O último espetáculo da Vedete



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Transcrição:

O último espetáculo da Vedete Eles me chamam de Vedete gritos de Vedete explodem quando fico em pé e balanço minha pata esquerda, e então a direita, e assim por diante. Antes dessa época, no entanto, talvez há uns dez, vinte anos, eu era a Pequena Jumbo, chamada, quase sempre, apenas de Jumbo. Agora enchem a boca para dizer Vedete. Meu nome deve estar escrito na placa de madeira na parte frontal da minha gaiola, junto com África. As pessoas olham para a placa, algumas vezes dizem África, e então começam a me chamar: Vedete! Ei, Vedete! Se balanço minhas patas, recebo pequenos aplausos e encorajamentos. Vivo sozinha. Em nenhum momento, vi outra criatura parecida comigo neste lugar. Lembro, contudo, de que quando eu era pequena e seguia minha mãe por todos os lugares havia muitas criaturas como eu, umas tantas maiores em tamanho e umas poucas inclusive menores. Lembro de seguir minha mãe por uma plataforma de madeira até um barco que jogava um pouco. Minha mãe foi conduzida por meio de aguilhoadas de volta pela mesma plataforma, enquanto eu fiquei no barco. Minha mãe, desejando que me juntasse a ela, ergueu sua tromba e bramiu. Vi quando as cordas a enlaçaram, dez ou vinte homens lutando para contê-la. Um deles lhe deu um tiro. Era um tiro mortal ou um dardo tranqüilizante? Nunca saberei. O cheiro é diferente, 11

mas naquele dia o vento não estava soprando em minha direção. Só sei que minha mãe desfaleceu logo em seguida. Eu estava no convés, gritando de maneira estridente, como um bebê. Então recebi um disparo da arma com tranqüilizante. O barco finalmente entrou em movimento, e depois de um longo tempo, durante o qual eu basicamente dormi e fui alimentada na semi-escuridão de uma caixa, chegamos a uma terra onde não havia nem floresta, nem campos. Fui transferida para uma outra caixa (novamente mais uma série de movimentações) e levada para um lugar com chão de cimento, pedras espalhadas por todo lugar, grades de ferro e pessoas cheirando mal. O pior de tudo: eu estava sozinha, sem pequenas criaturas da minha idade, sem mãe, sem meu carinhoso avô, sem pai. Nada de brincadeiras nem banho em um rio caudaloso. Sozinha e cercada por grades e cimento. A comida, porém, era boa; e as porções, abundantes. Além disso, um homem bondoso tomava conta de mim, um homem chamado Steve. Ele trazia um cachimbo na boca, mas quase nunca o acendia, apenas o mantinha entre os dentes. Apesar do objeto na boca, ele conseguia falar, e logo pude entender o que dizia, ou ao menos quais eram suas instruções. De joelhos, Jumbo! e uma batida em meus joelhos significava que eu deveria me ajoelhar no chão. Se eu mantivesse minha tromba erguida, Steve daria um aplauso em sinal de aprovação, jogando uns amendoins ou uma pequena maçã em minha boca. Eu gostava quando ele montava em minhas costas. Então eu me erguia e nós dois desfilávamos pela jaula. Ao ver isso, a platéia aplaudia, especialmente as criancinhas. Steve mantinha as moscas afastadas de meus olhos por meio de uma touca cheia de franjas que prendia ao redor da minha cabeça. Ele regava com uma mangueira a 12

parte do chão de cimento que ficava na sombra, permitindo que eu me mantivesse refrescada. Dava-me banhos com a mangueira. Depois que cresci, Steve se sentava na minha tromba e eu o erguia bem alto, cuidando para não derrubá-lo, pois ele não tinha nada para se apoiar além da ponta de minha tromba. Steve dispensava-me atenções especiais também no inverno, certificando-se de que eu tivesse bastante palha e até mesmo cobertores, se estivesse muito frio. Num inverno extremamente rigoroso, Steve me trouxe uma pequena caixa com uma série de filamentos que sopravam um ar quente em minha direção. Steve cuidou de mim durante todo o período em que estive doente por causa do frio. As pessoas aqui usam uns chapelões. Alguns dos homens levam armas de calibre curto na cintura. De vez em quando, um deles puxa a arma e dá um tiro para cima, a fim de assustar as gazelas que habitam a minha vizinhança, as quais posso ver por entre as barras. As gazelas reagem de modo violento, saltam pelo ar e então se amontoam em um dos cantos de sua jaula. Uma visão de dar dó. A essa hora, quando Steve ou algum outro tratador chega, o homem que deu o tiro já guardou sua arma de novo no coldre e se assemelha a todos os outros homens que estão rindo, sem revelar quem foi o autor do disparo. Isso me lembra de um dos meus momentos de maior alegria. Há uns cinco anos, houve um sujeito gordo e com a face corada, que em dois ou três domingos disparou com grande estardalhaço sua arma em direção ao céu. Aquilo me incomodava muito, embora eu sequer sonhasse em externar meu desagrado. Mas no terceiro ou quarto domingo, quando aquele sujeito disparou sua arma, eu discretamente puxei uma quantidade de água com minha tromba e expeli o líquido com força por entre as grades. Acertei-o bem no meio do peito, e ele foi lança- 13

do para trás com suas botas tremelicando no ar. Grande parte da platéia riu. Umas poucas pessoas ficaram surpresas ou furiosas. Algumas jogaram pedras em mim que não me machucaram, não me acertaram ou atingiram as barras de ferro, desviando para outras direções. Então Steve veio a galope, e pude perceber que ele (tendo ouvido o tiro) sabia exatamente o que havia ocorrido. Steve soltou uma gargalhada, mas deu uma palmadinha no ombro do homem molhado, tentando acalmá-lo. O homem provavelmente estava negando que tivesse feito o disparo. Mas eu vi Steve me fazer um aceno, que entendi como aprovação. As gazelas avançaram timidamente, olhando através das grades para o público e também para mim. Imaginei que elas estivessem satisfeitas com minha atitude e senti bastante orgulho de mim mesma naquele dia. Cheguei inclusive a fantasiar que eu partia o homem molhado ou um homem como ele ao meio, espremendo seu corpo mole até que ele morresse, e que depois o pisoteava com as minhas patas. Durante o tempo em que Steve ficou comigo, que deve ter sido cerca de trinta anos, ocasionalmente fazíamos um passeio pelo parque, e as crianças, às vezes até três ao mesmo tempo, montavam nas minhas costas. Isto era ao menos divertido, algo para quebrar a rotina. Mas o parque está longe de se assemelhar a uma floresta. Tem apenas umas poucas árvores que lutam com dificuldade para vencer a aridez do solo. Não há quase nenhuma umidade. A grama é cortada rente, e não tenho permissão para me alimentar dela, não que eu tivesse muita vontade de fazer isso. Steve cuidava de tudo, cuidava de mim, usava um relho de couro entrelaçado com o qual me estimulava a seguir determinado caminho, me ajoelhar, ficar de pé e, no final do passeio, a me erguer sobre as duas patas traseiras (mais aplausos). Steve não precisava 14

do relho, mas isso fazia parte do número, assim como as voltas estúpidas que eu dava antes de me pôr sobre duas patas no encerramento. Eu inclusive me apoiava sobre as patas da frente, se Steve me pedisse para fazê-lo. Lembro que meu temperamento era melhor naqueles dias, e eu teria evitado, mesmo que Steve não me avisasse, os galhos mais baixos de algumas árvores para que as crianças em minhas costas não fossem atingidas e derrubadas. Se me dessem a mesma oportunidade, não tenho certeza de que ainda seria assim tão cuidadosa. O que as pessoas, com exceção de Steve, me deram até hoje? Nem mesmo a grama em que piso. Muito menos a companhia de uma outra criatura igual a mim. Agora que estou velha, com as patas pesadas, malhumorada, não há mais passeios com as crianças, ainda que a banda continue tocando nas tardes de domingo Take me out to the ball game* e depois Hello, Dolly!. Algumas vezes sinto o desejo de poder passear novamente, de novo com Steve, de poder ser jovem outra vez. E ainda assim, para quê? Para passar mais anos neste lugar? Ultimamente passo mais tempo deitada do que de pé. Deito-me ao sol, que já não parece me esquentar como em outros tempos. A roupa das pessoas mudou um pouco, não há tantas armas e botas, mas ainda uma boa quantidade de chapéus de abas largas nas cabeças dos homens e de algumas mulheres. Ainda os mesmos amendoins lançados, nem sempre com casca, amendoins que eu costumava apanhar com minha tromba por entre as grades tão vorazmente quando era jovem e tinha um apetite bem mais saudável. Ainda as mesmas pipocas e os mesmos biscoitos doces. Nem sempre me dou o trabalho de levantar nos sábados e nos domingos. Isto irrita profundamente Cliff, o novo e jovem tratador. Ele quer que eu * Me leve para jogar bola. (N. do E.) 15

mostre meus truques, como nos velhos tempos. Não é que eu esteja tão velha e cansada assim. Simplesmente não gosto do Cliff. Cliff é alto e jovem, tem os cabelos ruivos. Gosta de se exibir, estalando seu longo chicote para mim. Ele pensa que pode fazer com que eu obedeça por meio de certos golpes e comandos. Há uma ponta afiada de metal em seu relho que é desagradável, embora fique longe de conseguir atravessar meu couro. Steve se aproximou de mim como se aproximam as criaturas que querem se conhecer, sem jamais supor que eu seria aquilo que ele esperava que eu fosse. Foi por isso que nos entendemos. Cliff não se importa comigo de verdade, além de, por exemplo, não fazer nada para me ajudar contra as moscas no verão. É claro que quando Steve se aposentou continuei a dar os passeios nos sábados e domingos com as crianças, vez ou outra até mesmo com um adulto em minhas costas. Um homem (outro que tentava se exibir) cravou suas esporas em mim num domingo, depois do que ganhei um pouco mais de velocidade por conta própria e não me esquivei de uns galhos baixos, muito antes pelo contrário, avancei deliberadamente em direção a eles. Eram muito baixos para o homem desviar e ele foi arrancado de minhas costas, caindo de joelhos e se contorcendo de dor. Isto acabou por causar uma grande confusão. O homem gemeu por uns momentos, e o que foi pior: Cliff ficou do lado do homem, ou tentou apaziguá-lo, gritando comigo e me aguilhoando com o relho com ponta de metal. Bufei de raiva e fiquei muito satisfeita ao ver o público se afastar de mim cheio de terror. Eu não estava de modo nenhum prestes a me lançar sobre eles, o que gostaria de ter feito, mas, respondendo aos golpes de Cliff, retornei para minha jaula. Ele ficou murmurando coisas para mim. Enchi minha tromba de água, e ele viu. Cliff se retirou. 16