editorial Dicionário mítico-etimológico da mitologia grega

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editorial Olga de Sá A Revista de um grupo de Pesquisa de Estudos pós-graduados em Literatura e Crítica Literária se chama KALÍOPE. Que é Kalíope? Segundo o Dicionário mítico-etimológico da mitologia grega, de Junito Brandão (Vozes, 1991), Kalíope era uma das Musas, normalmente aquela que as comandava e dirigia. Kallíope é composto de um elemento kall de kalos, belo e de ops, opós, voz. Kalíope é a que tem uma bela voz. Ainda, segundo Junito, as Musas, de início, não possuíam uma função específica, mas a partir da época Alexandrina (séc. IV a. C.), cada uma das filhas de Zeus passou a presidir uma criação do espírito humano. Kalíope é apontada tanto como inspiradora da poesia lírica quanto da épica. Em muitas versões, unida ao deus rio Eagro, foi mãe de Orfeu. Kalíope, são paulo, ano 1, nº 2, 2005 5

Alguns mitólogos asseguram que gerou as Sereias. Ensinou o canto a Aquiles. Funcionou como árbitro entre Afrodite e Perséfone, na disputa por Adonis. Kalíope é a deusa da Literatura. Principalmente, por isso, a escolhemos como título de nossa Revista. Este primeiro número reúne os ensaios sobre a narrativa, focalizando: A crise da identidade da narrativa, principalmente em seus elementos considerados constitutivos, pela Crítica em geral. Apontar que existe uma crise de identidade na narrativa moderna e contemporânea não é difícil, pois ela se manifesta na estrutura das narrativas literárias, cinematográficas, teatrais. Difícil é rastreá-la, identificá-la nos textos, caracterizá-la nas obras e nos autores. Quando se fala em identidade, pensa-se imediatamente em identidade psicológica. E, em decorrência, tratando-se de Literatura, em crise da identidade psicológica de personagens. Naturalmente, já se pensa em Psicanálise. Alongando as associações, o sentimento de existir, a continuidade de ser base da força do ego tem a ver com o processo de separação individuação, na diferenciação psíquica entre si e a mãe. Tudo isso pode ser objeto de análise e crítica literária, tendo o cuidado de resguardar a especificidade da literatura, que não pode estar a serviço de outras áreas do conhecimento, sob pena de perder sua identidade. Uma estrutura narrativa-romance, novela ou conto tradicionalmente compõe-se de estruturas menores: episódios e incidentes. O gracejo, o dito, a anedota, a carta, segundo Wellek e Warren (1976, p. 270), geraram as mais clássicas estruturas literárias. Ainda, segundo Wellek e Warren, o tempo da narrativa inclui não somente o período total delimitado pela história, mas o tempo da leitura, controlado pelo autor, que faz passar vários anos em meia dúzia de frases e consagra capítulos inteiros a um chá. 6 Kalíope, são paulo, ano 2, nº 3, 2006

A personagem, tradicionalmente, se caracterizava pelo nome. Cada apelação era uma espécie de verificação e individuação. Apareciam também nomes alegóricos. Podia-se apresentar o aspecto físico ou/e analisar sua natureza moral e psicológica. Havia caracterizações estáticas ou dinâmicas. Existe hoje, gerada pela mobilidade social intensa, uma instabilidade que leva a pessoa a se dissolver dramaticamente em papéis desenraizados. Além disso, os progressos da ciência e da técnica criam um sublime tecnológico, que ameaça a continuidade do ser e o sentimento de existir. Quando a Literatura expressa essas mudanças vertiginosas, as antigas noções de espaço homogêneo e de tempo cronológico são artisticamente questionadas. Encontrando expressões novas para realidades novas, o tempo e o espaço, nas narrativas modernas e contemporâneas, se fragmentam e diluem, ampliam-se e restringem-se, assumindo formas estranhas e até bizarras. É toda uma vivência de angústia no espaço limitado de um pulôver ou no engarrafamento de uma estrada em Paris, como nos contos de Cortázar. O espaço, paradoxalmente, se espicha e adensa em espaço metafísico; o tempo se condensa em termos de memória e a lembrança já não encontra o espaço de sua saudade, como Proust Em busca do tempo perdido. O enredo se estilhaça em migalhas, em estrela de mil pontas, sem linearidade, sujeito que está às associações caóticas do narrador. Contos e romances, poemas e crônicas, de tal forma se distanciam de suas características de origem, que nos questionamos se ainda é possível salvar o conceito de gênero. Como declara Clarice Lispector: gênero não me pega mais. A personagem abandona seus delineamentos pessoais, figurativos e se converte em palavras, em personagem-texto, no dizer de Fernando Segolin. Essa perspectiva serve de fundamento às abordagens da equipe de pesquisa, desde 2003. Kalíope, são paulo, ano 2, nº 3, 2006 7

A Equipe, em 2006, compôs-se de 15 participantes: 4 doutores, 3 doutorandos, 8 mestrandos. Nem todos apresentam, nesta Revista, seus trabalhos. Mas os ensaios aqui reunidos, embora cada pesquisador aprofunde seu próprio tema, têm como denominador comum o objetivo de analisar a crise de identidade da narrativa, na obra de que trata o pesquisador. Este terceiro número de Kalíope registra estudos sobre Categorias da Narrativa, tema da linha de pesquisa, em 2006. Juliana Silva Loyola e Santana em A inscrição da voz nos contos de magia: Pele de asno, um percurso de vocalidade objetiva focalizar narrativas da tradição oral popular, especialmente quanto ao seu aparecimento como forma escrita, coletadas da oralidade e registradas sob responsabilidade autoral. Os conceitos teóricos foram desenvolvidos por Paul Zumthor e Bakhtin. Essa pesquisa está em andamento. A voz do ciborgue-narrador no conto O gravador de Rubem Fonseca é da autoria de Nelma Aronia Santos. Analisa os procedimentos artísticos de construção da voz do narrador no referido conto de Rubem Fonseca. O plurilinguismo estrutura a biovocalidade, nessa obra, instaurando um processo de desdobramento que permite ao corpo da personagem narradora a transcendência dos limites do corpo biológico e do espaço físico. O trabalho apresenta o conceito de Ciborgue-narrador, entendendo que emerge o caráter dialógico de uma linguagem, que revela, por meio do simulacro, um corpo que se articula enquanto discurso ou enunciado. Luciana Carnial tematiza como A literatura infantil ecoa na modernidade a voz do narrador tradicional, apontando a obra Bisa Bia, Bisa Bel de Ana Maria Machado, como paradigma de uma voz tradicional do narrador, voz que se transforma através do tempo. Os de lá e os de cá: aproximações entre dois Antonios de Berillo Luigi Deiró Nosella pretende esclarecer, a partir de uma passagem de Carpeaux, se Gramsci tem uma visão negativa da obra de Pirandello. Gramsci entende 8 Kalíope, são paulo, ano 1, nº 1, 2005

Pirandello, inicialmente, como um autor regional (siciliano) e depois, um autor nacional (italiano) e, finalmente, internacional (europeu). Mas nesse processo, seu valor diminuiria. Gerusa Zelnys de Almeida, no ensaio Vidas Secas: identidades que se fundem e se repelem, analisa à luz da teoria do discurso de Bakhtin, as vozes do narrador, do autor e da personagem. Vidas secas apresenta-se como uma arena, na qual o embate de vozes é o grande espetáculo narrativo. Tem-se um discurso do falante, outro daquele que o representa (o autor) e entre eles personagem e autor está a esfera narrativa, como elemento de mediação de duas realizações diversas: o real e o representado. O dialogismo na construção da narrativa ambígua: uma leitura de Dom Casmurro é um ensaio de Andréa de Barros que enfatiza as relações dialógicas entre as consciências das personagens Bentinho e José Dias, recursos de construção da narrativa ambígua. Luis Eduardo Wexell Machado, sob o título: Oralidade e escrita: a performance da memória segundo o olhar de Paul Zumthor, procura evidenciar que a passagem do texto oral para a escrita não representa uma perda de vitalidade, em função da ausência da voz viva. Ambos, oralidade e escrita estão em constante relação de troca e o texto escrito também não é portador de maior fidelidade a algo que foi comunicado na origem de sua produção. Esperamos que os ensaios reunidos, neste número, contribuam para o avanço dos estudos literários, uma vez que este é um dos principais objetivos desses grupos de pesquisa. Kalíope, são paulo, ano 1, nº 1, 2005 9