MANIFESTAÇÕES CULTURAIS E IDENTIDADE GERMÂNICA NO VALE DO TAQUARI: OS GRUPOS DE DANÇAS FOLCLÓRICAS DE ESTRELA E O FESTIVAL DO CHUCRUTE



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Transcrição:

77 MANIFESTAÇÕES CULTURAIS E IDENTIDADE GERMÂNICA NO VALE DO TAQUARI: OS GRUPOS DE DANÇAS FOLCLÓRICAS DE ESTRELA E O FESTIVAL DO CHUCRUTE Cristiano Nicolini Mestrando em Desenvolvimento Regional - UNISC cristiano782006@hotmail.com Resumo: A região do Vale do Taquari, situada na porção centro-leste do RS, vem construindo uma determinada identidade regional a partir das últimas décadas do século XX, utilizando-se de representações e manifestações culturais diversas - destacando-se entre elas as festas típicas. Para isso, são evidenciados os elementos relacionados aos costumes, às crenças e aos valores dos imigrantes europeus que ocuparam os atuais trinta e seis municípios do Vale, com ênfase nas etnias italiana e alemã. Neste artigo, busca-se analisar o papel desempenhado pelos Grupos de Danças Folclóricas Alemãs e pelo Festival do Chucrute de Estrela no referido processo de construção da identidade territorial da mencionada região gaúcha, utilizando-se, para isso, conceitos como identidade cultural, glocalização e multiculturalismo. Palavras-chave: Identidade cultural; glocalização; multiculturalismo. A identidade cultural de um território é uma construção que se dá em tempos e espaços definidos, através das ações efetivadas pelos atores a ele pertencentes. No atual contexto da globalização 1, se torna cada vez mais acentuada esta busca pela afirmação do território, cujo processo desencadeia iniciativas diversas no sentido de relevar as diferenças regionais/ locais, em contraposição à possibilidade de homogeneização que advém desta dinâmica. Assim, diferentes territórios tendem a desenvolver estratégias que valorizem as suas especificidades, bem como os grandes grupos transnacionais acabam se rendendo a esta tendência, identificando a necessidade de respeitar a diversidade cultural presente nas diversas instâncias em que atuam, sejam elas nacionais ou regionais. Neste contexto, é necessário investigar diferentes cenários onde estas iniciativas regionais/ locais contracenam com a dinâmica global, contribuindo assim para a compreensão da dimensão cultural da realidade. Assim, apresenta-se neste artigo uma análise inicial do estudo sobre os Grupos de Danças Folclóricas Alemãs e o Festival do Chucrute e Estrela, município localizado na porção centro-leste do estado do Rio Grande do Sul, cuja formação histórica se caracteriza 1 Entende-se globalização como um processo que (...) se aplica, (...) à produção, distribuição e consumo de bens e serviços, organizados a partir de uma estratégia mundial, e voltada para um mercado mundial. (...) corresponde a um nível e a uma complexidade da história econômica, no qual as partes, antes internacionais se fundem agora numa mesma síntese: o mercado mundial. (ORTIZ, 1994, p.16)

78 pela presença significativa de imigrantes alemães. Estes chegaram à região no século XIX, integrando as ondas imigratórias que povoaram grande parte do Rio Grande do Sul naquele período. Estes imigrantes participaram da construção de inúmeras comunidades, que hoje representam os trinta e seis municípios da região do Vale do Taquari. 2 A partir desta colonização, os atores deste território atuam no sentido de valorizar os referenciais culturais associados à imagem construída ao longo da história destas localidades. Com exceção dos municípios onde a açorianidade 3 se destaca nas representações e manifestações culturais de diferentes segmentos da sociedade (públicos e privados), a maior parte da região evoca a germanidade e a italianidade 4 como suporte para a construção da respectiva identidade cultural local/regional. Estas ações se tornam evidentes em diversos momentos e espaços em que as administrações municipais, juntamente com as várias organizações e segmentos da sociedade, buscam evidenciar as potencialidades locais, associando economia e cultura locais através de feiras municipais e regionais, festas típicas, construção de espaços de memória, elaboração de materiais de divulgação (panfletaria), restauração de edificações coloniais, etc. Neste contexto, destaca-se aqui a utilização das festas típicas como espaço de construção e de afirmação da identidade cultural da região, onde os atores locais se empenham na (re)elaboração das tradições dos antepassados, seja através de danças, da gastronomia, da música ou outros elementos que se relacionam ao passado colonial da região. Uma destas festas típicas se torna mais evidente por inúmeras peculiaridades: o Festival do Chucrute de Estrela, promovido pela Comunidade Evangélica do município desde o ano de 1965, ininterruptamente. Este evento, diferentemente das demais feiras e festas promovidas nos municípios do Vale do Taquari, se diferencia por não ser promovido pela administração pública nem pela iniciativa privada (apenas recebendo apoio parcial destas instituições), pois foi criado e é mantido pelos próprios membros da comunidade, com destaque aos Grupos de Danças Folclóricas Alemãs de Estrela, criados em 1964, 2 A Região denominada Vale do Taquari compreende os seguintes municípios: Anta Gorda, Arroio do Meio, Arvorezinha, Bom Retiro do Sul, Canudos do Vale, Capitão, Colinas, Coqueiro Baixo, Cruzeiro do Sul, Dois Lajeados, Doutor Ricardo, Encantado, Estrela, Fazenda Vilanova, Forquetinha, Ilópolis, Imigrante, Lajeado, Marques de Souza, Muçum, Nova Bréscia, Paverama, Poço das Antas, Pouso Novo, Progresso, Putinga, Relvado, Roca Sales, Santa Clara do Sul, Sério, Tabaí, Taquari, Teutônia, Travesseiro, Vespasiano Corrêa e Westfália (Fonte: Fundação de Economia e Estatística FEE. In: Banco de Dados Regional, março/2011). 3 Esta identidade açoriana é mais evidente no município de Taquari, cuja colonização foi predominantemente realizada por casais vindos das ilhas portuguesas, no século XVIII. Os municípios de Bom Retiro do Sul, Tabaí, Paverama e Fazenda Vilanova, que se emanciparam de Taquari, têm características desta colonização, no entanto não fazem referências tão evidentes quanto o município de origem às chamadas raízes açorianas. 4 A colonização alemã se deu principalmente a partir de Estrela, Lajeado e Teutônia; já a região de colonização italiana corresponde às terras mais altas do Vale do Taquari, próximo à Serra Gaúcha. No entanto, há municípios em que se identificam ambas as colonizações, tendo em vista que as divisões administrativas são posteriores aos movimentos de ocupação do território.

79 um ano antes do primeiro festival. Estes grupos de danças são os mais antigos do Brasil, em atividades ininterruptas, neste gênero (danças folclóricas alemãs). Às vésperas de completarem meio século de existência, o Festival do Chucrute e os Grupos de Danças Folclóricas Alemãs de Estrela representam, neste cenário de globalização, um interessante objeto de estudo quando se pretende investigar as representações e manifestações culturais elaboradas pelas diferentes regiões, compreendendo assim o papel desempenhado por estas ações na construção da identidade cultural do território. Estudar o processo de formação e permanência destes Grupos e do Festival ao longo de quase cinco décadas, bem como a sua atuação no cenário regional denominado Vale do Taquari, viabiliza, enfim, uma análise sobre as relações que se podem estabelecer, teoricamente, entre a identidade cultural de um território e o seu papel na dinâmica do desenvolvimento regional. Afinal, para compreender a dimensão territorial dos diferentes lugares, é preciso levar em consideração as representações identitárias e as respectivas ações daqueles que são os principais elementos do referido processo de desenvolvimento: ou seja, os próprios atores locais/regionais. A questão da identidade cultural, segundo Hall (2006), é uma construção dos sujeitos que se dá através dos processos sociais. Se fosse inata, a identidade cultural não precisaria ser evocada, evidenciada e resgatada. A luta apela afirmação identitária emerge sempre que há alguma dúvida ou incerteza. Este esforço por evidenciar determinada identidade cultural pode ser percebido em diferentes tempos e lugares, na medida em que as pessoas buscam pelos referenciais históricos que sustentem o discurso que pretendem afirmar. No entanto, na atualidade, vivemos um processo em que estas identidades, antes coesas e duradouras, hoje estão (...) entrando em colapso, como resultado de mudanças estruturais e institucionais. O próprio processo de identificação, através do qual nos projetamos em nossas identidades culturais, tornou-se mais provisório, variável e problemático. (HALL, 2006, p. 12). Assim, pode-se afirmar que não existe uma identidade unificada, mas sim diversas identidades que convivem na atualidade, sejam elas culturais, étnicas, de gênero, etc. Os atores sociais, portanto, mesmo convivendo no mesmo território, podem se aproximar de diversas outras identidades que se coadunam ou se distanciam daquela que é predominante na região na qual vivem; por isso, os grupos sociais ligados ao território investem na tarefa de construir uma identidade de caráter regional, que estabeleça vínculos entre os atores locais e dê visibilidade ao regional no espaço global. Esta diferenciação cultural, mesmo que forjada em muitos aspectos, vai se perpetuando através de ações conjuntas como o Festival do Chucrute e os Grupos de Danças Folclóricas Alemãs de Estrela. O município de Estrela, onde estes grupos atuam e onde o festival acontece, se configura como um dos locais onde os imigrantes alemães se fizeram presentes de

80 forma mais intensa, através da fundação das chamadas linhas e picadas, nos arredores do núcleo urbano que já havia se instalado pelos portugueses. A partir da década de 50 do século XIX, o atual município passou a ser um dos destinos de inúmeros alemães que chegaram de São Leopoldo, navegando pelo Rio Taquari e ocupando em seguida as terras a eles destinadas. Estrela foi o primeiro município a se emancipar de Taquari, o núcleo inicial do povoamento europeu no Vale do Taquari, através da Lei 1.044/76, de 20 de maio de 1876. O território que atualmente representa este município abrange 184,2 quilômetros quadrados, bem inferior à sua primeira divisão político-administrativa, que englobava diversos municípios hoje emancipados 5. A colonização das terras que atualmente pertencem a Estrela se desencadeou com a atuação dos latifundiários Antônio Vítor Menna Barreto, à margem esquerda do Rio Taquari, e Antônio Fialho de Vargas, à margem direita (hoje Lajeado). O processo de ocupação começou com poucas famílias, oriundas, em sua maioria, de Dois Irmãos. (RAMBO, 1999). Por volta de 1856, foi criada a colônia de Estrela, por Vitorino José Ribeiro, na fazenda de sua propriedade, entre os arroios Estrela e Boa Vista. A partir desta data, os imigrantes alemães passaram a ocupar os seus lotes de terra, criando as chamadas picadas ou linhas. Segundo Hessel (1983, p.22): Em 1865, Antônio Vítor mandou abrir grandes picadas: Boa Vista, Picada Grande e outras, nas quais foram se estabelecendo os colonos que, em grande número, afluíam das zonas de São Leopoldo e de Feliz. Em seguida, a colonização atingiu as terras do interior desta região, onde foi fundada a colônia particular denominada Teutônia, em 1858 (hoje município com este nome). Na terceira fase da colonização, as picadas atingiram os distritos de Arroio da Seca e Corvo, hoje denominados, respectivamente, municípios de Imigrante e Colinas. O atual município de Roca Sales, na parte setentrional do território que pertencia a Estrela, também foi ocupado por imigrantes alemães, bem como recebeu italianos vindos das colônias do norte (Conde d Eu, por exemplo). Esta parte de Estrela passou a ser Distrito em 1898, vindo a emancipar-se no ano de 1954 (HESSEL, 1983). Por volta de 1868, segundo Hessel (1983, p. 24), (...) Estrela passou a atrair migrantes não-agricultores, os quais, estabelecendo-se junto à sede da Fazenda, iriam propiciar o surto de um comércio ativo, o aumento da população local, a formação do primeiro povoado do Alto Taquari, a criação da primeira freguesia e (...) a emancipação política em 1876. A partir de então, o município de Estrela passou a se desenvolver a partir das suas colônias e pequenos núcleos urbanos, os quais foram se emancipando a partir do final do século XIX (Lajeado) e ao longo do século XX (Roca Sales, Imigrante, Teutônia, Colinas). Ao longo desta história, o município de Estrela se caracterizou por promover manifestações culturais diversas, associadas ao passado colonial germânico, seja 5 Entre 1891 e 1954, Estrela possuía 749 quilômetros quadrados de extensão territorial (HESSEL, 1983).

81 no cotidiano ou nos eventos promovidos pela administração e entidades privadas. Inicialmente, eram ações organizadas pela própria comunidade, conforme revelam as narrativas dos antepassados, contidas em livros sobre a história local e outros documentos, bem como nas memórias de testemunhas vivas de tempos passados. De acordo com obras como Reminiscências da Colônia Teutônia-Estrela, de Arno Sommer (2001), A Virada do Milênio: História e Memória (volumes I e II), do colinense Herbert Bergesch (2001/2003), O Município de Estrela: História e Crônica, de Lothar Hessel (1983), Colonização de Teutônia e Corvo: imigração alemã no sul do Brasil, de Ruben Gerhardt (2004), Estrela: ontem e hoje, de José Alfredo Schierholt (2002), Nas Barrancas, de Assis Sampaio (2004), dentre outros trabalhos realizados por pesquisadores locais, o passado de Estrela foi marcado por inúmeras ocasiões em que as manifestações culturais tinham destaque, como, por exemplo, os bailes de Kerb. Atualmente, o calendário de eventos anuais do município de Estrela demonstra que as atividades culturais, festividades e demais manifestações culturais continuam servindo como estratégias de afirmação da identidade cultural local e regional, integrando um amplo projeto que os municípios do Vale do Taquari desencadeiam no sentido de afirmar e divulgar as suas potencialidades a partir do enaltecimento da identidade cultural ítalo-germânica. Assim, em 1964, surgiam no município os Grupos de Danças Folclóricas Alemãs, sob a coordenação do casal Adolfo Guilherme Frederico Ziebell e Helga Vier Ziebell. Esta iniciativa não foi pioneira no município, tendo em vista que, já em 1924, um semanário intitulado O Paladino anunciou um Curso de Danças, no salão da Sociedade Turn-Verein Estrela, ministrado por Carlos Schwarz, professor de danças. (SCHIERHOLT, 2002). Porém, os grupos fundados pelo referido casal vieram a se tornar referência no município e na região, por estarem em atividades ininterruptas até os dias atuais, completando em breve cinquenta anos de existência. Conforme Schierholt (2002, p. 267), além destes grupos, se tornaram (...) uma tradição na região de colonização alemã, herdada por imigrantes, a sociedade de cantores ou o coral evangélico (...), os quais organizavam um baile anual de aniversário da comunidade que representavam (Vereinsball). Em Estrela, cabia ao coral evangélico preparar e executar essa promoção, conhecida também como Baile do Coro ou do Coral. Os casais da comunidade organizavam esta festividade, sendo que os jovens ficavam excluídos. No ano de 1964, na ocasião em que este evento era preparado, houve uma integração entre jovens e casados. De acordo com Schierholt (2002, p. 267), naquele ano (...) surgiu a ideia de se iniciar com danças folclóricas, em trajes típicos. Um grupo de 10 a 12 pares de jovens da sociedade se reunia para ensaiar, em conjunto, algumas danças, que eram características de bailes antigos da velha colônia, chamada Alt-Kolonie, em torno de São Leopoldo. Os ensaios aconteciam no porão-garagem da residência de Humberto José Vier (...). Foi a

82 surpresa que o grupo preparou para aquela noite. Durante semanas, ensaiaram polkas, valsas, schottish e folclore rheinländer. Já durante os ensaios, cada vez mais animados, previam o sucesso e sua repercussão na região. Sua primeira apresentação foi um sucesso total. De um público sabidamente crítico os elogios foram rasgados e animadores. Helga Ziebell procurou, de imediato, se preparar para uma segunda edição, aprimorando as danças, adquirindo material didático sobre as danças típicas do folclore alemão e trajes autênticos, que caracterizam as origens étnicas. O espírito de inovação foi como uma epidemia: animou a cidade inteira. Já para 1965, se programou uma janta antes do baile. Novamente a inspiração recorreu às tradições da culinária, herdada dos colonizadores teuto-brasileiros. Depois de várias propostas, foi aprovada a sugestão de Gernot Costa de identificar como Baile do Chucrute, um prato típico dos imigrantes, nome que marcou o evento, a partir de 7/ 5/ 1965, como o primeiro Baile do Chucrute, hoje atração turística na região e no Rio Grande do Sul. A partir daquele ano, o Festival do Chucrute vem sendo realizado anualmente, no mês de maio, em dois finais de semana que se intercalam antes e após o dia 20, data de aniversário do município. No ano de 2012, será realizada a 47ª edição do festival, no Salão Cristo Rei, promovida pela Comunidade Evangélica de Estrela. Antes da festividade, há uma série de preparativos, como a escolha da rainha do festival. Os Grupos de Danças Folclóricas Alemãs, paralelamente, ensaiam danças típicas sob a coordenação do instrutor Andreas Hamester, o qual está na coordenação dos grupos desde 1985. Segundo Schierholt (2002), eles sempre estiveram presentes na vida cultural e social de Estrela. Os critérios para formação dos grupos de danças se baseiam na idade: Mirim (3 aos 6 anos); Infantil (7 e 8); Juvenil (9 e 10); Semi-um (11 e 12); Semi-dois (12 a 14); Especial (15 a 20); Oficial A e B (16 a 30 anos); Esperas (categoria de apoio composta por novatos e reservas que aguardam nas categorias Especial e Oficial); Sênior (recém casados, com média de 35 anos); Coroas (casados com média de 45 anos) e 3ª Idade (dos 60 aos 80 anos de idade). (SCHIERHOLT, 2002). Mantidos pela Comunidade Evangélica, os Grupos de Danças Folclóricas Alemãs de Estrela estão, da mesma forma que o Festival, em atividades ininterruptas por quase cinco décadas. Representam hoje o mais antigo agrupamento de danças folclóricas alemãs em todo o Brasil. Realizaram, durante este tempo, diversas apresentações em vários estados do Brasil e também em países como Alemanha, Suíça, França e Bélgica. (SCHIERHOLT, 2002). Desta forma, levam o nome do município e da região por onde se apresentam, agindo como divulgadores não somente de uma localidade, mas de uma região denominada Vale do Taquari. Em 1999, foi realizada uma exposição dos 35 anos dos grupos, bem como são feitas promoções anuais que ajudam a divulgar e angariar fundos para a manutenção das atividades. Não existe um apoio oficial por parte da administração pública e de empresas privadas, apesar de esporadicamente serem beneficiados com alguns recursos. Os Grupos e o Festival funcionam baseados na participação comunitária, sendo que as pessoas que nele atuam não são remuneradas,

83 tanto pelas danças quanto pelos trabalhos nos preparativos da festa anual. Na semana que antecede o Festival, os Grupos de Danças realizam desfiles pelas ruas de Estrela e Lajeado, divulgando e chamando as pessoas para participarem da festividade. Com trajes típicos e acessórios que lembram a colonização alemã, cantam e dançam sobre caminhões, colocando em evidência o lema do festival: Venha viver a alegria do mais tradicional Festival de Folclore Alemão do Estado do Rio Grande do Sul, animado com muita música, dança e gastronomia típica. 6 A trajetória destes grupos e do festival corrobora com o pensamento de Mattelart (2005), quando o autor afirma que existe uma mitificação em torno do termo globalização, quando se pretende afirmar que ela significa um movimento total na esfera planetária. Para o autor, houve um momento inicial deste processo, caracterizado pelas grandes fusões de empresas e pela crença de que não havia limites para a integração mundial. No entanto, não foi possível aos investidores ignorar a diversidade, a qual precisou ser administrada para articular o nível local com o global. Os teóricos japoneses, segundo o mesmo autor, criaram o termo glocalização para caracterizar a atitude daqueles que precisavam (...) partilhar as dobras e redobras dos territórios, dos contextos, dos diferentes universos simbólicos. (MATTELART, 2005, p.95). Portanto, não é possível afirmar, nesta perspectiva, que as diferenças dos territórios são suplantadas pela globalização. Ao contrário, os atores locais/ regionais buscam manter traços de diferenciação, num movimento contrário às tentativas de homogeneização cultural. Este processo, como no caso das festas típicas e demais manifestações culturais, se dá muitas vezes através da manutenção de costumes, crenças e valores assentados num passado (re)formulado a partir de experiências do presente. Segundo Baller (2008), o conceito globalização começou a ser utilizado principalmente na década de 80 do século XX, com mais frequência, associado às transformações econômicas. A autora analisa diversas perspectivas teóricas acerca da globalização, evidenciando a questão da cultura e das identidades frente ao processo de homogeneização. Neste sentido, seu texto ressalta o conceito de glocalização, o qual conduziria os indivíduos a uma aproximação com o seu passado, voltando-se às suas origens como forma de evidenciar a sua identidade frente aos processos de padronização cultural. Assim, estaria ocorrendo o (...) desenvolvimento de uma indústria da nostalgia em que o passado é resgatado, idealizado, romantizado e não raras vezes inventado, mediante processos que incluem a patrimonialização da cultura. (ANICO apud BALLER, 2008, p.18). O estudo das representações e manifestações culturais dos diferentes territórios requer, também, que se pense na questão multicultural que caracteriza a contemporaneidade. Segundo Hall (2003), o termo multiculturalismo ainda é bastante inacabado, mas na falta 6 Extraído do site do festival: www.festivaldochucrute.com.br. Acesso em: 20 set. 2011.

84 de um termo menos complexo, é utilizado para representar as várias práticas e articulações da sociedade no contexto global. Este termo diz respeito às inúmeras estratégias usadas para governar a multiplicidade cultural presente nas diversas realidades planetárias. Para o autor, não é possível dissociar o multiculturalismo da luta de classes, sendo que ele só tem significado se for uma prática social. Numa sociedade em que a globalização dissemina a desigualdade e uma modernização falha, surgem as invenções de tradições, que buscam evidenciar traços antigos associados a novas etnicidades, adaptadas às necessidades do presente. Ou seja, segundo Hall (2003), é possível perceber que as manifestações culturais assentadas em um passado imaginado dão sustentação a discursos e práticas sociais que buscam acentuar as diferenças culturais, num cenário em que a desigualdade econômica e social desestabiliza a vida local/regional. Assim, a destradicionalização provocada pela globalização não é um fenômeno uniforme, apesar dos seus efeitos que geram instabilidade e insegurança no planeta. A globalização, assim, é responsável também pelos efeitos diferenciadores no interior das sociedades ou entre as mesmas. (HALL, 2003). Esta local-ização é perceptível, portanto, nas formas de manutenção das tradições, que mesmo reelaboradas pelas diferentes sociedades, acabam gerando um processo de construção e fortalecimento da identidade cultural do território, seja qual for a finalidade desta diferenciação. O turismo, de forma mais evidente, vem se construindo, nas últimas décadas, a partir destes referenciais identitários, geralmente associando economia local aos aspectos culturais e históricos da região na qual se desenvolve. No Vale do Taquari, em cujo cenário a presente análise se situa, há um projeto de formatação turística regional que vem se ampliando desde a década de 80, no qual a identidade cultural germânica, italiana e, em menor escola, açoriana, dão sustentação à elaboração de rotas turísticas, criação de espaços de memória, parques temáticos, dentre outras inúmeras representações do passado colonial, cujo objetivo é não apenas atrair turistas ou desenvolver a economia local, mas também marcar o que diferencia a região dos demais territórios da esfera global. Ao se observar a gastronomia regional, as construções em estilo colonial, as músicas, os trajes típicos, é possível verificar as adaptações que estes elementos culturais sofreram ao longo da história, sendo que não possuem mais as características idênticas aos costumes e tradições dos antepassados. No entanto, servem como estratégias de diferenciação, sustentando uma identidade cultural do território ao qual pertencem.

85 Conclusão Apesar de antônimos, os termos global e local são indissociáveis quando se pretende compreender a dinâmica da sociedade contemporânea. Estas duas dimensões atuam num jogo que vai definindo a atuação dos diferentes atores sociais, os quais se vêem tentados a consumir e a se inserir nas tendências mundiais, mas ao mesmo tempo buscam manter a sua identidade local. Nesta dinâmica de incertezas, a exclusão acentua a insegurança daqueles que não possuem mais vínculos sociais e/ou culturais. É neste cenário que surgem as iniciativas de grupos e instituições no sentido de promover a construção e fortalecimento da identidade cultural do território, não apenas como forma de obtenção de divisas, mas visando também a inserção dos atores locais. Através do discurso da etnicidade ou do passado em comum dos habitantes de um território, vão se articulando estratégias que visam fortalecer os vínculos locais, muitas vezes criando estereótipos acerca da sua identidade cultural. Elaboram-se histórias apologéticas, forjam-se imagens míticas acerca dos antepassados, evidenciam-se características que naturalizam e cristalizam as qualidades dos habitantes de uma região. Enfim, é evidente a construção de uma identidade regional, cuja autenticidade vai se forjando na medida em que os atores locais se inserem nesta dinâmica social, assumindo o seu papel na perpetuação da referida identidade. Nesta perspectiva, é possível compreender o papel desempenhado pelos Grupos de Danças Folclóricas Alemãs e pelo Festival do Chucrute de Estrela na construção e fortalecimento da identidade cultural não apenas do município ao qual pertencem, mas da região do Vale do Taquari como um todo, tendo em vista a sua inserção no território marcado pela colonização alemã e italiana a partir do século XIX. Hoje, aos descendentes e não-descendentes destes imigrantes cabe a tarefa de inventar as tradições a partir de representações do passado, marcando a diferença territorial através de manifestações culturais diversas, as quais são incorporadas à sociedade na medida em que os próprios atores se incumbem de legitimá-las e assumi-las como parte da sua identidade. Identidade esta que, apesar de coesa, se transmuta, de adapta e convive com outras identidades, seja no âmbito global ou local. No entanto, estas identidades múltiplas atuam em momentos e espaços diferenciados, de acordo com as necessidades individuais e coletivas dos múltiplos atores que compõem o território.

86 Referências BALLER, Gisele Inês. Espaços de memória e construção de identidades: estudo de dois casos na região de colonização alemã no RS. Porto Alegre, UFRGS, 2008. Dissertação (Mestrado em História). BANCO DE DADOS REGIONAL (BDR). Disponível em: www.valedotaquari.org.br. Acesso em: 20 dez. 2011. CAMINHOS DO VALE. Revista da Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales - AMTURVALES. Lajeado, 2000. HALL, Stuart. A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções culturais do nosso tempo. Cultura, Mídia e Educação - Educação & Realidade. Porto Alegre, v. 22, n.2, p. 15-46, jul./dez. 1997.. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.. Da Diáspora: Identidades e Mediações culturais. Belo Horizonte: UFMG; Brasília: Unesco, 2003. HERMET, Guy. Cultura e desenvolvimento. Petrópolis: Vozes, 2002. HESSEL, Lothar. O Município de Estrela: história e crônica. Porto Alegre: Ed. da Universidade, UFRGS/ Martins Livreiro Editor, 1983. LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009. LENCIONE, Sandra. Região e Geografia a noção de região no pensamento geográfico. In: CARLOS, Ana Fani. Novos Caminhos da Geografia. São Paulo: Contexto, 2001. MATTELART, Armand. Diversidade cultural e mundialização. São Paulo: Parábola, 2005. MAUCH, Cláudia. Os Alemães no Sul do Brasil: cultura, etnicidade, história. Canoas: Ed. da ULBRA, 1994. ORTIZ, Renato. Mundialização e cultura. São Paulo: Brasiliense, 1994. PORTAL DO VALE DO TAQUARI. In: www.valedotaquari.org.br RAMBO, Arthur Blásio (trad.) Cem Anos de Germanidade no Rio Grande do Sul: 1824 1924. São Leopoldo: Editora Unisinos, 1999. ROCHE, Jean. A Colonização Alemã no Rio Grande do Sul. 2vls. Porto Alegre: Globo, 1969.

87 SCHIERHOLT, José Alfredo. Estrela: ontem e hoje. Lajeado: O autor. 2002. SILVA, Tomaz Tadeu (org.). O que é, afinal, Estudos Culturais? Belo Horizonte: Autêntica, 1999.. Identidade e Diferença: a perspectiva dos Estudos culturais. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. SITE DO FESTIVAL DO CHUCRUTE: www.festivaldochucrute.com.br. SITE DOS GRUPOS DE DANÇAS FOLCLÓRICAS DE ESTRELA: www. gruposfolcloricosdeestrela.com.br.