ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA Receita Pública. Dívida Ativa Parte 2 Prof. Cláudio Alves

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Transcrição:

ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA Receita Pública Prof. Cláudio Alves

Conforme o que estabelece o art. 2, da Lei 10.522/2002, a pessoa física ou jurídica cujos débitos forem inscritos em dívida ativa terá seus dados incluídos no Cadin (Cadastro Informativo de Créditos não Quitados do Setor Público Federal), após setenta e cinco dias da comunicação do seu débito. Importante salientar que as informações relativas a inscrições de créditos em dívida ativa não estão sujeitas a sigilo fiscal, dessa forma, conforme o que estabelece o art. 198, do Código Tributário Nacional, não é vedada a divulgação de informações relativas à dívida ativa da Fazenda Pública.

Entre os créditos passiveis de serem inscritos em dívida ativa, incluem-se aqueles resultantes de julgamentos do Tribunal de Contas da União. As decisões deste órgão que contenham imputação de débito ou multa já se configuram como títulos executivos extrajudiciais, não sendo necessária sua inscrição para fins de cobrança mediante ação de execução. No entanto, a inscrição desses créditos (oriundos de decisões do TCU contendo imputação de débito ou multa) viabiliza um controle mais efetivo por parte do Governo Federal, pois a inscrição em dívida ativa irá gerar restrições relativas à regularidade fiscal e de inclusão no Cadin.

Deve-se ressaltar que nem toda receita requer lançamento para que seja arrecadada, a exemplo das receitas de serviços. Quando o contribuinte recebe a notificação do lançamento de determinado tributo, como por exemplo o IPTU, este ato do Poder Público tem uma pretensão. Tal pretensão significa arrecadar receitas no caso de crédito cuja liquidez não haja dúvida ou que a Administração Pública pelo menos tenha certeza razoável. No caso da dívida ativa, a inscrição do crédito para fins de cobrança implica a presunção de certeza e liquidez, porém, o contribuinte pode ilidir por prova inequívoca tanto a liquidez quanto a certeza.

Os valores a receber da Fazenda Pública, de natureza tributária, encontram-se evidenciados dentro do ativo de determinado órgão. A inadimplência do devedor apenas irá ensejar a inscrição do crédito em dívida ativa. Já no que diz respeito ao art. 39, da Lei 4.320/64, os créditos da Fazenda Pública, de natureza tributária ou não tributária, exigíveis pelo transcurso do prazo para pagamento, serão inscritos, na forma da legislação própria, como dívida ativa, em registro próprio, após apuradas a sua liquidez e certeza e a respectiva receita será escriturada a esse título.

Desse modo, o órgão de origem do crédito irá remeter ao órgão competente para inscrição em dívida ativa, o qual irá efetuar o exame de legalidade, regularidade, certeza e liquidez do crédito. Na Administração Pública Federal, cabe à Procuradoria Geral da Fazenda Nacional PGFN ou à Procuradoria Geral Federal PGF a inscrição em dívida ativa, dependendo do órgão de origem do crédito. Vejamos alguns exemplos do campo de atuação desses órgãos:

- Procuradoria Geral da Fazenda Nacional: Receita Federal Justiça Eleitoral Ministério da Justiça - Procuradoria Geral Federal ANAC ANEEL SUDAM

Como podemos constatar, os créditos as autarquias e fundações públicas federais, sobre a responsabilidade da PGF, é de cunho representativo do crédito da entidade credora, que permanece com a sua titularidade. Nesse aspecto a dívida ativa será apenas registrada e controlada de forma separada dos demais créditos e, por representar direito, continuará sendo evidenciada no ativo.

Os procedimentos de cobrança, tanto administrativos como também em virtude de ações judiciais, geram um fluxo de recebimentos, passível de ser estimado em cada exercício, em virtude dos dados históricos de recebimentos. Os acordos de parcelamentos da dívida ativa resultam ainda em cronogramas de recebimento, firmados com datas de vencimento e valores definidos, por vezes em contratos registrados com garantias reais. No que tange ao fluxo de cobrança da dívida ativa, vejamos o caminho percorrido pela PGFN, segundo um esquema definido em seu site:

A dívida ativa, contabilmente falando, deverá ser inscrita no Ativo Não-Circulante do órgão credor, tendo em vista que o prazo de recebimento desse valor é incerto, no entanto, os entes da Federação devem manter um controle suficiente para que possa estimar, não apenas o prazo de recebimento da dívida ativa, mas também o seu valor líquido de realização, ou seja, pelo produto final em dinheiro ou equivalente que se espera obter, de forma a assegurar a fiel demonstração dos fatos contábeis.

O valor inscrito em dívida ativa abrange inclusive atualizações monetárias, juros e multa de mora e demais encargos correspondentes devidos. O devedor poderá efetuar o pagamento em dinheiro ou bens. Deve-se observar apenas que, dependendo do bem a ser recebido, há que serem observadas as regras específicas que se apliquem ao objeto doado. Existe ainda a possibilidade de compensação de créditos inscritos em dívida ativa com créditos contra a Fazenda Pública, ou seja, valores que o devedor inscrito em dívida ativa tem direito de receber desse mesmo ente público.

A compensação não implica o ingresso de valores ou bens, anulando-se um crédito registrado no ativo (dívida ativa) contra uma obrigação registrada no passivo. Realmente, considerando que a quitação se dê pelo mesmo valor registrado em dívida ativa, ela independe da forma como será quitada, gerando desse modo, uma troca entre elementos que não interferirão no Patrimônio Líquido do Ente Público, uma vez que a dívida ativa representa um crédito (direito) para o mesmo. Com o pagamento em dinheiro ou bens será baixado o valor inscrito em dívida ativa e simultaneamente haverá um ingresso de bens ou dinheiro no ativo.

No que diz respeito ao recebimento da dívida ativa em dinheiro, este gerará uma receita orçamentária classificada, segundo sua categoria econômica, como Receita Corrente Outras Receitas Correntes, uma vez que grande parte da dívida ativa dos entes da Federação é constituída por valores originalmente classificados como Receitas Correntes, principalmente no que diz respeito aos tributos não pagos à época devida pelos contribuintes. No entanto, quando os créditos inscritos em dívida ativa forem provenientes de valores a receber classificados como Receita de Capital, então a receita dessa dívida ativa será uma Receita de Capital Outras Receitas de Capital.

Já no que diz respeito ao cancelamento, anistia ou quaisquer outras situações que representem diminuição dos valores originalmente inscritos em dívida ativa, mas não decoram do efetivo recebimento, irá ocasionar diminuição na situação líquida patrimonial, classificado como variação patrimonial diminutiva independente da execução orçamentária, também conhecida como variação passiva extra-orçamentária.

Dívida Ativa Parte 1 QUESTÃO: Contador Judiciário VUNESP TJ-SP 2015 - São os créditos da Fazenda Pública de natureza tributária ou não tributária, exigíveis em virtude do transcurso do prazo para pagamento. Esses créditos são cobrados por meio da emissão de determinada certidão da Fazenda Pública da União, inscrita na forma da lei, com validade de título executivo. Isso confere a essa certidão caráter líquido e certo, embora se admita prova em contrário. O texto trata de receita proveniente a) da dívida fundada. b) de operações de crédito. c) de valores em cobrança financeira. d) da dívida ativa. e) de capital.