Curso para Explanadores: 14 de janeiro de 2012, das 9h00 às 12h30 Os Três Tipos de Tesouro (TC n 518, 519 e 520, outubro a dezembro de 2011)

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Transcrição:

Curso para Explanadores: 14 de janeiro de 2012, das 9h00 às 12h30 Os Três Tipos de Tesouro (TC n 518, 519 e 520, outubro a dezembro de 2011) A. Cenário Histórico Datada de 11 de setembro de 1277 (portanto, já no Monte Minobu), aos 56 anos de idade Daishonin retornou do exílio da Ilha de Sado em março de 1274 Em maio de 1274 deixou Kamakura e se estabeleceu em Monte Minobu Endereçada a Shijo Kingo Na época em que esta carta foi escrita, passava por sérias dificuldades Ver TC 518, pp. 52 a 56 Na época em que esta carta foi escrita, Shijo Kingo passava sérias dificuldades. Numa carta anterior, Nitiren Daishonin comenta sobre a afirmação de seu discípulo de que grandes dificuldades haviam caído sobre ele [Shijo Kingo] como chuva (END, v. 1, p. 281). Três anos antes (em 1274), Shijo Kingo tentou converter seu lorde, Ema, ao ensino de Daishonin. Porém, isso só resultou em antipatia por parte dele, que era seguidor do bonzo Ryokan da escola Preceitos-Verdadeira Palavra. Aproveitandose da situação, outros empregados maldosos espalharam falsas acusações sobre Shijo Kingo e mancharam seu bom nome. Tentaram até mesmo matá-lo. Aborrecido, o lorde Ema causava diversas dificuldades para Shijo Kingo e sua família. A mais visível era a de que ele havia sido obrigado a abandonar o feudo e a aceitar outro menor. Ao longo de todas essas batalhas, Shijo Kingo continuou a seguir fielmente a orientação detalhada de Daishonin e a perseverar tenazmente em sua prática budista. Como consequência das falsas acusações, principalmente em relação a um incidente no Debate de Kuwagayatsu (4), realizado em junho de 1277, Shijo Kingo enfrentou a ameaça eminente de ter todas as suas terras confiscadas. O lorde Ema exigiu que ele abandonasse a fé no Sutra de Lótus, caso contrário, tomaria seu feudo. Mas, sem dúvida, Shijo Kingo escolheu a fé. (TC 518, p. 53) (8) Debate de Kuwagayatsu: Debate realizado em Kuwagayatsu, Kamakura, em 1277, entre Sammibo, discípulo de Nitiren Daishonin, e um monge chamado Ryuzo-bo, que estava sob a proteção de Ryokan, do templo Gokuraku. Ryuzo-bo foi completamente derrotado por Sammi-bo. Shijo Kingo apenas assistiu ao debate como observador e não pronunciou nenhuma palavra. No entanto, disseram a seu lorde, Ema, que ele [Shijo Kingo] havia invadido o local do debate com capangas de armas em punho e interrompeu o evento. B. Resumo Daishonin ensina ao seu leal discípulo, a importância de viver de maneira sábia Qual deve ser o comportamento humano correto num momento de adversidade. Como budistas, qual deve ser o comportamento correto? Como agir firme e sabiamente para vencer qualquer dificuldade? Nitiren Daishonin responde a essas perguntas nesta carta, explicando o caminho essencial da vida para os praticantes do Budismo. Gravem profundamente a orientação de Daishonin sobre como viver com sabedoria. Use-a como inspiração para vencer na vida e no Kossen-rufu. (TC 518, p. 52) - 1 -

É evidente nos escritos do Buda Nitiren Daishonin que ele sempre baseou sua orientação e seu encorajamento numa profunda compreensão do caráter e da situação específica da pessoa a quem se dirigia. Isso fica particularmente nítido em Os Três Tipos de Tesouro. Nesta carta, sua preocupação e seus conselhos precisos são cheios de benevolência por seu discípulo Shijo Kingo, que enfrentava o maior desafio de sua vida. Este escrito transmite a impressão de que Daishonin fala com Shijo Kingo pessoalmente, como se estivessem frente a frente. Por isso, na carta, Daishonin avalia as reações do seu discípulo aos seus conselhos. Em alguns trechos, o Buda descreve em detalhes como Shijo Kingo deve agir. Em outros, ele identifica os pontos principais nos quais seu discípulo terá de se concentrar para realizar a revolução humana. Ele ainda elogia os esforços abnegados e incansáveis de Shijo Kingo em prol da Lei. Sem dúvida, quando Daishonin redigiu esta carta, vários aspectos de seu discípulo lhe vinham à mente. (TC 519, pp. 52 e 53) Na última parte do escrito, Os Três Tipos de Tesouro, Nitiren Daishonin ensina que o tesouro do coração é o mais importante de todos (WND, v. 1, p. 851). O tesouro supremo para alcançar a vitória genuína na vida é nossa natureza de Buda. Essa natureza se manifesta a partir do nosso coração, por meio da fé na Lei Mística. Este é um ensinamento fundamental que nunca devemos perder de vista. (TC 520, p. 52)... a fé (tesouro do coração) é muito mais importante que seu patrimônio (tesouro do cofre) ou sua posição de samurai (tesouro do corpo). E, de fato, quando Shijo Kingo praticou de acordo com essa orientação pondo a fé em primeiro lugar sua difícil situação começou a se resolver. Ao ser chamado para tratar a doença de seu lorde, ele recuperou o apoio e a confiança dele. Ao mesmo tempo, aqueles que tinham hostilizado e atacado Shijo Kingo começaram a sentir as consequências negativas de acordo com a rigorosa lei de causa e efeito. (TC 520, p. 52)... Nitiren Daishonin elogia a fé do discípulo, explicando que Shijo Kingo deu o primeiro passo para a vitória com base no princípio: natureza de Buda se manifesta no interior, surge a proteção exterior (Cf. WND, v. 1, p. 848). No momento em que Shijo Kingo levantou-se com fé inabalável, sua natureza de Buda interior se manifestou; isso ativou as divindades celestiais as funções benevolentes do Universo e resultou na proteção externa na forma da confiança renovada do Lorde Ema em Shijo Kingo. (TC 520, pp. 52 e 53) C. Frase 1 (TC 518, p. 57) Lamento a doença de seu lorde. Embora ele não tenha fé no Sutra de Lótus, o senhor é membro do clã dele e é graças à consideração dessa pessoa que o senhor pode fazer oferecimentos ao Sutra. Assim, estes [oferecimentos ao Sutra] podem se tornar orações exclusivamente para a recuperação de seu lorde. Pense numa pequena árvore que fica debaixo de uma grande ou na grama que fica à beira de um grande rio. Embora não recebam a chuva nem a água do rio diretamente, ainda assim vicejam, compartilhando o orvalho da grande árvore ou a umidade do rio. O mesmo acontece com o relacionamento entre o senhor e seu lorde. Para dar outro exemplo, o rei Ajatashatru (7) era inimigo do Buda. Mas como Jivaka (8), ministro da corte do rei, acreditava no Buda e fazia contínuos oferecimentos a ele, consta que os benefícios decorrentes de suas ações retornaram para Ajatashatru (WND, v. 1, p. 848).. (TC 518, p.57) (7) Ajatashatru: Rei de Magadha, na Índia, que viveu na época do buda Sakyamuni. Incitado por Devadatta, ele usurpou o trono, matando seu pai. Mais tarde, porém, Ajatashatru lamentou profundamente sua conduta. Atormentado pela culpa, irromperam feridas virulentas em seu corpo e ele recebeu a predição de que morreria. Seu médico e ministro Jivaka persuadiu-o a se arrepender de sua má conduta e a buscar os ensinos do Buda. Ajatashatru fez isso, superou a doença e se tornou um devoto do Buda. (8) Jivaka: Médico habilidoso que viveu em Magadha, Índia, na época de Sakyamuni. Como médico da corte, Jivaka serviu a Bimbisara, rei de Magadha, e seu filho Ajatashatru. - 2 -

O sábio sente gratidão por seus benfeitores Sofrendo hostilidades injustificadas e submetido a uma ação disciplinar, incluindo a transferência para outra propriedade numa província remota, parece que Shijo Kingo chegou a considerar uma ação judicial contra o lorde Ema. Daishonin pede a ele, em outra carta datada do mesmo período, que contenha-se: Como vassalos, o senhor, seus pais e seus parentes possuem uma obrigação moral com seu lorde (WND, v. 1, p. 794); e Mesmo que ele nunca lhe demonstre a mínima consideração, o senhor não deve guardar rancor (WND, v. 1, p. 794). A ingratidão está entre os piores tipos de conduta humana, uma vez que implica em mau carma. (TC 518, p. 57) Daishonin diz a Shijo Kingo que, em vez de ficar ressentido com seu lorde, que o pressionava diretamente, ele deve se concentrar em combater o verdadeiro adversário. Ou seja, as funções dos três obstáculos e das quatro maldades (10) manifestadas nas ações do lorde Ema. O culpado, aponta ele, é Ryokan cujas tramoias abomináveis eram responsáveis pela perseguição aos discípulos de Daishonin e pelas falsas suposições do lorde Ema. Nitiren Daishonin declara que Ryokan é o falso sábio arrogante um dos três poderosos inimigo (11) do Budismo. É uma advertência para reconhecer a verdadeira natureza dessas forças negativas e obstrutivas. (TC 518, pp. 57 e 58) (10) Três obstáculos e quatro maldades: Vários obstáculos e impedimentos à prática do Budismo. Os três obstáculos são: (1) obstáculo dos desejos mundanos, (2) o obstáculo do carma e (3) o obstáculo da punição. As quatro maldades são: (1) o impedimento dos desejos mundanos, (2) o impedimento dos cinco componentes, (3) o impedimento da morte e (4) o impedimento do Rei Demônio. (11) Três poderosos inimigos: Três tipos de pessoas arrogantes que perseguem aqueles que propagam o Sutra de Lótus após a morte do buda Sakyamuni, descritos no trecho em verso que encerra o 13 capítulo do Sutra de Lótus, Devoção Encorajadora. O Grande Mestre Miao-lo (711-782) da China resume-os como pessoas leigas arrogantes, monges arrogantes e falsos sábios arrogantes. Exemplo citado no Gosho sobre a pequena e a grande árvore, e a grama à beira do rio. Neste escrito, Nitiren Daishonin destaca que o lorde Ema, embora não fosse praticante do Sutra de Lótus, tornou possível a Shijo Kingo fazer oferecimentos ao Sutra. Por essa razão, diz ele, o mérito e a boa sorte adquiridos por Shijo Kingo também se estenderiam ao lorde Ema. Ele cita o exemplo de uma pequena árvore debaixo de uma grande ou da grama que fica às margens de um grande rio. Embora não recebam nem a chuva nem a água do rio diretamente, ainda assim compartilharão a umidade natural na forma de orvalho e se desenvolverão. Ele também observa que, na época de Sakyamuni, havia um rei chamado Ajatashatru que era um grande inimigo do Budismo. Mas esse governante foi protegido, pois seu médico, Jivaka, era um devotado discípulo do Buda. Na família, quando há uma pessoa que irradia o brilho da Lei Mística, todos os seus membros, incluindo aqueles que não praticam o Budismo Nitiren, serão protegidos. Um indivíduo pode igualmente iluminar seu local de trabalho e sua comunidade. O benefício da Lei Mística é vasto e imensurável. Do ponto de vista da prática budista, o importante é que nós mesmos, independentemente do que os outros façam, nos tornemos a grande árvore ou o grande rio desta analogia. (TC 518, p. 58) D. Frase 2 (TC 518, p. 59) O Budismo ensina [a importante doutrina] que, quando a natureza de Buda se manifesta no interior, surge a proteção exterior. Este é um de seus princípios fundamentais. O Sutra de Lótus diz: Eu tenho profunda reverência por você (LS, v. 20, p. 266). O Sutra do Nirvana declara: Todos os seres vivos possuem igualmente a natureza de Buda. O Despertar da Fé no Mahayana, do Bodhisattva Ashvaghosha (12), afirma: Como a Lei verdadeira e definitiva permeia invariavelmente a vida da pessoa e exerce sua influência, as ilusões se extinguem instantaneamente e o corpo do Dharma se manifesta. O Tratado sobre os Estágios de Prática de Ioga, do Bodhisattva Maitreya (13), contém uma declaração semelhante. O que está oculto se transforma em virtude manifesta. (WND, v. 1, p. 848). (TC 518, p. 59) - 3 -

(12) Ashvaghosha (jpn. Memyo): Estudioso e poeta mahayana que viveu no século 2 em Shravasti, na Índia. Ele criticou o budismo no início, mas depois foi convertido por Parshva e conduziu muitas pessoas aos ensinos do Buda por meio de sua habilidade na música e na literatura. Ashvaghosha é conhecido como o décimo segundo dentre os vinte e quatro sucessores de Sakyamuni. (13) Bodhisattva Maitreya (jpn. Miroku Bossatsu): Fundador da escola da Somente-Consciencia, que teria sido mestre de Asanga e deve ter vivido por volta de 270 ~ 350 (350 ~ 430, de acordo com outra fonte). Quando a natureza de Buda se manifesta no interior, surge a proteção exterior quando a natureza de Buda se manifesta no interior, surge a proteção exterior (jpn. Naikun Guego 内薫外護 literalmente: fragrância interior e proteção exterior ) Nitiren Daishonin explica um dos princípios-chave do Budismo: quando a natureza de Buda se manifesta no interior, surge a proteção exterior. Em outras palavras, quando ativamos a natureza de Buda dentro de nós, ela induz as funções protetoras da vida a trabalhar externamente. (TC 518, p. 59) A natureza de Buda, uma vez revelada, permeia nossa vida da mesma forma que a queima de incenso impregna nossas roupas com sua fragrância. Nossa natureza de Buda emerge como uma fragrância sendo transportada pela brisa. Para receber proteção das divindades celestiais ou das forças positivas do Universo, o primeiro passo é iniciar a transformação interior. (TC 518, p. 59) Em Como Aqueles que Inicialmente Aspiravam ao Caminho Conseguem Atingir o Estado de Buda por meio do Sutra de Lótus, Nitiren Daishonin escreveu: Quando reverenciamos o Myoho-rengue-kyo inerente em nossa vida como objeto de devoção, a natureza de Buda dentro de nós é convocada e se manifesta por meio da recitação do Nam-myoho-rengue-kyo. É isso o que significa Buda. Para ilustrar, quando um pássaro engaiolado canta, os pássaros que estão voando são convocados e se reúnem em volta dele. Quando isso acontece, aquele que está na gaiola se esforça para sair. Ao recitarmos a Lei Mística, nossa natureza de Buda, tendo sido convocada, invariavelmente surgirá. A natureza de Buda de Brahma e Shakra, tendo sido chamada, nos protegerá, e a natureza de Buda dos Budas e bodhisattvas, tendo sido convocada, se regozijará. (WND, v. 1, p. 887). (TC 518, p. 59) Recitar o Nam-myoho-rengue-kyo ao Gohonzon, o objeto de devoção no Budismo Nitiren, é, na verdade, o mesmo que convocar e louvar a natureza de Buda que é inerente à nossa vida e reside em tudo no Universo. Em resposta ao som de nossa oração, todas as divindades benevolentes do Universo entram em ação para nos proteger. Este princípio expressa de forma sucinta o caráter único do Budismo Nitiren, completamente diferente da fé que se fixa na esperança de salvação, dependendo de alguma energia externa. O conceito de a natureza de Buda se manifesta no interior indica um poder existente e gerado dentro de nós. (TC 518, p. 59) O conceito de a natureza de Buda se manifesta no interior indica um poder existente e gerado dentro de nós. O Budismo é conhecido como o caminho interior. Portanto, não buscamos o estado de Buda, ou a vida do Buda, fora de nós, mas sim dentro. (TC 518, p. 60) À luz do princípio da natureza de Buda se manifesta no interior e surge a proteção exterior, podemos mudar definitivamente qualquer situação ou ambiente ao transformarmos nossa mentalidade fundamental e revelarmos a natureza de Buda. Todo o medo desaparece no momento em que acreditamos: Eu sou o único roteirista da minha vida (TC 518, p. 60) - 4 -

O que está oculto se transforma em virtude manifesta. A virtude invisível transforma-se em benefício visível. Praticar a Lei Mística é prosseguir no caminho da vitória; toda a virtude se manifestará sem falta de forma visível. Avançar com esta convicção profunda e inabalável abre o futuro de forma maravilhosa como nunca imaginado. Esta é a convicção, bem como a declaração, de Nitiren Daishonin, o Buda dos Últimos Dias da Lei. (TC 518, p. 60) E. Resumo da parte referente à TC 519 Verdadeira referência para dar orientações às pessoas sobre a fé (ver explanação do presidente Ikeda nas páginas 52 a 58 da TC 519) alguns trechos: Num diálogo com jovens da China, perguntaram-me qual é a chave do desenvolvimento da Soka Gakkai. Respondi sem hesitar: Valorizamos cada um de nossos membros. Esta é minha convicção e inabalável filosofia. Valorizar cada pessoa esta é verdadeiramente a base do Budismo Nitiren. (TC 519, p. 52) Toda Sensei sempre incentivava: Vai dar tudo certo! Sem dúvida, você será feliz e vitorioso por praticar o Budismo Nitiren. Ele sempre citava o Gosho ao incentivar as pes-soas e era cuidadoso ao explicar: É isso o que Daishonin ensina. Não são palavras minhas. (TC 519, p. 52) Este escrito transmite a impressão de que Daishonin fala com Shijo Kingo pessoalmente, como se estivessem frente a frente. Por isso, na carta, Daishonin avalia as reações do seu discípulo aos seus conselhos. Em alguns trechos, o Buda descreve em detalhes como Shijo Kingo deve agir. Em outros, ele identifica os pontos principais nos quais seu discípulo terá de se concentrar para realizar a revolução humana. Ele ainda elogia os esforços abnegados e incansáveis de Shijo Kingo em prol da Lei. Sem dúvida, quando Daishonin redigiu esta carta, vários aspectos de seu discípulo lhe vinham à mente. Dar orientação pessoal é uma interação séria, total e de vida a vida, movida pela benevolência e pela convicção. (TC 519, p. 53) A orientação pessoal é uma batalha para acender a coragem e esperança na vida da outra pessoa, criando a força capaz de superar o carma negativo dela. Ao mesmo tempo, é compartilhar sabedoria e conselhos embasados nos ensinos do Budismo com o propósito de derrotar as funções malignas ou os obstáculos que elas enfrentam. Para nós, o escrito Os Três Tipos de Tesouro grande fonte de encorajamento para Shijo Kingo, que o ajuda a abrir o caminho para a vitória é uma referência instrutiva para dar orientações sobre a fé. (TC 519, p. 53) F. Trechos 1 da TC 519 Da forma como as coisas estão agora, sinto que o senhor está em perigo. É certeza que seus inimigos cometerão atentado contra a sua vida. No gamão, se duas pedras da mesma cor são colocadas lado a lado, elas não podem ser atingidas por uma pedra adversária. A carroça, enquanto tiver duas rodas, não se desequilibra pelo caminho. Da mesma maneira, se dois homens caminham juntos, um inimigo hesitará em atacá-los. Portanto, não importa que falhas perceba em seus irmãos mais novos, não permita que eles o deixem sozinho nem por um momento. Seu rosto apresenta sinais claros de um temperamento esquentado. Mas o senhor deve saber que os deuses celestiais não protegerão uma pessoa que se irrita facilmente, por mais importante que ela pense que seja. Mesmo que atinja o estado de Buda, se o senhor for morto, seus inimigos ficariam contentes, mas nós sentiríamos apenas sofrimento. Isso seria de fato lamentável. Enquanto seus inimigos conspiram contra o senhor, a confiança do seu lorde no senhor é ainda maior. Portanto, embora eles estejam aparentemente calmos, não há dúvida de que o coração deles queima de ódio. - 5 -

No trecho do Gosho Da forma como as coisas estão agora, sinto que o senhor está em perigo. (...) Portanto, não importa que falhas perceba em seus irmãos mais novos, não permita que eles o deixem sozinho nem por um momento. Os líderes precisam ser infinitamente atenciosos Ter uma atitude proativa e orientada para o futuro é fundamental para garantir um bom resultado. A negligência é o maior de todos os inimigos. Dessa passagem em diante, Daishonin passa a aconselhar Shijo Kingo sobre os diversos aspectos, empregando palavras de advertência. Na prática da fé, os líderes precisam ser cuidadosos. Líderes que se exibem como se fossem pessoas importantes, enquanto não dão atenção aos diversos aspectos, são totalmente carentes de benevolência e preocupação pelos outros. (TC 519, p. 54) Em outra carta a Shijo Kingo, Daishonin diz: O inimigo tentará fazer o senhor esquecer o perigo para que ele possa atacá-lo (WND, v. 1, p. 952). Quando somos seduzidos pela presunção e baixamos a guarda, as funções malignas tirarão vantagem disso. (TC 519, p. 55)... o próprio Shijo Kingo estava ciente de que alguns grupos agiam para eliminá-lo. Mas ele pode ter pensado: Eu ficarei muito bem porque estou praticando o budismo. Aqui, a intenção de Daishonin era impedir que Shijo Kingo fosse negligente. (TC 519, p. 55) Quando leio essa passagem, fico profundamente impressionado com a imensa benevolência de Daishonin, que se preocupa, sobretudo, com a segurança e o bem-estar de seus discípulos. (TC 519, p. 55) No trecho do Gosho Seu rosto apresenta sinais claros de um temperamento esquentado. Mas o senhor deve saber que os deuses celestiais não protegerão uma pessoa que se irrita facilmente, por mais importante que ela pense que seja. Mesmo que atinja o estado de Buda, se o senhor for morto, seus inimigos ficariam contentes, mas nós sentiríamos apenas sofrimento. Isso seria de fato lamentável. A fé é uma batalha com nossa escuridão interior ou ignorância Em todo caso, a descrição de Daishonin captou um aspecto fundamental da personalidade de seu discípulo. Shijo Kingo era obstinado e agia de forma apaixonada no que dizia respeito ao certo e ao errado. Mas isso podia, às vezes, ser uma desvantagem para ele. Daishonin lhe diz de forma direta: Os deuses celestiais não protegerão uma pessoa que se irrita facilmente. (TC 519, p. 56) Quando se trata de alcançar o estado de Buda, não há discriminação com base na personalidade. A personalidade da pessoa pode brilhar intensamente quando iluminada pela Lei Mística. E é por meio do pleno emprego da personalidade única de cada pessoa que nosso movimento em prol do Kossen-rufu alcançará um desenvolvimento perfeito e harmonioso. No entanto, podemos supor que Daishonin tenha propositalmente adotado um tom severo a fim de dissipar a ignorância ou a escuridão inata de Shijo Kingo. A ignorância dá origem a impulsos obscuros e alimenta as tendências negativas. Todos têm um aspecto fundamental da personalidade que necessitam transformar para realizar a revolução humana. O importante é enfrentarmos esse aspecto fundamental da personalidade e nos esforçarmos para conquistar um desenvolvimento positivo. (TC 519, pp. 56 e 57) - 6 -

Às vezes, o mestre orienta rigorosamente o discípulo com o desejo de que manifeste seu enorme potencial. O mestre genuíno valoriza e cuida do discípulo. Muitas vezes, sua rigorosidade tem o propósito de romper as tendências negativas ou as funções malignas que atuam na vida de um discípulo. No caso de Shijo Kingo, houve um perigo real de que seu temperamento esquentado pudesse triunfar sobre ele e agravar a situação. As pessoas se esquecem de ser cautelosas ou de considerar os sentimentos dos outros, quando são levadas por suas opi-niões sobre o que é certo e errado. Isso causa atritos e ressentimentos. Daishonin estava preocupado porque, se isso acontecesse com Shijo Kingo, as forças malignas se aproveitariam. Daí a razão para suas palavras sem rodeios. Nitiren Daishonin salienta que, se Shijo Kingo se antagonizasse aos outros e perdesse a vida por causa disso, seus inimigos se alegrariam; ao passo que seus companheiros, praticantes da Lei Mística, ficariam muito tristes. Aqui, Daishonin ensina a seu discípulo que sua vitória não se resume apenas a ele, mas está profundamente ligada à vitória de toda a comunidade de discípulos do Buda. Por isso, ele o aconselha a agir com o máximo de cuidado e a tomar precauções para a própria segurança. (TC 519, p. 57) Uma época maligna dominada pela inveja Daishonin compreendia as sutilezas da situação de Shijo Kingo. Ele reconhecia a assustadora tendência humana de caluniar os outros e destruí-los por causa da inveja, da rivalidade e do ressentimento. Essa tendência é ainda mais evidente nos Últimos Dias da Lei, uma época maligna, cheia de conflitos em que as pessoas são influenciadas pela ganância, ira, estupidez, arrogância e dúvida. (4) (TC 519, p. 58) (4) ganância, ira, estupidez, arrogância e dúvida: São as cinco tendências ilusórias. Segundo o Repositório de Análise do Dharma, essas tendências constituem a mais fundamental das ilusões dos desejos mundanos. Se os filhos do clã Hojo ou as esposas daqueles que estão no comando perguntarem sobre a doença de seu lorde, não importa quem seja a pessoa, ajoelhe-se, mantenha as mãos numa posição apropriada e responda: A doença dele está totalmente além de minha modesta habilidade de cura. Mas, não importando quantas vezes eu tenha recusado, ele insiste para que eu o trate. Como estou a serviço dele, não posso deixar de fazer conforme ele diz. Deixe os cabelos despenteados e não vista os trajes bem engomados da corte nem brilhantes robes acolchoados e tampouco outras roupas coloridas. Seja paciente e continue agindo dessa forma, por enquanto. (WND, v. 1, p. 849). (TC 519, p. 58) A orientação de Daishonin é tão detalhada porque ele estava familiarizado com as tendências que poderiam fazer Shijo Kingo cometer um deslize tendências que o próprio Shijo Kingo também reconhecia, bem como as falhas do discípulo que ele mesmo desconhecia. O Budismo é um ensino que permite a cada um de nós viver com total liberdade. Isso nos dá o poder de agir naturalmente, com vigor e alegria. Mas, como as palavras por enquanto mostram, o Budismo também significa comportar-se com o máximo cuidado, prudência e sabedoria nos momentos cruciais. Nesses momentos, é vital manifestarmos a sabedoria mais adequada à situação e criarmos o maior valor possível. Portanto, na essência de nossa vida, devemos permanecer inabaláveis e, ao mesmo tempo, responder com flexibilidade a qualquer acontecimento. Esta é a sabedoria budista do Caminho do Meio. (TC 519, p. 58) - 7 -

G. Trechos 2 da TC 519 Provavelmente, o senhor está bem ciente disso. Porém, deixe-me citar a previsão do Buda sobre como serão os Últimos Dias: Será uma época turva em que até os sábios terão dificuldades para viver. Eles serão como pedras num grande incêndio, que durante certo tempo parecem suportar o calor, mas acabam carbonizadas e se desintegram, tornando-se cinzas. (...) Assim diz o ditado: Não permaneça no assento de honra por muito tempo. Muitas pessoas tentaram incriminá-lo com falsas acusações. No entanto, o senhor escapou das intrigas e saiu vitorioso. Se perder a compostura agora e cair na armadilha delas, o senhor será como um barqueiro que rema com toda a força e no fim desembarca antes de atingir a margem, ou como uma pessoa a quem ninguém serve chá quente no final da refeição. (...) (WND, v. 1, p. 849) A pessoa sábia no Budismo triunfa em meio à dura realidade da vida Neste escrito, Nitiren Daishonin observa que mesmo os sábios têm dificuldade de viver nos Últimos Dias da Lei e orienta Shijo Kingo a agir com um comprometimento profundo e inabalável. Não permaneça no assento de honra por muito tempo (WND, v. 1, p. 849), diz ele. Daishonin está advertindo Shijo Kingo a não se deixar envolver só porque seu lorde lhe pediu para tratar a doença dele. (TC 519, p. 59) Essas palavras contêm uma lição fundamental sobre a importância de perseverar até o fim em nossa prática budista. Por meio de desafio e esforço incessantes, nossa vida atinge a suprema realização. Não devemos nos tornar negligentes nem afrouxar os esforços ao longo do caminho. Para alcançar um estado da vida imbuído das quatro nobres virtudes da eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza (7) pelas três existências do passado, presente e futuro, temos de avançar sempre com vigor, otimismo e alegria. Nesse trecho, Daishonin continua aconselhando Shijo Kingo sobre diversas precauções de segurança. Seu desejo é o de que seu discípulo triunfe sobre as dificuldades e realize a prática budista sem se deixar afetar pelas alegrias e tristezas da vida, ou os oito ventos (8). (TC 519, p. 59) (7) Quatro virtudes: Quatro nobres qualidades da vida do Buda, também conhecidas como os quatro paramitas ou os quatro paramitas da virtude eternidade, felicidade, verdadeiro eu e pureza. A palavra paramita significa perfeição. Eternidade refere-se a imutável e eterno. Felicidade significa tranqüilidade que transcende todo sofrimento. Verdadeiro eu é a natureza verdadeira e intrínseca. E pureza significa livre de ilusão. (8) Oito ventos: prosperidade, honra, elogio, prazer, declínio, desgraça, censura e sofrimento. Em outra carta a Shijo Kingo, Daishonin diz: As pessoas dignas merecem ser chamadas assim porque não são arrebatadas pelos oito ventos. (...) Elas não ficam eufóricas com a prosperidade nem arrasadas com o declínio. Os deuses celestiais, com certeza, protegerão aquele que não se curva diante dos oito ventos. (WND, v.1, p.794). Em seguida, Daishonin menciona os vigias noturnos de Egara (WND, v. 1, p. 849), a quem ele, adiante, também se refere como os quatro vigias noturnos (WND, v. 1, p. 850). Fora a descrição de seu trabalho, indicando que eles eram responsáveis pelas patrulhas de segurança durante a noite, não há nenhuma informação detalhada sobre esses indivíduos. Nitiren Daishonin diz que a casa deles havia sido confiscada pelo Lorde Ema, pois eles se recusaram a abandonar a fé no Budismo Nitiren (Cf. WND, v. 1, p. 850). Se Shijo Kingo tiver um bom relacionamento com esses vigias noturnos e eles visitarem sua casa, Daishonin afirma que isso impedirá os ataques dos inimigos, que não desejam ser vistos (cf. WND, v. 1, p. 850). (TC 519, p. 61) - 8 -

Em vez de considerar essas palavras dirigidas somente a Shijo Kingo, devemos tomá-las como orientação eterna para todos os praticantes do Budismo Nitiren. Ter boas relações com todas as pessoas e estimar nossos companheiros são princípios que se aplicam à SGI. Quando estamos solidamente unidos, superamos os obstáculos e as forças negativas e damos grandes passos na direção do Kossen-rufu. As funções malignas constantemente buscam semear a divisão. Se os praticantes se envolvem em mesquinhas disputas internas, prejudicam uns aos outros, possibilitando que as forças malignas vençam. (TC 519, p. 61) H. Trechos 3 da TC 519 Já que o senhor se irrita facilmente por natureza, talvez não aceite meu conselho. Nesse caso, estará além do poder de minhas orações salvá-lo. Ryuzo-bo e seu irmão mais velho conspiraram contra o senhor. Entretanto, os deuses celestiais encontraram meios para que a situação se desenvolvesse exatamente como o senhor desejou. Então, como é que o senhor se atreveria a ir contra a vontade dos deuses celestiais? (...) Apresse-se em falar com esses quatro homens e mantenha Nitiren informado. Eu realizarei fervorosas orações aos deuses celestiais pedindo por sua proteção (WND, v. 1, p. 850). O comportamento inspirado no respeito aos outros humanismo budista Em seus escritos, Daishonin afirma que, a menos que ele e seus discípulos estejam unidos em propósito e determinação, suas orações, seus objetivos e suas aspirações não serão realizados. Nenhum outro discípulo arriscou a vida para proteger Daishonin como Shijo Kingo. Porém, se ele perdesse a paciência e agisse por impulso, esquecendo-se do compromisso de proceder com o espírito de unicidade com seu mestre, novamente, ele seria dominado pela negatividade. Nesse caso, diz Daishonin, não importa com quão fervor ele ore por Shijo Kingo, não haverá sucesso. A repetida advertência de Daishonin sobre o temperamento esquentado de Shijo Kingo instigou uma reflexão em seu discípulo para que se tornasse uma pessoa moderada. É interessante notar que Daishonin reitera isso logo após aconselhar seu discípulo a ter um bom relacionamento com os vigias noturnos. Isso significa que a base da prática budista reside na firme união de companheiros praticantes e no juramento comum de mestre e discípulo. (TC 519, p. 62) O ato de orientar não se encerra assim que o incentivo foi dado. A pessoa que dá orientação deve continuar a orar com toda sinceridade pela felicidade da outra pessoa. Vemos que Daishonin sempre agiu exatamente assim. (TC 519, p. 62) Shijo Kingo havia passado por muitos desafios: o desagrado de seu lorde; a difamação, os boatos e os ataques de seus companheiros de trabalho; a traição de seu irmão mais velho; o desacordo com seus irmãos mais novos; e as tensas relações com alguns praticantes. Nitiren Daishonin preocupava-se com todas essas situações e aconselhou Shijo Kingo pertinentemente sobre como resolver cada uma. Percebemos quão Daishonin se preocupava com Shijo Kingo, apoiando-o e orientando-o com um carinho que superava até mesmo a um membro da família. (TC 519, p. 62) Parábolas citadas nas escrituras budistas: o Mãe angustiada com o filho morto nos braços o Surihandoku Empenho do Makiguti Sensei nas viagens de visitas de incentivo a uma única família Sessões de orientação pessoal realizadas pelo Makiguti Sensei e Toda Sensei - 9 -

I. Resumo da parte referente à TC 520 Importância do tesouro do coração (ver explanação do presidente Ikeda nas páginas 52 e 53 da TC 520) alguns trechos: Dois meses antes de esta carta ser escrita, Shijo Kingo enfrentou a grave crise de ter seus bens confiscados por seu lorde, Ema. E escolheu defender a fé no Sutra de Lótus, mesmo que isso significasse perder sua propriedade. Daishonin o elogiou por essa postura e o advertiu: Não importando que mendigo miserável você venha a se tornar, nunca desonre o Sutra de Lótus (WND, v. 1, p. 824) (2). Na verdade, essas palavras ensinam a Shijo Kingo sobre os critérios essenciais que ele deve seguir como praticante ou seja, que a fé (tesouro do coração) é muito mais importante que seu patrimônio (tesouro do cofre) ou sua posição de samurai (tesouro do corpo). E, de fato, quando Shijo Kingo praticou de acordo com essa orientação pondo a fé em primeiro lugar sua difícil situação começou a se resolver. Ao ser chamado para tratar a doença de seu lorde, ele recuperou o apoio e a confiança dele. Ao mesmo tempo, aqueles que tinham hostilizado e atacado Shijo Kingo começaram a sentir as consequências negativas de acordo com a rigorosa lei de causa e efeito. (TC 520, p. 52) (2) Trecho de Advertência sobre não ceder o feudo : Daishonin recomenda a Shijo Kingo: Esta vida é como um sonho. Não se pode ter certeza de viver até o dia de amanhã. Não importando que mendigo miserável você venha a se tornar, nunca desonre o Sutra de Lótus. (WND, v.1, p.824). Nitiren Daishonin elogia a fé do discípulo, explicando que Shijo Kingo deu o primeiro passo para a vitória com base no princípio: natureza de Buda se manifesta no interior, surge a proteção exterior (Cf. WND, v. 1, p. 848). No momento em que Shijo Kingo levantou-se com fé inabalável, sua natureza de Buda interior se manifestou; isso ativou as divindades celestiais as funções benevolentes do Universo e resultou na proteção externa na forma da confiança renovada do Lorde Ema em Shijo Kingo. (TC 520, p. 52) Mas Shijo Kingo ainda se encontrava num ambiente bastante hostil. Neste escrito, Nitiren Daishonin deu várias instruções detalhadas e conselhos para ajudar Shijo Kingo a solidificar as vitórias que ele havia alcançado até então. Ele encoraja seu discípulo a permanecer vigilante contra os ataques, a interagir com os outros de maneira cortês e sincera e a promover boas relações com seus irmãos e companheiros praticantes, tornando-os seus aliados. Daishonin também adverte Shijo Kingo a controlar seu temperamento, chamando sua atenção para o fato de que, se ele sucumbisse a uma crise, causaria uma séria ruptura em suas relações com aqueles ao redor e destruiria o progresso que havia conquistado. (TC 520, p. 53) J. Trechos 1 da TC 520 Sempre me lembro do momento, ainda hoje inesquecível, quando eu estava prestes a ser decapitado em Tatsunokuti e o senhor me acompanhou, segurando as rédeas do meu cavalo e derramando lágrimas de tristeza. Não esquecerei disso, seja em que existência for. Se o senhor caísse no inferno por alguma ofensa grave, não importando quão o Buda Sakyamuni me pedisse para me tornar Buda, eu recusaria. Eu preferiria ir para o inferno com o senhor. Se o senhor e eu, Nitiren, entrarmos juntos no inferno, certamente encontraremos o Buda Sakyamuni e o Sutra de Lótus. (...) Mas se o senhor, mesmo que ligeiramente, deixar de seguir meu conselho, não me culpe pelo que lhe acontecer. (...) Não lamente aos outros sobre quão difícil é para o senhor viver neste mundo. Agir assim é uma atitude totalmente imprópria para um homem digno (WND, v. 1, p. 850). Nunca percam de vista o ponto principal da unicidade de mestre e discípulo Nessa passagem, Nitiren Daishonin reafirma o incidente que se tornou o ponto principal na relação deles como mestre e discípulo. Aconteceu durante a Perseguição de Tatsunokuti. (TC 520, p. 54) - 10 -

O Sutra de Lótus baseia-se no espírito da unicidade de mestre e discípulo. O Budismo Nitiren também é um ensinamento de mestre e discípulo. Nosso ponto principal como praticantes, portanto, é nosso juramento de lutar junto com o mestre. Se constantemente retornamos a esse ponto primordial de mestre e discípulo, nunca entraremos num beco sem saída. (TC 520, p. 54) No trecho do Gosho Se o senhor caísse no inferno por alguma ofensa grave, não importando quão o Buda Sakyamuni me pedisse para me tornar Buda, eu recusaria. Eu preferiria ir para o inferno com o senhor. Se o senhor e eu, Nitiren, entrarmos juntos no inferno, certamente encontraremos o Buda Sakyamuni e o Sutra de Lótus. Se Nitiren Daishonin e Shijo Kingo mestre e discípulo defendendo firme fé na Lei Mística caíssem no inferno, então o Buda Sakyamuni e o Sutra de Lótus com certeza também seriam encontrados lá. Nesse caso, explica Daishonin, deixaria de ser inferno e passaria a ser o reino do estado de Buda. Este é o princípio de que o inferno pode imediatamente ser transformado na Terra da Luz Eternamente Tranquila (4). Manifestamos o brilho do mundo do estado de Buda em qualquer lugar. É isso o que ensina o Budismo Nitiren. (TC 520, p. 55) (4) O inferno pode imediatamente ser transformado na Terra da Luz Eternamente Tranquila : O mundo do inferno, que é um reino de sofrimento extremo, pode ser instantaneamente transformado em Terra da Luz Eternamente Tranqüila, onde habita o Buda, ou o mundo do estado de Buda. A chave da vitória está em alinhar nosso coração ao coração de nosso mestre, que também incorpora fielmente a Lei e a propaga. Se ignorarmos a orientação de nosso mestre e simplesmente nos basearmos em nossa própria mente vacilante, não concluiremos o caminho da prática budista. Um sutra afirma: Torne-se o mestre de sua mente, em vez de deixar que sua mente o domine (6) (WND, v. 1, p. 502). Somente quando praticamos a fé com o mesmo espírito que nosso mestre nos tornamos mestres de nossa mente e atingimos o estado de Buda nesta existência. (TC 520, p. 55) (6) Torne-se o mestre de sua mente, em vez de deixar que sua mente o domine : Citação extraída do Sutra dos Seis Paramitas. No trecho do Gosho Não lamente aos outros sobre quão difícil é para o senhor viver neste mundo. Agir assim é uma atitude totalmente imprópria para um homem digno. Lamentar os problemas retarda nosso desenvolvimento espiritual Nesse trecho, Nitiren Daishonin repreende a lamentação e a autocomiseração. (...) Reclamar alimenta a fraqueza e a negatividade da pessoa e torna-se uma causa para a estagnação. Daishonin ensina a Shijo Kingo que parar de se lamentar e desafiar a conquista da revolução humana é o caminho certo para a vitória na vida. (TC 520, p. 56) K. Trechos 2 da TC 520 É muito raro nascer como ser humano. O número de pessoas dotadas de vida humana é tão pequeno quanto a quantidade de terra que se pode colocar sobre uma unha. Viver como ser humano é difícil tão difícil quanto o orvalho permanecer sobre a grama. É melhor viver um único dia com honra que viver 120 anos e morrer na desgraça. Conduza sua vida de forma que todas as pessoas de Kamakura o elogiarão e dirão que Nakatsukasa Saburo Saemon-no-jo (Shijo Kingo) é diligente em servir a seu lorde, ao budismo e à sociedade. O tesouro do corpo é mais valioso que aquele guardado no cofre; e o tesouro acumulado no coração é muito mais valioso que o tesouro do corpo. A partir do momento em que o senhor ler esta carta, esforcese para acumular o tesouro do coração (WND, v. 1, p. 851). - 11 -

Tornem-se verdadeiros vencedores na vida No trecho do Gosho É muito raro nascer como ser humano. O número de pessoas dotadas de vida humana é tão pequeno quanto a quantidade de terra que se pode colocar sobre uma unha. Viver como ser humano é difícil tão difícil quanto o orvalho permanecer sobre a grama. Nitiren Daishonin indica que nossa vida como seres humanos é insubstituível e cada dia e cada momento são preciosos. (TC 520, p. 56) No trecho do Gosho É melhor viver um único dia com honra que viver 120 anos e morrer na desgraça. Daishonin, destaca o critério para o verdadeiro mérito na vida. O verdadeiro mérito como ser humano surge a partir do que decidimos tornar o propósito de nossa vida e como vamos alcançá-lo. (TC 520, p. 56) No trecho do Gosho Conduza sua vida de forma que todas as pessoas de Kamakura o elogiarão e dirão que Nakatsukasa Saburo Saemon-no-jo (Shijo Kingo) é diligente em servir a seu lorde, ao budismo e à sociedade. Isso implica três áreas específicas em que Shijo Kingo precisa vencer: (1) reconstruir uma relação de confiança mútua com seu lorde; (2) continuar a empreender esforços constantes como praticante da Lei Mística; e (3) conquistar a confiança daqueles que o cercam. (TC 520, p. 57) No trecho do Gosho O tesouro do corpo é mais valioso que aquele guardado no cofre; e o tesouro acumulado no coração é muito mais valioso que o tesouro do corpo. A partir do momento em que o senhor ler esta carta, esforce-se para acumular o tesouro do coração. Um caráter plenamente polido é inestimável Nessa passagem, Nitiren Daishonin indica a ordem de prioridade dos três tipos de tesouro e apresenta um claro padrão de valor. (TC 520, p. 58) Guardado no cofre indica os bens materiais; o tesouro do corpo significa aspectos como a saúde ou as habilidades adquiridas; e o tesouro do coração, num determinado nível, remete à abundância de riquezas espirituais e materiais e, num nível mais fundamental, refere-se à fé e ao brilho da natureza de Buda polida por essa fé.. (TC 520, p. 58) Quando nos baseamos no tesouro do coração, o verdadeiro valor dos tesouros do cofre e do corpo também se torna abundante em nossa vida. Em suma, precisamos fazer do acúmulo do tesouro do coração nosso principal objetivo na vida. Se perdermos de vista esse objetivo e procurarmos acumular o tesouro do cofre e o tesouro do corpo, isso só dará origem ao apego. Quando tal fato ocorre, o medo de perder esses tesouros materiais ou físicos se torna uma causa para o sofrimento. Por isso, é importante acumular o tesouro do coração, pois reflete um senso correto de propósito na vida. (TC 520, p. 58) - 12 -

L. Trechos 3 da TC 520 Confúcio apegava-se à sua crença nos nove pensamentos para uma palavra, afirmando que ele pensava nove vezes antes de falar. Tan, o duque de Chou, era tão atencioso em receber seus visitantes, que ficou conhecido por ter interrompido seu banho por três vezes num dia, e sua refeição três vezes em outro, a fim de não deixá-los esperando. Considere esses exemplos cuidadosamente para o senhor não ter motivo para me censurar mais tarde. O que chamamos budismo encontra-se nesse comportamento. A essência de todos os ensinamentos de Sakyamuni é o Sutra de Lótus, e a chave da prática do Sutra de Lótus está no capítulo Bodhisattva Jamais Desprezar [Fukyo] (11). O que significa o profundo respeito que o Bodhisattva Jamais Desprezar demonstrava pelas pessoas? O propósito do advento do Buda Sakyamuni, o lorde dos ensinamentos, neste mundo encontra-se em seu comportamento como ser humano. O sábio deve ser chamado humano, e os tolos são denominados animais (WND, v. 1, pp. 851-852). O propósito fundamental do Budismo está no comportamento como ser humano Nitiren Daishonin preocupava-se muito com o temperamento explosivo de Shijo Kingo. (...) Ele sentia que seu discípulo não seria capaz de alcançar a verdadeira vitória na vida se não superasse o temperamento esquentado uma falha que causaria sua queda e se não acumulasse sinceramente o tesouro do coração. É por essa razão que Daishonin chega a ponto de dizer: O que chamamos budismo encontra-se nesse comportamento. A expressão máxima do Budismo é nosso comportamento como seres humanos. Confúcio e o duque de Chou manifestaram sua filosofia pessoal e sua crença em suas ações. Da mesma forma, a menos que expressemos em nossa conduta o tesouro supremo do coração exposto no Budismo ou seja, a natureza de Buda se manifestando a partir de dentro, não conseguiremos mostrar a prova real do poder da fé nem realizar o Chakubuku. Por isso, no final desta carta, Daishonin discute a importância de nosso comportamento como seres humanos. (TC 520, p. 59) No trecho do Gosho A essência de todos os ensinamentos de Sakyamuni é o Sutra de Lótus, e a chave da prática do Sutra de Lótus está no capítulo Bodhisattva Jamais Desprezar [Fukyo] (11). O que significa o profundo respeito que o Bodhisattva Jamais Desprezar demonstrava pelas pessoas? O propósito do advento do Buda Sakyamuni, o lorde dos ensinamentos, neste mundo encontra-se em seu comportamento como ser humano. O sábio deve ser chamado humano, e os tolos são denominados animais. (11) Bodhisattva Jamais Desprezar [Fukyo]: Bodhisattva descrito no 20º capítulo do Sutra de Lótus, intitulado Bodhisattva jamais Desprezar. Esse bodhisattva que foi Sakyamuni em uma existência anterior fazia uma reverência perante todos que encontrava. No entanto, ele era atacado por pessoas arrogantes, que batiam nele com varas e bastões e lhe atiravam pedras. O Sutra explica que sua prática de respeitar a natureza de Buda dos outros tornou-se a causa para ele atingir o estado de Buda. O Sutra de Lótus representa a finalidade do surgimento de Sakyamuni neste mundo. A razão de o Sutra de Lótus descrever a prática do Bodhisattva Jamais Desprezar, que incorpora o espírito do Sutra, é indicar que o propósito do surgimento de Sakyamuni neste mundo está em seu comportamento como ser humano. (TC 520, p. 60) - 13 -

O tesouro do coração é invisível aos olhos. Quando esse tesouro é expresso de forma concreta, com ações respeitosas com os outros, demonstra às pessoas o poder da Lei Mística e da natureza de Buda. Considerar o tesouro do coração como o mais valioso de todos (Cf. WND, v. 1, p. 851) reflete um senso de valores relacionado com o que é mais importante e precioso na vida. Demonstrar respeito pelos outros em nossas ações constitui o padrão do nosso comportamento como budistas, tendo como base esse senso de valores, ou seja, o tesouro do coração. O comportamento respeitoso do Bodhisattva Jamais Desprezar incorpora o ensinamento do Sutra de Lótus, que expõe a verdadeira intenção do Buda de conduzir todas as pessoas à iluminação. Portanto, o respeitoso comportamento do Bodhisattva Jamais Desprezar é a verdadeira intenção do Buda. Manifestar o estado de Buda é um benefício da fé na Lei Mística. O comportamento de quem incorpora esse benefício é a prova real da grandiosidade da Lei Mística. O comportamento dessas pessoas caracteriza-se pelo respeito aos outros. (TC 520, p. 60) Assim, mostrar respeito pelos outros por meio do comportamento tem o poder de mudar nossa vida, transformando o carma e purificando nossos seis órgãos dos sentidos. Ao compartilharmos respeitosamente os ensinamentos do Sutra de Lótus com outras pessoas por meio de nosso exemplo de conduta como ser humano, atingimos o estado de Buda. Quando o nosso comportamento realiza o Chakubuku, incorporamos o princípio da iluminação universal em nossa vida. Realizar o Chakubuku por meio de nosso exemplo de conduta como ser humano sem recuar diante das dificuldades é a prática capaz de conduzir todas as pessoas à iluminação. Essa prática ilumina brilhantemente até mesmo a vida de quem calunia e persegue os praticantes que incorporaram o princípio da iluminação universal. (TC 520, p. 62) A prática do Chakubuku realizada por Daishonin, de refutar rigorosamente o erro, se fundamenta em três pontos: no espírito de benevolência com o indivíduo que está enganado; no sentimento de preocupação pela felicidade das pessoas; e no desejo fervoroso de concretizar a paz e a segurança da nação. É uma luta para refutar o falso e revelar o verdadeiro com o sentimento de respeito pela natureza de Buda de todas as pessoas. O Chakubuku no Budismo Nitiren baseia-se numa filosofia de respeito aos outros. Isso significa refutar o erro daqueles que desrespeitam a vida das pessoas. Baseando-se nesse entendimento, Daishonin indica que, mesmo na era maligna dos Últimos Dias da Lei, precisamos agir de maneira prudente e respeitosa em vez de simplesmente nos apressar para refutar o erro. Afirmar a verdade de forma plena e explícita também é Chakubuku. (TC 520, p. 63) - 14 -