ESTUDO SOBRE A PSICOPATIA ENTRE OS ANOS DE 1992 A 2012: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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Transcrição:

ESTUDO SOBRE A PSICOPATIA ENTRE OS ANOS DE 1992 A 2012: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Fernanda Miranda Cavalcante 1 Abraão Roberto Fonseca² RESUMO: Este artigo tem por objetivo investigar os estudos realizados sobre a psicopatia ao longo dos últimos dez anos, através de uma revisão bibliográfica com diversos autores que buscam conceituar o que é esta patologia, o método mais eficaz para a avaliação e a busca pelo tratamento. Foram coletados 8 (oito) artigos da fonte Scielo (Scientific Electronic Library) e 1 (um) artigo do bireme. Os artigos obedeceram aos critérios de serem publicados nacionalmente, nos últimos dez anos (2002-2012), e com o descritor psicopatia. Conclui-se que ao longo desses dez últimos anos ainda não se chegou a uma definição universal da psicopatia. Percebese que houve avanços quanto a sua concepção e o que se pode definir com a leitura da maioria dos autores é que as causas da psicopatia envolvem não só um aspecto, mas vários, como o biológico, o afetivo, o histórico, o ambiente. Palavras-Chave: Psicopatia. Revisão. Padrão comportamental. INTRODUÇÃO 2 Esta pesquisa teve por objetivo investigar os estudos realizados sobre a psicopatia ao longo dos últimos dez anos, através de uma revisão bibliográfica com diversos autores que buscam conceituar o que é esta patologia, o método mais eficaz para a avaliação e a busca pelo tratamento. No decorrer do trabalho será apresentado o conceito de psicopatia de acordo com o DSM-IV e outros autores. Dessa forma, Soeiro e Gonçalves (2010) afirmam ser a psicopatia uma das perturbações da personalidade mais investigadas, pois as ¹ Possui graduação em Psicologia - Faculdades Integradas de Cacoal (2011). Especialista em Psicologia Organizacional com ênfase em Gestão Estratégica de Pessoas Faculdades Associadas de Ariquemes (FAAR) 2014. ² Mestre em Psicologia: Teoria e Pesquisa do Comportamento - Universidade Federal do Pará (UFPA) (2010).

2 consequências dos atos destes indivíduos afetam negativamente a população convivente com os mesmos. Gonçalves (1999b apud Soeiro e Gonçalves, 2010) diz que a psicopatia está relacionada diretamente com o conceito de loucos e criminosos. Cleckley é um dos autores que mais contribuíram para os estudos da psicopatia, já que seus conceitos perduram até os dias de hoje, pois ele considera que a principal característica para a psicopatia é a falta de empatia, o que esclareceria o fato de altas condutas antissociais nestes indivíduos (SOEIRO E GONÇALVES, 2010). Nos estudos de Hare (1970 apud Soeiro e Gonçalves, 2010) percebe-se uma influência dos trabalhos de Cleckley, pois pra ele o psicopata é alguém com total falta de empatia, que não se preocupa com os outros, que manipulam os outros para assim alcançar seus objetivos, sem cunho social, correspondem a desenvolvimento pessoal. Eles ainda possuem uma cordialidade ilusória que faz com que os outros acreditem nas suas boas intenções e na sua pureza. Ainda para Hare (1980, 1991; Harpur, Hasktian e Hare, 1988; Hart, Hare e Harpur, 1992 apud Soeiro e Gonçalves, 2010) o constructo de psicopatia é compreendido através de dois fatores interrelacionados, o clínico que define a perturbação da personalidade e o outro mais comportamental que diz sobre o estilo de vida antissocial do psicopata, comportamentos estes que, em geral, não são apreendidos em uma rotina clínica, mas observacionalmente podem ser detectados e mensurados. Assim, após várias investigações do termo psicopatia, percebe-se que houve muitas influências para a concepção do mesmo de acordo com suas características, o que fez com que se originasse mais de um constructo. Entretanto, mesmo com várias definições, observa-se relativamente uma evolução em relação a este constructo (GONÇALVES, 2000; SOEIRO, 2006 apud SOEIRO E GONÇALVES, 2010). O trabalho teve como proposta apresentar o conceito de psicopatia, para que assim possa conhecer a evolução que este conceito teve ao longo dos anos e se já há indicativos de avaliação e tratamento eficaz.

3 1. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Foram coletados 8 (oito) artigos da fonte Scielo (Scientific Electronic Library) e 1 (um) artigo do bireme. Os artigos obedeceram aos critérios de serem publicados nacionalmente, nos últimos dez anos (2002-2012), e com o descritor psicopatia. 2 ANÁLISE DOS DADOS A partir da leitura dos documentos selecionados foi criado o Quadro I - Seleção e Organização de Artigos, com os seguintes elementos: Ano/fonte; Título; Autor; Objetivos; Metodologia e Resultados. Segue o quadro abaixo. Quadro I Seleção e organização dos artigos Ano/Fonte Autor Título Objetivos Metodologia Resultados 2006/Scielo. MORANA, H. CP; STONE, M. H; ABDALLA-FILHO, E. Transtornos de Personalidade, Psicopatia e Serial Killers. Apresentar as características básicas dos diversos transtornos específicos de personalidade, mas centrando-se no transtorno de personalidade antissocial, fazendo sua diferenciação com psicopatia. Revisão Bibliográfica. Enquanto o transtorno de personalidade antissocial é um diagnóstico médico, pode-se entender o termo psicopatia, pertencente à esfera psiquiátricoforense, como um diagnóstico legal. Não se pode falar ainda de tratamento eficaz para os chamados serial killers. 2006/Scielo AMBIEL, R. A. M. Diagnóstico de psicopatia: a Apresentar o manual escala Revisão Bibliográfica. Em virtude da importância social

4 avaliação Hare PCL: critérios que os psicológica no para pontuação de instrumentos de âmbito judicial. psicopatia avaliação revisados na psicológica têm, a versão brasileira disponibilização por Hilda Morana. desse instrumento para os profissionais das áreas de psicologia e psiquiatria forense se faz de grande utilidade para avaliação da personalidade de criminosos, área em que a psicologia tem tanto a contribuir e a crescer. 2006/Bireme. SCHMITT, R; Personalidade Comparar a Estudo Os adolescentes PINTO, T. P; Psicopática psicopatia, a transversal, que cometeram GOMES, K. M; em uma reincidência controlado, crimes contra a QUEVEDO, J; amostra de criminal e a história utilizando a vida apresentaram STEIN, A. adolescentes de maus-tratos escala Hare s prevalência de infratores entre adolescentes Psychopathy psicopatia maior do brasileiros. infratores versus a Checklist que outros vida e outros Revised (PCL adolescentes adolescentes R) para infratores RP = infratores. avaliação de 2,86 (IC95% 1,49 psicopatia em 5,47). A uma amostra reincidência de criminal foi mais adolescentes prevalente entre os cumprindo adolescentes que medida possuíam socioeducativa psicopatia e em história de crimes decorrência da contra a vida RP prática de ato = 2,96 (IC95% 1,32 infracional. 6,60). O estudo

5 não conseguiu demonstrar prevalência significativa de história de abuso na infância entre os adolescentes com psicopatia em comparação ao grupo-controle RP = 0,88 (IC95% 0,66 1,15). 2009/Scielo. HAUCK FILHO, N; Psicopatia: O Revisão seletiva da Revisão A psicopatia é TEIXEIRA, M. A. construto e literatura da Bibliográfica. apresentada como P; DIAS, A. C. G. sua avaliação. psicopatia um construto enfocando algumas resultante de dificuldades décadas de relacionadas ao pesquisas clínicas conceito e sua e empíricas cuja avaliação. possibilidade de avaliação na população geral se justifica por sua natureza dimensional. Argumenta-se que a psicopatia e Transtorno de Personalidade Antissocial são construtos diversos, embora correlacionados. 2009/Scielo HENRIQUES, R. De H. Cleckley Discutir os manuais Revisão A psicopatia P. ao DSM IV nosográficos CID Bibliográfica. certamente é uma TR: a 10 e DSM IV das anomalias da evolução do TR entre si quanto personalidade que conceito de aos critérios apresenta psicopatia diagnósticos consequências rumo à propostos para a sociais mais

6 medicalização psicopatia, graves, dadas as da assinalando as condutas delinquência. consequências de antissociais dos sua psicopatas, operacionalização, associadas ao promovida, delito e ao crime. sobretudo pelo Nesse sentido, DSM. pode-se questionar se a medicalização desta condição não refletiria um esforço do Estado republicano de reforçar o seu controle por outros meios, para além daquele já exercido pelo direito positivo? Um misto de psiquiatria e Poder Judiciário, tratamento e punição, certamente mostrar-se-ia mais eficaz em sua função de controle social desses desviantes. 2010/Scielo. GOMES, C. C; ALMEIDA, R. M. M. DE. Psicopatia em Homens e Mulheres Discutir as características da psicopatia e de forma específica, buscar identificar as diferenças existentes entre os sexos. Revisão Bibliográfica. Esse transtorno ocorre tanto em homens quanto em mulheres, mas cada sexo apresenta peculiaridades, principalmente em relação à forma do comportamento manifesto. Os principais norteadores desta pesquisa foram à violência e a

7 criminalidade, que sempre estiveram presentes nas mais diferentes sociedades, mas que, atualmente, vem apresentando ocorrências progressivamente mais numerosas. Suas repercussões atingem cada vez mais o convívio social. Quando a psicopatia ocorre em mulheres, a sua identificação parece ser mais difícil, pois existem diferenças na apresentação clínica dos comportamentos antissociais, principalmente quando se trata da agressividade, característica mais visível e mais presente nos homens que nas mulheres. 2011/Scielo. DAVOGLIO, T. R; Medida Descrever Estudo Os resultados GAUER, G. J. C; Interpessoal resultados transversal, estatísticos, obtidos VASCONCELLOS, de Psicopatia preliminares sobre descritivo e através do S. J. L; LÜHRING, (IM P): a investigação de correlacional. coeficiente de G. estudo aspectos concordância de preliminar no interpessoais da Kendall, revelaram contexto psicopatia grau de brasileiro. mediante a concordância

8 utilização da IM interavaliadores P, incluindo as elevado e etapas de satisfatório para os tradução/adaptação escores totais da e avaliação de IM P (W = 0,84; p confiabilidade < 0,001). Alguns interavaliadores da itens da escala que IM P, em uma apresentaram amostra de resultados adolescentes discrepantes foram brasileiros. discutidos e avaliados isoladamente. 2011/Scielo. NUNES, L. M. Sobre a Explorar as Revisão Poder-se-á psicopatia e variadas Bibliográfica. compreender sua avaliação. abordagens ao suficientemente o conceito de sujeito, em uma psicopatia e avaliação que conciliar diferentes integre as pontos de vista, informações visando à fornecidas pela apresentação de vertente clínica, uma proposta de sem perda dos avaliação aspectos mais integrada. objetivos facultados pela análise forense. Apenas com essa complementaridade das duas análises, a clínica e a padronizada, se poderá alcançar a compreensão do indivíduo portador de psicopatia. Para a análise pormenorizada dos resultados contidos no quadro anterior, foi criado o Quadro II Análise de Artigos por Categorias, com os seguintes elementos:

9 Categoria; Subcategoria; Pesquisa/autor/ano; Resultados e Discussão. Segue o quadro abaixo. Quadro de análise dos artigos por categorias Categoria 1 Explicação Intrínseca Biológica Pesquisa / Autor / Ano Resultados Discussão Psicopatia em homens e Esse transtorno ocorre tanto em homens mulheres. quanto em mulheres, mas cada sexo GOMES, C. C; ALMEIDA, R. M. M. DE. 2010. apresenta peculiaridades, principalmente em relação à forma do comportamento manifesto. Os principais norteadores desta pesquisa foram à violência e a criminalidade, que sempre estiveram presentes nas mais diferentes sociedades, mas que, atualmente, vem apresentando ocorrências progressivamente mais numerosas. Suas repercussões atingem cada vez mais o convívio social. Quando a psicopatia ocorre em mulheres, a sua identificação parece ser mais difícil, pois existem diferenças na apresentação clínica dos comportamentos antissociais, principalmente quando se trata da agressividade, característica mais visível e mais presente nos homens que nas mulheres. Transtornos de Personalidade, Psicopatia e Serial Killers. MORANA, H. CP; STONE, M. H; ABDALLA-FILHO, E. 2006. Enquanto o transtorno de personalidade antissocial é um diagnóstico médico, pode-se entender o termo psicopatia, pertencente à esfera psiquiátrico-forense, como um diagnóstico legal. Não se pode falar ainda de tratamento eficaz para os chamados serial killers. Categoria 1 Explicação Intrínseca Inconsciente Pesquisa / Autor / Ano Resultados Discussão Personalidade psicopática em uma amostra de adolescentes infratores brasileiros. SCHMITT, R; PINTO, T. P; GOMES, K. M; QUEVEDO, J; STEIN, A. 2006. De H. Cleckley ao DSM IV TR: a evolução do conceito de psicopatia rumo à medicalização da delinquência. HENRIQUES, R. P. 2009. Os adolescentes que cometeram crimes contra a vida apresentaram prevalência de psicopatia maior do que outros adolescentes infratores RP = 2,86 (IC95% 1,49 5,47). A reincidência criminal foi mais prevalente entre os adolescentes que possuíam psicopatia e história de crimes contra a vida RP = 2,96 (IC95% 1,32 6,60). O estudo não conseguiu demonstrar prevalência significativa de história de abuso na infância entre os adolescentes com psicopatia em comparação ao grupocontrole RP = 0,88 (IC95% 0,66 1,15). A psicopatia certamente é uma das anomalias da personalidade que apresenta conseqüências sociais mais graves, dadas as condutas antissociais dos psicopatas, associadas ao delito e ao crime. Nesse sentido, pode-se questionar se a medicalização desta condição não refletiria um esforço do Estado republicano de reforçar o seu controle por outros meios, para além daquele já exercido pelo direito positivo? Um misto de psiquiatria e Poder Judiciário, tratamento e punição, certamente mostrar-se-

10 ia mais eficaz em sua função de controle social desses desviantes. Psicopatia: O Construto e sua A psicopatia é apresentada como um Avaliação. HAUCK FILHO, N; TEIXEIRA, M. A. P; DIAS, A. C. G. 2009. construto resultante de décadas de pesquisas clínicas e empíricas cuja possibilidade de avaliação na população geral se justifica por sua natureza dimensional. Argumenta-se que a psicopatia e Transtorno de Personalidade Antissocial são construtos diversos, embora correlacionados. Categoria 2 Explicação Extrínseca Histórico Pesquisa / Autor / Ano Resultados Discussão Sobre a Psicopatia e sua Avaliação. NUNES, L. M. 2011. Poder-se-á compreender suficientemente o sujeito, em uma avaliação que integre as informações fornecidas pela vertente clínica, sem perda dos aspectos mais objetivos facultados pela análise forense. Apenas com essa complementaridade das duas análises, a clínica e a padronizada, se poderá alcançar a compreensão do indivíduo portador de psicopatia. Categoria 2 Explicação Extrínseca Interpessoal Pesquisa / Autor / Ano Resultados Discussão Medida Interpessoal de Os resultados estatísticos, obtidos através do Psicopatia (IM P): estudo coeficiente de concordância de Kendall, preliminar no contexto revelaram grau de concordância brasileiro. DAVOGLIO, T. R; interavaliadores elevado e satisfatório para os GAUER, G. J. C; escores totais da IM P (W = 0,84; p < 0,001). VASCONCELLOS, S. J. L; Alguns itens da escala que apresentaram LÜHRING, G. 2011. resultados discrepantes foram discutidos e Diagnóstico de Psicopatia: A Avaliação Psicológica no Âmbito Judicial. AMBIEL, R. A. M. 2006. avaliados isoladamente. Em virtude da importância social que os instrumentos de avaliação psicológica têm, a disponibilização desse instrumento para os profissionais das áreas de psicologia e psiquiatria forense se faz de grande utilidade para avaliação da personalidade de criminosos, área em que a psicologia tem tanto a contribuir e a crescer. A coluna Discussão deste quadro será desenvolvida de forma detalhada na seção Resultados e Discussão. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao analisar os artigos e de acordo com os seus significados, encontraram-se as seguintes categorias que serão apresentadas de acordo com a categorização e seus argumentos apresentados a seguir. Em relação à categoria explicação intrínseca biológica

11 Como resultado, observa-se que os ditos psicopatas demonstraram indícios de traços psicopáticos, iniciando-se na infância e alcançando os 18 anos, durante este tempo os indicativos são nomeados como transtorno de conduta, pois não se deve diagnosticar a psicopatia antes dos 18 anos. (DSM IV, 2002). Esses dados comprovam o que o Manual da APA (2002; KAPLAN; SADOCK; GREBB, 2003 apud GOMES E ALMEIDA 2010) diz sobre estes desvios, que vão se estruturando ao longo da infância. Na maior parte das vezes alguns dos sinais podem ser analisados na infância e na adolescência, através de condutas agressivas, que durante esta fase é caracterizado como transtornos de conduta. Ao caracterizar a categoria como uma das explicações da psicopatia a condição intrínseca, caracterizada como biológica Gomes e Almeida (2010) confirmam os dados dizendo que a psicopatia é uma condição mental patológica, que se caracteriza por desvios, especialmente, de caráter que desencadeiam comportamentos antissociais. Além destes estudos, Brenan e Raine (1997; YANG et. al., 2005 apud GOMES e ALMEIDA, 2010) encontraram uma ligação entre lesões pré-frontais e comportamentos impulsivos, agressividade e inadequação social.o que permite afirmar que esses comportamentos são característicos dos ditos psicopatas. Um exemplo desta situação é quando um indivíduo se mostra dentro dos padrões considerados normais e após o acidente corrompendo o córtex começa a demonstrar inadequação social (DEL BEM, 2005 apud GOMES E ALMEIDA, 2010). Contudo, de acordo com esta pesquisa percebe-se que a psicopatia se apresenta em uma explicação extrínseca e biológica ao mesmo tempo. Desta forma, pode-se dizer que há um componente cerebral submergido as condutas dos psicopatas (RAINE et al., 1994; SOUZA et al., 2008 apud GOMES E ALMEIDA, 2010). Ainda contextualizando a psicopatia como um dos fatores de suas causas, a biologia, em um estudo realizado com a neuroimagem e com o objetivo de entender quais os fatores cerebrais estariam envolvidos com a psicopatia, obteve como resultado a redução da matéria cinzenta na região pré-frontal, uma redução do volume do hipocampo posterior e um acréscimo da matéria branca do corpo caloso, pendências estas, que segundo os autores facilitaram a manifestação de condutas mais agressivas (MOLL; ESLINGER; SOUZA, 2001; PRIDMORE; CHAMBERS; MC ARTHUR, 2005 apud GOMES E ALMEIDA, 2010).

12 Há uma condição biologicamente comum relacionada às pré- disposições dos comportamentos dos psicopatas, isso explicaria o fato de serem extrovertidos, impulsivos e caçadores de emoções, demonstrando um sistema nervoso relativamente indiferente a baixos níveis de estímulos (EYSENCK E GUDJOHNSSON, 1989 apud MORANA, STONE, ABDALLA-FILHO, 2006), como não há determinação experimental ou informação acerca de acidentes que levaram ao lesionamento ou aumento de uma determinada região do cérebro, pode-se considerar os estudos acima como de base intrínseca e biológica. Em relação à categoria explicação intrínseca - inconsciente A categoria explana um conceito de psicopatia em que o ambiente não faz parte da constituição de tal transtorno. Assim, estudos propõem que a psicopatia surge já na infância, de forma que independe do ambiente o qual o indivíduo está inserido (WOOTTON et al., 1997; STEVENSON E GOODMAN, 2001 apud SCHMITT, PINTO, GOMES, QUEVEDO E STEIN, 2006). Ao analisar o conceito dos maníacos instintivos, descrito por Morel (1860) percebe-se que há uma semelhança com o conceito da psicopatia moderna, de forma que ele considera que as tendências inatas voltadas para o mal fizeram com que este autor designasse do ponto de vista da medicina legal, o nome de maníacos instintivos (MOREL, 1860 apud HENRIQUES, 2009). Outro autor importante para a constituição do conceito da psicopatia foi Pinel (1801), que criou o termo mania sem delírio que descrevia comportamentos de alguns pacientes que se envolviam em violência severas tanto para com os outros, como para si mesmo, assim, compreendiam perfeitamente o caráter irracional de suas atitudes e dessa forma não podiam ser delirantes (ARRIGO E SHIPLEY, 2001 apud HAUCK FILHO, TEIXEIRA E DIAS, 2009). Pode-se refletir com este argumento até onde os atos dos psicopatas são considerados conscientes e até onde atuam de maneira inconsciente, pois eles possuem a noção do que está fazendo, mas não possuem a capacidade de impedir suas ações. Em relação à categoria explicação extrínseca - histórica

13 Esta categoria se baseia na explicação de que a psicopatia possui também como base o aspecto extrínseco, que decorrerá da história de vida do indivíduo. Assim, um dos fatores a ser considerados no diagnóstico para a psicopatia é em relação às dinâmicas familiares (HOEVE et al., 2008 apud NUNES, 2011). É certo afirmar que há o predomínio das características individuais do sujeito, mas principalmente aquelas relacionadas ao padrão relacional do sujeito, o baixo lado afetivo e emocional, e os seus costumes (NUNES, 2011). Em relação à avaliação da psicopatia é importante dar uma atenção especial às informações que permitem acessar a história de vida do indivíduo. O fato é que a história de vida do sujeito vai interferir na manifestação de comportamentos problemáticos e no desenvolvimento de distúrbios, como a psicopatia (NUNES, 2011). Tratando-se ainda da avaliação da psicopatia, em termos clínicos, a anamnese é uma ferramenta indispensável para fornecer os dados sobre a história de vida do sujeito, o seu desenvolvimento, os problemas os quais ele enfrentou, a história de saúde mental do mesmo e familiar, a maneira como enfrentou as diversas fases de desenvolvimento e como foram superadas (ABDALLA-FILHO, 2004a apud NUNES, 2011). Com esta afirmação dos autores, percebe-se que o histórico de vida do sujeito influencia em muito na constituição do quadro da psicopatia. Em relação à categoria explicação extrínseca - interpessoal Ao tentar compreender as faces da psicopatia deve-se levar em consideração também o aspecto interpessoal, como se dá a interação do indivíduo com psicopatia com os demais sujeitos. Dessa forma, Kosson, Forth, Kirkhart (1997 apud DAVOGLIO, GAUER, VASCONCELLOS, LÜHRING, 2011) expõe que o ponto principal deste transtorno se revela fundamentalmente nas relações interpessoais disfuncionais. A conduta interpessoal é um ponto essencial na descrição e no diagnóstico de todas as perturbações da personalidade (DSM IV, 2002 apud DAVOGLIO et al., 2011), inclusive a psicopatia (KOSSON et al., apud DAVOGLIO et al., 2011). O psicopata apresenta um estilo interpessoal trapaceiro, audacioso, desinibido, egoísta e de autoengrandecimento, fazendo com que ele minta, engane e manipule com facilidade os outros (HARE, 2003 apud DAVOGLIO et al., 2011).

14 Referindo-se a avaliação, a observação direta da conduta interpessoal (BORNSTEIN, 2003 apud DAVOGLIO et al., 2011) é assinalada como um ponto importante na investigação dos transtornos de personalidade. A observação e assimilação dos comportamentos em ocasiões acentuadas para o funcionamento interpessoal adaptável pode contribuir para a compreensão das dificuldades interpessoais que se reproduzem e que mantém estes transtornos (LEISING, SPORBERG, REHBEIN, 2006 apud DAVOGLIO et al., 2011). Assim, é possível fazer induções sobre a personalidade fundamentando-se na conduta interpessoal de uma pessoa perante a observação de sua interação com os outros (KOSSON, et al., 1997 apud DAVOGLIO, et al., 2011). Já para Ambiel (2006), a psicopatia é recentemente percebida pelo meio jurídico como uma série de traços ou alterações de comportamentos em indivíduos com pré-disposição ativa nas condutas, as quais pode-se citar avidez por estímulos, delinquência juvenil, comportamentos impulsivos, reincidência juvenil, entre outros. Em resposta ao segundo objetivo específico do trabalho os instrumentos encontrados validados para o diagnóstico da psicopatia são o IM P (Medida Interpessoal de Psicopatia), e o PCL R (Hare Psychopathy Checklist Revised), recentemente validada no Brasil por Morana, nas suas diversas versões. Com os adolescentes é utilizado o PCL: YV (Hare Psychopathy Checklist Youth Version), recentemente validada no Brasil por Morana (DAVOGLIO, et al., 2011). Já em relação ao terceiro objetivo do trabalho, tratando-se do tratamento, existe alguma evidência que sugere que os indivíduos que preenchem os critérios para o diagnóstico de psicopatia não podem ser tratados por qualquer tipo de terapia existente atualmente. O egoísmo e a aversão pela psiquiatria unicamente atrapalham muito o tratamento (HARE, 1993 apud MORANA, STONE E ABDALLA- FILHO, 2006). Várias formas de intervenção psicoterápica estão sendo desenvolvidas. Os melhores efeitos surgem naqueles tratamentos que propõe os sintomas específicos, a terapia comportamental dialética está sendo internacionalmente reconhecida por sua eficácia em Transtorno de Personalidade. A terapia cognitiva-comportamental pode ser benéfica, mas ainda são precários os estudos que dedicam atenção a essa modalidade terapêutica aplicada ao Transtorno de Personalidade (BECK, FREEMAN, 1990 apud MORANA et. al., 2006).

15 CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que ao longo desses dez últimos anos ainda não se chegou a uma definição universal da psicopatia. Percebe-se que houve avanços quanto a sua concepção e o que se pode definir com a leitura da maioria dos autores é que as causas da psicopatia envolvem não só um aspecto, mas vários, como o biológico, o afetivo, o histórico, o ambiente. Esses foram os aspectos mais próximos para tentar explicar todos os comportamentos destes indivíduos. Ao investigar os sintomas da psicopatia, analisando todos estes autores, chega-se ao consenso de que a psicopatia é compreendida como uma patologia que apresenta uma série de comportamentos inadequados socialmente, sendo que suas principais características são falta de empatia, remorso, falsidade, comportamento mentiroso, manipulador, entre outros. Os estudos de Hare e Cleckley são os mais conceitualmente reconhecidos por terem abrangido os maiores sintomas da psicopatia. Percebe-se isso na leitura dos outros textos que os citam como os precursores desta temática. Quanto aos instrumentos, ainda são poucos os que podem ser utilizados no diagnóstico, já que devem ser validados. Em relação ao tratamento, ainda não se pode falar em um tratamento eficaz para a psicopatia, pois os mesmos não respondem ao tratamento, desconsiderando o processo terapêutico. REFERÊNCIAS AMBIEL, Rodolfo Augusto Matteo. Diagnóstico de psicopatia: a avaliação psicológica no âmbito judicial. Psico-USF (Impr.) [online]. 2006, vol.11, n.2, pp. 265-266. ISSN 1413-8271. Acesso: 06 de Abril 2012.

16 ASSOCIAÇÃO Psiquiátrica Americana (APA). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. 4. ed. Revista (DSM-IV-TR). Porto Alegre: Artmed, [2000] 2002. DAVOGLIO, Tárcia Rita; GAUER, Gabriel José Chittó; VASCONCELLOS, Silvio José Lemos e LUHRING, Guinter. Medida Interpessoal de Psicopatia (IM-P): estudo preliminar no contexto brasileiro. Trends Psychiatry Psychother. [online]. 2011, vol.33, n.3, pp. 147-155. ISSN 2237-6089. Acesso em: 04 de abril 2012. GOMES, Cema Cardona e ALMEIDA, Rosa Maria Martins de. Psicopatia em homens e mulheres. Arq. bras. psicol. [online]. 2010, vol.62, n.1, pp. 13-21. ISSN 1809-5267. Acesso: 07 de Abril 2012. HAUCK FILHO, Nelson; TEIXEIRA, Marco Antônio Pereira; DIAS, Ana Cristina Garcia. Psicopatia: o construto e sua avaliação. Aval. psicol., Porto Alegre, v. 8, n. 3, dez. 2009. Em:<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=s1677-04712009000300006&lng=pt&nrm=iso>. Acessos em 11 abril 2012. HENRIQUES, Rogério Paes. De H. Cleckley ao DSM-IV-TR: a evolução do conceito de psicopatia rumo à medicalização da delinquência. Rev. latinoam. psicopatol. fundam. [online]. 2009, vol.12, n.2, pp. 285-302. ISSN 1415-4714. Acesso: 06 de Abril 2012. KRAEPELIN, Emil. As formas de manifestação da insanidade. Rev. latinoam. psicopatol. fundam. [online]. 2009, vol.12, n.1, pp. 167-194. ISSN 1415-4714. Acesso: 11 de Dezembro de 2012. MORANA, Hilda C P; STONE, Michael H e ABDALLA-FILHO, Elias. Transtornos de personalidade, psicopatia e serial killers. Rev. Bras. Psiquiatr. [online]. 2006, vol.28, suppl.2, pp. s74-s79. ISSN 1516-4446. http://dx.doi.org/10.1590/s1516-44462006000600005. Acesso: 05 de Abril 2012.

17 NUNES, Laura Marinha. Sobre a psicopatia e sua avaliação. Arq. bras. psicol. [online]. 2011, vol.63, n.2, pp. 39-48. ISSN 1809-5267. Acesso: 07 de Abril 2012. SCHMITT, Ricardo et al. Personalidade psicopática em uma amostra de adolescentes infratores brasileiros. Rev. psiquiatr. clín. [online]. 2006, vol.33, n.6, pp. 297-303. ISSN 0101-6083. Acesso em: 04 de abril 2012. SOEIRO, Cristina e GONCALVES, Rui Abrunhosa. O estado de arte do conceito de psicopatia. Aná. Psicológica [online]. 2010, vol.28, n.1, pp. 227-240. ISSN 0870-8231. Acesso: 06 de Abril 2012.