1 HIPERFLEXÃO DO CARPO EM CÃO ADULTO RELATO DE CASO JULIANO MORELLI MARANGONI¹, RICARDO LIMA SALOMAO 2, ELZYLENE LÉGA PALAZZO 3, PAULA FERREIRA DA COSTA 3, PATRICIA NADJA DE OLIVEIRA REY 4, MARINA LAUDARES COSTA 5 1.Aprimorando em Clínica e Cirurgia de pequenos animais pela Faculdade Dr. Francisco Maeda, FAFRAM, Ituverava, SP. 2.Veterinário responsável pelo setor de Clínica e Cirurgia de pequenos animais pela Faculdade Dr. Francisco Maeda, FAFRAM, Ituverava, SP. 3.Docente (a) (as) pela Faculdade Dr. Francisco Maeda, FAFRAM, Ituverava, SP. 4.Graduanda do curso de Medicina Veterinária pela Faculdade Dr. Francisco Maeda, FAFRAM, Ituverava, SP. 5. Graduanda do curso de Medicina Veterinária pela Faculdade de Franca, UNIFRAN, Franca, SP. RESUMO A hiperflexão do carpo é rara em cães e ocorre em decorrência do crescimento acentuado dos ossos com relação às unidades musculotendíneas. Tratamentos cirúrgicos ou conservativos com órteses são relatados. O presente trabalho tem como objetivo relatar o tratamento conservativo em um caso de hiperflexão do carpo em cão adulto. Palavras-chave: Contratura Muscular; Deformidade flexural, Doença 2032
2 Articular. CARPAL HYPERFLEXION IN ADULT DOG CASE REPORT ABSTRACT The hyperflexion of the carpus is rare in dogs and occurs as a result of the sharp growth of bones in relation to musculotendinous units. Surgical or conservative treatment with orthoses are reported. This study aims to report the conservative treatment in a case of carpal hyperflexion in adult dog. Keywords: Muscle contracture; Flexural deformity, articulate disease. INTRODUÇÃO A hiperflexão carpal é uma afecção musculotendinosa considerada rara em animais de pequeno porte, com predisposição para filhotes de 6 a 12 meses de idade, por apresentar crescimento acentuado dos ossos comparados aos tendões e músculos (Greet, et al., 2003), com consequente tensão excessiva dos tendões do músculo flexor ulnar do carpo (Slatter, 2003) e inabilidade de estender os membros. Petazzoni e Mortellaro (2002) citaram predisposição racial para Dobermann, Pinscher e Shar-pei, com alterações comumente bilaterais em diferentes graus de comprometimento. Os sinais clínicos incluem atrofia da musculatura flexora do carpo, retração das falanges em direção ao carpo e edema de tecidos moles (Holland, 2005). Em cães, o tratamento realizado pode ser cirúrgico ou conservativo com o uso de órteses tipo Robert Jones ou Robert Jones modificada (Slatter, 2003). Altunatmaz et al., (2006) relataram que o tratamento com órtese deve durar aproximadamente dez dias e ser prolongado, se necessário. O presente estudo teve como objetivo relatar um caso de hiperflexão do carpo de 2033
3 um cão, fêmea, SRD, adulta cujo tratamento conservativo realizado por bandagens tipo Robert Jones e Robert Jones demonstrou bons resultados. RELATO DO CASO Uma fêmea canina errante, de aproximadamente 1,5 ano de idade, 7 kg, foi atendida com sinais de hipoplasia de esmalte dentário e deformidade angular de 90 dos membros torácicos na região do carpo, impossibilidade extensora, atrofia dos músculos flexores do carpo, ausência de dor, crepitação articular à palpação, acentuada tensão do tendão flexor carpal, quando forçada a extensão e apoio na região cranial dos metacarpos com hiperqueratose (fig.1a). O diagnóstico foi de hiperflexão carpal e o tratamento preconizado foi conservativo em ambos os membros com bandagem reforçada de Robert Jones. Após 15 dias, o membro esquerdo apresentou-se praticamente na posição anatômica correta, porém com frouxidão do tendão e dificuldade de apoio. A bandagem Robert Jones foi modificada e aplicada de modo que as falanges do animal permanecessem expostas e possibilitassem o total apoio dos coxins ao solo (fig.1b). Aos 30 dias, a mesma bandagem foi colocada de forma unilateral alternada (fig.1c), permanecendo assim por mais 30 dias, quando recebeu alta médica e recuperação satisfatória. Figura 1: Imagens fotográficas de um canino com hiperflexão carpal bilateral (A) submetido a tratamento com órteses tipo Robert Jones bilateral (B) e Robert Jones modificada unilateral alternada (C). RESULTADOS E DISCUSSÃO 2034
4 O presente relato descreve um caso em cão errante adulto, cuja etiologia pode ser justificada pela subnutrição (Auer, 2006). Os achados físicos permitiram fechar o diagnóstico, visto que os exames laboratoriais e radiográficos não apresentaram alterações dignas de nota, pois conforme citam os autores Slatter (2003), tal afecção envolve somente tecidos moles, no entanto, eventualmente, pode-se esperar doença articular degenerativa. Os primeiros resultados de melhora foram observados aos 15 dias, corroborando com os relatos de Kemper et al. (2011), mas a angulação articular persistiu. Desta forma, para auxiliar na recuperação do tônus muscular e da função mecânica do membro, a tala foi reduzida de modo que as falanges do animal permanecessem expostas e possibilitassem o total apoio dos coxins ao solo. Nenhum relato desta natureza foi descrito na literatura pela redução do comprimento da tala e, embora tenha apresentado bons resultados, um dos membros apresentou dermatite como complicação do uso prolongado da bandagem, por este motivo, a opção em manter a bandagem unilateral com troca alternada em cada membro foi instituída, com resultado satisfatório visto que a melhora foi seria progressiva pelo uso normal dos membros e melhor qualidade de vida do paciente. Assim, vale salientar que o tratamento conservativo com uso de bandagens pode ser considerado eficaz, mas pode requerer longo período de recuperação, o que também pode ser necessário nos casos cirúrgicos quando a fisioterapia é requerida (Slatter, 2003). CONCLUSÃO Nas condições em que este relato foi conduzido, o tratamento da hiperflexão carpal em cães adultos, com utilização de bandagem Robert Jones, permitiu o restabelecimento da função mecânica da articulação. 2035
5 REFERÊNCIAS 1- ALTUNATMAZ, K.; OZSOY, S. Carpal flexural deformity in puppies. Veterinarni Medicina, Istambul, Turquia, p. 71-74, 2006. 2- GREET, T. R. C.; CURTIS, S. J. Foot management in the foal and weanling. Veterinary Clinics Equine Practice, Newmarket, v. 19, p. 501-517, 2003. 3- HOLLAND, C. T. Carpal hyperflexion in growing dog following neural injury to the distal brachium. Journal of small animal practice, v. 46, jan. 2005. 4- KEMPER, B. et al. Hiperflexão do carpo em filhotes de cães (revisão bibliográfica). Revista de ciências agroveterinárias, Florianópolis, 2011. 5- PETAZZONI, M.; MORTELLARO, C. M. Flexural deformity in a Dalmatian puppy: a case report and review of literature. EJCAP, v. 12, n. 2, Outubro 2002. 53. 6- SLATTER, D. Textbook of Small Animal Surgery. 3. ed. Saint Louis, EUA: Elsevier Science, 2003. 7- AUER, J. A.; STICK, J. A. Flexural derformities. In: auer, J. A. Equine Surgery. 3. ed. Saint Louis, EUA: Saunders,2006.p.1150-1165 2036