a hiperlordose lombar pelos seguintes aspectos: *Anteversão da pelve (báscula pélvica anteriorizada). *Braços a frente do corpo.

xx 2.4.2 Hipercifose É caracterizada pelo aumento da curvatura da coluna torácica. Carnaval e Rodrigues (1997, p. 143) definem a hipercifose como a acentuação da coluna torácica, colocando o ponto acromial a frente da linha de gravidade. Já para Verderi (2001) a hipercifose é um aumento da região dorsal ou aumento da convexidade posterior no plano sagital. A hipercifose pode ser flexível e rígida. Para Carnaval e Rodrigues (1997, p. 144) a hipercifose flexível se dá quando a correção pode ser obtida através de contração muscular voluntária. Já a hipercifose rígida é aquela em que não se pode haver correção pela contração muscular e auxílio manual, pois a musculatura anterior do tórax está muito hipertrofiada e a posterior está muito alongada. Classifica-se como postural, osteocondrose espinhal, congênita, traumática, metabólica, inflamatória, inflamatória, tremoral, entre outras. Conforme Freire (2006, p. 8) a hipercifose é um aumento da curvatura superior convexa da coluna vertebral, sendo que a curva cifótica só é considerada patológica quando sua angulação é superior a 40º e quando há um comprometimento ósseo. Almeida (2003, p. 97) acompanha o conceito de Carnaval e Rodrigues (1997): define a hipercifose como a projeção do acrômio para fora da linha de gravidade acentuando a curvatura dorsal. Para Miranda apud Hauser (2006) a hipercifose é caracterizada por uma exagerada acentuação na curvatura da região torácica para trás. A musculatura peitoral torna-se hipertônica e a dorsal hipotônica. Toda pessoa com hipercifose tem sua lordose como compensadora, seja a cervical ou a lombar, para dessa forma manter a sustentação do corpo, mesmo que desequilibrada. Podemos encontrar a hipercifose em duas regiões diferentes da coluna vertebral: a torácica e a coccigeana. A Figura 3 exemplifica o primeiro caso.

xxi Figura 3 Hipercifose Torácica Fonte: LOPES, 1995. p. 114. Conforme observado na Figura 3 as características da hipercifose torácica são: *anteriorização da cintura escapular; *protusao da cabeça (hiperlordose cervical) *dorso curvo; *escapulas aladas, *gibosidade posterior; *ombros caídos. Se o indivíduo apresentar ao mesmo tempo dorso curvo e gibosidade posterior significa dizer que o diagnóstico dele é fechado, ou seja, ele apresenta hipercifose torácica. 2.4.3 Escolioses A escoliose pode ser um ou mais desvios laterais da coluna vertebral. De acordo com Carnaval e Rodrigues (1997, p. 147) são deformações ou desvios laterais da coluna vertebral, fazendo com que a linha espondílea não fique reta. Para Cailliet apud Hauser (2006) a escoliose é um desvio lateral da coluna vertebral. Pode localizar-se em três regiões distintas: a torácica, a cervical e a lombar. As escolioses segundo Filho (2001) podem ser de 2 tipos, a saber: * Escolioses não estruturadas: trata-se de uma escoliose de causas reversíveis, sem rotação da cintura pélvica. Pode ser divididas em:

xxii Postural são freqüentes em adolescentes; apresentam curvas leves e desnível do quadril. São causadas por hábitos viciosos e desaparecem com a flexão anterior da coluna ou ao decúbito. Secundárias são aquelas escolioses que resultam em dores e espasmos musculares, provocadas por lesões dolorosas (inflamação e neoplasia). * Escolioses estruturadas: curvas irreversíveis com rotação do corpo na região da curva principal, ou seja, na cintura pélvica. Temos as: Idiopáticas ou essenciais geralmente hereditárias, este tipo de alteração constitui aproximadamente 70% do conjunto das escolioses. Segundo a idade, há 3 tipos: infantil (antes dos 3 anos), juvenil (dos 3 aos 10 anos) e adolescente (de 10 até a maturidade). Osteopáticas são causadas por doenças congênitas, paralíticas, traumáticas, metabólicas, tumor, infecção e doença reumatóide. Para Freire (2006, p. 13) a escoliose é uma enfermidade grave, além de ser um problema estético, que em graus mais graves pode comprometer a função cardiorespiratório. (ver figura 4) Figura 4 Escoliose em S Fonte: VERDERI, 2001. p. 45. Ratliffe apud Freire (2006, p. 13) define escoliose como uma curvatura lateral sem angulação mínima, podendo ser acompanhada de rotação do corpo vertebral. Ampliando o conceito Almeida (2003) classifica a escoliose em 3 três tipos como será visto a seguir:

xxiii Cervical caracteriza-se por um desnível entre as linhas transversas do vértex e acromial, promovendo um desvio da coluna cervical. Dorsal é um desnível entre as linhas transversas acromial e íleo-cristal acromial resultando em um desvio da coluna dorsal. Lombar é o resultado de um desvio entre as linhas transversas dos pontos acromiais e íleo-cristais, criando um desvio da coluna lombar. Este tipo de desvio pode ser verificado a partir das seguintes alterações: Desnivelamento pélvico verifica-se a assimetria da espinha ilíaca ânterosuperior; Assimetria no ângulo inferior da escápula; Inclinação lateral da cabeça; Presença de gibosidade na flexão de Adams ; Assimetria dos ombros; Diferença no Ângulo de Tales. Carnaval e Rodrigues (1997) classificam a escoliose da seguinte forma: Escoliose total ou escoliose em C é aquela que apresenta apenas um desvio na coluna vertebral. É chamada de escoliose primária; Escoliose dupla ou em S ou Z caracteriza-se por apresentar dois desvios: o primário e um secundário. O segundo surge em conseqüência do primeiro como uma forma de compensação que o corpo encontra para manter o corpo equilibrado; Escoliose tripla trata-se da que apresenta três desvios. Por exemplo, um desvio primário na região lombar, o corpo para compensar este e manter-se equilibrado irá criar outra alteração que poderá ser na região torácica e se não tratado outro poderá aparecer na região cervical; Escoliose simples possui características de um desvio com pequena amplitude, é a escoliose em sua fase inicial. A escoliose inicia sempre com um desvio primário. O local onde ocorreu o desvio lateral inicial pode ser chamado de escoliose primária e pode ser em C ou C invertido. A partir deste primeiro desvio podem originar-se outros, que serão chamados de secundários. Quando o indivíduo possui tanto o desvio primário quanto o secundário possui então uma escoliose em S ou S invertido. Se esta escoliose não for tratada a

xxiv tempo poderá se tornar uma escoliose permanente, quando apresenta três desvios ou mais. 2.4.4 Retificação da Coluna Este tipo de desvio é caracterizado pela diminuição das concavidades fisiológicas da coluna. Segundo Carnaval e Rodrigues (1997, p. 146) a retificação da coluna é a inexistência ou a inversão de qualquer das curvaturas da coluna vertebral. Este tipo de desvio percebe-se na região lombar da coluna vertebral e é causado pela hipertrofia da musculatura abdominal e pela hipotonia da musculatura lombar. 2.5 Exercícios Corretivos 2.5.1 Hiperlordose *Hiperlordose Cervical Este tipo de desvio requer exercícios de força para a musculatura anterior do pescoço e trabalho de alongamento da musculatura posterior. De acordo com Carnaval e Rodrigues (1997, p.143) os exercícios indicados para a correção deste desvio podem ser: o indivíduo procurar encostar a coluna cervical na parede, contraindo a musculatura anterior do pescoço sem desencostar a cabeça da parede. Matta apud Freire (2006) recomenda: flexão de pescoço em decúbito dorsal (o individuo deverá deitar-se no chão com as costas apoiada no mesmo) e realizar flexão com o pescoço, com a cabeça pendente. Através destes exercícios o individuo irá fortalecer a musculatura anterior do pescoço e ao mesmo tempo alongar a musculatura posterior do mesmo. *Hiperlordose Lombar Neste caso faz-se necessário o fortalecimento da musculatura anterior e alongamento da musculatura posterior. Alguns exercícios indicados para a correção deste tipo de desvio, segundo Carnaval e Rodrigues (1997), são: abdominal remador, flexão de pernas na prancha inclinada, encostar a coluna na parede fazendo movimento de retroversão do quadril contraindo o abdômen, flexão do tronco com joelhos fletidos e pés fixos.

xxv 2.5.2 Hipercifose *Hipercifose Torácica: Com este tipo de desvio faz-se necessário um fortalecimento da musculatura dorsal e um alongamento da musculatura anterior. Exemplos de exercícios indicados conforme Carnaval e Rodrigues (1997, p. 143) são: deslocamento dos ombros, em pé segurando uma corda esticada nas duas mãos. Passá-la por cima da cabeça, levando-a ate o glúteos, sempre esticada. Outro exercício que o autor indica é: suspensão alongada com apoio dorsal, o indivíduo em suspensão alongada coloca-se um apoio na curvatura da hipercifose. 2.5.3 Escoliose Podem ser feitos nestes casos exercícios unilaterais, como os de flexão do tronco para o lado, suspensão alongada e alongamentos sem suspensão. Caso tenha mais de um desvio deve-se trabalhar primeiramente o desvio primário que geralmente localiza-se na região lombar. De acordo com Carnaval e Rodrigues (1997) exercícios indicados para a correção deste desvio podem ser executados deitados com alongamento lateral do tronco ou fortalecendo a musculatura lateral com exercícios também sendo executados de forma lateral. 2.5.4 Retificação da Coluna Este tipo de desvio é causado pela exagerada hipertrofia da musculatura abdominal e hipotonia da musculatura dorsal. Portanto exercícios que possam fortalecer a musculatura dorsal e alongar a musculatura abdominal são indicados. Conforme Verderi (2001, p.47) diante desse desequilíbrio, as curvaturas responsáveis pela dissipação das forças provenientes da ação da gravidade são diminuídas. Ao ocorrer a diminuição desta curvatura em determinados pontos, acontecerá uma sobrecarga. Segundo Carnaval e Rodrigues (1997, p. 146) a pessoa com este tipo de alteração postural deve realizar um trabalho na musculatura lombar (dorsal largo, ilíaco lombar, ilíaco dorsal, iléopsoas, semi-espinhais, rotadores, espinhais, intertransversais). Os exercícios indicados para este tipo de desvio, são: mata borrão, em decúbito ventral, segurar os pés e fazer o balanço do corpo; ponte, em decúbito dorsal, procurar ficar apoiado nas mãos e nos pés, erguendo o corpo o máximo que

xxvi puder; extensão da coluna, em decúbito ventral, mãos na nuca, fazer a extensão total da coluna e voltar à posição inicial. 3 Metodologia Foi realizada uma pesquisa de campo de caráter quantitativo. A população investigada é composta por alunos de 5ª a 8ª séries da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Eduardo Lima e Silva, selecionou-se uma amostra de 80 escolares. As turmas escolhidas para este trabalho foram: 5ª A, 6ª D, 7ª D e 8ª A. O motivo para que estas turmas fossem escolhidas foi a disponibilidade de tempo dos mesmos para a realização do teste e por serem turmas que estão dentro da faixa etária para a série que estão cursando. Os alunos se encontram com idade entre 12 e 15 anos em sua maioria e segundo a literatura encontram-se em uma fase de instalação de hábitos posturais. Os alunos foram excluídos da pesquisa caso ocorressem os seguintes fatos: Faltasse no dia marcado para a realização de sua avaliação postural; Não apresentasse o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido assinado pelos pais ou responsável; Não apresente indumentária adequada para a realização da pesquisa; Durante a pesquisa não demonstrasse interesse em participar da mesma. A forma de coleta de dados foi a partir da técnica de observação e formulário de hábitos posturais. Este último teve a finalidade de verificar se os hábitos dos alunos pesquisados favorecem a ocorrência de desvios posturais. Na observação realizou-se uma avaliação postural para a verificação de possíveis alterações, seguindo-se o protocolo de Freire (2006). O formulário aplicado para a identificação dos hábitos posturais (anexo IV) é uma adaptação de Rebolho (2005). Para observação postural utilizou formulário elaborado para este fim (anexo III). Para a realização da avaliação postural fez-se necessário seguir um protocolo pré-determinado: Indumentária adequada Parte superior com o mínimo de roupa. Os meninos desnudos e as meninas usando blusa tipo top ; Parte inferior com indumentária folgada, para que possa visualizar a espinha ilíaca ântero-superior do avaliado;

xxvii Descalço. Local Foi escolhido um local reservado para não causar constrangimento aos avaliados. Tratava-se de uma sala de aula que foi previamente adaptada e autorizada pela direção da escola para este fim. *Equipamentos e Materiais Simetrógrafo; Caneta para anotações; Prancheta e ficha apropriada. *Protocolo de Avaliação O indivíduo em posição ortostática (pernas afastadas com os pés acompanhados a largura do quadril, braços relaxados estendidos ao longo do corpo, ombros relaxados cabeça projetada no plano de Frankfurt, olhar projetado para frente). Observar no plano frontal: a cabeça, verificando se existe presença ou ausência de inclinações nos ombros e quadril, verificar se ocorrem simetrias ou assimetrias; na Flexão de Adams, verificar se aparecem gibosidades. Observar no plano lateral: se a cabeça é protusa, retrusa ou normal; se a cintura escapular apresenta presença ou ausência de anteriorização; se o tronco possui os níveis normais das curvaturas da cifose torácica, da lordose lombar e o nível de normalidade da flexão de Adams. Observar no plano dorsal: se existe inclinação da cabeça, se um ombro é mais elevado que outro, observar se o ângulo inferior da escápula é mais elevado que o da outra e verificar a presença ou ausência de escápulas aladas (Freire, 2006). Todos os materiais a serem utilizados nesta pesquisa foram de inteira responsabilidade de seu pesquisador, sem qualquer forma de apoio financeiro de instituições ou pessoas. Esta pesquisa foi aprovada no Conselho de Ética no dia 03/08/2007 (anexo I).

xxviii 4 Apresentação e Análise dos dados Os dados serão apresentados e analisados considerando as duas principais variáveis deste estudo: avaliação postural e hábitos posturais. Apesar de serem apresentados em itens separados, em algum momento, quando se fizer necessário, as informações serão confrontadas. O fato de estas informações serem confrontadas e para facilitar o entendimento do estudo realizado. 4.1 Avaliação Postural Ensino Fundamental Verificou-se que em relação à Escoliose os alunos investigados apresentaram um índice muito elevado desta alteração. Em apenas 7,5% dos alunos a escoliose não foi diagnosticada. Na figura 5 nota-se que mais de 92% dos informantes apresentaram de 1 a 6 desvios em relação a escoliose. Em 25% dos mesmos observou-se 3 desvios escolióticos levando-os a uma alteração permanente. Na maioria dos casos os desvios identificados eram desnivelamentos de ombro e escápulas, a inclinação lateral da cabeça e assimetria no ângulo de Tales. Escoliose 25,00% 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% 25,00% 21,20% 20,00% 17,50% 7,50% 7,50% 1,20% 0 Desvio 1 Desvio 2 Desvios 3 Desvios 4 Desvios 5 Desvios 6 Desvios Figura 5 Escoliose A hiperlordose cervical foi identificada em 82,5% nos alunos analisados. A maior parte deles apresentou entre um e dois indicativos, entre os quais se destacam a cabeça protusa e a anteriorização dos ombros. Observaram-se casos em que a lordose cervical dos alunos era visivelmente alongada para frente, dando a impressão de uma postura corcunda. Conforme aponta a literatura muitos destes desvios são causados por vícios posturais, seja no hábito de sentar na cadeira de forma curvada; sem encostar o dorso na cadeira ou sem apoiar os pés nos chão. A figura 6 demonstra estes dados.

xxix Hiperlordose Cervical 45,00% 40,00% 35,00% 30,00% 25,00% 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% 17,50% 42,50% 40,00% 0 Desvio 1 Desvio 2 Desvios Figura 6 Hiperlordose cervical A hiperlordose lombar, analisada na figura 7, foi uma alteração pouco encontrada na amostra pesquisada. Mais da metade dos alunos não apresentou este tipo de alteração. Nos alunos que apresentaram este tipo de alteração percebeu-se a presença dos seguintes desvios: braços a frente do corpo e anteversão da báscula pélvica. No entanto uma pequena parcela dos alunos, 2,5% deles, apresentou a retificação da lordose lombar. Na figura 7 podemos perceber também que 53,7% dos analisados não apresentaram este tipo de alteração. Hiperlordose Lombar 60,00% 53,70% 50,00% 40,00% 30,00% 30% 0 Desvio 1 Desvio 2 Desvios 20,00% 13,70% Retificação 10,00% 2,50% 0,00% Figura 7 Hiperlordose Lombar Outra alteração postural muito encontrada nos alunos foi a hipercifose. Notouse que em 86,2% dos alunos investigados apresentaram indícios desta alteração. Conforme apresenta a figura 8, percebe-se que a hipercifose pode estar ligada ao número de alunos com hiperlordose cervical. Devido à presença de desvios como

xxx anteriorização dos ombros e cabeça protusa. Tais desvios são comuns em indivíduos que apresentam a hiperlordose cervical e a hipercifose torácica. Percebe-se na figura 8, também, que uma pequena parcela dos alunos (1,2%) apresentaram a retificação da cifose torácica. Hipercifose 30,00% 27,50% 25,00% 22,50% 21,20% 0 Desvio 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 12,50% 15% 1,20% 1 Desvio 2 Desvios 3 Desvios 4 Desvios Retificação 0,00% Figura 8 Hipercifose 4.2 Hábitos Posturais do Ensino Fundamental Investigar os hábitos posturais dos alunos foi um mecanismo utilizado para verificar as possíveis ligações entre os hábitos dos alunos e sua postura corporal. Notouse que os alunos apresentaram alguns hábitos que podem vir a ser prejudiciais para a saúde postural destes. Verificou-se que uma grande parcela dos alunos adota hábitos ao sentar nas cadeiras em sala de aula que prejudicam a postura. A figura 9 mostra que 40% dos alunos sentam com uma postura curvada e encostada na cadeira, o que leva a crer que pode ser um fator relevante para o índice elevado de alunos com hiperlordose cervical e hipercifose.

xxxi Postura ao sentar-se na cadeira 40,00% 35,00% 30,00% 25,00% 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% 20,00% 40% 15% 25,00% Reta encostada na cadeira Curvada encostada na cadeira Reta longe da cadeira Curvada longe da cadeira Figura 9 Postura ao sentar-se na cadeira Conforme apresentado na fundamentação teórica deste trabalho, o mobiliário escolar é muito importante para a manutenção da postura dos alunos. Notou-se que grande maioria dos informantes apresentou problemas em relação ao mobiliário. Verificou-se que mais de 40% dos alunos apresentaram problemas em relação ao mobiliário escolar, principalmente com o tamanho do mesmo, para alguns as cadeiras eram grandes demais e para outros muito pequenas. Perguntou-se aos alunos como os seus pés ficavam ao sentar-se na cadeira: em 11% dos informantes eles alcançavam o chão com as pontas; em 22,5% os pés alcançavam o chão, mas ficavam sentados na ponta da cadeira e em 7,5% os alunos ficavam com as pernas penduradas. Na figura 10 nota-se que 58,7% dos alunos se adequavam bem ao mobiliário, com os pés retos e apoiados no chão. Fatores como a forma de sentar, se os pés não ficam apoiados no chão influenciam no grande número de alunos com hipercifose e hiperlordose cervical. Posição dos pés ao sentar na cadeira 58,70% 60,00% 50,00% Alcançam o chão, ficam retos, apoiados no chão Alcançam o chão com as pontas 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% 11% 22,50% 7,50% Alcançam o chão, mas fico sentado na ponta da cadeira e não uso as costas Pendurado Figura 10 Posição dos pés ao sentar na cadeira

xxxii Em relação à sensação que os alunos tinham de sua postura em pé. A figura 11 demonstra que mais de 60% dos mesmos informaram que se sentiam com uma postura ereta. No entanto, na avaliação postural foram encontradas alterações de hipercifose em 80% dos alunos e hiperlordose cervical em 82,5% dos mesmos. As informações fornecidas pelos alunos diferem da realidade constatada na avaliação postural. Esta discordância pode se dar tanto pela vergonha de assumirem que ficam na posição corporal sabidamente inadequada; como pela falta de consciência do próprio corpo. Em 26% dos informantes observou-se que sentiam a postura curvada para frente com o abdômen muito relaxada. Este tipo de postura é típico de quem possui hiperlordose cervical, hipercifose torácica e retificação da lordose lombar. Os demais alunos, 12,3%, informaram que se sentiam o glúteo muito posteriorizado. Este é um indício de hiperlordose lombar. Sensação da postura em pé 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% 61,70% 26% 12,30% Reta Curvada para frente com barriga para frente Com o bumbum arrebitado Figura 11 Sensação da postura em pé Os alunos afirmaram também que durante o período que ficam em sala de aula a maior parte do tempo ou ficam sentados ou se movimentando. Na figura 12 percebe-se que 48% dos alunos ficam sentados, 40,7% ficam se movimentando e apenas 3,7% ficam em pé. O fato de ficarem sentados, segundo o referencial teórico, aumenta a pressão nos discos intervertebrais. Como foi falado, esta condição pode causar danos à coluna vertebral. Este atrito pode causar a degeneração gradativa dos discos intervertebrais e consequentemente enfraquecimento dos mesmos, propiciando o aparecimento de alterações posturais.

xxxiii Posição adotada na sala de aula 50% 48% 48,70% 40% 30% 20% Sentado Em pé Se movimentando 10% 3,70% 0% Figura 12 Posição adotada na sala de aula Outro fator influenciador da postura corporal de escolares é o transporte de seu material escolar que muitas vezes é levado de forma inadequada. Na figura 13 pode ser observado que em 53,7% dos alunos levam inadequadamente a mochila para a escola: seja levando-a com a duas alças em um ombro, segurando na mão ou na frente com uma alça em cada ombro. Observou-se anteriormente na figura 5 que mais de 92% dos alunos apresentaram de 1 a 6 desvios em relação a escoliose. A postura escoliótica observada pode estar ligada ao uso inadequado da mochila escolar. Formas adotadas para levar o mochila para a escola 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 33,70% 46,20% 15,00% Nas costas, com as duas alças em um ombro Nas costas, com uma alça em cada ombro segurando na mão 10,00% 0,00% 5% na frente, com uma alça em cada ombro Figura 13 Formas adotada para levar a mochila para a escola A maioria dos alunos, (62,5%), apresentou o hábito postural de flexionar a coluna e não os joelhos ao baixar para pegar algum objeto no chão. Com este hábito o indivíduo gera alterações na coluna vertebral como a hiperlordose e a hipercifose. Como podemos ver na figura 14: 37,5% dos informantes disseram que flexionam os joelhos ao baixar para pegar algum objeto no chão.