REFUGIADOS RICARDO BOWN

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Transcrição:

UFGD 2016 série de análises literárias REFUGIADOS RICARDO BOWN em busca de um mundo sem fronteiras Prof. Renato Tertuliano

SOBRE O LIVRO E O AUTOR Livro paradidático, da Coleção Ninguém Merece, da Editora Larousse, lançado em 2005 Em 2005, quando ouviu histórias de refugiados em um abrigo da igreja em São Paulo, que recebe essas pessoas que chegam a São Paulo, ao Brasil, procurando uma nova chance, um lugar pra se viver em paz, o autor teve a ideia de escrever o livro.

SOBRE O LIVRO E O AUTOR O escritor Ricardo Bown (2005, p. 7-19), em sua obra Refugiados: em Busca de um Mundo sem Fronteiras, tem por objetivo esclarecer aos jovens brasileiros sobre as questões relativas aos refugiados e a necessidade de acolhê-los. Sua obra se baseia na autora Juliana Jubilut, conta com o apoio do ACNUR e da equipe da Cáritas Arquidiocesana de São Paulo. Relata a situação dos refugiados e sua necessária inserção no seio da sociedade, escrevendo de forma didática e romanceada. Mostra também que a Cáritas, parceira do ACNUR, além de estar presente no Brasil, também se encontra em mais de 194 países. Contém, ainda, um comentário sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos, com linguagem acessível aos jovens.

ANÁLISE Em busca de um mundo sem fronteiras. Com esse subtítulo, a obra Refugiados de Ricardo Bown já dá pistas das ideologias que acredita. Personificadas em Lili, a personagem central da narrativa, a ideia de um mundo mais igualitário e que respeite as diferenças é o tema norteador da história. Com foco para os jovens leitores, a narrativa de Ricardo Bown contará sobre a forma como o preconceito pode ser vencido. Todas as manhãs, no caminho para a escola, Lili avistava um jardim, com flores diferentes e que viviam de forma harmônica. Aqui, encontramos uma das metáforas da obra: um mundo igualitário pode ser possível, basta respeitarmos as diferenças.

SINOPSE "Ricardo Bown aborda neste livro o drama dos que são obrigados a fugir de seu país e buscar refúgio onde, muitas vezes, a acolhida vem acompanhada da discriminação e do preconceito. Por meio da narrativa de Lili, uma garota comum que um dia vê se juntarem à sua sala dois refugiados, o colombiano Pablo e o leonês Jeremmy, o autor discute a tolerância cultural e valoriza o diálogo entre as diferenças. Dando voz às experiências de Jeremmy e Pablo, Ricardo Bown discute a importância de valorizar o humano nas sociedades e compreender que todos são semelhantes, independentemente da cultura, do sexo, da cor, da religião e das crenças políticas."

ANÁLISE Para que isso ocorra, a defesa está na educação e na escola. Só em um ambiente de ensino propício ao diálogo e a construção do pensamento crítico é que essas diferenças podem ser respeitadas. Na narrativa, os meninos Pablo e Jeremmy, ambos refugiados, encontram-se coagidos no ambiente escolar pelos demais colegas. Ao perceber a situação, a professora da turma promove um debate sobre os refugiados. Todos os alunos devem fazer pesquisas para, posteriormente apresentá-las aos demais colegas. É quando as pesquisas são apresentadas, junto com a leitura de trechos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e do Estatuto da Criança e do Adolescente, que o preconceito começa a ser dizimado. Ou seja, na educação e no conhecimento estão as chaves para a compreensão das diferenças.

ANÁLISE A obra trata da idealização desse mundo melhor e da possibilidade de sonhar com novos horizontes. Pablo e Jeremmy, ambos refugiados, de diferentes países, iniciam a narrativa sem perspectiva ou planos. Os meninos saíram de seus países de origem, a saber, Colômbia e Serra Leoa, por razões políticas e lá deixaram parte de seus familiares, planos, amores. Quando chegam ao Brasil, sofrem mais uma vez com a discriminação e com o preconceito. É só quando se sentem acolhidos, primeiro por Lili e sua família e depois, pelos demais colegas da sala, é que eles voltam ao sonhar e fazer planos. Aqui, encontramos mais uma metáfora da obra: o sonho e o acolhimento andam de mãos dadas.