XXIV Simpósio Jurídico ABCE Transferência ou reversão de ativos ao término da concessão São Paulo, 23 de outubro de 2018
Reversão Itinerário Reversão: conceito e definição doutrinária Conceito legal da reversão Conteúdo e forma da reversão dos bens vinculados Posicionamentos da ANEEL Caso paradigmático
Reversão Reversão substantivo feminino 1. ato, processo ou efeito de (se) reverter. 2. regresso ao ponto de partida. 3. regresso ao primitivo estado; retrocesso. 4. volta, restituição de um bem ao primeiro dono; devolução.
Definição Doutrinária de Reversão Conceitua Maria Sylvia Zanella Di Pietro reversão como a passagem ao Poder Público dos bens do concessionário ou permissionário aplicados ao serviço, uma vez extinta a concessão ou permissão. O professor Celso Antônio Bandeira de Mello caracteriza a reversão como a passagem ao Poder Concedente dos bens públicos do concessionário aplicados ao serviço, uma vez extinta a concessão, apontando ser a reversão uma consequência da extinção da concessão, logo, pressupondo-a.
Conceito Legal de Bem Reversível Previsto no artigo 18, caput, da Lei nº 9.427, de 26 de dezembro de 1996 Art.18. A ANEEL somente aceitará como bens reversíveis da concessionária ou permissionária do serviço público de energia elétrica aqueles utilizados, exclusiva e permanentemente, para produção, transmissão e distribuição de energia elétrica.
Uma Definição Mais Precisa Resolução Normativa ANEEL nº 596/2013 Art. 3º Os bens reversíveis de que trata esta Resolução são aqueles utilizados, exclusiva e permanentemente, para produção de energia elétrica, cujos investimentos prudentes foram realizados com o objetivo de garantir a continuidade e atualidade do serviço concedido. 1º Constituem bens reversíveis o conjunto de itens de infraestrutura comuns à usina, tais como, reservatórios, barragens tomada d água, condutos, canais, vertedouros, comportas, casa de comando, além dos equipamentos de geração, como turbinas, geradores, transformadores, serviços auxiliares e relacionados ao sistema de transmissão de interesse restrito. 2º Não constituem bens reversíveis, exemplificativamente, os bens administrativos, tais como móveis, utensílios, veículos, terrenos, edificações, urbanização e benfeitorias.
QUAIS OS BENS VINCULADOS À CONCESSÃO QUE REVERTEM AO PODER CONCEDENTE?
Diferentes Conteúdos da Reversão Rol de Bens e Instalações Elegíveis para Reversão Decreto n.º 41.019/1957 Lei n.º 9.427/1996 REN n.º 596/2013 Bens e Instalações Bens Bens Bens e instalações utilizadas que concorrem direta ou indiretamente, de modo exclusivo e permanente para a produção transmissão, transformação ou distribuição de energia elétrica Bens utilizados exclusiva e permanentemente na produção, transmissão e distribuição de energia elétrica Bens utilizados exclusiva e permanentemente na produção de energia elétrica, cujos investimentos prudentes foram realizados para garantir a continuidade do serviço concedido
COMO SE DÁ A REVERSÃO DOS BENS VINCULADOS À CONCESSÃO
Diferentes Modos de Reversão? Forma de Reversão dos Bens Vinculados Decreto n.º 41.019/1957 Lei n.º 8.987/1996 Lei n.º 12.783/2013 e Ofício nº 486/2017 Bens e Instalações Bens Bens Reversão para o Poder Concedente de todos os bens previstos no art. 44 do Decreto Reversão ao Poder Concedente de todos os bens reversíveis, direitos e privilégios transferidos ao concessionário No ofício nº 486/2017, a ANEEL se posiciona: (...)não ocorrerá a reversão prévia dos bens, em consonância com o 1º do art.8º da Lei nº12.783, de 11 de janeiro de 2013.Dessa forma, a transferência dos bens reversíveis deverá ser feita por meio de transferência direta da concessionária anterior (a CESP) à atual (a Tijoá).
Há transferência de propriedade diretamente entre concessionárias? Não. O art. 8º, 1º, da Lei nº 12.783/2013 previu a possibilidade de realização de licitação das usinas não renovadas em seus termos sem que houvesse a necessidade de realização de prévia reversão. No entanto, não exigir a prévia reversão é fundamentalmente distinto de prescindir da reversão, cuja obrigatoriedade é prevista no art. 35, 2º, da Lei nº 8.987/1995. O novo concessionário sempre receberá os bens do Poder Concedente, ou seja, sempre se estará diante de uma modalidade de aquisição que não implica a assunção de dívidas sobre os bens vinculados à concessão que não aquelas expressamente previstas no edital e/ou estabelecido no contrato de concessão. Referida modalidade de aquisição não deve ter a incidência de ITBI ou ICMS sobre a transferência dos ativos da União para a nova concessionária
POSICIONAMENTOS DISCORDANTES DA ANEEL EM RELAÇÃO À REVERSÃO DOS VENS VINCULADOS?
Parecer n 0170/2013/PGE-ANEEL/PGF/AGU 12. A rigor, a continuidade do serviço público é exatamente a principal razão de ser da reversão. Como se observa, sempre que o bem for considerado afetado ao serviço público objeto de uma concessão, finda esta, ele retoma ou passa ao domínio do ente público titular do serviço público concedido, em nome do princípio da continuidade deste serviço delegado. A professora Di Pietro ressalta, inclusive, que a o fundamento da reversão é o princípio da continuidade do serviço público.
Parecer n 577/2013/PGE-ANEEL/PGF/AGU 19.A reversão, portanto, é a passagem ao Poder Concedente dos bens do concessionário aplicados ao serviço quando extinta a concessão. Destaque-se que a razão do instituto está intimamente ligada ao princípio da continuidade da prestação do serviço. É que, uma vez finda a concessão, o bem utilizado na execução do serviço público não será mais útil para o concessionário. Por outro lado, para o Poder Concedente, é indispensável para que não haja interrupção do serviço. [...] 22.Conforme afirmado acima, o instituto da reversão está atrelado ao princípio da continuidade do serviço público. De todo modo, sabe-se que o ativo que foi vinculado à concessão adquire, ao final, a qualificação de público já que retorna ao Poder Concedente.
Parecer n 579/2013/PGE-ANEEL/PGF/AGU Assunto: Leilão da UHE Três Irmãos Os bens vinculados a concessão deverão ser revertidos a União, ou poderão ser transferidos diretamente para o novo concessionário? Qual é o ato normativo adequado e a quem compete a sua emissão?
Parecer n 579/2013/PGE-ANEEL/PGF/AGU Assunto: Leilão da UHE Três Irmãos Por força da Portaria MME 117/2012 - sobre a qual não cabe a Aneel emitir juízo de legalidade, de oportunidade e de conveniência - os bens vinculados não serão revertidos a União. A CESP, na qualidade de na qualidade de responsável pela prestação do serviço de geração na UHE Três Irmãos, devera permanecer prestando o serviço e administrando os bens até que haja assunção do concessionário que vencer a licitação que será promovida pela ANEEL. Assumindo o novo concessionário, a CESP deverá efetuar a transferência de tais ativos, sob a supervisão e fiscalização da ANEEL. Não há necessidade de um novo ato determinando tal transferência, pois a Portaria do MME nº 117/2012 assim já o fez.
O Edital do Leilão nº 01/2017-ANEEL e a intensificação dos problemas observados A ANEEL, no Edital do leilão nº 01/2017, referente à licitação das UHE São Simão, Jaguara, Miranda e Volta Grande, previu que a transferência dos ativos ocorreria sem a ocorrência de prévia reversão dos ativos:
Gustavo De Marchi gustavodemarchi@deciofreire.com.br
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