PRODUTIVIDADE COM REMUNERAÇÃO ESTRATÉGICA: O CAMINHO MAIS CURTO PARA QUALIDADE TOTAL Marco Antônio Ferrantino (1) Administrador pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul Especialização em Marketing, Produtividade e Qualidade Total. Consultor e Assessor do DMAE - Porto Alegre. Dieter Wartchow Engenheiro Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul Mestre em Hidrologia e Saneamento e Doutor em Engenharia Sanitária e Ambiental pela Universidade de Stutgart - Alemanha. Endereço (1) : Rua Fernando Gomes, 183 - Bairro Moinhos de Vento - Porto Alegre - RS - CEP: 90510-010 - Brasil - Tel: (051) 346-4611 - Fax: (051) 222-9603 - e-mail: dmae@prefpoa.com.br. RESUMO Método de trabalho desenvolvido para, através de motivação estrategicamente aplicada, incrementar receita, racionalizar custos e despertar e acionar capacidades inertes dos recursos humanos. PALAVRAS-CHAVE: Produtividade, Melhor Rendimento, Metas, Objetivos Definidos, Fatores de Avaliação, Mensuração do Trabalho, Motivação, Alavancagem de Desempenho, Despertar do Interesse. INTRODUÇÃO O método visa recuperar a capacidade gestora dos serviços de saneamento através da busca de metas quantitativas e qualitativas engajando e motivando o pessoal envolvido com a utilização de remuneração estratégica. Os passos para o desenvolvimento e aplicação do sistema são os seguintes: a) definir as situações consideradas pela Organização como carentes de melhorias ou mudanças; b) transformar estas definições em metas; c) avaliar o que representará financeiramente o alcance destas metas; d) gerar o fundo de produtividade; e) estabelecer, em conjunto com os funcionários, um sistema de ponderação das metas de forma a possibilitar o cálculo da remuneração estratégica individual; 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2636
f) informar, clara e precisamente a todos os envolvidos, o que se quer alcançar, como isso será mensurado e qual a recompensa financeira vinculada à obtenção do sucesso; g) montar um sistema de informação gerencial que propicie a medição de desempenho a qualquer momento, de forma a ser utilizado como eficiente ferramenta gerencial. O método aqui apresentado tem suas premissas e afirmativas baseadas em um projeto-piloto executado durante dezoito meses no DMAE - Departamento Municipal de Água e Esgotos de Porto Alegre/RS. Assim, todas as situações apresentadas oferecem a garantia de terem sido testadas praticamente e já sofrido ajustes e melhorias nos pontos em que o exame diário propiciou aperfeiçoamentos. O desenrolar do trabalho propiciou ainda sua simplificação. A motivação provocada pela aplicação do método proporcionou mudança de atitude que refletiu diretamente na quantidade e na qualidade dos serviços prestados pelo grupo envolvido (TABELA 1). As estatísticas referentes ao trabalho medido mostra que houve uma redução de 50% no custo e uma melhoria na qualidade do mesmo em um percentual de 71%. (FIG.01) 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2637
Q U A L I D A D E D O S E R V I Ç O 3.500 3.000 2.500 2.000 N º E R R O 1.500 1.000 500 - MAI/95 JUN/95 JUL/95 AGO/95 SET/95 OUT/95 NOV/95 DEZ/95 JAN/96 FÉRIAS M E S E S MAR/96 ABR/96 MAI/96 JUN/96 JUL/96 AGO/96 SET/96 OUT/96 As tarefas individuais aumentaram seu rendimento em 41%. 300 LEITURAS DIÁRIAS POR LEITURISTA 250 200 LEITURAS 150 100 50 0 MAI/95 JUN/95 JUL/95 AGO/95 SET/95 OUT/95 NOV/95 DEZ/95 JAN/96 FÉRIAS MESES MAR/96 ABR/96 MAI/96 JUN/96 JUL/96 AGO/96 SET/96 OUT/96 OBS.: 1) Mai/Jun 95 - Sem Produtividade 2) Quantidade: Número leituras diárias por leituristas no período: mai/95-185 nov/95-247 mai/96-284 jun/95-187 dez/95-246 jun/96-277 jul/95-215 jan/96-246 jul/96-286 ago/95-247 fev/96 Férias ago/96-300 set/95-245 mar/96-263 set/96-292 out/95-245 abr/96-265 out/96-281 MÉDIA MAI - JUN/95 : 186 leituras/dias MÉDIA JUL/95 - OUT/96 : 263 leituras/dia : ( + ) 41,40 % 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2638
Além disso situações muito comuns no serviço público, como absenteísmo e a ocorrência de horas-extras foram diretamente afetadas pelo novo procedimento dos agentes envolvidos. As faltas sofreram redução equivalente a 65% e os custos com horas-extras e vales-refeição extras caíram a zero. (FIG.3). NÚMERO DE FALTAS 160 140 120 100 QUANTIDAD 80 60 40 20 0 mai/95 jun/95 jul/95 ago/95 set/95 out/95 nov/95 dez/95 jan/96 FÉRIAS MESES mar/96 abr/96 mai/96 jun/96 jul/96 ago/96 set/96 out/96 OBSERVAÇÕES: 1) Meses Mai/96 e Jun/95 anteriores à Produtividade. Projeto iniciado em Jul/95. Mai/95-146 Jun/95-136 Jul/95-113 Ago/95-52 Set/95-73 Out/95-43 Nov/95-42 Dez/95-45 Jan/96-46 Fev/96 - Férias Mar/96-31 Abr/96-56 Mai/96-54 Junl/96-50 Jul/96-51 Ago/96-26 Set/96-3 Out/96-51 3) Mês de fev/96 não considerado. Motivo: Férias coletivas. MÉDIA MAI/JUN 95 : 141 MÉDIA JUL/95 A OUT/96: 49 : (+) 65,3 % A administração tornou-se mais simples já que os problemas não são mais de exclusiva responsabilidade da chefia. Sua solução é de interesse do grupo que desta forma soma esforços para resolvê-los. A participação de todos, com direito a emitir opiniões e, principalmente, sabendo que são ouvidos, fez com que ocorresse a certeza da valorização pessoal e profissional. Criou-se ainda um clima do confiança entre chefias e subalternos através do consenso que todos buscam um mesmo objetivo, que só poderá ser satisfatoriamente alcançado através do espírito de equipe. 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2639
Foram desenvolvidos potenciais de receita que resultaram em um incremento de 26,35% na arrecadação da autarquia, viabilizando incremento nos investimentos. (FIG. 4) R E C E I T A A R R E C A D A D A 10000 9000 8000 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 fev/95 mar/95 abr/95 mai/95 jun/95 jul/95 ago/95 set/95 out/95 nov/95 dez/95 jan/96 fev/96 mar/96 abr/96 mai/96 jun/96 jul/96 ago/96 set/96 V A L O R E S M E S E S OBSERVAÇÃO: 1) VALORES DA RECEITA ARRECADADA: jan/95-7.061.434,55 jun/95-7.315.903,70 nov/95-9.054.329,88 abr/96-8.057.357,64 fev/95-7.822.624,65 jul/95-8.713.459,81 dez/95-8.963.045,49 mai/96-10.823.418,26 mar/95-8.115.322,46 ago/95-9.306.465,44 jan/96-10.862.497,87 jun/96-9.993.367,32 abr/95-7.328.249,12 set/95-8.082.644,64 fev/96-9.816.635,46 jul/96-11.034.769,29 mai/95-7.971.127,49 out/95-9.449.030,62 mar/96-10.264.648,17 ago/96-9.955.061,23 set/96-9.713.410,90 MÉDIA JAN/95 A JUN/95 : 7.602.443 MÉDIA JUL/95 A SET/96 : 9.606.009 : ( + ) 26,35 % Um dos fatores que mais proporcionou aumento na receita foi o que denominamos Informação de Receita. São os informes colhidos pela equipe de leitura e que, transformados em ações nas outras áreas, propiciam a geração imediata de recursos. 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2640
QUANTIDADE DE INFORMAÇÃO DE RECEITA 14.000 12.000 10.000 QUANTIDADE 8.000 6.000 4.000 2.000 - mai/95 jun/95 jul/95 ago/95 set/95 out/95 nov/95 dez/95 jan/96 fev/96 mar/96 MESES abr/96 mai/96 jun/96 jul/96 ago/96 set/96 out/96 OBSERVAÇÕES: 1) QUANTIDADE: Número de informação de Receita no mês Mai/95-187 Jun/95-312 Jul/95-1.937 Ago/95-5.522 Set/95-8.105 Out/95-11.736 Nov/95-8.347 Dez/95-6.887 Jan/96-10.251 Mar/96-10.760 Abr/96-11.811 Mai/96-11.547 Junl/96-11.790 Jul/96-12.383 Ago/96-12.793 Set/96-13.836 Out/96-13.885 2) INFORMAÇÃO DE RECEITA: É aquela que transformada em ação origina imediatamente um acréscimo à Receita. Exemplo: A) INFORMAÇÃO: Domicílio sem hidrômetro B) AÇÃO: Instalação do hidrômetro e imediato início da medição de consumo. 3) Mês de fev/96 não considerado. Motivo: Férias coletivas. MÉDIA MAI/JUN 95 : 249 MÉDIA JUL/95 A OUT/96: 10.106 : (+) 3.959 % Finalmente cabe ressaltar a justiça que se estabelece pela relação em que a Organização só dispenderá recursos a título de produtividade se as metas foram cumpridas e o usuário manifestar satisfação pelos serviços prestados. (TABELA 2) 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2641
INFORMAÇÕES RECUPERAÇÃO DE RECEITA Nº 1 3 7 8 9 29 49 52 59 60 62 63 64 65 66 67 T. 1 31 1 96 6 5 11 67 1237 0 281 33 42 8 66 0 1889 0 0 3773 2 48 6 182 11 8 18 207 404 0 664 0 149 21 285 1 1515 0 0 3519 3 22 0 131 3 10 0 47 242 2 283 7 10 119 37 6 797 0 0 1716 4 15 0 192 9 4 13 28 144 0 475 43 21 8 5 9 660 0 0 1626 5 18 1 107 3 5 1 6 75 0 108 1 0 2 17 2 47 0 0 393 6 43 1 96 3 1 3 26 493 0 227 3 6 7 14 0 898 0 0 1821 7 99 0 92 4 6 3 21 125 0 218 7 5 70 0 32 311 0 0 993 8 1 0 0 0 0 0 1 35 0 4 0 0 0 0 0 1 2 0 44 TOTAL 277 9 896 39 39 49 403 2755 2 2260 94 233 235 424 50 6118 2 0 13885 HIDRÔMETRO DANIFICADO - HIDRÔMETRO ENJAMBRADO - HIDRÔMETRO DESAPARECIDO - HIDRÔMETRO INVERTIDO - HIDRÔMETRO FORA DE QUADRO - POÇO ARTESIANO - HIDRÔMETRO SEM LANÇAMENTO - PRÉDIO SEM HIDRÔMETRO - LACRAR CAPELAMES - FUGA QUADRO ANT. DO HIDRÔMETRO - FUGA NO PASSEIO - FUGA NA RUA - RAMAL COM DERIVAÇÃO - CORTE VIOLADO - LACRE VIOLADO - LIGAÇÃO DIRETA - CONCLUSÃO O sistema proposto alia o benefício de qualificar o serviço prestado, trazendo melhor satisfação a quem o recebe e a quem o executa, com o incremento substancial à receita viabilizando recursos para investimentos em infra-estruturas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Não relacionadas pelo Autor. 19 o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2642