Importância da avaliação do equilíbrio e marcha do idoso



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Importância da avaliação do equilíbrio e marcha do idoso Importance of asessment of balance and gaitin the elderly Aracelli Mechi Steter 1, Raquel Machado Cavalca Coutinho 1, Angela Cristina Puzzi Fernandes 1, Lidiana Flora Vidoto Costa 1 1 Curso de Enfermagem da Universidade Paulista, Campinas-SP, Brasil. Resumo Objetivo Avaliar o equilíbrio postural e a marcha em idosos, pontuar as enfermidades que alteram o equilíbrio e a marcha, propiciando a queda, enfatizar a importância do profissional enfermeiro que trabalha na atenção básica ou em Instituições de Longa Permanência (ILP) ser capacitado para identificar e intervir diante dos riscos existentes, prevenindo a incidências de quedas. Métodos Estudo de campo, quantitativo, descritivo, exploratório, transversal e retrospectivo. A amostra incluiu 57 idosos residentes de ILP e idosos não institucionalizados, os mesmos foram avaliados através da Escala de Tinetti, utilizada pelo Ministério da Saúde. Resultados As enfermidades apresentadas, 24 (34%) eram hipertensos, 17 (24%) apresentavam dores nos ossos e articulações, 17 (17%) outras doenças, 9 (13%) depressão e 9 (12%) tinham diabetes, prevalência do sexo feminino com 42 (74%), enquanto 15 idosos (26%) do sexo masculino. Quanto à ocorrência de quedas, 32 (56%) idosos não sofreram nos últimos anos, enquanto 25 (44%) afirmaram terem sofrido um evento de quedas. Escores obtidos através da Escala de Tinetti, 33 (58%) idosos apresentam bom equilíbrio postural e marcha adequada, enquanto 24 (42%) idosos apresentaram risco elevado para quedas. Conclusão As doenças que comprometem o equilíbrio e marcha são as cardiovasculares, neurológicas, sensoriais, reumatológicas, endocrinológicas além dos efeitos colaterais medicamentosos. O ambiente em que residem é encontrado a maior incidência de quedas, por isso a importância de adaptação do ambiente, e orientações desde a atenção básica para que medidas para prevenção de queda sejam tomadas reestruturando o ambiente e precavendo o risco doméstico. Descritores: Saúde pública; Idoso; Marcha Abstract Objective To evaluate postural balance and gait in the elderly, punctuate the disease that affect balance and gait, providing the fall, emphasizing the importance of professional nurses working in primary care or in long-stay institutions (ILP) to be able to identify and intervene on the existing risks, preventing incidences of falls. Methods A field study, quantitative, descriptive, exploratory, cross-sectional and retrospective. The sample included 57 elderly residents of ILP and non-institutionalized elderly, they were evaluated by Tinetti scale, by Healthy Ministery. Results The diseases presented, 24 (34%) were hypertensive, 17 (24%) had pain in bones and joints, 17 (17%) other diseases, 9 (13%) depression and 9 (12%) had diabetes, prevalence females with 42 (74%), while 15 individuals (26%) were male. Regarding the occurrence of falls, 32 (56%) seniors have not suffered in recent years, while 25 (44%) said they had suffered an event of falls. Scores obtained by Tinetti Scale, 33 (58%) elderly have good postural balance and gait adequate while 24 (42%) elderly patients at high risk for falls. Conclusion The diseases that affect balance and gait are the cardiovascular, neurological, sensory, rheumatologic, endocrine beyond drug side effects. The environment in which they reside is found the highest incidence of falls, so the importance of adapting the environment, and guidelines provided primary care for fall prevention measures to be taken precautious restructuring the environment and the domestic risk. Descriptors: Public healthy; Elderly; March Introdução Estudos apontam que o número de pessoas idosas cresce em ritmo maior do que o número de pessoas que nascem. No Brasil segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o ritmo de crescimento da população idosa tem sido sistemático e consistente. No período de 1999 a 2009, o número de idosos passou de 9,1% para 11,3%, ocupando um espaço significativo na sociedade brasileira 1-2. O processo de envelhecimento é definido por diversos gerontologistas como a diminuição da capacidade de sobreviver, um processo dinâmico e contínuo resultando em modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que trazem progressiva perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo a morte 3. Pode-se dizer que envelhecer sem doença crônica é uma exceção, entanto, ter a doença não significa necessariamente exclusão social, pois se o idoso continuar ativo participando na sociedade e mantendo sua autoestima, ele é considerado saudável pelos estudiosos 1. Dentre as doenças crônicas e as perdas apresentadas no processo natural do envelhecimento, destaca-se a diminuição do equilíbrio, redução da marcha e a instabilidade postural 3-4. Quedas representam um importante problema de saúde para a população idosa, sendo considerado um problema de saúde pública devido à alta incidência no Brasil e no mundo. Estima-se que aproximadamente um terço dos indivíduos com mais de 65 anos sofrerão um ou mais episódios de quedas em algum período de um ano. Pessoas de todas as idades podem sofrer quedas, entretanto, para os idosos oferecem um significado muito importante devido às complicações ocasionadas 2,5-7. J Health Sci Inst. 2014;32(1):43-7 43

Provocam em 40 a 60% das vezes algum tipo de lesão, como escoriações, contusões menores, hematoma subdural, contusões maiores e fraturas. A fratura de fêmur destaca-se pela elevada morbimortalidade entre os idosos, ocorrendo em 1% dos casos, e comumente necessitam de longo período de cuidados médicos e tempo para reabilitação do idoso. Tornando-se um marco na vida dos idosos, pois as consequências podem compreender em morbidades, mortalidades, deterioração funcional e longos períodos de hospitalização, além de dores, medo de cair novamente, superproteção de familiares e/ou cuidadores 5-7. A causa de quedas entre idosos são multifatoriais, envolvendo elementos intrínsecos e extrínsecos. O sedentarismo por sua vez, também possui grande influência sobre o equilíbrio dos indivíduos idosos, favorecendo as limitações funcionais, perda do equilíbrio, aumentando o risco de queda 2,6-9. O uso de medicamentos é um fator de risco para quedas, podendo gerar ou agravar a instabilidade postural, causando hipotensão postural, arritmias, tonturas como os hipoglicemiantes orais e injetáveis, antidepressivos tricíclicos, anticonvulsivantes, anti-inflamatórios, anti-hipertensivos, antiarrítmicos e uso de antibióticos 5,9. A maior parte das quedas, segundo estudos divulgados afirmam que ocorrem na própria residência dos idosos, que na maioria das vezes vivem sozinhos, ou em Instituições de Longa Permanência (ILP), uma vez que a maioria dos idosos institucionalizados apresentam enfermidades necessitando de cuidados especiais. Por isso a importância de o ambiente domiciliar ser bem adaptado e organizado 2,8-10. O equilíbrio corporal é mantido pela integração entre informações sensoriais captadas pela visão, sistema vestibular e propriorreceptores. Permite corrigir mudanças da posição do corpo em relação à base de sustentação 5,7,11. É esperado que a equipe de saúde e os familiares conheçam as condições que predispuseram a queda, que forma ocorreu, o que antecedeu o evento, à existência ou não de comorbidades, se o idoso conseguiu se levantar sozinho e se houve fraturas 5. É importante que o profissional enfermeiro que trabalha na atenção básica ou em ILP, tenham conhecimento das doenças de saúde pública, os riscos domésticos existentes, auxiliando a minimizar eventos de quedas. O profissional de saúde deve compreender também o sentido da responsabilização, conhecer a realidade do idoso e família, identificar problemas de saúde e as situações de risco aos qual o idoso está exposto 12. Diferentes escalas são utilizadas para avaliar a marcha e o equilíbrio postural dos idosos, utilizaremos a Escala de Tinetti, dividida em duas partes, a primeira avalia equilíbrio e a segunda a marcha 13. O objetivo deste trabalho foi descrever a importância da avaliação do equilíbrio e marcha do idoso. Métodos Trata-se de um estudo transversal e retrospectivo, realizado em ILP e no ambulatório de uma comunidade católica vinculada a Unidade Básica de Saúde no Interior do estado de São Paulo, no Distrito Sul na cidade de Campinas, que atende os idosos em vários programas do Sistema Único de Saúde. O projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Paulista (UNIP) sob o protocolo 43023. Os participantes que aceitaram participar do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A amostra foi composta por 57 idosos de ambos os sexos. Os seguintes critérios de inclusão foram adotados: pessoas com idade igual ou superior de sessenta anos, possuir doenças crônicas. Os critérios de exclusão foram: idosos que se recusaram a participar voluntariamente ou estiverem ausentes no período de coleta dados, acamados e cadeirantes devido à impossibilidade de participar da coleta de dados, aquelas que durante a coleta desistiram do estudo. Foram pesquisadas informações referentes ao perfil sócio demográfico: gênero, idade, estado civil, escolaridade, ocupação, número de moradores na casa, renda familiar, tabagismo, ingestão de bebida alcóolica, nível de atividade física, padrão de sono e hábitos e variáveisbiológicas: estabilidade postural, equilíbrio sentado, levantando, estágios da marcha, simetria dos passos, continuidade dos passos, ritmo e direção, distância dos tornozelos e uso de apoios para marchar. Os dados obtidos foram compilados e tabulados em planilha no aplicativo Microsoft Excel, de acordo com a sequência das questões. Posteriormente foram submetidos ao cálculo de porcentagem simples para quantificação de variáveis e os dados apresentados na forma de gráficos. Resultados Participaram do estudo 57 idosos, sendo 50 Institucionalizados e 7 não institucionalizados. Quanto a faixa etária 24 (42%) tinham de 81 a 90 anos, 16 (28%) tinham entre 60 a 70 anos, 9 (16%) entre 71 a 80 anos e 8 (14%) tinham uma idade igual e superior a 91 anos. O gênero feminino com 42 (74%) e15 idosos (26%) do sexo masculino. Dos entrevistados, 50 idosos (87%) residiam em ILP, 5 (9%) com a família, 1 (2%) com o cônjuge e 1 (2%) referiu morar sozinho sem familiares. Na avaliação subjetiva da percepção do próprio estado de saúde avaliados pelos idosos, obtivemos os seguintes resultados: 23 (41%) consideram sua saúde boa, 19 (34%) referiram ser regular, sete (12%) afirmam ser muito boa, 5 (9%) consideram ruim, dois (4%) muito ruim. As doenças apresentadas pelos idosos, 24 (34%) eram hipertensos, 17 (24%) referiram ter dores nos ossos e articulações, 17 (17%) outras enfermidades, 9 (13%) depressão e 9 (12%) diabetes. Sobre os hábitos de vida, 56 (98%) não ingeriam bebidas alcoólicas e um (2%) ingeria bebida alcoólica raramente. Tabagismo, 54 (95%) não fumavam, 3 (5%) Steter AM, Coutinho RMC, Fernandes ACP, Costa LFV. 44 J Health Sci Inst. 2014;32(1):43-7

Gráfico 1. Demonstração da avaliação dos participantes em relação ao seu próprio estado de saúde. Campinas, 2013 Gráfico 4. Demonstração de participantes que precisam de ajuda para realizar os cuidados diários. Campinas, 2013 Gráfico 2. Demonstração das enfermidades expostas pelos participantes. Campinas, 2013 Gráfico 5. Demonstração de ocorrência de quedas. Campinas, 2013 Gráfico 3. Demonstração de hábitos de vida dos participantes. Campinas, 2013 idosos fumavam com certa frequência. Quanto ao sedentarismo 51 (89%) não praticavam nenhum tipo de atividade física, apenas 6 (11%) idosos praticavam atividade física tais como a caminhada. Dos participantes que necessitam de ajuda para realizar cuidados diários, 29 (51%) são dependentes de ajuda de terceiros, e 28 (49%) pessoas não necessitam de ajuda nos cuidados Sobre à ocorrência de quedas, 32 (56%) idosos disseram não terem sofrido quedas nos últimos anos, enquanto 25 (44%) afirmaram terem sofrido um evento de quedas. Gráfico 6. Demonstração da classificação dos Escores da Escala de Tinetti. Campinas, 2013 Constata-se no Gráfico 8 que os escores obtidos neste estudo através da Escala de Tinetti, a classificação de 0 a 18 pontos, 33 (58%) bom equilíbrio postural e marcha adequada, enquanto 24 (42%) idosos apresentaram risco elevado para quedas, atingindo um escore entre 19 a 28 pontos. Discussão A média de idade encontrada nos idosos participantes foi de 85 anos, predominou-se idosos do gênero feminino com 42 (74%), enquanto 15 (26%) do gênero masculino. J Health Sci Inst. 2014;32(1):43-7 45 Importância da avaliação do equilíbrio e marcha do idoso

Quanto ao local de residência dos entrevistados residiam 50 (87%) moram em ILP, enquanto 5 (9%) com a família, 1 (2%) com o cônjuge e apenas 1 (2%) referiu morar sozinho sem familiares. Na avaliação subjetiva da percepção do próprio estado de saúde avaliados pelos idosos observou-se no gráfico 1, que mesmo o idoso possuindo uma ou mais doenças crônicas consideram gozar de boa saúde. Resultados similares são encontrados também no estudo realizado pelo IBGE 1. Averígua-se no Gráfico 2 que dentreas patologias apresentadas pelos idosos, 34% eram hipertensos, 17 (24%) referiram ter dores nos ossos e articulações, 17 (17%) outras patologias, 9 (13%) depressão e 9 (12%) tinham diabetes, considerando que mesmo idoso tinham mais de uma patologia do questionário aplicado. Nas doenças crônicas encontradas nos participantes, a incidência de hipertensão arterial confirmam dados estatísticos do Ministério da Saúde, que a consideram como a doença de maior abrangência no Brasil 2. A presença de doenças no decorrer do envelhecimento vão deteriorando o seu processo e, desta forma, aumentando a probabilidade de o indivíduo idoso se tornar mais dependente, causando dificuldade no controle postural cooperando para a ocorrência de quedas 9. Doenças cardiovasculares, neurológicas, sensoriais, reumatológicas e endocrinológicas oferecem maiores riscos de quedas. A depressão também é apontada como risco, devido a diminuição da energia, fraqueza intensa e, consequentemente dificuldade na marcha 9. No estudo de Loujudice et al., a presença de osteoporose esteve associada, de forma significativa com a ocorrência de quedas apresentadas nos idosos entrevistados 9. Sobre os hábitos de vida apresentados no Gráfico 3, 56 (98%) não ingeriam bebidas alcoólicas e 1 (2%) ingeria bebida alcoólica raramente. Hábitos de fumar 54 (95%) não fumavam, 3 (5%) idosos fumavam com certa frequência, ambos resultados positivos. O sedentarismo foi identificado em 51 (89%) idosos, relatando não praticarem nenhum tipo de atividade física, apenas 6 (11%) idosos praticavam atividade física. No estudo de Figliorino, Morais, Berbele Corso, os idosos praticantes de atividade física apresentam melhor desempenho postural do que os idosos sedentários, reduzindo o risco de quedas, evidenciando, então a importância da prática regular de atividade física 3. Resultados similares são encontrados nos trabalhos de Padoin, Gonçalves, Comaru e Silva; Alves e Scheicher 6,15. Dos participantes que necessitam de ajuda para realizar cuidados diários, 29 (51%) são dependentes de ajuda de terceiros, e 28 (49%) pessoas não necessitam de ajuda nos cuidados. Verifica-se no Gráfico 5 quanto à ocorrência de quedas, que 32 (56%) idosos afirmaram não terem sofrido quedas nos últimos anos, enquanto 25 (44%) afirmaram terem sofrido um evento de quedas. As doenças crônicas encontradas nos idosos que caíram foram hipertensão 39% e dores nos ossos e articulações 32% e 84% deles residiam em ILP, estando em concordância com o Ministério da Saúde, que classifica os idosos moradores de ILP como maior risco para a queda 2. Quanto aos 25 participantes idosos que caíram 56% tinham entre 81 a 90 anos de idade, 76% eram do sexo feminino, enquanto 24% pertenciam ao sexo masculino. Referente aos fatos de queda ser maior em mulheres do que em homens não foram diferentes dos apresentados no estudo de Lojudice, Laprega, Rodrigues e Junior 9. Estudos demonstram que as quedas ocorrem em maior incidência em mulheres, acredita-se que devido à diminuição de massa óssea, a redução do estrógeno, disposição aumentada para osteoporose, força muscular menor que a do homem, maior incidência de terem doenças crônicas, maior exposição a atividades domésticas e a comportamentos de maiores riscos 8. O local relatado pelos idosos onde ocorreram suas quedas, foi de maior evidência o banheiro, coincidindo com os resultados encontrados nos estudos de Lojudice, Laprega, Rodrigues e Junior 9 e Ministério da Saúde 2. Ambos apontam as atividades cotidianas como caminhar, mudar de posição e ir ao banheiro, um dois principais fatores de risco para queda. Devendo assim receber um maior cuidado e destaque, pelas equipes de saúde. Daí a importância de orientar os idosos e familiares a colocarem, cadeira para banho, barra de apoio, piso antiderrapante, tapetes de borracha fixo e boa iluminação. A queda representa um grande problema para as pessoas idosas, devido suas consequências (injúrias, incapacidades, institucionalização e morte). Segundo estatísticas do Ministério da Saúde Cerca de 30% dos idosos caem a cada ano, essa taxa aumenta para 40% entre os idosos acima do 80 anos, e aumenta 50% entre os que residem em ILP 2. Os grandes fatores de risco de queda são os fatores intrínsecos referindo a idade avançada, alterações posturais, lesão no SNC, síncope, redução da visão, equilíbrio diminuído, marcha lenta e passos curtos, fraqueza muscular de membros superiores e membros inferiores, imobilidade, doença de Parkinson, polifarmácia, uso de hipoglicemiantes, sedativos, ansiolíticos, ausência de reflexos, desnutrição, densidade mineral reduzida. Os fatores extrínsecos de risco de quedas estão relacionados com o comportamento e atividades executados pelos idosos, ambientes inseguros, mal adaptados e iluminados, chamados também de riscos domésticos, como ambiente mal iluminado, pisos escorregadios, presença de tapetes escorregadios, uso de sapatos desamarrados e com solados escorregadios, presença de animais, entulhos, móveis em excessos 2,8-9,14. São importantes medidas práticas para minimizar as quedas e suas consequências entre as pessoas idosas, vai desde a educação para o autocuidado, utilização de dispositivos de auxilio à marcha (quando necessário), utilização criteriosa de medicamentos, evitando-se em especial, as que podem causar hipotensão postural, Steter AM, Coutinho RMC, Fernandes ACP, Costa LFV. 46 J Health Sci Inst. 2014;32(1):43-7

adaptação do meio ambiente, acomodação de gêneros alimentícios e de outros objetos de uso cotidiano em locais de fácil acesso, evitando-se a necessidade de uso de escadas e banquinhos, orientação para a adaptação do ambiente interno da residência, iluminação adequada, corrimãos bilaterais em escadas e retirada de tapetes no início e fim da escada, adaptação de pisos anti-derrapantes e barras de apoio nos banheiros, orientar o banho sentado quando da instabilidade postural e orientar a não trancar o banheiro 2. É importante que o profissional enfermeiro saiba elaborar um plano local junto com familiares ou cuidadores, trabalhe a criação de vínculo de confiança, afeto e respeito, executem as visitas domiciliares de acordo com o planejado, identifiquem os fatores determinantes da qualidade de vida da pessoa idosa, contribuindo assim, para o alcance de uma vida saudável 12. Este assunto merece ser estudado em maior profundidade e com uma amostra ainda maior, pois o envelhecimento traz uma série de limitações às quais no cotidiano atual, com a otimização do tempo, a alteração da marcha e a ocorrência de quedas tendem a aumentar nos idosos. Conclusão Conclui-se que os escores alcançados neste estudo através da Escala de Tinetti foram positivos, 33 (58%) idosos apresentam bom equilíbrio postural e marcha adequada, enquanto 24 (42%) idosos apresentaram risco elevado para quedas, atingindo um escore entre 19 a 28 pontos. Quanto maior as pontuações, menores os riscos de quedas, pois significa que o indivíduo mantém um bom equilíbrio postural e marcha adequada, pontuação menor que 19 indica 5 vezes risco elevado para quedas, sendo necessário intervir. Quedas são um grande marco na vida dos idosos devido a grande repercussão tomada, como fraturas, dores, indicações para cirurgia, superproteção da família, incapacidades, medo de andar novamente, entre outras. As maiorias dos idosos que sofreram quedas afirmam terem sofrido em casa, verifica-se que o ambiente mal adaptado propicia para ocorrência de queda. Conclui-se que a importância de o profissional enfermeiro ser qualificado para avaliar, orientar e intervir quando necessário junto com a equipe de saúde nas ILP ou na atenção básica, para que medidas de prevenção de queda sejam providenciadas, reestruturando o ambiente doméstico, uma vez que o próprio idoso e os familiares na maioria das vezes desconhecem um ambiente perigoso em suas residências. Para novas pesquisas realizadas com essa temática, sugiro que seja ampliado o número de idosos entrevistados. Referências 1. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira. 2010. 2. Ministério da Saúde (BR). Secretaria da Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Brasília; 2007. (Caderno de Atenção Básica, 19.) 3. 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