Fotografia portuguesa dos anos 50 da colecção do Museu Nacional de Arte Contemporânea Museu do Chiado

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Transcrição:

Batalha de sombras Fotografia portuguesa dos anos 50 da colecção do Museu Nacional de Arte Contemporânea Museu do Chiado 16-02-09 / 1

Batalha de sombras Fotografia portuguesa dos anos 50 da colecção do Museu Nacional de Arte Contemporânea Museu do Chiado Museu do Neo-Realismo Vila Franca de Xira Rua Alves Redol, nº 45 2600-099 Vila Franca de Xira T. 263 285 600 F. 263 284 814 neorealismo@cm-vfxira.pt 8 de Março - 14 de Junho Inauguração: 7 de Março. Sábado.17h00 Terça-feira a sexta-feira: 10-19h Sábados:15-22h Domingos:11-18h Encerra segunda-feira e feriados Comissariado Emília Tavares Produção Museu do Neo-Realismo Vila Franca De Xira 16-02-09 / 2

Apresentação A colecção de fotografia do Museu Nacional de Arte Contemporânea-Museu do Chiado, foi iniciada em 1999, com o processo de doação das obras fotográficas de Fernando Lemos, pela A. T. Kearney, Portugal. Na continuidade desta política de actualização dos acervos, foram incorporadas na colecção, através de aquisições e doações, um conjunto de obras fotográficas representativas das dinâmicas da fotografia portuguesa ao longo da década de 50, momento particularmente interessante e mal estudado da sua história. A fotografia portuguesa, neste período, reflecte de forma ímpar muitas das dissonâncias e conflitos estéticos então vividos, que só podem ser lidos e entendidos em articulação e cruzamento permanente com todas as outras áreas da vida cultural, social e política neste período. A batalha de sombras que estas imagem evocam, é a repercussão duma sociedade cada vez mais polarizada entre a perpetuação duma ilusão e o desengano, produzindo imagens ensombradas por uma cultura fotográfica e artística pouco debatida, ignorando-se mutuamente, e em que cada imagem é a expressão dum dilema entre a arte pela arte e as rupturas (im)possíveis em prol duma arte de dimensão e participação social e humanista. Mais do que uma batalha entre tradição e inovação assistimos a uma ambivalência entre representação e apresentação, técnica e inspiração, alta e baixa cultura, estética e ética, arte e ideologia. Na década de 50, todas as dissonâncias e incoerências são o reflexo duma relação interrogativa, sem bem que muitas vezes inconsciente, do objecto fotográfico face aos diversos entendimentos estéticos da cultura portuguesa, assim como da sua história. Os autores e obras aqui apresentadas percorrem aspectos de grande diversidade, desde a fotografia amadora associativa e o meio salonista a ela associado, abordando a produção de autores inéditos, os amadores anti-salonistas, a fotografia no contexto dos movimentos neo-realista e surrealista, assim como a vocação ilustrativa e de inventário do objecto fotográfico. A apresentação desta colecção de fotografia do MNAC-MC, assenta numa interrogação crítica de toda esta diversidade, permitindo a constatação de ritmos múltiplos na sua articulação, que levantam debates subjacentes ao objecto fotográfico de interesse generalizado actualizado, nacional e internacionalmente Pretende-se, assim, colmatar o desconhecimento sobre um dos períodos mais interessantes da cultura fotográfica portuguesa, desenvolvendo uma reflexão teórica e um conhecimento histórico aprofundado. Emília Tavares 16-02-09 / 3

Fotógrafos apresentados: Carlos Calvet, Adelino Lyon de Castro, Frederico Pinheiro Chagas, Carlos Afonso Dias, Franklin Figueiredo, Fernando Lemos, Gérard Castello-Lopes, João Martins, Victor Palla, António Paixão, Varela Pécurto, Eduardo Harrington Sena, Sena da Silva, Fernando Taborda. Produção Museu do Neo-Realismo, Vila Franca de Xira Catálogo Por ocasião da exposição será editado um catálogo, editado pelo Museu do Neo-Realismo, com cerca de 200 páginas, com um ensaio da comissária (Emília Tavares), reprodução das obras fotográficas, documentação diversa e biografias dos fotógrafos apresentados. Actividades paralelas: 30 de Maio 17h Encontro com Jorge Silva Melo, Lúcia Marques e Emília Tavares 6 de Junho, 17h Encontro com Carlos Afonso Dias e Varela Pécurto. 16-02-09 / 4

Biografias dos Fotógrafos Carlos Calvet Lisboa, 1928 Arquitecto e pintor. Começou a expor pintura em 1947, e dedicou-se à fotografia de forma mais intensa entre 1956 e 1975. O seu percurso como arquitecto e pintor afirmou-se posteriormente em detrimento da fotografia que abandonou como expressão artística. Artisticamente esteve ligado ao movimento surrealista na década de 50 e desenvolveu projectos de filmes surrealistas com Mário Cesariny e António Areal. Em 1989, teve uma primeira exposição do seu trabalho fotográfico na Galeria Ether, Lisboa. Continua a pintar e a expor regularmente. Adelino Lyon de Castro São Martinho do Porto, 1910 Lisboa, 1953 Editor. Em conjunto com o seu irmão Francisco Lyon de Castro fundou as edições Europa- América. Foi editor do Jornal Ler, que viria a ser suspenso pela censura logo após a sua morte. Esteve ligado a diversas actividades desportivas. Iniciou a sua actividade como fotógrafo amador nos anos 40 participando em dezenas de salões fotográficos nacionais e internacionais. Integrou a secção de fotografia da 5ª Exposição Geral de Artes Plásticas (1950). Frederico Pinheiro Chagas Lisboa, 1919 Lisboa, 2006 Engenheiro civil, foi também presidente da Cooperativa dos Trabalhadores de Portugal. Sendo bisneto do escritor Pinheiro Chagas manteve ligações ao meio cultural por tradição familiar. Cultivou amizades no meio neo-realista, entre as quais o escultor Vasco Pereira da Conceição, o pintor Júlio Pomar, o escritor Alexandre Cabral e o actor Rogério Paulo. Foi sócio da Cooperativa Gravura. Expôs fotografia na 9ª Exposição Geral de Artes Plásticas (1954) e participou também em salões e concursos fotográficos. Carlos Afonso Dias Lisboa, 1930 Engenheiro geógrafo, investigador das pescas e desenhador. A partir de 1953 dedica-se também à fotografia de forma amadora, tendo realizado em 1958 um curso de especialização em fotografia cartográfica em Itália. Entre 1957 e 1958 inicia um período de colaboração e convívio fotográfico com Gérard Castello-Lopes. Ainda nos anos 50 adere ao Movimento de Unidade Democrática (MUD), efectuando desenhos para a imprensa MUD juvenil. A partir dos anos 60 vive e trabalha em Angola, onde realizou diversos levantamentos fotográficos que veio a perder em consequência da guerra colonial. Regressa a Portugal em 1981, abandonando então a fotografia. Em 1989 o seu trabalho é pela primeira vez objecto duma exposição retrospectiva na Galeria Ether em Lisboa. Recomeça a fotografar em 1998 e tem apresentado exposições regulares da sua obra. Franklin Figueiredo Goa, Indía, 1915 Coimbra, 2003 M édico citopatologista, exerceu 5 anos em Bombaim, tendo a partir de 1954 trabalhado em Coimbra, na Faculdade de Medicina e depois no IPO, onde foi além de chefe de Serviço, o chefe da secção de Fotografia. Pertenceu ao Grupo Câmara de Coimbra e foi 16-02-09 / 5

autor de diversos artigos sobre o salonismo fotográfico. Participou em diversos salões e concursos fotográficos tanto nacionais como internacionais. Fernando Lemos Lisboa, 1926 Pintor, escultor, designer e poeta. Iniciou a sua actividade artística ligado ao movimento surrealista no início da década de 50, altura em que se dedicou de forma mais consistente à fotografia, tendo exposto pela primeira vez na Casa Jalco (1952) em Lisboa, conjuntamente com Marcelino Vespeira e Fernando Azevedo, e em 1953 na Galeria de Março, Lisboa, em exposição individual. A sua breve mas intensa e significativa produção fotográfica entre 1946 e 1952, permanece como incursão única pelo vocabulário surrealista. Em 1953 exila-se no Brasil onde fixará residência, dedicando-se então à pintura, ilustração, tapeçaria e design de pavilhões para eventos culturais, abandonado a fotografia. Participou em diversas Bienais de São Paulo. Em 1994 foi realizada no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian uma importante exposição retrospectiva da sua obra fotográfica. Está representado em diversas colecções nacionais e internacionais e tem realizado regularmente exposições individuais e colectivas. Gérard Castello-Lopes Vichy, França, 1925 Profissional de cinema e economista. A partir de 1956 dedica-se à fotografia como amador, em colaboração estreita com Carlos Afonso Dias. Desenvolveu a partir de então um percurso artístico dos mais relevantes no âmbito da fotografia portuguesa, com uma forte influência de Henri Cartier-Bresson. Foi também crítico de cinema, encenador e assistente de realização. Foi um dos membros fundadores do Centro Português de Cinema. O seu trabalho fotográfico foi pela primeira vez apresentado em 1982, na Galeria Ether, Lisboa, e teve uma exposição retrospectiva no Centro Cultural de Belém (2003). A sua obra está representada em diversas colecções nacionais e estrangeiras e tem exposto de forma regular em individuais e colectivas. João Martins Cidade da Praia, ilha de S. Tiago, Cabo Verde, 1898 Lisboa, 1972 Iniciou a sua actividade profissional na década de 30 como foto-repórter. Ainda na década de 30, começa a trabalhar como fotógrafo de cena de cinema, participando em grande parte da filmografia nacional até 1972. Realizou documentários e foi um dos fundadores da produtora Cinal com o realizador Jorge Brum do Canto. Foi um dos fundadores do Foto- Clube 6x6 e um dos principais dinamizadores da fotografia amadora e dos circuitos de salões e concursos nacionais. Foi júri e participou em centenas de salões fotográficos nacionais e internacionais tendo ganho diversos prémios. Desenvolveu também uma intensa actividade como crítico escrevendo sobre fotografia em diversas revistas da especialidade. Victor Palla Lisboa, 1922 Lisboa, 2006 Arquitecto, gráfico, pintor, ceramista e escritor. A sua actividade cultural foi multifacetada quer em termos criativos, quer na criação e gestão de iniciativas diversas, desde a edição, fundou com José Cardoso Pires em 1949, a colecção de bolso Os Livros das Três Abelhas, à organização das Exposições Gerais de Artes Plásticas entre 1946 e 1956, de que foi um dos principais mentores. Na área da arquitectura trabalhou durante 25 anos em parceria com o arquitecto Bento d Almeida, sendo responsáveis por algumas das obras mais emblemáticas da arquitectura portuguesa, como os cafés Galeto, o Carrossel e o Piquenique em Lisboa, ou o Cunha no Porto, e ainda a aldeia das Açoteias no Algarve. Como fotógrafo a sua parceria com o arquitecto Costa Martins tornar-se-ia emblemática com o projecto Lisboa, cidade triste e alegre, que resultou numa exposição e livro entre 1958 e 1959, sendo eleito em 2001 16-02-09 / 6

como um dos melhores livros do século XX. Para além disso, a sua obra individual produziu uma linguagem nova para a fotografia portuguesa. Foi-lhe atribuído o Prémio Nacional de Fotografia em 1999, pelo Centro Português de Fotografia. António Paixão Coimbra, 1915 Almada, 1986 Iniciou a sua actividade fotográfica profissional cerca de 1932, como impressor nos Laboratórios Filmarte, em Lisboa, do qual viria a ser sócio, até 1983. Foi uma das figuras mais destacadas na década de 50 no meio fotográfico nacional. Fez parte do Foto-Clube 6x6 em Lisboa e do Grupo Câmara de Coimbra. Participou e foi júri em inúmeros salões nacionais e internacionais, tendo ganhos diversos prémios. Varela Pécurto Ervedal do Alentejo, 1925 Iniciou a sua actividade fotográfica em Évora no estúdio Nazaré &Freitas, com Eduardo Nogueira. Em 1950 mudou-se para Coimbra onde trabalhou na secção fotográfica da Livraria Atlântida e foi depois sócio-gerente do estúdio Hilda até à sua reforma. Foi fotorepórter e operador correspondente da Rádio Televisão Portuguesa (RTP) na região centro durante 25 anos. Foi sócio fundador do Grupo Câmara de Coimbra. Participou em dezenas de concursos nacionais e internacionais, desde 1949, e foi distinguido em 1954 pela Fédera tion Inte rnationale d Ar t Photographique (FIAP) com o título Excellence. Em 2005 foilhe atribuída a medalha de Mérito Cultural pela Câmara Municipal de Coimbra. Desenvolveu, ao longo de várias décadas, um importante levantamento patrimonial, objecto de publicações diversas. Parte do seu espólio encontra-se no Arquivo Fotográfico da Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa. Eduardo Harrington Sena Lisboa, 1923 Lisboa, 2007 Engenheiro da Companhia União Fabril (CUF). Desde os anos 40 que se dedicou à fotografia amadora, e foi no âmbito da Secção de Fotografia do Grupo Desportivo da CUF que organizou em conjunto com Vítor Chagas dos Santos o Salão Internacional de Arte Fotográfica da CUF, a partir de 1951. No Jornal do Barreiro dirigiu uma secção de fotografia entre 1954 e 1957 e na década de 60 chegou a director do referido jornal. Foi ainda um dos fundadores do Cine Clube do Barreiro e programador das sessões no Cinema-Ginásio. Pertenceu ao Foto-Clube 6x6, tendo sido júri e participado em centenas de salões nacionais e internacionais, onde ganhou diversos prémios. Em 1962 foi distinguido com o prémio Excellence da Féderation Internationale de Photographie (FIAP). Sena da Silva Lisboa, 1926 Lisboa, 2001 Arquitecto e designer, tendo desenvolvido também actividade na área da fotografia, pintura, cenografia, tecnologia de pintura decorativa e montagem de exposições. Começou por utilizar a fotografia profissionalmente, na documentação de peças defeituosas de motores diesel, a partir de 1956 o seu contacto com a fotografia toma uma feição artística, acompanhada dos ensinamentos técnicos de António Paixão e Mário Novais. Trabalhou com este último na decoração mural fotográfica do pavilhão português da Feira de Lausanne em 1957. No mesmo ano desenvolveu um projecto de livro de fotografias sobre Lisboa com o escultor José Cutileiro, que nunca chegou a ser publicado. As suas fotografias foram capa de alguns romances publicados pela editora Ulisseia, em 1958. O seu trabalho fotográfico foi pela primeira vez apresentado em 1987 na Galeria Ether, Lisboa e em 1990 teve uma exposição retrospectiva na Fundação de Serralves. Fernando Taborda 16-02-09 / 7

Lisboa, 1920 Lisboa, 1991 Profissional de seguros. Iniciou a sua actividade fotográfica cerca de 1950. Foi um dos sócios fundadores do Foto-Clube 6x6 e pertenceu também ao Grupo Câmara de Coimbra. Participou em centenas de salões e concursos fotográficos, tendo ganho diversos prémios. Foi distinguido com o prémio Excellence da Fédération Internationale d Art Photographique (FIAP). 16-02-09 / 8