Flexibilização curricular e carga horária: limites e possibilidades ANDRÉ BARROSO
Flexibilização curricular e carga horária: limites e possibilidades Educação com investimento Não encaro a educação como um problema, ela é, senão a única, a mais importante porta de saída para um país que pensa ser grande, competitivo no mercado internacional e todos os outros desafios que nos espera. Para começar, a educação tem de deixar de ser política de governo, sujeitas as intempéries das crises econômicas e éticas e passar a ser política de estado com diálogo efetivo com os atores da educação que estão todos os dias nas escolas fazendo a educação acontecer apesar dos pesares, estudantes, funcionários, professores, gestores e toda a comunidade escolar. Duas questões trago ao debate, como preâmbulo para as discussões de flexibilização curricular em nosso país, tendo como base a situação pela qual passa a educação no Estado do rio de Janeiro onde me dedico à educação e processos de formação de consciências a mais de vinte anos.
Flexibilização curricular e carga horária: limites e possibilidades Educação com investimento Devo me ater às questões da carga horária e forma como este currículo deva ser distribuído. Para tanto há que trazer as questões citadas acima: a. os recursos humanos: somente que passa um dia no interior de uma escola pública pode saber quão dinâmica são as relações, encontros e desencontros estabelecidos naquele espaço. Da portaria à sala de aula, da direção à sala dos professores; e a. infraestrutura: apesar de entender, e isso por experiência própria, que a escola e os encontros possíveis são bem maiores que a arquitetura escolar e estar convencido, talvez pela minha origem religiosa, que a escola assim como nós, tem corpo e alma. Não é possível que uma escola funcione em espaços que oferecem riscos a segurança mínima de seus estudantes e profissionais, e inibam ou não permita a realização de sonhos por incapacidade de acolhimento.
Saber ouvir: passo importante para uma gestão democrática
Flexibilização curricular e carga horária: limites e possibilidades Educação com investimento A parte o problema da falta de profissional, tanto de apoio quanto docente em um significativo número de escolas, a dupla ou até tripla jornada de trabalho vai de encontro a qualidade das aulas preparadas por este profissional, se a lotação deste profissional for no turno noturno o problema se agrava, pois a qualidade da aula fica muitas vezes com o que sobra de gás em uma sala de aula com dezenas de conflitos a serem resolvidos antes da disciplina a ser desenvolvida. Diante desse cenário, reforça-se a necessidade maior envolvimento da comunidade. Mais que realizar gestão burocrática da escola, se faz necessário realizar a gestão política, participativa e democrática como caminho para práticas inovadoras de educação que supere os limites impostos pelo 1o e 2o escalão da política de educação brasileira. Há, contudo, diversas possibilidades de realização de mudanças no âmbito local da escola. Como exemplo destacou a evolução no desempenho da CE Prof. José de Souza Marques, que passou de 60% de alunos do 1o ano do Ensino Médio reprovados em 2014 para 25% em 2016, além de 95% de aprovação de alunos do 3o ano.
Flexibilização curricular e carga horária: limites e possibilidades Educação com investimento Nesse cenário, a escola não tem a menor condição de obedecer a nova carga horária proposta. Primeiramente por não ter salas suficientes para isso. O segundo aspecto corresponde ao perfil dos alunos, pois muitos deles trabalham e não podem permanecer na escola em período integral. A proposição de 1.000 horas exigirá uma reestruturação de toda a política de oferecimento do ensino devido ao plano de carreira dos professores do RJ que está baseado em uma carga horária semanal de 16h ou 30h e do ensino noturno. Mais que debater as transformações necessárias e urgentes do ensino médio, voltamos ao problema da descontinuidade das políticas públicas de educação, não possibilitando a consolidação de políticas de Estado. Diante desse contexto, ressalto a importância do surgimento de movimentações advindas da sociedade civil, a exemplo das manifestações, pressão exercida para a realização de eleição para diretores escolares, formação de conselho com a participação da comunidade, entre outros aspectos. Outro ponto a ser considerado corresponde à infraestrutura escolar. Em geral, a oferta de equipamentos de apoio ao ensino (bibliotecas, laboratórios, computadores) bem como a rede de serviços públicos é deficitária, o que representa importantes empecilhos para o aumento de carga horária.
Onde estou? Análise comparada dos resultados
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