O USO DE DIFERENTES APORTES COMUNICATIVOS NO CAPITAL SOCIAL DAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO NORTE GAÚCHO/BRASIL. Entrada comunicação.



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Transcrição:

O USO DE DIFERENTES APORTES COMUNICATIVOS NO CAPITAL SOCIAL DAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO NORTE GAÚCHO/BRASIL Entrada comunicação Pesquisa Glenio Piran Dal Magro Rosani Marisa Spanevello Universidade Federal de Santa Maria - CESNORS Brasil Email: gleniopdm@gmail.com ; rspanevello@yahoo.com.br RESUMO A comunicação é uma das principais ferramentas no processo de transformação das informações para aplicação de tecnologias nos diferentes setores de produção e possui a finalidade de fortificar os diferentes elos dentro de uma cadeia produtiva, desde o setor primário ao terciário. A partir deste princípio, destaca-se a importância de distintos aportes comunicativos que uma organização pode usufruir para proporcionar melhores vínculos acoplados ao seu capital social, concomitantemente a maiores eficiências nos processos produtivos. O objetivo desse trabalho visa identificar os distintos aportes comunicativos utilizados pelas cooperativas agropecuárias juntamente ao seu quadro social. Para este artigo, analisaram-se os dados coletados de uma pesquisa realizada entre maio e setembro de 2009 em cooperativas agropecuárias filiadas a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul/Brasil FECOAGRO-RS, assim abrangendo a metade norte do estado. Todas as cooperativas estudadas no norte gaúcho realizam algum aporte comunicativo, seja este escrito ou falado, com o seu quadro de associados. Entre as diferentes ações realizadas pelas cooperativas na organização produtiva do meio rural, destacam-se as assembléias gerais e os programas de rádio como os principais aportes comunicativos realizados pelas cooperativas para o seu quadro social. Além destes, os dias de campo, as feiras e eventos e os próprios sites das cooperativas que apresentam informações diversas e relevantes para os seus sócios, comunidade e demais interessados, também são observados como distintos aportes comunicativos. Deste modo, observase através da informação e do conhecimento que vai de encontro às necessidades dos distintos produtores rurais a importância do fomentando nas estratégias de desenvolvimento rural/territorial. Palavras chave: ações comunicativas, associados, cooperativas agropecuárias

1. Introdução As cooperativas agropecuárias desempenham papel importante no setor econômico brasileiro. Estas participaram, em 2009, com 5,39% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro (O INTERIOR, 2010). Em termos econômicos, a participação das cooperativas agropecuárias em 2008 foi de 38,4% do PIB agropecuário e de 47,5% no PIB cooperativo brasileiro (OCB, 2009). No estado do Rio Grande do Sul, o agronegócio corresponde com 10% do PIB gaúcho e as cooperativas agropecuárias representam 59% do PIB do agronegócio (FECOAGRO, 2010a). Estes números citados acima significam que as cooperativas agropecuárias são importantes fontes de geração de renda para o país. No entanto, além dos aspectos econômicos, as cooperativas apresentam outras funções que visam assegurar condições de bem estar para os associativos e da comunidade onde está inserida. Para conquistar este objetivo, uma das formas é construir interações com o quadro social. Nestes casos, os aportes comunicativos usados pelas cooperativas tornam-se ferramentas essenciais. A comunicação, portanto, é uma ferramenta que propicia a relação entre os públicos de interesse, onde o conhecimento destes instrumentos que possam ser utilizados torna-se essencial para o processo. Neste sentido, Schmitz ( 2003, p. 195) comenta que faz-se necessário garantir o compromisso [...] com seus públicos de interesse e conhecer os instrumentos de comunicação possíveis de serem utilizados. A mesma autora relata que a comunicação humana é a possibilidade de troca de conhecimento, informações, sentimentos e emoções entre os seres humanos, sendo, portanto, o fundamento da interação entre eles. Através destas diferentes oportunidades de troca possibilitadas pela comunicação, a utilização de ferramentas que proporcionem a concretização dos elos existentes torna-se fundamental na composição de atos comunicativos que produzam respostas positivas. Assim, mesmo a relação de comunicação sendo independente entre os públicos envolvidos, Schmitz (2003, p. 196) relata que o ato comunicativo envolve a sequência ação e reação, [...] num processo de constante alimentação e retroalimentação, ou seja, a correta utilização de ferramentas na comunicação fortalece a relação concomitantemente. A relação das cooperativas agropecuárias para com seus públicos tornasse completamente dependente das diferentes ações comunicativas utilizadas pela organização, a fim de concretizar suas relações. Neste mesmo sentido, Schmitz (2003, p. 198) afirma que a comunicação possui papel fundamental na organização cooperativa, principalmente na concretização das diferentes relações entre seus diversos públicos. Isto basicamente se deva talvez, por três motivos distintos: a dupla proposta (econômica e social) existente na cooperativa que as difere das outras organizações (SCHMITZ, 2003, p. 198); por trabalhar com distintos público de diferentes realidades (uso de diferentes tecnológicas em cada propriedade, distintos tamanhos e diferenças produtivas em cada propriedade, conhecimento e capacitação individual do associado); e por seu consumidor ser sócio, dono e cliente da cooperativa concomitantemente. Os processos ou ações comunicativas, para atender sua função social, devem abranger todas as distintas realidades existentes na cooperativa, ou seja, os produtores, mais e menos capitalizados, capacitados e tecnificados em todos os tipos de atividades envolvidas, abrangendo todos os assuntos de interesse para o dono, sócio e cliente. Assim, as ações comunicativas produzirão respostas positivas em função dos processos desenvolvidos, onde estes processos segundo Schmitz (2003, p. 199) farão parte do cotidiano das instituições cooperativas. O entendimento da comunicação e da sua importância nas cooperativas agropecuárias torna-se instigante principalmente por ser uma organização distinta das demais, ou seja, por possuir concomitantemente objetivos sociais e econômicos. A partir disto Schmitz (2003, p. 199) relata que as cooperativas necessitam de programas de comunicação que favoreçam a articulação interna e externa de seus públicos e estabeleçam uma dimensão apropriada para os valores e princípios que a perpassam. Do mesmo modo, a mesma autora relata sobre como devem ser estabelecidos os processos de comunicação, ou seja, mediante troca de informações e experiências, diálogo e participação o que proporciona interação, troca e participação na relação da cooperativa com seus diversos públicos.

Como ações comunicativas informais que podem ser realizadas pelas cooperativas para o seu quadro social e comunidade em geral, podem-se, citar a utilização de jornais, programas de rádio e televisão e os sites das cooperativas como veículos promotores de comunicação. Do mesmo modo Schmitz (2003, p. 203) comenta sobre a cooperativa possuir ou divulgar um jornal, sendo que est e pode ser um veículo difusor de informações que busca conscientizar e aprofundar discussões pertinentes ao seu público e possui distribuição limitada, homogênea e é direcionada a um público específico. Como ações comunicativas formais que podem ser realizadas pelas cooperativas para o seu quadro social e comunidade em geral, podem-se, citar a realização ou participação de dias de campo e reuniões, cursos de capacitação, feiras e eventos e a utilização de boletins informativos. Além destes, a realização das Assembléias pelas cooperativas é tida como uma ação comunicativa democrática essencial e fundamental, principalmente quando se refere aos valores e princípios deste tipo de organização. Assim, Schmitz (2003, p. 203) relata que os conceitos e as práticas da educação e da comunicação devem trabalhar conjuntamente. Deste modo, o objetivo do presente trabalho visa identificar os distintos aportes comunicativos utilizados pelas cooperativas agropecuárias juntamente ao seu quadro social e a comunidade em geral. 2. Procedimentos metodológicos Para o desenvolvimento desse trabalho, analisaram-se os dados coletados de cooperativas agropecuárias filiadas a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul - FECOAGRO, fundada em 1997, sendo considerada uma entidade representativa dos interesses do cooperativismo agropecuário estadual (FECOAGRO, 2010b). No total, são 62 cooperativas, compostas por 61 cooperativas singulares e 1 central, distribuídas em sete regiões no estado: Região Leste, Sul, Sudoeste, Central, Missões, Noroeste e Alto Jacuí. Neste trabalho, serão utilizadas as pesquisas das regiões do Alto Jacuí, Missões e Noroeste, sendo estas três representativas de toda a área geográfica da metade norte do estado. Dados preliminares, coletados entre abril e maio de 2009 nos sites das cooperativas serviram para organizar as primeiras informações referentes ao objetivo da pesquisa e aprofundar a formulação e estruturação do questionário de forma mais esclarecedora, sendo este aplicado posteriormente aos representes de cada cooperativa. Para este trabalho, consideraram-se apenas as questões referentes aos meios ou ações comunicativas utilizadas pelas cooperativas para com seus associados, independente do objetivo, seja este informal, objetivando informações gerais, ou formal, objetivando a capacitação. O questionário caracteriza-se por questões semi-estruturadas de múltipla escolha divididas basicamente em duas partes, que caracterizam as atividades de produção do associado e a caracterização da cooperativa em relação à infra-estrutura, agroindustrialização e comercialização de produtos. Na primeira parte encontram-se dados referentes às propriedades dos associados, tipo de produção e tecnologia empregada e forma de agricultura realizada. Já na segunda parte, encontramse dados referentes à área de abrangência das cooperativas, tamanho do quadro social, características infra-estruturais, tipos de produtos comercializados e seus mercados, origem e agroindustrialização de derivados, entre outros. A região do Alto Jacuí possui oito cooperativas filiadas, sendo que apenas cinco (1) responderam o questionário proposto pela pesquisa no período de julho de 2009. Já na região das Missões onde o questionário foi enviado em setembro de 2009 para 12 cooperativas, cinco (2) responderam. Na última região que possui 15 cooperativas filiadas, a Noroeste, na qual uma cooperativa é central, o questionário foi enviado em outubro de 2009 somente para as 14 cooperativas singulares e destas 1 Questionário das cooperativas que compreendem a Região do Alto Jacuí: Coop.Agr.Mista General.Osório LTDA-Cotribá; Coop.Triticola Sarandi LTDA-Cotrisal; Coop.Agricola Soledade LTDA-Coagrisol; Coop.Trit. Taperense LTDA - Cotrisoja; Coop. dos Agricultores de Chapada LTDA-Coagril. 2 Questionário das cooperativas que compreendem a Região das Missões: Coop. Trit. Agropast. Girua LTDA - Cotap; Coop. Tri. Julio Castilhos LTDA - Cotrijuc; Coop. Trit. Reg. Sãoluizense - Coopatrigo; Coop. Agrop. Alto Uruguai LTDA - Cotrimaio; Coop. Mista Tucunduva LTDA - Comtul.

cinco (3) responderam. Portanto, de 34 cooperativas destas regiões, 15 cooperativas responderam ao questionário. 3. Resultados e discussão Devido ao objetivo deste trabalho, os resultados são divididos em duas partes, conforme a sua objetividade. A primeira parte remete as ações comunicativas informais, que possuem o objetivo de difundir informações gerais de modo mais amplo ao quadro social. Já a outra parte, as ações comunicativas formais, que objetiva difundir experiências, capacitação e conhecimento aos sócios. 3.1 Ações comunicativas informais As ações comunicativas informais realizadas pelas cooperativas agropecuárias do norte gaúcho são as mais diversas possíveis. Dentre estas, emerge com grande evidência a utilização de programas de rádios nas emissoras do próprio município sede e até mesmo em alguns municípios das filiais. Estes programas são realizados pelas cooperativas diariamente ou semanalmente e até mesmo concomitantemente, dependendo de cada organização, porém possuem funções diversas. Dentre essas funções, encontram-se informações diárias sobre a cotação do Dólar, fechamento de bolsa de valores, preços de venda de diferentes produtos, ofertas de produtos das lojas comerciais, ofertas de promoções de supermercados e postos de combustíveis (nas cooperativas que os possuem), algumas informações técnicas ou de atividades realizadas pela diretoria e avisos gerais de interesse dos associados. A única cooperativa que não utiliza este meio de comunicação como informação, ou seja, não possui um programa de rádio em nenhuma emissora é a Cooperval da região do Noroeste do Rio Grande do Sul. A segunda ação mais evidente realizada pelas cooperativas como meio de comunicação tanto interna (colaboradores e associados), mas especialmente externa, são os sites das cooperativas. Estes sites disponibilizam informações diversas, como histórico e infra-estrutura das cooperativas, dados produtivos e informativos da mesma, equipe diretiva e aspectos institucionais e organizacionais, serviços disponibilizados aos associados, produtos produzidos pela cooperativa, notícias ligadas aos setores agropecuários, fotos e eventos diversos, apoios e parcerias com demais organizações, entre outros. A utilização de sites, muitas vezes, é uma fonte de contato da organização com a comunidade além do seu associado, a fim de estabelecer vínculos e informações para a comunidade, pois geralmente, o seu associado é um produtor que possui um grau de tecnificação relevante nas atividades desenvolvidas. Porém, ainda não possui um aperfeiçoamento produtivo/tecnológico no controle de suas atividades, ou seja, instrumentos que ajudem na administração da mesma. Neste sentido, Dal Magro e Spanevello (2010) aos estudarem os agricultores que compõem as cooperativas das regiões do Alto Jacuí, Missões e Noroeste, constataram que as propriedades dos sócios destas cooperativas, caracterizam-se na sua grande maioria pela agricultura familiar diversificada com área de até 50 ha. Do mesmo modo estes autores relatam que quase a totalidade dos associados possui um alto grau de tecnificação desenvolvido nas atividades produzidas, o que não lhes confere a possível tecnificação quanto ao uso da internet para aprimorar os contatos com a cooperativa no qual se encontra este associado. Também se constata a utilização de jornais, editados mensalmente ou semestralmente, conforme a organização. Estes, de modo geral, trazem algumas informações técnicas, notícias do setor agropecuário, entretenimento, eventos e entrevistas, a fim de manter o contato com os associados e também fazer marketing com a comunidade em geral. Na região do Alto Jacuí, apenas a Coagril não possui jornal da própria cooperativa. Isto talvez, se deva, como uma estratégia da cooperativa, por esta possuir a menor área de abrangência da região (DAL MAGRO; SPANEVELLO, 2010), não sendo necessário na visão da diretoria. Já na região das Missões, a Cotrijuc e a Cotrimaio e na região do Noroeste a Coopemarau, Cooperval e Coppal não utilizam jornais como forma de comunicação, divulgação ou marketing da cooperativa, sendo que 3 Questionário das cooperativas que compreendem a Região Noroeste: Coop. Agr. M. Marauense LTDA- Coopermarau; Coop. Painfilhense de Prod. Agr.-Coppal; Coop. Agrícola Mista Ourense - Camol; Coop. Agrícola Tapejara LTDA - Cotapel; Coop. Trit. Mista Vacariense - Cooperval.

segundo Dal Magro e Spanevello (2010) estas possuem nove, dezoito, seis, sete e cinco municípios respectivamente em suas áreas de abrangência, não sendo assim, possível subjetivamente, relacionar à utilização deste recurso comunicativo com o dimensionamento da área de abrangência das cooperativas. Como aporte comunicativo informal, também há a utilização de programas de televisão que são realizados pela Comtul e Cotap da região das Missões, onde divulgam o plano pré- safra e o plano de recebimento semestralmente da cooperativa, onde também acaba atuando como aporte para a publicidade da mesma. 3.2 Ações comunicativas formais As ações comunicativas formais realizadas pelas cooperativas agropecuárias do norte gaúcho são as mais diversas possíveis. Todavia, devido aos seus princípios e valores, todas as cooperativas, de todas as regiões (Alto Jacuí, Noroeste e Missões), realizam anualmente a Assembléia Geral. Esta objetiva-se na prestação de contas e serviços, realizadas no ano anterior, juntamente com a votação do destino das sobras e dos novos projetos organizados pela cooperativa. Além disto, a substituição ou votação dos novos membros que assumirão os cargos cooperativos na diretoria é realizado através desta. Como ações comunicativas utilizadas pela cooperativa com seus associados como forma de capacitação os dias de campo e as reuniões técnicas são as mais ressaltadas. Estas geralmente realizadas nas propriedades dos associados, em estações experimentais ou centros de pesquisa, possuem a finalidade de atualização e apresentação de novas técnicas ou novos produtos, e ainda, demonstrar na prática a realidade das culturas ou dos produtos experimentais utilizados e avaliados. Quanto à periodicidade das capacitações, estas são realizadas conforme o planejamento de cada cooperativa, sendo muito relativo e dependente das atividades realizadas por cada uma delas. Porém de modo mais específico, estas atividades podem ser realizadas mensalmente, periodicamente, entre sete a nove vezes por ano, ou ainda, conforme a necessidade de cada cooperativa, ou dos associados. A Coopemarau da região Noroeste é a única cooperativa que não realiza ou não proporciona dias de campo para os associados. Quanto a cursos de capacitação propriamente ditos, a Coagrisol e a Cotribá da região do Alto Jacuí, promovem cursos de manutenção e regularem de máquinas e sistemas de plantio nas comunidades rurais, reuniões e palestras técnicas entre outros, com realização periódica. Na região das Missões, a Coopatrigo, Cotap, Cotrijuc e a Cotrimaio, realizam sempre que necessário, na sede, filiais ou nos núcleos atividades parecidas. Do mesmo modo, a Camol, Cooperval, Coppal e a Cotapel possuem trabalhos similares na região Noroeste. De modo menos expressivo, porém não menos relevante, apenas a Cotapel da região Noroeste que utiliza boletim informativo para levar informações técnicas, preços de produtos e ofertas até o seu quadro social. Quanto às visitas realizadas em feiras e exposições, cada cooperativa possui uma ação específica. Dentre estas ações, encontram-se participação e organização em eventos municipais principalmente. E de modo mais relevantes, algumas cooperativas disponibilizam transporte para feiras maiores como a Expodireto, realizada na cidade de Não-me-Toque e Expointer, realizada em Esteio. A Cotribá da região do Alto Jacuí, a Cotap na região das Missões e a Coopemarau e Cotapel na região Noroeste não auxiliam e nem oferecem ajuda para a visitação dos seus associados nas eventuais feiras ou eventos que envolvem o agronegócio. A importância da visitação nas férias propicia aos agricultores as novas possibilidades de conhecimento utilizados e os novos recursos existentes nas atividades realizadas pelos seus sócios. 5. Considerações finais A comunicação é uma das melhores formas de vínculos existente entre as organizações cooperativas, seus sócios, colaboradores e comunidade. Os processos de relação existentes

fortificam os elos e precisam ser mantidos, tanto para o crescimento da cooperativa quanto dos associados. As principais ações de comunicação informais realizadas pelas cooperativas estudadas são através dos programas de rádio destinados principalmente aos seus associados e também os sites destinados ao público em geral. E como ações comunicativas formais, observam-se as duas principais realizadas, a Assembléia Geral como a maior participação democrática existente na organização e os dias de campo e reuniões de capacitação que beneficiam aos sócios interessados em atualização do conhecimento e disponibilidade de novas tecnologias de aprendizagem. Assim, observa-se, que possivelmente através dos processos comunicativos como forma de capacitação dos agricultores nasce um meio onde estes, possam, produzir cada vez mais, tornandose competitivos e consequentemente tornando a cooperativa competitiva.

Bibliografia COOPERATIVISMO supera. O Interior, Porto Alegre, Jan. 2010. Disponível em: <http://www.ocergs.com.br/ointerior201001>. Acesso em: 14 mar. 2010. DAL MAGRO, G. P.; SPANEVELLO, R. M. Panorama da diversificação dos negócios nas cooperativas agropecuárias do norte gaúcho. In: 48º Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, 2010, Campo Grande-MS. Anais...Campo Grande: SOBER, 2010. CD-ROM. FEDERAÇÃO DAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO RIO GRANDE DO SUL FECOAGRO. Estatísticas. Disponível em: <http://www.redeagro.com.br/sig/home/estatisticas.php>. Acesso em: 12 mai. 2010a. FEDERAÇÃO DAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO RIO GRANDE DO SUL FECOAGRO. Cooperativas. Disponível em: <http://www.redeagro.com.br/sig/home/modulo.textos.php?link=11>. Acesso em: 14 mar. 2010b. ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS. Sistema cooperativista brasileiro: dados consolidados em 2008. Disponível em: <http://www.ocb.org.br/gerenciador/ba/arquivos/0209_parte3_apresentacaoocb2.pdf>. Acesso em: 21 out. 2009. SCHMITZ, V. R. COMUNICAÇÂO NAS COOPERATIVAS: seus diferentes públicos e instrumentos. In: SCHNEIDER, J. O. Educação cooperativa e suas práticas. Brasília: Editora da UNISINOS, 2003. Parte II, p. 195-205.